domingo, 6 de dezembro de 2020

Estudo completo do Livro de Daniel

 Por: Jânio Santos de Oliveira


     Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!

Guia de Estudos Bíblicos 'Ouvindo a Voz de Deus' - Mais Relevante


 Nesta oportunidade  abriremos a Bíblia no Livro de Daniel 1.1-21 que nos diz:

1 No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.

2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.

3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes,

4 Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus.

5 E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para que no fim destes pudessem estar diante do rei.

6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias;

7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego.

8 E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar.

9 Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.

10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois por que veria ele os vossos rostos mais tristes do que os dos outros jovens da vossa idade? Assim porias em perigo a minha cabeça para com o rei.

11 Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:

12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que se nos dêem legumes a comer, e água a beber.

13 Então se examine diante de ti a nossa aparência, e a aparência dos jovens que comem a porção das iguarias do rei; e, conforme vires, procederás para com os teus servos.

14 E ele consentiu isto, e os experimentou dez dias.

15 E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores, e eles estavam mais gordos de carne do que todos os jovens que comiam das iguarias do rei.

16 Assim o despenseiro tirou-lhes a porção das iguarias, e o vinho de que deviam beber, e lhes dava legumes.

17 Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos.

18 E ao fim dos dias, em que o rei tinha falado que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor.

19 E o rei falou com eles; entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto ficaram assistindo diante do rei.

20 E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos astrólogos que havia em todo o seu reino.

21 E Daniel permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro.

Estudo sobre o livro de Daniel. capitulo por capitulo.


O livro de Daniel é incomparável, não somente porque revela alguns dos temas de profecia mais importantes, mas também por causa de sua estrutura. Os primeiros seis capítulos de Daniel contêm histórias de fé contadas de um modo que impressiona até mesmo crianças pequenas, mas têm aplicações práticas que inspiram os cristãos amadurecidos. Os últimos seis capítulos, contudo, desafiam até mesmo o estudante avançado da Bíblia por causa do estilo apocalíptico no qual é escrito. Daniel tem estado sob ataque talvez mais do que qualquer outro livro de profecia. Teólogos liberais negam sua integridade e declaram que o livro é uma espalhafatosa falsificação. Por outro lado, muitos teólogos “fundamentalistas” têm torcido a mensagem do contexto e têm permitido que suas imaginações se desgovernem, de modo a dar explicações pré-milenaristas às partes apocalípticas figurativas. Em vista destas controvérsias sobre Daniel, precisamos ser cautelosos para que não insiramos idéias preconcebidas em sua mensagem. Primeiro, aprendamos sua ambientação histórica, e então certifiquemo-nos de que a interpretação aceita para as passagens difíceis siga as regras básicas do estudo da Bíblia: ì A interpretação precisa concordar em contexto com o próprio livro; e í Ela precisa ser consistente com tudo o mais que a Bíblia diz sobre o assunto.



1. O nome “Daniel” significa “Deus é meu juiz”.






Daniel na cova dos leões



 2. Daniel era um homem de fé profunda e persistente. Quando jovem, “resolveu..., firmemente, não contaminar-se” (1:8), mesmo quando nesse tempo ele estivesse desobedecendo uma ordem do rei sob o qual ele estava cativo. O princípio de obedecer a Deus acima do homem guiou-o através de toda a sua vida e foi exemplificado novamente quando era um velho, talvez perto dos noventa anos, quando ele foi lançado na cova dos leões por recusar uma ordem do rei (Daniel 6).

3. Daniel foi abençoado por Deus por causa desta fé. Ele serviu, como estadista, conselheiro e profeta de Deus, aos reis da Babilônia e mais tarde aos reis dos medos e dos persas. Ele anunciou destemidamente aos reis ateus que Deus impera nos reinos dos homens.

 4. Daniel era um contemporâneo tanto de Jeremias como de Ezequiel, ainda que nenhuma referência indique que estes homens tenham passado tempo juntos ou conferenciado um com o outro. Jeremias tinha provavelmente vinte anos a mais do que Ezequiel e Daniel, que tinham aproximadamente a mesma idade. Os três profetas fizeram sua obra em lugares diferentes: a. Jeremias permaneceu em Jerusalém (626-586 a.C.) b. Daniel viveu na cidade capital da Babilônia (605-534 a.C.) c. Ezequiel estava na Babilônia com os exilados judeus (592-570 a.C.).

 5. Nada sabemos sobre a vida pessoal de Daniel além do que é revelado no próprio livro. Em tempos anteriores, o termo “eunuco” era usado para se referir àqueles da nobreza em vez de ter nosso uso comum, portanto, se Daniel era casado ou não, é incerto. 2 B. A data da sua obra (605-534 a.C.) 1. Daniel estava entre os primeiros cativos levados de Jerusalém para a Babilônia em 605 a.C. e continuou lá durante o período de setenta anos durante os quais os israelitas estiveram em cativeiro (veja Daniel 1:1,21;10:1; Jeremias 25:11;29:10). 2. Datas importantes a lembrar: a. 612 a.C. S Queda de Nínive, capital do império assírio. A Assíria tinha dominado o mundo desde os dias de Tiglate-Pileser em 845 a.C. Nabopalasar subiu ao trono da Babilônia e se rebelou com sucesso contra os assírios em 625 a.C. Nabucodonosor, seu filho, foi o general que conduziu o exército babilônio contra Nínive, derrotando-o em 612 a.C. b. 605 a.C. S A batalha de Carquêmis provou a supremacia babilônia. Depois que a Assíria foi vencida, os egípcios se levantaram e o faraó Neco veio com seu exército lutar contra os babilônios em Carquêmis. De novo, Nabucodonosor provou sua astúcia vencendo duramente os egípcios e então perseguiu-os no caminho para o sul, através de Judá. Em Jerusalém, contudo, ele soube da morte de seu pai Nabopalasar. Retornou imediatamente à Babilônia para assumir o trono de seu pai, mas levou consigo alguns reféns dos judeus. Daniel e seus três amigos estavam entre os primeiros cativos levados. Não nos é dito quantos outros foram levados. c. 597 a.C. S Uma segunda leva foi encaminhada para Babilônia, incluindo Ezequiel. Joaquim (Jeconias, Conias) tinha sucedido ao reino de seu pai, Jeoaquim. Contudo, durou somente três meses antes que Nabucodonosor viesse para remover seu rei rebelado e 10.000 judeus, entre os quais estava Ezequiel (2 Reis 24:8-16; Ezequiel 1:1-3). d. 586 a.C. S Jerusalém caiu e o templo foi destruído. Zedequias tinha sido instalado como governador em Jerusalém, mas foi fraco e vacilante. Finalmente, onze anos depois, o exército babilônio devastou totalmente Jerusalém (2 Reis 25:1-7). A maioria dos judeus que não foram mortos foram levados cativos para a Babilônia. Jeremias preferiu permanecer atrás com alguns poucos sobreviventes (Jeremias 40-44). e. 536 a.C. S Babilônia cai, e a primeira leva retorna a Jerusalém. Ciro, o rei persa, envia de volta a primeira leva para Jerusalém, guiada por Zorobabel (leia os livros de Esdras e Neemias). A fundação do templo foi lançada em 520 a.C. e completada em 516 a.C.

 457 a.C. S Uma segunda leva retorna com Esdras. A nação é reorganizada e a palavra de Deus é lida. g. 444 a.C. S uma terceira leva retorna com Neemias. O muro é reconstruído em volta de Jerusalém. C. Tema do Livro de Daniel: “O Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (Daniel 2:21; 4:17,25,32,34-35; 5:21). O livro trata do conflito entre o reino de Deus e os reinos do mundo. Naturalmente, por trás disto está o conflito entre Deus e as divindades pagãs. Deus prometeu estabelecer seu próprio reino e defender a causa de seus santos que o serviam naquele reino (Daniel 2:44;7:27). A verdade desta profecia é comprovada pelo fato que Deus é ainda conhecido em todo o mundo, mas todas as divindades pagãs dos dias de Daniel foram esquecidas. 3 II. Há Respostas para os Ataques contra sua Autenticidade? A. As predições proféticas

1. Objeção: Os teólogos liberais alegam que o livro teria que ser escrito cerca de 165 a.C. porque, dizem eles, era impossível terem sido compostas tão minuciosas predições a respeito dos eventos vindouros. Daniel revelou a Nabucodonosor a história política envolvendo três impérios mundiais que sucederam ao império babilônio.

 A prova da inspiração gira em torno deste argumento central. Se Daniel escrevesse como um historiador ele não seria inspirado, mas a profecia cumprida é uma das provas mais fortes que os homens simplesmente não especularam; em vez disso, Deus revelou coisas antes que elas acontecessem (Isaías 42:9; 44:7). a. Daniel foi inspirado (2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:21). b. Ezequiel, um contemporâneo, referiu-se a ele três vezes (Ezequiel 14:14,20; 28:3). c. Jesus confirmou a veracidade de Daniel quando ele o declarou ser um profeta (Mateus 24:15). B. Os milagres 1. Objeção: Os teólogos liberais alegam que os milagres da fornalha ardente e da cova dos leões estão ao nível dos contos de fadas infantis. 2. Resposta: Teríamos que jogar fora toda a Bíblia se cada narrativa de milagre tiver que ser rejeitada. Os milagres são atos sobrenaturais (João 3:2). Se eles tivessem que ser explicados pela lógica humana, nada sobre eles faria com que se honre e reverencie o Pai celestial ( Juizes 7:2). C. A linguagem

1. Objeção: Os teólogos liberais alegam que o uso de três palavras gregas em Daniel 3:5 (“harpa”, “saltério” e “cítara”) prova que foi escrito num tempo posterior, no período grego. Resposta: Estas palavras são nomes de instrumentos musicais e, como as palavras italianas “piano” e “viola”, estes instrumentos levaram seus nomes originais para onde quer que fossem transportados.

 2. Objeção: Os teólogos liberais alegam que o uso de quinze antigas palavras persas tais como “príncipes” (1:3) e “manjar do rei” (1:5) indicam uma data posterior.  O uso destas palavras somente demonstra que a vida de Daniel tocou não somente a corte babilônia como também a persa.

 3. Objeção: Os teólogos liberais alegam que dois autores escreveram o livro, baseados no fato que Daniel 2:4 - 7:28 está escrito em aramaico, enquanto o resto está em hebraico. (Eles afirmavam que era “aramaico tardio” até que os rolos do Mar Morto foram descobertos que continham partes de Daniel escritas em aramaico do 2º século que não era nada semelhante ao aramaico de Daniel, provando que era uma composição do 6º século). Resposta: O aramaico era a língua oficial do império babilônio e se tornou língua internacional, como o inglês é hoje. As línguas semitas hebraica e aramaica têm qualidades semelhantes às das línguas românicas do francês e do italiano. Mas, assim como os franceses não entendem os italianos, os hebreus não entendiam o aramaico dos funcionários assírios e, mais tarde, dos babilônios. Durante o exílio, ocorreu uma mudança nos hábitos do falar dos judeus. Eles começaram a falar o aramaico, que finalmente afastou o hebraico e se tornou a língua falada e escrita da Palestina. a. O fato que o livro de Daniel usa ambas as línguas não prova que é obra de dois autores diferentes, mas que o único autor usou dois estilos distintos (capítulos 1-6 e capítulos 7-12). Se estas duas partes também tivessem sido separadas pelas duas línguas existiria 4 um caso mais forte. Contudo, ì tanto o aramaico como o hebraico são encontrados em cada parte e, í o aramaico se sobrepõe em ambas as partes, ligando-as. Portanto, estes fatos servem como uma forte confirmação de que um só autor seguiu um modelo consistente. b. Não sabemos por que a língua muda nestes lugares a não ser que ambas as línguas fossem entendidas comumente pelos judeus nos dias de Daniel. D. Afirmações históricas 1. Objeção: Teólogos liberais têm contestado muitas afirmações como sendo historicamente inexatas. 2. Resposta: A maioria dos argumentos que são apresentados atualmente será discutida quando estudarmos o texto. Contudo, esteja certo de que o arqueólogo fez o máximo para silenciar esta objeção. Vezes e mais vezes os arqueólogos têm verificado a exatidão das afirmações de Daniel.



I. Um resumo da vida de Daniel

Daniel foi um profeta, o quarto dos chamados “Profetas Maiores”, e personagem principal do livro de Daniel presente no Antigo Testamento. Nada se sabe sobre sua vida além do que é relatado no livro que traz seu nome.

Sabemos que o Profeta Daniel foi um israelita de linhagem nobre e real (Dn 1:3), levado cativo de Judá para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor, em aproximadamente 605 a.C., no terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá (Dn 1:1).

Na Babilônia, juntamente com outros companheiros com qualidades semelhantes a ele, Daniel foi educado para o serviço no Império Babilônico, sendo instruído sobre a língua e a civilização dos caldeus (Dn 1:4). Dentre os companheiros de Daniel na Babilônia, o relato bíblico destaca três nomes: Hananias, Misael e Azarias, também conhecidos por seus nomes babilônicos Sadraque, Mesaque e Abednego respectivamente. Conforme o costume babilônico que atribuía nomes que faziam referências as suas deidades, Daniel também recebeu outro nome, no caso Beltessazar.

O rei da Babilônia determinou que fossem servidas aos jovens capturados as mesmas iguarias que eram servidas no banquete real da corte pagã. Porém, Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia (Dn 1:8). Isso parece indicar que possivelmente o alimento real era conflitante as regras alimentícias estabelecida na Lei de Moisés.

Daniel então conversou com o chefe dos eunucos, a qual Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia (Dn 1:8), para que ele não precisasse comer daquele banquete. Inicialmente, foi feito um acordo para que durante dez dias fosse servido a Daniel e seus três amigos apenas legumes e água. Ao final dos dez dias, eles seriam examinados e comparados com os demais jovens que estavam se banqueteando com as iguarias do palácio. Após dez dias, Daniel, Hananias, Mizael e Azarias estavam com aspecto mais saudável do que qualquer outro jovem.

A Bíblia diz que Deus concedeu a estes quatro jovens, conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria, mas a Daniel, Deus também deu entendimento em toda a visão e sonhos (Dn 1:17).

Quando o período de treinamento determinado por Nabucodonosor terminou, os jovens foram conduzidos à presença do rei. Na ocasião, a Bíblia diz que não foram achados outros jovens tão capazes como Daniel, Hananias, Misael e Azarias, fazendo com eles ficassem assistindo diretamente diante do rei. O rei lhes fez várias perguntas sobre todos os assuntos nos quais se exigia conhecimento e sabedoria, e Daniel e seus três amigos se mostraram dez vezes mais sábios do que todos os magos e encantadores do Império Babilônico.

II. A chegada de Daniel à Babilônia

Nabucodonosor ordenou que o chefe dos seus eunucos trouxesse para o palácio jovens bonitos, instruídos e que fizessem parte da classe mais alta da população de Jerusalém. Entre esse grupo estava Daniel e seus amigos: Hananias, Misael e Azarias.

Assim que chegaram ao palácio do rei, o chefe dos eunucos trocou-lhe os nomes. Daniel passou a ser chamado de Beltessazar, Hananias de Sadraque, Misael de Mesaque e Azarias de Abede-Nego. E foi oferecido a eles todas as bebidas e comidas que eram servidas a mesa do próprio rei. O acordo é que eles servissem a corte durante três anos e fossem preparados para ao final entrar na presença do rei e prestar auxílio.

Daniel decidiu que não iria se contaminar com a cultura babilônica e pediu ao chefe dos eunucos que não o obrigasse a comer a comida do rei e a beber o seu vinho. Deus abençoou Daniel enchendo o coração do chefe de compreensão e este disse:

– Tenho medo do rei, o que será de mim se ele descobrir que você e seus amigos não estão comendo o alimento ordenado? E se o rei perceber que vocês estão mais fracos e magros? A culpa cairá sobre a minha cabeça!

Daniel pediu ao chefe que fosse feita uma experiência de dez dias, ele e seus amigos iriam comer apenas legumes e água e ao final do período o chefe deveria compará-los com os outros jovens que comiam das iguarias do rei e decidir segundo o que bem lhe parecia.

O chefe dos eunucos concordou e no final dos dez dias a aparência de Daniel e de seus amigos era melhor do que a dos outros jovens. Com isto eles puderam continuar sua alimentação com legumes e água.

Deus deu aos quatro jovens muito conhecimento e inteligência, mas a Daniel ainda deu inteligência de interpretar sonhos e visões.

III. Daniel e seus três amigos foram escravos com tratamento de príncipes

Ao se completar o tempo de três anos eles foram trazidos a presença do rei, foram considerados mais inteligentes e sábios do que todos os outros jovens e foram chamados a realizar serviços diretamente para o Nabucodonosor. O rei os considerava mais sábios do que todos os feiticeiros e encantadores que havia no seu reino.

IV. Deus dá a Daniel a interpretação dos sonhos de Nabucodonosor

Certo dia o rei Nabucodonosor teve um sonho e ficou muito perturbado com este sonho. Mandou chamar todos os seus feiticeiros e magos e exigiu:

– Interpretem o meu sonho! Aquele que interpretar eu lhe darei dádivas e muitos presentes mas, se ninguém for capaz de dar interpretação, mandarei matar todos vocês e destruir as suas casas. Os magos pediram ao rei que contasse o seu sonho, mas ele se recusou a contar!

– Vocês estão querendo me enganar! Contem vocês o meu sonho e eu saberei que vocês tem a interpretação!

– O que o rei pede é impossível! Só os deuses podem dar-te uma resposta! – responderam os magos

Com isso Nabucodonosor ficou irado e mandou matar todos os magos, feiticeiros e sábios do reino da Babilônia.O decreto foi lançado através dos guardas e chegou aos ouvidos de Daniel. Então este se apressou e falou com o rei:

– Nabucodonosor, espere. Você pode me dar um tempo? Eu vou revelar o seu sonho e sua interpretação.

O rei aceitou a proposta de Daniel e este correu para pedir a oração de seus amigos. Daniel e seus amigos oraram a Deus e pediram por misericórdia, então Deus revelou o mistério ao jovem em uma visão no meio da noite.

No outro dia Daniel procurou o rei com essas palavras:

O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas: Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser. E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua mente. (Daniel 2:30)

Então Daniel descreveu o sonho de Nabucodonosor, ele havia sonhado com uma grande estátua, a sua cabeça era de ouro fino, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze; as pernas de ferro, os pés em parte de ferro em parte, de barro. Quando estava olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os estraçalhou. Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra.

Depois de descrever o que o rei havia sonhado Daniel contou sua interpretação:

– Tu,ó rei, tu és a cabeça de ouro. Depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra. O quarto reino será forte como ferro; o ferro quebra todas as coisas, assim ele fará em pedaços e esmiuçará.

– Quanto ao que viste dos pés e dos artelhos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro. Por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento. Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo durará para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro.

Então, o rei Nabucodonosor se inclinou, e se prostrou rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem oferta de manjares e suaves perfumes. Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério. (Daniel 2:47)

O rei Nabucodonosor tornou Daniel muito grande perante o reino, lhe deu muitos presentes e lhe tornou governador. A pedido de Daniel nomeou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego como administradores da Babilônia.

V. Os amigos de Daniel são lançados na fornalha de fogo ardente



A história dos amigos de Daniel (Sadraque, Mesaque e Abede-nego) começa quando o rei Nabucodonosor, certo dia, resolveu fazer uma estátua.

Nisto, o arauto gritava em alta voz: Ordena-se a vós outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas: no momento em que ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou. Qualquer que se não prostrar e não a adorar será, no mesmo instante, lançado na fornalha de fogo ardente.

Então todos os povos, servos e soldados do reino da babilônia se prostraram ao soar da trombeta. Alguns astrólogos que ali se encontravam denunciaram os amigos de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-nego, porque estes não adoraram a imagem. O rei enfurecido mandou chamá-los.

Os 3 jovens responderam:

Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. Mas se ele não nos livrar, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.

(Daniel 4:17-18)

Ao ouvir essas palavras o rei ficou ainda mais furioso e mandou esquentar a fornalha quatro vezes mais do que o de costume e ordenou que os três jovens fossem lançados ao fogo. A fornalha estava tão quente que os guardas que se aproximaram morreram.

VI. Deus livrou os três jovens na fornalha

Depois que os jovens foram atirados ao fogo, Nabucodonosor levantou-se abismado e falou ao seus guardas:

– Não foram apenas três os que jogamos no fogo? Como agora vejo quatro homens? E o quarto se parece com um filho de um deus!

O rei se aproximou e gritou:

– Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!

Então os três saíram e todos os príncipes, autoridades e o exército babilônico reuniu-se ao redor deles e contemplavam maravilhados como o fogo não havia lhes causado nenhum mal.



O rei Nabucodonosor disse então:

Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus.

Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o povo, e nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar como este.



VII. Daniel volta a interpretar os sonhos de Nabucodonosor

O rei Nabucodonosor sonhou ainda uma segunda vez. Tentou conseguir uma interpretação de seus feiticeiros, mas não obteve sucesso e mandou chamar Beltessazar (Daniel) porque dizia que nele estava o espírito dos deuses santos. O rei contou o sonho a Daniel:

– Havia uma árvore muito grande, sua copa abrigava pássaros e suas raízes eram enormes. De repente, um anjo desceu dos céus e decretou “derrubem a árvore e cortem os seus galhos e suas folhas, mas deixem o toco e as raízes presos ao chão com ferro, em meio a relva do campo, até que se passem 7 tempos.

Daniel ficou perturbado ao ouvir o sonho do rei e contou com pesar a sua interpretação:

– Meu Senhor, quem dera o sonho fosse sobre os teus inimigos. A árvore é você mesmo. Deus vai lhe expulsar do convívio dos homens e você irá comer o alimento dos animais do campo e o orvalho dos céus te molhará até que se cumpram 7 tempos. Com isso você irá reconhecer que há apenas um Deus nesse mundo, e que não há ninguém mais poderoso do que Ele, o governo das nações Ele dá a quem desejar dar.

Tudo aconteceu conforme Daniel havia dito, Nabucodonosor enlouqueceu, foi expulso do seu reinado e passou a viver entre os animais e os seus pelos cresceram nas costas. Os 7 tempos se cumpriram e o entendimento de Nabucodonosor voltou. O antigo rei reconheceu enfim, que Deus estava acima de todos e adorou dizendo:

O seu domínio é um domínio eterno, e o seu reino é de geração em geração.

E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa impedir a sua mão, e lhe dizer: Que fazes? (Daniel 4:34,35)

(…)todas as suas obras são verdade, e os seus caminhos juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba. (Daniel 4:37)



VIII. Deus escreve na parece a sentença do rei Belsazar



Muitos anos se passaram e Nabucodonosor foi sucedido por seu filho Belsazar. Certa vez, Belsazar preparou um banquete e depois de ter tomado muito vinho mandou que seu servos trouxessem as taças de ouro que Nabucodonosor havia trazido do templo de Jerusalém.

A zombaria de Belsazar (Dn 5.1-4). O rei Belsazar deu um grande banquete para os maiorais do seu reino. A festa ocorreu no palácio babilônico, mas ele não demonstrou nenhum escrúpulo com a religião alheia, o Judaísmo. Embriagado, o rei mandou vir os utensílios sagrados do Templo de Jerusalém, trazidos como espólio de guerra por seu avô, Nabucodonosor, para serem usados no banquete por ele oferecido. Homens corruptos e prostitutas profanariam o sagrado. Uma orgia com o que era santo! Belsazar foi longe demais, pois para satisfazer os seus instintos baixos, frívolos e profanos, escarneceu do Deus de Israel e do seu povo.
A insensatez e a crueldade do autocrata Belsazar. Segundo os historiadores, enquanto o pai de Belsazar, Nabonido, estava no campo de batalha para defender os interesses do reino, ele, Belsazar, divertia-se com mulheres e amigos para satisfazer as suas paixões. O festim de Belsazar era incompatível com o período de enfraquecimento do império da Babilônia. Habituado a ter tudo ao seu alcance, o rei não hesitava em fazer sua vontade prevalecer, tanto para matar os seus oponentes quanto para se cercar de pessoas de sua estirpe. Belsazar era um homem cruel!
Uma festa profana. A despeito da grandeza e da opulência imperial, a festa oferecida por Belsazar e dedicada aos maiorais do reino, era um festejo degenerado, pois ia desde as bebedeiras às orgias com homens e mulheres. Onde a luxúria, a riqueza e a ostentação predominam, há prazeres pervertidos e maldades. Assim foi aquela festa dedicada aos deuses babilônicos! Havia, a partir do palácio, uma forte influência dos demônios, o que confirma o que disse Paulo aos crentes coríntios (1Co 10.20).




As taças foram trazidas e todos os convidados reais, as mulheres, as concubinas e os amigos do rei beberam nelas louvando aos seus próprios deuses. Mas enquanto bebiam de repente aparecem dedos de mãos humanas e escreviam na parede.

O rei ficou extremamente assustado e pálido e tremia de medo. Aos berros mandou chamar todos os encantadores e videntes do reino, mas ninguém conseguia interpretar o que estava escrito na parede.

Diante disso Belsazar ficou ainda mais atemorizado. Tendo o caso chegado ao conhecimento da rainha esta lembrou de Daniel e o indicou para solucionar o mistério.

Daniel foi levado as pressas para o banquete e o rei lhe disse:

Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham a luz, e o entendimento e a excelente sabedoria (…) tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretação e resolver dúvidas. Agora, se puderes ler este escrito, e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro ao pescoço e no reino serás o terceiro governante. (Daniel 5:13-16)

Daniel respondeu:

– Guarda os teus presentes para ti mesmo, e dá tuas recompensas a outro eu, porém, irei interpretar a inscrição.

Tu, Beltazar não te humilhaste perante o Deus altíssimo, mesmo sabendo de tudo o que ocorreu com Nabucodonosor você não teve temor e mandou trazer as taças do templo do Senhor e as profanou louvando a deuses de barro, ouro e prata. Por isso Deus enviou essa mão e escreveu na parede essa mensagem contra ti:

MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM.

MENE: Contou Deus o teu reino, e o acabou.

TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em falta.

PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas.

(Daniel 5:26-28)

Então o rei recompensou a Daniel e o colocou como terceiro homem mais importante no governo do reino. Naquela mesma noite Belsazar foi morto e Dario, o medo, apoderou-se do reino da babilônia com a idade de 62 anos.

IX. A queda do império babilônico


O dedo de Deus escreve na parede (Dn 5.5). A resposta divina foi imediata: Deus interferiu naquela festa escrevendo sua sentença na parede do salão, diante dos olhos de Belsazar e de todos os seus convivas. Ali, o barulho das taças e dos jarros de vinhos, bem como a “alegria” de outrora, cessaram. De modo assombroso e assustador estava escrito a sentença contra o rei Belsazar e o seu reino. Aquela visão demonstrava o fruto do desprezo do rei babilônico ao Deus de Israel: o Reino da Babilônia foi rasgado. Fez-se um silêncio sepulcral no recinto!
A rainha lembrou-se   do profeta Daniel (Dn 5.6-12). A mensagem na parede estava numa linguagem ininteligível (v.7). No primeiro momento, ninguém compreendia o que estava escrito. Belsazar convocou todos os sábios para decifrar o “enigma”. Entretanto, eles foram incapazes de fazê-lo.
Quando ouviu as palavras do rei e percebendo um movimento diferente no palácio, a rainha, filha de Nabucodonosor, mãe do rei Belsazar, entrou na presença do seu filho para saber o que acontecera. Após inteirar-se do assunto, a rainha lembrou-se de Daniel, um homem de confiança tanto do seu pai quanto do seu marido. Ele podia interpretar a mensagem que o rei vira. Mas Daniel não estava no palácio.
Daniel entra na presença de Belsazar (Dn 5.13). Belsazar não via a Daniel como servo do Deus Altíssimo, mas apenas como um dos sábios do palácio. A mãe de Belsazar, contrariamente, o conhecia e tinha certeza que Daniel era uma pessoa diferente e o seu Deus, poderoso. Ela mesma havia testemunhado as proezas do Deus de Israel em outras ocasiões da história daquele reino.
Daniel era um homem que não fazia concessões a sua fé. Ele entrou na presença do rei e após lhe oferecerem presentes, o profeta rejeitou-os diante do imperador (Dn 5.17).


A opulência da Babilônia, a crueldade de Belsazar e as orgias do reino tipificam uma vida tremendamente fechada em si mesma. A intervenção de Deus em meio aquela festa profana demonstra que Ele não admite a soberba e o egoísmo. O Pai Celestial, em Jesus Cristo, julgará a todos os que se mostram soberbos e arrogantes. A queda do império babilônico é uma lição para todos nós. Um dia, quando da segunda vinda gloriosa de Jesus, todos os povos serão julgados pelo nosso Senhor.



X. O reinado de Dario

Dario nomeou 120 pessoas responsáveis por administrar o império e colocou três supervisores sobre eles, um dos quais era Daniel. Daniel se destacou tanto como supervisor que Dario planejava colocá-lo à frente de todo o governo.

Diante disso, os administradores e os outros dois supervisores procuraram algum motivo para acusar Daniel em sua conduta, mas nada conseguiram. Eles resolveram entre si “nunca vamos encontrar uma acusação contra Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele”.





XI. Daniel na cova dos leões

Quando Dario tomou a Babilônia, logo ele reconheceu a habilidade e capacidade do Profeta Daniel. Dario separou cento e vinte governadores de províncias, e também escolheu três homens para agirem como supervisores dos governadores, a qual Daniel estava entre os três supervisores.

O Profeta Daniel, porém, começou a se destacar entre os supervisores, e o rei planejava colocá-lo à frente do governo de todo império (Dn 6:3). Diante disso, os governadores e os outros supervisores, começaram a tentar derrubar Daniel de seu posto. Como não encontravam nada que pudesse acusar o Profeta Daniel, então eles tramaram uma conspiração que afrontava a Lei de Deus, e colocava Daniel numa posição “sem saída”. O plano consistia em fazer com que o rei estabelecesse um decreto de que durante trinta dias todas as orações deveriam ser direcionadas a pessoa do rei, e quem desobedecesse seria atirado na cova dos leões (Dn 6:7).

Daniel não se abalou com tal decreto, ao contrário, como de costume o profeta orava três vezes ao dia em seu quarto, no andar de cima, onde as janelas davam para Jerusalém. Como parte da conspiração, os homens ficaram vigiando o Profeta Daniel, e assim que o encontraram orando a Deus, correram para contar ao rei.

Ao ouvir sobre a “desobediência” do Profeta Daniel, Dario ficou muito entristecido e tentou salvar Daniel até o fim do dia. Porém, os homens que tramaram contra o Profeta Daniel trataram de garantir que o decreto fosse cumprido, e Daniel lançado na cova dos leões.

Naquele dia, o rei foi para casa e não conseguiu dormir a noite. Quando o dia amanheceu, o rei se levantou depressa e correu para a cova dos leões. Aflito, o rei chamou pelo Profeta Daniel próximo à cova. Ao ouvir o chamado do rei, Daniel respondeu dizendo que Deus havia enviado o seu anjo para fechar a boca dos leões.

O rei ficou muito alegre e ordenou que tirassem o Profeta Daniel da cova. Em contra partida, Dario ordenou que aqueles que se levantaram contra Daniel fossem atirados juntamente com suas famílias à cova dos leões. Por fim, o rei ainda editou um decreto para que todos temessem e reverenciassem o Deus de Daniel.

XII. A medida provisória do rei Dario

O rei assinou o decreto com o seu selo real. De acordo com a lei dos medos e persas, tudo que fosse selado com o selo real não poderia ser jamais alterado.

Ao ficar sabendo desse acontecimento Daniel foi para a sua casa e entrou no seu quarto, abriu as janelas e orou ajoelhado ao seu Deus como costumava fazer. Os administradores espionaram Daniel e ao o avistarem fazendo assim foram logo relatar ao rei.

XIII. Daniel é jogado às feras

Quando o rei ficou sabendo dessas coisas, ficou muito triste e decidiu consigo mesmo que iria tentar salvar a Daniel até o final do dia. Mas os homens insistiam com ele alegando “lembra que a lei que foi selada com selo real não pode ser quebrada ou mudada”. O rei não conseguiu livrar Daniel e mandou que seus guardas o prendessem e o jogassem na cova do leões.

– “Que o seu Deus a quem você continuamente serve, o livre!” – disse o rei com pesar.

A cova foi tapada com uma pedra e o rei a selou com seu anel. Tendo voltado ao palácio não conseguiu comer e nem dormir. No dia seguinte, levantou ao nascer do sol e correu para cova dos leões. Quando ia se aproximando chamou com angústia a Daniel:

– Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões? (Daniel 6:20)

XIV. Deus envia o anjo e fecha a boca dos leões

Daniel respondeu:

Ó rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.

(Daniel 6:21,22)

XV. A recompensa dos acusadores  de Daniel


O rei ficou extremamente feliz ao ouvir a voz de Daniel, ordenou que ele fosse retirado e ordenou também que aqueles que acusaram a Daniel fossem atirados aos leões com suas mulheres e filhos. E antes deles chegarem ao fundo da cova, os leões os despedaçaram.

XVI. A nova medida provisória do rei Dario

Então o rei Dario escreveu a todo o seu império:

Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre, e o seu reino não se pode destruir, e o seu domínio durará até o fim. (Daniel 6: 27)

Daniel e seus amigos sabiam que o Deus que escrevia a história humana era digno de confiança e não cometia erros. Eles sabiam que o fato de serem livres ou não de fornalhas ou de leões, não era tão importante quanto à necessidade de dar a glória ao único e verdadeiro Deus.



XVII. As visões do Profeta Daniel


Entre os capítulos 7 e 12, estão registradas as próprias visões do Profeta Daniel, as quais, entre outras coisas, predizem principalmente o triunfo do reino messiânico. Tais visões também são lembradas nos mais intensos debates teológicos acerca da escatologia bíblica.

O Profeta Daniel teve sua última visão registrada em seu livro, nas margens do rio Tigre, durante o terceiro ano do reinado de Ciro.

No Novo Testamento, Jesus, em Seu Sermão Escatológico, cita a profecia do Profeta Daniel acerca do “abominável da desolação” (Dn 9:27; 11:31; 12:11 ; Mt 24:15; Mc 13:14), que historicamente se referia à profanação promovida por Antíoco IV Epífanio, e que prefigurava a profanação causada pelo general romano Tito na queda de Jerusalém em 70 d.C. Ainda sobre essa profecia, a maioria dos estudiosos concorda que tais eventos tipificam de alguma forma o Anticristo escatológico, que surgirá perto do fim da presente era (2Ts 2:3).



 XVIII.   As Visões Apocalípticas, Capítulos 7 - 12



 1. O Sonho De Daniel Com As Quatro Bestas E Sua Interpretação, 7:1-14 


A. O sonho com as quatro bestas, 7:1-14. 7:1 

 Enquanto no capítulo 2 o sonho era de Nabucodonosor, registramos aqui o sonho de Daniel. Em muitos aspectos, estes sonhos são paralelos; de fato, o sonho de Daniel parece dar ampliação e entendimento tanto a Daniel 2 como a Apocalipse 13. Estes capítulos fornecem uma chave para o entendimento do livro de Apocalipse. 7:2-3 S Quatro grandes animais vieram do mar, cada uma diferente da outra. Estas quatro bestas são identificadas como quatro reinos (7:17, 23). O “mar” parece representar a massa humana da sociedade (Isaías 17:12; Apocalipse 17:15). Os “ventos” são forças usadas por Deus para comandar e até mesmo para destruir (Jeremias 49:36; 51:1). 7:4 S A primeira besta era como um leão com asas de águia, mas lhe foi dado uma mente de homem. Esta representaria a Babilônia (veja Daniel 2:37-38). 7:5 S O segundo animal era como um urso levantando-se sobre um de seus lados, com três costelas entre os dentes. Como este corresponde ao sonho de Nabucodonosor, representa o império medo-persa (Daniel 2:39; também 8:3, 20). 7:6 S A terceira besta era como um leopardo, mas com quatro asas e quatro cabeças. Esta corresponderia ao império macedônio ou grego (Daniel 2:39; também 8:8, 21). 7:7-8 S A quarta besta não é descrita, exceto que tinha dentes de ferro e dez chifres, do meio dos quais saiu um chifre menor que arrancou três dos primeiros chifres (veja 7:23-24). Esta quarta besta se identifica com o império romano (Daniel 2:40-45), que estava no poder quando o reino de Deus foi estabelecido. Contudo, este reino guerreia com os santos (7:19-21). Esta besta também é descrita em Apocalipse 13. 7:9 S O “Ancião de Dias” é Deus Pai que é de “eternidade a eternidade” (Salmo 90:1-2). Ele é retratado aqui como representando a pureza e o poder. 7:10 S Milhares de milhares e milhões de milhões estavam diante dele (veja Apocalipse 5:11-14). O Pai é retratado sobre o trono para julgar (veja Apocalipse 20:11-15), mas realmente o julgamento final será por seu Filho (Atos 17:31; 2 Coríntios 5:10). 7:11-12 S Deus domina e julga os reinos do mundo (Daniel 4:17-25). Daniel observa as palavras do chifre menor e que a quarta besta é morta. O resto das bestas teve seu domínio tomado, mas suas vidas foram prolongadas durante um tempo. 7:13-14 S Um como o Filho do Homem veio com as nuvens do céu. Do ponto de vista do céu ele “veio”, mas do ponto de vista da terra ele “foi levado” (Atos 1:9). Foi-lhe então dado domínio, glória e um reino. Isto identifica claramente o tempo quando Cristo foi coroado como Rei dos reis. Na sua ascensão, ele recebeu a “promessa” (Atos 2:30-36; Efésios 1:20-23). Este governo de Cristo continuará eternamente (Daniel 2:44; Hebreus 12:28). B. A interpretação do sonho, 7:15-28. 7:15-17 S Daniel afligiu-se no espírito e pediu uma interpretação. Foi-lhe dito que estes quatro animais eram quatro reis. 29 7:18 S Mas os santos receberão o reino e o possuirão para todo o sempre ( 7:22,27). 7:19-22 S Mais explicação é dada com respeito à batalha travada pela quarta besta contra o reino de Deus (veja Apocalipse 13:6-7). Nos dias do império romano, a igreja foi colocada sob a prova mais severa de toda a história. A perseguição foi causada não somente pela falsa religião, mas era apoiada pelo poder político de um império mundial! Se a igreja pudesse ter sido esmagada teria sido naquele tempo! Mas quando o império romano caiu, desde então não houve mais, nem haverá, outro império mundial dominado por homens. O reino de Cristo é mundial por natureza (Marcos 16:15-16), e permanecerá para sempre. 7:23-24 S É incerto se os dez reis são para serem tomados literalmente ou no estilo apocalíptico como significando simplesmente “o número completo ou pleno.” Nem pode ser arbitrariamente determinado quem o chifre menor é nem quem são os três que foram destruídos. Houve períodos quando Roma esteve em paz com a igreja, mas houve mais do que um rei que forçou a adoração ao imperador e perseguiu aqueles que se recusavam a curvar-se a eles. Talvez este chifre menor signifique a disparidade entre os dominadores. 7:25 S Sua blasfêmia contra o Altíssimo é forte. De fato, é lhe dado poder contra os santos por “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”. Isto corresponde a Apocalipse 12:14 como o período em que a mulher foi alimentada pelo Senhor, quando ela teve que fugir para o deserto. Representa um período de 3½ anos, um tempo quebrado, mas curto (tempo = 1 ano, tempos = 2 anos, ½ tempo = ½ ano). É também igual a 1260 dias (Apocalipse 11:3; 12:6) e 42 meses (Apocalipse 11:2; 13:5), e tudo isto descreve este mesmo período de severa perseguição. Os Reinos nas Profecias Daniel 2 Daniel 7 Daniel 8 Apocalipse 13 Ouro ÷ (Babilônia) ø Leão “Como de leão” Prata ÷ (Medo-Pérsia) ø Urso ø Carneiro “Como de urso” Bronze ÷ (Grécia) ø Leopardo ø Bode “Como de leopardo” Ferro ÷ (Roma) ø Dentes de ferro Besta do Mar (10 chifres) (10 chifres) Um reino (império mundial) que peleja contra os santos (Dn 7:25; Ap 13:7) Mas o reino de Deus permanece para sempre! (Dn 2:44-45; 7:18,22,27; Ap 13:9-10,18; 19:15-21) 30 7:26-28 S Mas o julgamento é dado contra o chifre menor e seu reino chega ao fim (Apocalipse 19:19-21). Os santos foram vitoriosos ao enfrentarem o mal. A causa pela qual muitos tinham morrido foi vingada. E, como o reino permaneceu, assim também aqueles que tinham morrido sempre “reinarão”. O período descrito em Apocalipse 20 como “os mil anos” parece ser o período descrito em Daniel 7:18,22,27 como o tempo em que “os santos possuíram o reino”. O reino de Deus agüentou a prova feita pelo império romano. Ele continuará a permanecer durante um período de tempo pleno, completo (10 x 10 x 10 = 1.000). Nem Satanás nem qualquer outra força pode levá-lo ao fim, mas somente na plenitude do tempo Deus concluirá os eventos deste mundo (2 Pedro 3:9-13). “TEMPO, TEMPOS, E ½ TEMPO” — DANIEL 7:25; 12:7; APOCALIPSE 12:14 1 ano + 2 anos + ½ ano = 3½ anos “1260 dias” S Apocalipse 11:3; 12:6. “42 meses” S Apocalipse 11:2; 13:5. Este é o período de tempo quando a mulher foge para o deserto e o povo de Deus está sob a extrema prova de sua fé. Será o reino capaz de permanecer? Depois deste período, a resposta é clara: “os santos possuíram o reino”!





2.  A Visão de Daniel sobre um Carneiro e um Bode, 8:1-27

 A. Um carneiro de dois chifres, 8:1-4. 8:1-2 S Esta visão aconteceu no terceiro ano de Belsazar, o que faz com que tanto este como o sonho registrado em Daniel 7 tenham ocorrido antes dos acontecimentos de Daniel 5. Na visão Daniel encontrou-se em Susã, junto ao rio Ulai, em Elão, a leste da Babilônia. 8:3-4 S Junto ao rio estava um carneiro de dois chifres, um chifre mais alto do que o outro. Este carneiro avançava em todas as direções e ninguém podia dominá-lo, por isso ele se tornou grande. Os chifres deste carneiro são identificados em 8:20 como os reis da Média e da Pérsia. B. O bode com um só chifre vence o carneiro, 8:5-8. 8:5-6 S Então Daniel viu chegando do oeste um bode com um notável chifre entre os olhos. Este bode correu contra o carneiro com a força de fúria. Este bode é identificado em 8:21 como o rei da Grécia, e o grande chifre como o primeiro rei, que seria Alexandre, o Grande. 8:7-8 S O bode quebrou os dois chifres do carneiro e atirou-o no chão. Ele então se engrandeceu, mas enquanto ele era forte, o chifre grande foi quebrado e, em seu lugar, nasceram quatro chifres. Alexandre morreu quando tinha apenas 33 anos. A partir de seu império desenvolveram-se: ì Ptolomeu (Egito); í Seleuco I (Síria); î Antipater (Macedônia); ï Lisimaco (Trácia e Ásia Menor). C. O poder do chifre menor, 8:9-14. 8:9-10 S Um chifre menor nasceu de um dos quatro chifres e se tornou excessivamente grande, descrito mesmo como lançando algumas das estrelas por terra. 8:11-12 S Ele se engrandeceu a ponto de afastar os sacrifícios e derrubar o santuário; até mesmo a verdade ele a deitou por terra. 8:13-14 S Quando Daniel ouviu um santo perguntar a outro quanto tempo a transgressão de desolação duraria, a resposta dada foi 2.300 dias. D. A interpretação da visão, 8:15-27. 8:15-16 S Quando Daniel procurou o significado, Gabriel recebeu ordem para fazê-lo entender. 8:17-19 S Foi-lhe dito que a visão se referia ao “tempo do fim”. Ele saberia o que aconteceria “no ultimo tempo da ira”. De acordo com a interpretação especial que se segue, esta visão falava de coisas que aconteceriam depois do cativeiro babilônio. 8:20-21 S Ele explica especialmente que os dois chifres do carneiro representavam o poder do império medo-persa, e que o bode era a Grécia, cujo grande chifre era o primeiro rei, que foi Alexandre, o Grande. 8:22-23 S Quatro reinos se levantaram deste império, depois que Alexandre foi derrubado. Mas no final deles, um rei de aparência feroz se levantará. Muitos acreditam que isto seja uma descrição de Antíoco Epifânio, que governou a Síria entre 175-163 a.C. Em seu esforço para consolidar seu reino pela imposição da cultura e divindades gregas aos seus súditos, ele viu a religião hebraica como um forte adversário de seu domínio sobre a Palestina. Quando ele conquistou Jerusalém, colocou uma imagem no templo, 33 ofereceu carne suína no altar, e encorajou os soldados gregos a cometerem fornicação dentro do próprio templo. Ele proibiu os judeus de circuncidarem seus filhos, de guardar o sábado e até mesmo de possuir uma cópia das Escrituras. Os 2.300 dias (8:14) podem ser um período literal, que seria um pouco mais do que seis anos e corresponderia à extensão real deste período de abominação (171 - 165 a.C.). 8:24-25 S Ele é poderoso, destruiria “os poderosos e o povo santo”. Ele até enfrentaria o Príncipe dos príncipes. 8:26-27 S A Daniel foi dito que a visão se cumpriria em dias ainda muito distantes, mas isso deixou-o doente enquanto pensava nela.



 3. A Oração de Daniel e a Visão das Setenta Semanas, 9:1-27



A. A oração de Daniel, confessando pecados e implorando misericórdia, 9:1-19 9:1-2 S Este Dario é o mesmo mencionado em Daniel 5:31 e em Daniel 6. Daniel estava familiarizado com os escritos de Jeremias e agora entende a profecia do cativeiro durante setenta anos (Jeremias 25:9-11; 29:10). O próprio Daniel tinha sido levado em 605 a.C., e agora era o ano 536 a.C., quando a primeira leva retornou sob a liderança de Zorobabel (Esdras 1). 9:3-6 S Daniel confessa a iniqüidade do povo, a rebelião contra Deus e a rejeição dos seus profetas. 9:7-10 S Ele reconhece que a justiça pertence a Deus, mas a eles pertencia a confusão (vergonha) por causa da recusa deles de ouvirem a Deus. 9:11-15 S Portanto, “a maldição” é derramada sobre Israel como foi pronunciada por Moisés (Deuteronômio 28; Levítico 26). 9:16-19 S Na confissão, Daniel pede a Deus que retire sua ira de cima deles e implora misericórdia. Ele pede perdão, não na base da retidão deles, mas pela grande misericórdia de Deus. B. As setenta semanas e o Messias, 9:20-27 9:20-23 S Enquanto Daniel estava orando Gabriel apareceu (8:15-16) para dar-lhe entendimento. 9:24 S Seis descrições são feitas por Gabriel, que apontam claramente para o Messias; portanto as setenta semanas devem terminar com o tempo do Messias e o fim da era judaica. ì “Cessar a transgressão” S a transgressão de Israel tinha sido a razão do seu cativeiro (Daniel 9:11); mas a lei transgredida por eles estava para terminar (Colossenses 2:14- 17; Efésios 2:15). í “Para dar fim aos pecados” S quando Jesus morreu ele destruiu o poder de Satanás, provendo perdão do pecado (Hebreus 2:14-15; 7:27; 9:28; 10:12). î “Para expiar a iniqüidade” S o homem é religado a Deus por meio de Cristo (Colossenses 1:20-22). ï “Para trazer a justiça eterna” S por meio de Cristo tornamo-nos a justiça de Deus (2 Coríntios 5:21; Romanos 3:21-31). ð “Para selar a visão e a profecia” S quando elas forem cumpridas ou terminadas, serão completadas e seladas (Apocalipse 10:7). ñ “Para ungir o Santo dos Santos”  Cristo foi ungido (Hebreus 1:8-9), como também foi seu atual lugar de habitação (Hebreus 10:19-22). 9:25 S O começo das setenta semanas foi com o decreto para reconstruir Jerusalém, que foi feito por Ciro (Esdras 1:1-4; Isaías 44:26-28; 45:13). A 69ª semana terminou com a vinda de Cristo. Estas 69 semanas são divididas em duas partes (7 semanas e 62 semanas). 35 Muitas tentativas têm sido feitas para fixar datas exatas com esta profecia. A mais comum tem sido com referência a Ezequiel 4:6, deixando cada dia representar o tempo de um ano completo. Contudo, nada há neste contexto que sugira esta aplicação. De fato, se fazemos 69 semanas representarem 483 anos literais, temos um problema ao determinar que data deveria ser dada para o decreto de começo. (1) O decreto de Ciro foi feito em 539 a.C. para Zorobabel. Mas se isto é para ser cumprido literalmente 490 anos mais tarde, seria 49 a.C., e isto aconteceria tanto antes do nascimento de Cristo como da destruição de Jerusalém. (2) O decreto de Artaxerxes I foi em 458 a.C. para Esdras. Enquanto 69 semanas (483 anos) nos levaria a 25-26 d.C. e poderia se ajustar ao tempo em que Cristo começou seu ministério pessoal, ainda temos um problema com as primeiras 7 semanas (49 anos), que tornaria completa a restauração final de Jerusalém em 409 a.C. Mas sabemos que isto seria muito tarde, porque Neemias retornou cerca de 444 a.C., e a restauração foi completada cerca de 432 a.C. (3) O decreto de Artaxerxes foi em 445 a.C. para Neemias. Usando esta data como o começo das 69 semanas nos levaria a 38-39 d.C., que é muito tarde para o Messias ser interrompido, e as 7 semanas nos levariam a 396 a.C., o que também é muito tarde para a restauração final de Jerusalém. Não há em Daniel 9 prova satisfatória de que semanas ou anos são subentendidos. Parece que não há meio de ajustar matematicamente estes números em eventos maiores da história sem tempo demais ou de menos, entre cada evento. Podemos determinar o intervalo de tempo somente pelos eventos descritos. Setes e unidades de setes são usados nas Escrituras para indicar plenitude, unidade ou conclusão. Metade de sete é um período de tempo curto, incompleto. Se outra interpretação, além desta, fosse pretendida, alguma coisa dentro do contexto teria a sugerido. 9:26 S Parece apropriado ver as setenta semanas como descritivas de um período de tempo completado, que atingiria o ponto mais alto pelo fim, afinal, da economia judaica. Não há lugar para a “teoria do parêntesis” oferecida pelos milenaristas. Além do mais, precisaria usar forte imaginação e ficar procurando prova obscura para usar este texto para ensinar que “sete anos de tribulação” é associado com “Arrebatamento” e “reino de Cristo de 1000 anos”, como os pré-milenaristas tentam fazer com este texto. Durante a última semana o Cristo teria de ser rejeitado e crucificado. O Príncipe enviará um povo para destruir a cidade e o santuário com uma inundação (veja Isaías 8:5-8). Talvez se refira aos romanos sob Tito como o agente de Cristo que destruiu Jerusalém e o templo. Esta seria a guerra de “desolações” (Mateus 24:15; Lucas 21:20-22). 9:27 S A aliança é confirmada com muitos (Atos 10:34; Romanos 9:30) quando os gentios também são trazidos para a fé. Ainda que a Lei tenha chegado ao fim com a cruz (Colossenses 2:14-17), houve um período de inspiração direta dos apóstolos e os profetas do Novo Testamento, durante cujo tempo a Nova Aliança estava sendo revelada e confirmada (João 16:13; Marcos 16:20; Hebreus 2:3-4). No meio da semana o sacrifício e a oferta de manjares são levados a cessar, o que foi confirmado como não sendo mais necessário depois da morte de Cristo (Hebreus 9:11-17). Contudo, a real oferenda de sacrifícios de animais não cessou antes da destruição do templo, no ano 70 d.C., no tempo da abominação e da desolação (Mateus 24:15; Lucas 21:20-22). Assim, as setenta semanas começam com as ordens para reconstruir Jerusalém, e terminam com a completa destruição de Jerusalém e a confirmação da Nova Aliança. 36 Ordem para restaurar e para edificar Jerusalém. Dn 9:1-2; 5:30-31; Ed 1:1-6 Ungido, o Príncipe, vem e já não estará. ^ Príncipe enviará um povo para destruir a cidade e santuário num dilúvio ( Is 8:5-8) e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. 

Muralhas e ruas de Jerusalém construídas em tempos de angústia. Ungido confirmará aliança com muitos durante uma semana. A destruição é derramada sobre o assolador – “A queda de Roma” Durante a semana, ele fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador. Mt 24:15; Lc 21:20 Em Mt 24:15 e Lc 21:20, Jesus afirma que “o abominável da desolação” de que Daniel falou é a destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos. Essa destruição, é claro, fez cessar os sacrifícios dos judeus devido à destruição do templo. Uma Profecia – Cumprida As 70 Semanas de Daniel 9 A referência às “70 semanas” não foi dada como um número específico, e sim representa o “tempo completo” determinado para Israel e Jerusalém. As coisas citadas no versículo 24 aconteceriam durante aquele período.



4. A Visão de Daniel dos Últimos Dias, Cap. 10 - 12



A. Daniel vê um certo homem vestido de linho, 10:1-9 10:1-3 

 Daniel tem uma visão de uma grande guerra que forma uma profecia contínua nestes três últimos capítulos. A visão foi revelada a Daniel no terceiro ano de Ciro (536 a.C.), que também parece ser o primeiro ano de Dario, o Medo (veja 11:2). Esta visão impressionou Daniel pela sua solenidade, à qual ele reagiu jejuando e se lamentando durante três semanas. 10:4-6 S Quando estava junto ao rio Hidequel, o nome hebraico para o rio Tigre, ali apareceu um homem cuja descrição é muito parecida com a de Cristo em Apocalipse 1:13-15. Contudo, pelo que se segue, é a descrição de um mensageiro de julgamento, indicada pela aparência de relâmpago e fogo. 10:7-9 S Os que estavam com Daniel não viram a visão, mas ficaram amedrontados e fugiram. Daniel foi deixado fraco pela visão e caiu num sono profundo. 

B. O mensageiro conforta Daniel, 10:10-21 10:10-11 

Uma mão tocou Daniel, ajudando-o a ficar sobre e as mãos e os joelhos. Ele foi encorajado a se levantar, pois este homem tinha vindo para ajudá-lo a entender a visão. 10:12-13 

O pedido de Daniel de entendimento tinha sido ouvido desde o primeiro dia, ainda que vinte e um dias tivessem passado. A demora tinha sido causada pelo príncipe (anjo) da Pérsia que tinha resistido ao homem, que parece ser o anjo dos medos (11:1). Parece que estava acontecendo uma guerra espiritual (cf. Apocalipse 12:7), mas finalmente Miguel, um dos primeiros príncipes, veio em socorro (cf. Daniel 12:1; Judas 9). 10:14 S O homem tinha agora vindo ajudar Daniel a entender o que aconteceria com Israel nos “últimos dias.” A expressão “últimos dias” indica que a visão dizia respeito aos eventos da vinda do Messias e àquele período (cf. Daniel 2:28; Atos 2:16-17). 10:15-17 S Daniel não pôde falar até que uma pessoa com aparência de homem tocou seus lábios. Ele, então, explicou que seu silêncio era devido a estar tão esmagado pela aflição. 10:18-19 S Ele foi fortalecido novamente e lhe foi dito que não tivesse medo, mas fosse forte. 10:20-21 S Ao tempo em que esta profecia foi dada não havia império grego; contudo, foi dito a Daniel sobre uma guerra a ser travada entre o príncipe da Média (11:1) e o príncipe da Pérsia e, então, contra o príncipe da Grécia. A mente mortal só pode especular quanto ao que realmente está envolvido aqui. Sabemos, de fato, que há forças e poderes angélicos (Efésios 1:20-21; Colossenses 1:16; 2:15). Talvez as forças angélicas estejam envolvidas na ascensão e na queda das nações. Tinha que ser mostrado a Daniel o que estava nos escritos da verdade (veja 8:18-23), tudo o que apontava para a queda da Pérsia nas mãos da Grécia. Uma lição se salienta: Deus domina nos negócios das nações, levantando-as e derrubando-as, conforme o seu propósito é cumprido.



  C. O conflito greco-pérsico, 11:1-4 11:1-2 

 O anjo do capítulo 10 aqui é identificado com a Média. Três reis ainda ficariam na Pérsia, mas o quarto que se seguiria enfrentará a Grécia. A ordem dos reis persas a partir de Ciro foi: ì Cambises, í Smerdis, î Dario Histaspes (Dario, o Grande), e ï Xerxes (chamado Assuero no livro de Ester), que era forte e rico e provocou distúrbio contra a Grécia. 11:3-4 S Um poderoso rei da Grécia enfrentaria a Pérsia ( cf. 8:5-21). Este foi Alexandre, o Grande, mas seu reino mais tarde seria partido em quatro (cf. 8:22-25). A exatidão profética é admirável. Depois da morte de Alexandre, sua esposa e seu filho foram mortos, assim sua posteridade não recebeu nenhum império. O reino foi repartido em quatro divisões: ì Seleuco fundou o Império Selêucida; í Cassandro tomou a Macedônia; î Lisimaco tomou a Trácia; e ï Ptolomeu I governou o Egito. 


D. O conflito siro-egípcio, 11:5-19 11:5 

O Sul é o Egito, e seu rei, Ptolomeu I, era um chefe forte, mas um outro príncipe de Alexandre era ainda mais forte. Este parece ser Seleuco I Nicator, rei do Norte (Síria). Judá se tornou uma espécie de bola jogada para a frente e para trás entre estas duas potências dominantes. 11:6-8 S A filha do rei do Sul (Berenice) foi dada em casamento ao filho do rei no Norte (Antíoco I) num esforço para formar uma aliança entre estas duas potências. Mas não deu certo porque a esposa que Antíoco afastou (Laodice) acumpliciou-se para matar Berenice. Contudo, um irmão dela (“renovo da linhagem dela”), Ptolomeu III, veio e batalhou com sucesso contra o Norte e levou cativos na volta para o Egito. 11:9-11  O rei do Norte ataca o rei do Sul, sem sucesso; por isso ele voltou para casa. Seus filhos, estimulados com isto, invadem o Egito com um grande exército. Contudo eles também foram batidos e, de fato, muitos são levados cativos. 11:12-13  O rei do Egito orgulha-se de si devido ao seu grande sucesso, mas seu tempo de jactância dura pouco, pois o rei do Norte retorna com um exército maior, melhor equipado. 11:14-16  Parecia a certos judeus (“dados à violência dentre o teu povo”) que o Egito estava para cair, por isso eles se revoltaram e se juntaram em esforço para derrubar o Egito. Mas não conseguiram, pois quando o rei da Síria derrubou o Egito, ele também veio contra a “terra gloriosa” (Palestina), e ninguém foi capaz de resistir-lhe. 11:17  O rei do Norte (Antíoco, o Grande) tentou estabelecer-se dando sua filha em casamento num esforço para manter uma aliança com o Egito; porém ela se volta contra ele, sendo leal ao seu esposo antes que a seu pai. 11:18-19 S Ele então volta sua atenção para as ilhas do Mediterrâneo e consegue capturar muitas, mas logo seus avanços são impedidos e ele tropeça e cai.

 E. A ascensão de Antíoco Epifânio, 11:20-35. 11: 20-21 


 O “homem vil” que obtém o reino por manobra política (“intrigas”) é Antíoco Epifânio, que governou a Síria de 175 a 164 a.C. Este é o mesmo chamado “chifre menor” em Daniel 8:9-12. 11:22 S Com grande força ele consegue derrubar o príncipe da aliança, provavelmente se referindo ao sumo sacerdote. Nos anos de 169 - 167 a.C., Antíoco tomou a cidade de Jerusalém e saqueou o templo. 41 11:23-24 S Submetendo pequenos grupos, um de cada vez, Antíoco se tornou progressivamente mais forte. Ele entrou numa rica cidade egípcia atrás da outra por trapaça (enganosamente), quando o povo realmente pensava que ele estava trazendo paz e segurança. Assim ele foi capaz de fazer o que seu pai não tinha feito S conquistar o Egito. 11:25-26 

 O rei do Egito sobe à batalha contra ele com um exército poderoso, mas não resiste. Até mesmo seus amigos (“os que comerem os seus manjares”) ajudaram na sua derrota, dando mau conselho militar. 11:27  Os dois reis sentam-se a uma mesa de paz, mas dizem mentiras um ao outro. Contudo, seus reinados durariam de acordo com o cronograma divino, “porque o fim virá no tempo determinado”. Deus tem suas mãos nos controles! 11:28-29 

Epifânio retornou à Síria levando grande espólio de guerra. Seu coração, contudo, estava contra a aliança santa, que se refere a Israel e sua adoração a Deus. 11:30-31 

 Os navios de Quitim (os romanos) também estavam no Egito. A história diz que os romanos traçaram um círculo na areia e ordenaram a Antíoco que não saísse dele enquanto não retornasse ao lugar donde tinha vindo. Em angústia e amargura, ele retornou e descarregou sua ira em Israel. Nos anos 169 - 167 a.C. Antíoco tomou a cidade de Jerusalém, pilhou o templo, e ordenou que os judeus adorassem o ídolo grego que ele colocou no templo. Ele acabou com os sacrifícios diários e poluiu o altar oferecendo carne suína sobre ele. Proibiu a circuncisão, a observância do sábado, e a posse de cópias da lei. 11:32 

 Alguns poderiam ser enganados para cometer um erro, mas os fortes não cediam a Antíoco e resistiriam a ele. Talvez isto se refira aos macabeus. 11:33-35 S Grande perseguição contra o povo de Deus separa o restolho do bom. Os fortes se mantiveram com a verdade, mas muitos foram mortos. Isto foi cumprido com os macabeus que começaram em 168 a.C. com a revolta de Matatias, o velho sacerdote, que foi seguido por seus cinco filhos. 



F. Os romanos, 11:36-45. 11:36 

 Quem é este rei? Há várias interpretações: ì Alguns tomam a posição que Antíoco Epifânio ainda está em consideração; Em vista do contexto a seguir, os romanos parecem ajustar-se melhor. Algumas das razões são: ì 11:30 

 Os navios de Quitim (Roma) já foram apresentados como vindo contra Antíoco Epifânio. í 11:36 S Exalta-se e engrandece-se acima de todos os deuses e blasfema contra o Deus dos deuses. Isto certamente se ajusta aos imperadores romanos que forçaram a adoração deles mesmos como deuses e perseguiram os cristãos (Apocalipse 13:5-7). î 11:36 S Prosperará até que a indignação seja completada, ou seja, “a destruição do poder do povo santo” (Daniel 12:7; Apocalipse 12:14). ï Conquistado o Egito; a Líbia e a Etiópia se tornam suas cativas. Isto não se ajusta a Epifânio, que ficou falido, mas descreve os romanos que ficaram ricos com muitos despojos. Todos estes fatos apontam para Roma e está certamente de acordo com o livro de Daniel que, consistentemente, incluía quatro impérios dentro de seu escopo de profecia (Daniel 2; 7). 11:37-39 

 Os dominadores romanos eram devotados ao “deus das fortalezas”. O poder era o seu deus. Eles adorariam e serviriam qualquer deus contanto que isso significasse que eles 42 conquistariam. 11:40-41 S Ele derrota tanto o Norte como o Sul. Ele entra, também, na “terra gloriosa.” 11:42-43  Conquistando o Egito, ele obteve muitos despojos e os líbios e os etíopes se tornaram seus cativos. Isto só poderia se ajustar aos romanos. 11:44-45  Notícias do Oriente (partas) e do Norte (germanos) sempre perturbaram Roma, e nunca foram realmente submetidos por Roma. Ainda que Roma plantasse seus próprios tabernáculos na Palestina (a terra entre o mar Mediterrâneo e o monte santo, monte Sião), o fim deste reino mundial foi também determinado por Deus.



 G. Tribulação e fim, 12:1-7. 12:1 

 Durante o domínio romano haveria uma grande catástrofe, “qual nunca houve, desde que houve nação”. Jesus confirmou esta profecia quando ele falou sobre a destruição de Jerusalém em Mateus 24:21-22 e Marcos 13:19-20. Os discípulos se livraram porque Jesus os tinha prevenido quanto aos sinais da destruição iminente. Ele até tinha ligado a destruição de Jerusalém com a profecia de Daniel (Mateus 24:15; Lucas 21:20-22). 12:2-3 S Isto não aponta necessariamente para a ressurreição final, mas antes a uma ressurreição espiritual. Ele diz que “muitos”, em vez de “todos,” se erguerão. No final da ressurreição, “todos” sairão dos túmulos (João 5:28-29). Além disso, quando isto é ligado com o versículo 10, os “muitos” que são purificados são contrastados com os ímpios que continuam a proceder impiamente. Daniel 12:2 é cumprido na ressurreição espiritual daqueles que aceitaram Cristo (João 5:25). Mas “alguns” que obedeceram voltaram à vergonha e desprezo eternos (Mateus 24:12-13) enquanto “alguns” permaneceram fiéis à vida eterna. 12:4-6 

 O livro seria selado e guardado para “os últimos dias.” Um dos dois anjos pergunta, “Quanto tempo levará até o fim destas maravilhas?” Oito vezes nestes capítulos “o fim” (referindo a um tempo indicado) é mencionado (11:27, 35, 40; 12:4, 6, 8-9, 13). Será que isto se refere a: ì o fim do mundo; í o fim do sistema judaico e economia; ou î o fim de Roma, que marcou o fim dos reinos mundiais pagãos? Nada indica que o fim do mundo seja indicado, e o fato que o tempo na terra tem continuado centenas de anos depois que os quatro reinos mundiais passaram, prova que Daniel não tinha em vista o fim deste mundo. Há razões plausíveis para aceitar qualquer dos dois últimos pontos de vista. 12:7 

 O mensageiro vestido de linho identificou que seria “quando se acabar a destruição do poder do povo santo”. A referência a “tempo, dois tempos e metade de um tempo” também foi usada em Daniel 7:25 e parece claramente paralela ao período descrito em Apocalipse 12:4 (Apocalipse 11:4; 12:6; 11:2; 13:5). No Apocalipse tinha sido dado poder a Roma para perseguir o povo de Deus durante este período. Contudo, chegou a hora quando Roma caiu como império mundial, enquanto que o reino de Deus continuou. O povo de Deus pode ter sido espalhado e perseguido, mas não foi destruído. H. Triunfo, 12:8-13. 12:8-9 S Daniel não entendeu a resposta dada, mas foi-lhe dito: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim”. Este talvez se ajuste melhor ao tempo quando Roma caísse, pois em Apocalipse 10:7, quando a sétima trombeta soou, foi dito: “cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas”. Os reinos mundiais pagãos não atingirão uma estabilidade duradoura. Somente o reino de Deus é um reino indestrutível (Daniel 2:44; 7:13; 7:25-27; Hebreus 12:28). 12:10 

 Ainda que os ímpios continuem na impiedade, os justos serão capazes de perseverar, porque têm entendimento de que Deus verdadeiramente domina nos reinos dos homens e, enfim, os justos serão vitoriosos (Apocalipse 13:9-10,18; 14:12-13). 12:11 

 O significado deste versículo não é determinado facilmente. Talvez os 1.290 dias sejam o período entre dois eventos significativos que esmagaram o sistema judaico de adoração. O tempo em que o “sacrifício diário” foi afastado é o tempo mencionado em Daniel 11:31 e Daniel 8:11, quando Antíoco Epifânio desconsagrou o templo. Esta foi a primeira “abominação” posta. Mas houve uma segunda vez, e Jesus a identifica claramente com a destruição do templo, quando Jerusalém foi destruída em 70 d.C. ( Mateus 24:15; Lucas 21:20-22; Daniel 9:26- 27). Por que 1.290 dias são usados para descrever o tempo entre estes dois eventos? Nenhuma 44 resposta definitiva pode ser dada. O estilo apocalíptico de números tornando-se antes simbólico do que literal, talvez se refira a um período indefinido, mas um que somente Deus sabia e sobre o qual ele tinha comando. 12:12 S Abençoado seja aquele que chega aos 1335 dias. De novo, somos deixados somente a especular quanto ao significado. A destruição de Jerusalém ocorreu no ano 70 d.C. e, enquanto isto marcou um tempo significativo na história do povo de Deus, um momento ainda maior foi quando o reino de Deus provou-se indestrutível. Roma tentou esmagar a igreja mas, em vez disso, a própria Roma caiu. A batalha de Armagedom, seguida pelo reino de Cristo de mil anos, é um tempo de grande alegria para o povo de Deus (Apocalipse 20:6; Daniel 7:18,22,27). Esse ponto no tempo foi subseqüente à queda de Jerusalém e marcado por um acréscimo de mais 45 dias simbólicos. Os impérios mundiais pagãos foram terminados; somente o reino de Deus é universal por natureza (Daniel 2:44-45). 12:13 S Estas coisas seriam cumpridas num futuro distante, mas Daniel ficaria confirmado como um profeta verdadeiro.



 XIX. Daniel,  um Profeta exemplo para os nossos dias


Daniel foi uma pessoa integra e justa, temente a Deus acima de qualquer coisa. Ele nunca aceitou se corromper, por maior que fosse o tesouro que lhe oferecesse. Daniel era fiel a Deus mesmo que isso custasse sua vida. Ele também nos mostrou como é possível buscar a Deus mesmo em uma terra estranha e mergulhada no paganismo.

Provavelmente o Profeta Daniel alcançou os 90 anos de idade, vivendo até aproximadamente 536 a.C., no terceiro ano do reinado de Ciro. Existe uma tradição rabínica que afirma que Daniel voltou para Jerusalém no final de sua vida, com a libertação dos exilados, e foi sepultado em Susa. Porém, não existe qualquer evidência maior para atestar tal tradição.

Jovem, você já ouviu falar sobre a história de Daniel? Saiba que ele foi um jovem inspirado na sua visão espiritual, fé e oração. Sua história é contada a partir de sua ligação com Judá. Ele não era um jovem qualquer daquela tribo. Ele e seus amigos pertenciam à nobreza. Eles se destacaram. Eram jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda sabedoria, dotados em ciência e versados em conhecimento. Eram jovens notáveis. Que tal, hoje, você ser um jovem com as mesmas características de Daniel?

1. Obtenha as virtudes de Daniel.


No capítulo 1 do livro de Daniel, vemos que esses três jovens foram levados à Babilônia, ao palácio real, para aprender toda a cultura e a língua dos caldeus. “Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento  e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a doutrina e a língua dos caldeus (…) Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias” (Daniel 1:3-4, 6).
Daniel e seus três companheiros deveriam ser treinados por três anos. Mas eles tinham a firme determinação de não se deixar influenciar pelo ambiente da Babilônia. O ambiente ali era totalmente diferente, tanto na maneira de viver como na dieta, mas o coração deles permaneceu constante, imutável para com o Senhor, e continuaram a viver segundo Deus havia determinado.
E você jovem?! Tem deixado o mundo te dominar? Ou você tem sido um jovem decidido por Cristo?
Vemos por trás dessa situação Satanás querendo transformar esses jovens em caldeus. Não apenas tentou mudar-lhes a maneira de viver e a alimentação, também mudou seus nomes para nomes caldeus (v.7). Agora o alimento era caldeu; a maneira de viver, caldeia; a religião reinante era caldeia; e até seus nomes eram caldeus. Tudo era caldeu.
Os nomes hebraicos desses quatros jovens eram Daniel, Hananias, Misael e Azarias, nomes relacionados com Deus. Daniel significa “Deus é o Juiz”, Hananias quer dizer “Jeová é benigno”, Misael significa “quem é como Deus?”, e Azarias significa “Jeová é o meu socorro”. Porém, seus nomes foram mudados para nomes caldeus: Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Que significam respectivamente: “príncipe de Bel”, “iluminado pelo deus-sol”, “quem é como deusa Saque?” e “servo fiel do deus-fogo”.



2. Satanás tentou unir esses jovens aos ídolos através da instrução, da dieta e da maneira de viver.


No versículo 5 lemos: “Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei”. As finas iguarias do rei e o seu vinho simbolizam as coisas do mundo. No versículo 8 lemos: “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se”. Daniel e seus três companheiros não quiseram contaminar-se, porque não queriam ter parte com os ídolos. Isso é descrito em 1 Coríntios 10:18-20: “considerai o Israel segundo a carne; não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são participantes do altar? Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios”. Portanto, tinham somente uma opção: não comer para não se contaminar. Se tivessem comido, teriam parte com os ídolos. Não lhes foi fácil vencer.

 3. Qual tem sido sua dieta espiritual?

Como você tem se alimentado? Você está sendo mais um na multidão?! Ou você é um jovem que busca satisfação em Cristo?!
Nosso Deus é Aquele que Se atenta para o coração que é correto para com Ele. Seu cuidado proveu para Daniel e seus companheiros uma pessoa compassiva para cuidar deles. Se o chefe dos eunucos não lhes quisesse dar ouvidos, ficariam sem alimento. Mas Deus lhes proveu tudo. Do mesmo modo não tenhamos medo da perseguição das situações. A princípio, o chefe dos eunucos duvidou que a aparência de Daniel e seus companheiros ficasse saudável se não comessem aquelas comidas. Mas Daniel confiava no seu Deus e pediu que os observasse por dez dias, durante os quais somente comeriam legumes e beberiam água. Assim, o eunuco veria a aparência deles e a dos jovens que comiam das finas iguarias do rei e perceberia a diferença. Jovem, creia!

 4. Nós devemos ser fortes como

Daniel e seus três companheiros.

Não sejamos influenciados pelas situações externas. A primeira epístola de João 2:12, 13 nos mostra três grupos de pessoas na igreja: “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome. Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o Maligno”. Os filhinhos são os recém salvos. O problema básico deles, o pecado, já foi o resolvido. O segundo grupo são os pais, os mais velhos, os mais experientes, que conhecem Aquele que existe desde o princípio. Os jovens, no entanto, são os que vencem o Maligno, pois são os mais tentados por ele.
O versículo 14 repete: “Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno”. Os jovens podem ser fortes, porque a palavra de Deus permanece neles. Não importa quão difícil seja a situação exterior, se permanece neles a palavra, vencem o Maligno.
O versículo 15 ainda diz: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”.
O mundo é a coisa mais difícil para os jovens vencerem, pois são facilmente atraídos por ele. Que o Senhor nos guarde hoje, especialmente os jovens, da atração do mundo.
Daniel e seus companheiros venceram. Apesar de comerem legumes e beberem água, Deus lhes deu melhor aparência do que os que comeram das iguarias do rei e beberam do seu vinho. Além disso, receberam de Deus conhecimento e inteligência em toda cultura e sabedoria. Três anos depois, Daniel e seus três companheiros foram levados à presença do rei. E quando o rei os examinou, achou-os dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que haviam em todo o reino (“mas a Daniel, deu inteligência de todas as visões e sonhos” – v.17). Deus lhe deu espírito de sabedoria e de revelação. Em Daniel 4:8, 9, 18, Nabucodonosor disse que Daniel tinha o espírito dos deuses santos. O que ele tinha, na verdade, era o espírito de sabedoria e de revelação da parte de Deus.


Vejamos agora o último versículo: “Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro”. Por que este versículo está aqui? Para mostrar que Daniel continuou até o final do cativeiro. Ele foi levado cativo no ano 606 a.C. e continuou até o primeiro ano do rei Ciro, 536 a.C. Provavelmente, foi ele quem levou ao rei Ciro a visão da reedificação do templo.
Daniel foi um vencedor. Permaneceu fiel ao Senhor e ao Seu propósito em todos os setenta anos do cativeiro, desde o começo até a ordem para a restauração do templo.

Que possamos ser um exemplo de fé , dedicação e temperança do profeta Daniel, pois só assim o mundo evangelho poderá avançar nos oráculos Divinos que transcendem os mistérios celestial; pois Deus não fará coisa alguma sem antes avisar os seus segredos aos profetas.