segunda-feira, 15 de maio de 2023

Os Atributos de Deus

  

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!







Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no Texto de Salmos 139.1-24   que nos diz:


1 SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.

2 Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.

3 Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.

4 Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.

5 Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão.

6 Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.

7 Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?

8 Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.

9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,

10 Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

11 Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.

12 Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa;

13 Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe.

14 Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra.

16 Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.

17 E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles!

18 Se as contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo ainda estou contigo.

19 Ó Deus, tu matarás decerto o ímpio; apartai-vos portanto de mim, homens de sangue.

20 Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.

21 Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?

22 Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos.

23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos.

24 E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.

  

Sumário da matéria sobre os atributos de Deus.

I.       Os atributos de Deus descrevem plenamente quem Ele é?

II.     Qual a importância de se estudar os atributos de Deus.

III.    Erros na interpretação dos atributos de Deus.

IV.    Quais são os atributos de Deus?

V.     Os atributos incomunicáveis de Deus.

VI.    Os nomes de Deus.

VII.   Esboço e comentário do Salmo 139.

VIII.  Aplicações do Salmo 139.

IX.    Como os atributos Deus impacta a vida do Cristão

X.     Homens que testemunharam os atributos Divino.

XI.   O crescente espiritual do crente.


O Salmo 139 é um dos mais belos do Saltério. Um estudo bíblico do Salmo 139 revela a forma com que o salmista reflete acerca de quem é Deus. Esse salmo é uma oração pessoal em forma de poesia na qual o salmista medita nos atributos de Deus. Ele traz uma preciosa exposição que contrasta a grandiosidade do Senhor e a pequenez do homem.

 

Alguns críticos tentam datar esse salmo no período após o exílico babilônico, até mesmo atribuindo sua autoria a Zacarias. Mas é amplamente aceito que Davi é o autor do Salmo 139. O próprio título do salmo aponta para a autoria de Davi, mas a ocasião exata de sua vida em que ele foi escrito é desconhecida.

 

Os atributos de Deus são qualidades atribuídas ao caráter divino de acordo com sua auto-revelação e que nos ajudam a entender quem é Deus. Saber quais são os atributos de Deus é muito importante para qualquer cristão verdadeiro.

 

Além da designação “atributos de Deus”, às vezes a Teologia Sistemática também denomina tal estudo de “qualidades de Deus” ou “perfeições de Deus”, de modo que devemos entender todas essas expressões como sendo sinônimas.

 

I.                   Os atributos de Deus descrevem plenamente quem Ele é?

É importante entender que Deus não pode ser explicado ou definido de forma plena e compreensível aos homens. Sob esse aspecto, não se pode expressar o ser de Deus de forma adequada com algum atributo, palavra ou frase, ou seja, mesmo o estudo sobre os atributos de Deus o descreve de forma limitada, pois Deus, em sua plenitude, é completamente incompreensível para nós.

 

Algo que precisa ser considerado é que conhecemos Deus apenas com base no que Ele resolveu nos revelar. Assim, há muito mais sobre Deus que não conhecemos, ou porque nosso intelecto não consegue compreender, ou porque Ele simplesmente não nos revelou.

 

No entanto, devemos nos confortar na verdade de que Ele certamente nos revelou tudo o que de fato precisaríamos saber. A revelação de Deus aos homens é tão clara, tanto na criação quanto nas Escrituras, que torna qualquer um que negligencie tal revelação indesculpável (Rm 2).

 

II.                 Qual a importância de se estudar os atributos de Deus?

Quando estudamos os atributos de Deus, mesmo de forma limitada, podemos vislumbrar o seu caráter, entender um pouco mais sobre quem Ele é e como Ele é, e consequentemente adorá-lo e atribuir-lhe glória de uma forma mais apropriada e consciente.

 

Os atributos de Deus também nos auxiliam na compreensão da natureza infinita de Deus em relação ao universo. Ele é auto-existente, um ser independente e infinitamente exaltado sobre a natureza, e que não sofre nenhum tipo de limitação por ela. Esse aspecto é chamado na teologia de transcendência.

 

Por outro lado, sua presença e seu poder agem ativamente dentro de sua criação, de modo que Ele não é um simples espectador da História, mas é quem controla e conduz todas as obras de suas mãos de acordo com seu propósito. Esse aspecto é chamado na teologia de imanência.

 

Também entendemos que os atributos de Deus fazem parte da própria essência do seu ser, ou seja, as qualidades de Deus e seu ser são uma coisa só, de modo que cada um de seus atributos é infinito e não conhece nenhum tipo de limitação.

 

III.              Erros na interpretação dos atributos de Deus


Algumas pessoas, por não compreenderem adequadamente os atributos de Deus, acabam cometendo erros gravíssimos na interpretação das Escrituras, e fazem descrições do caráter de Deus que, no mínimo, afrontam o seu ser perfeito.

 

Por exemplo, algumas pessoas priorizam um dos atributos de Deus em detrimento de outro. O caso mais clássico sobre esse erro ocorre na interpretação da relação entre a justiça e o amor de Deus, onde as pessoas enfatizam de tal maneira o atributo do amor, que entendem que o atributo da justiça está sujeito ao próprio amor, como se Deus fosse mais amor do que justiça. Essa compreensão equivocada geralmente resulta na heresia do universalismo, ou, no mínimo, numa noção muito equivocada da doutrina da salvação, onde o Deus soberano parece não ter qualquer autonomia.

 

Sobre isso, a verdadeira doutrina bíblica é a de que Deus é todo amor e todo justiça. O fato de Deus providenciar o plano de redenção não o faz ser mais amor do que justiça, e o fato de Ele punir eternamente o pecador que não foi justificado pela obra de Cristo, não o faz injusto ou menos amoroso. Os atributos de Deus se complementam ao invés de se excluírem mutuamente.

 

O homem continua sendo homem mesmo que não tenha alguns de seus atributos humanos. Deus, diferente disso, não poderia ser Deus se lhe faltasse um de seus atributos, pois Ele é perfeitamente expresso em cada um deles.

 

IV.             Quais são os atributos de Deus?

Antes de falarmos quais são os atributos de Deus, precisamos entender que a teologia, para facilitar a compreensão desse assunto, divide os atributos de Deus em duas categorias: atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis.

 

Os atributos incomunicáveis, também chamados de atributos não-relacionados, são aqueles que Deus não compartilha com nenhuma criatura, ou seja, são atributos exclusivos dele e Ele não os comunicou a mais ninguém.

 

Os atributos comunicáveis são aqueles que Deus compartilha, pelo menos em certa medida, com o homem. Os atributos comunicáveis foram impressos na criação da humanidade, e basicamente por isso o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, isto é, porque Deus comunicou a ele alguns de seus atributos, e por portar tais atributos, o homem se parece com Deus em alguns aspectos.

 

A seguir, conheceremos quais são os atributos de Deus, e entenderemos, mesmo de forma bastante resumida e limitada, uma noção básica de cada um deles.

 

V.                Os atributos incomunicáveis de Deus

1- Asseidade: significa que Deus é auto-existente, e não necessita de nada nem ninguém para continuar a existir, ou seja, Ele não depende de ninguém fora de si mesmo para ser o que é. Obviamente a asseidade de Deus está diretamente ligada a sua eternidade (Sl 90:1,2).

 

2- Eternidade: significa que Deus sempre existiu, Ele não foi criado por ninguém e está acima de qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2). Ele não tem começo nem fim, e existe sem sucessão de momentos, ou seja, para Ele não existe passado, presente e futuro, pois seu presente é sempre a própria eternidade.

 

3- Unidade: significa que Deus é um e que todos os atributos dele estão inclusos em seu ser o tempo todo. A doutrina da Trindade não contradiz esse principio, pois as três Pessoas distintas formam um único Deus, ou seja, sua essência é indivisível (Dt 6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5).

 

4- Imutabilidade: significa que Deus não muda jamais, ou seja, tanto Seu ser como Suas perfeições não sofrem qualquer alteração, e Ele não muda, de forma alguma, os Seus propósitos e promessas (Tg 1:17). Aqui é importante entender que qualquer tipo de alteração que as Escrituras pareçam sugerir é apenas figuras de linguagem para que nós, humanos, possamos compreender de forma mais didática o relacionamento dele conosco.

 

5- Infinitude: significa que Deus é infinito em seu ser e não sofre qualquer tipo de limitação. O tempo e o espaço não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a qualidade da infinitude seja um dos atributos de Deus que apresenta mais dificuldade de compreensão por parte dos homens. Geralmente os estudiosos entendem que a infinitude de Deus também aparece revelada através de outros atributos, como a onipresença, onisciência, onipotência e a eternidade.

 

6- Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço. Sua presença é infinita, de modo que Ele está presente em toda parte com toda plenitude do Seu ser (Sl 139). Saiba mais o que é a onipresença de Deus.

 

7- Onipotência: significa que Deus possui todo poder, isto é, seu poder é infinito e ilimitado. Deus é soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6:18; Ap 1:8). Saiba mais o que é a onipotência de Deus.

 

8- Onisciência: significa que Deus conhece todas as coisas de modo completo e absoluto. Seu conhecimento é infinito e não está sujeito a qualquer limitação. Ele não precisa pedir nenhuma informação, bem como nunca possui dúvidas (Sl 139; 147:4). Saiba mais sobre a onisciência de Deus.

 

9- Soberania: significa que Deus controla todas as coisas, pois Ele próprio é soberano e supremo sobre tudo e todos. Ele é quem governa o universo e conduz a História segundo os seus propósitos eternos. Também é importante saber que a soberania de Deus não anula a responsabilidade humana, e nem a responsabilidade humana descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).

 

Os atributos comunicáveis de Deus

10- Amor: a Bíblia declara explicitamente que “Deus é amor” (1Jo 4:8). O amor, como um dos atributos de Deus, deve ser entendido, sobretudo, pelo aspecto do que os escritores do Novo Testamento chamaram de “amor ágape“, isto é, um amor profundo e incondicional, que ao mesmo tempo em que revela grande afeição, também revela cuidado, zelo, correção e abnegação.

 

O apóstolo Paulo escreveu que o amor de Deus é derramado no coração dos cristãos genuínos (Rm 5:5). Certamente a maior manifestação do amor de Deus foi enviar Jesus, seu Filho, para morrer por pecadores. Esse ato imerecido é designado como graça (Ef 2:4-8). Aqui mais uma vez vale ressaltar que o atributo do amor não anula os atributos da santidade, justiça e retidão.

 

A própria obra de Cristo no Calvário deixa isso muito bem claro, pois se por um lado vemos seu infinito amor ao enviar seu próprio Filho, por outro vemos que esse ato serviu para satisfazer a sua justiça e santidade. Se Ele fosse mais amor do que justiça, santidade e retidão, Ele poderia ter perdoado os pecadores sem precisar sacrificar seu próprio Filho.

 

Logo, não existe qualquer base bíblica ou fundamentação lógica para dizer que os demais atributos de Deus estão sujeitos e subordinados ao seu atributo do amor, resultando, como já foi dito, na heresia do universalismo, ou, em alguns casos, no próprio aniquilacionismo.

 

11- Bondade: esse atributo está diretamente ligado ao atributo do amor, enfatizando a benevolência de Deus para com suas criaturas. A bondade de Deus também implica na realidade de que tudo o que Ele faz é essencialmente bom e legítimo, mesmo que o homem não compreenda (2Cr 30:18; Sl 86:5; 100:5; 119:68; At 14:17).

 

12- Misericórdia: a misericórdia é outro atributo que também está ligado ao atributo do amor, e revela a compaixão e piedade Deus para com os miseráveis e angustiados (Ef 2:4,5). Na verdade, além da misericórdia e bondade (citada acima), existem várias outras características de Deus que estão relacionadas ao atributo do amor, como por exemplo, a benevolência, a benignidade e a longanimidade.

 

Através do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas, percebemos que muitos dos atributos comunicáveis de Deus são compartilhados com os cristãos através do fruto gerado pelo Espírito Santo.

 

13- Sabedoria: significa que Deus é infinitamente sábio, de modo que Ele próprio é a fonte da sabedoria. O profeta Daniel entendeu isso ao dizer que “dele são a sabedoria e a força” (Dn 2:20; cf. Jó 12:13; Jó 36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33). Além disso, devemos entender que a sabedoria de Deus é completamente superior à sabedoria dos homens (Is 55:8; cf. Jó 28:12-28; Jr 51:15-17).

 

14- Justiça: significa que Deus é plenamente justo e perfeito em sua retidão. Não há injustiça em Deus, e dele não provém nenhum tipo de desigualdade. Ele sempre é correto, e seus juízos são perfeitos (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31). Muitos estudiosos também detalham o atributo da justiça em outras características específicas, como a retidão e a equidade.

 

15- Santidade: significa que Deus é completamente separado do pecado, e totalmente comprometido com sua honra. Ele nunca está relacionado a qualquer coisa impura ou qualquer comportamento indigno (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap 4:8). O atributo da santidade em Deus exige que os pecadores estejam separados dele, a menos que estes sejam justificados pelos méritos de Cristo, sendo feitos nele santo.

 

16- Veracidade: significa que Deus, e tudo o que provém dele, é necessariamente verdadeiro, infalível e absolutamente confiável (Hb 10:23), de modo que Ele é o próprio Deus verdadeiro (Jo 17:3). O atributo da veracidade também expressa a fidelidade de Deus, ou seja, tudo o que Ele revelou de si mesmo é genuíno, e por ser fiel, Ele nunca fará nada que afronte a sua própria natureza ou contradiga sua palavra.

 

17- Liberdade: significa que Deus não precisa de nada nem ninguém para fazer o que quer, ou seja, Ele é completamente livre para executar sua vontade (Mt 11:26; cf. Is 40:13,14) de acordo com a perfeição de sua natureza, ou seja, apesar de ser completamente independente e livre, isso não significa que Ele seja livre para pecar, mentir, deixar de ser Deus ou mesmo morrer, pois trais coisas contrariam seu próprio ser.

 

18- Paz: esse atributo de Deus nos revela que nele próprio, ou em qualquer uma de suas ações, não há nenhum tipo confusão ou desordem. Gideão entendeu essa qualidade de Deus quando declarou “O Senhor é paz” (Jz 6:24).

 

. Os nomes de Deus. Normalmente, os nomes dos personagens bíblicos recebem nas Escrituras um significado específico relacionado aos acontecimentos da sua vida. Isso se torna claro quando se tratamos de Deus. Ele recebe vários nomes e cada um tem um significado para caracterizar melhor o Ser divino.

 

VI.             Os nomes de Deus

 

Deus revelou os Seus próprios nomes ao Seu povo, diferentemente dos nomes dados as pessoas. Veremos aqui alguns nomes de Deus: Elohim – “a forma plural pode ser entendida como a maneira de significar que a plenitude da deidade acha-se dentro do Único Deus verdadeiro” – Gn 1.1

Iavé – A versão Almeida traduz “SENHOR”;

Adonai – “Senhor – expressa a ideia de governo e domínio”;

El-Shaddai – “O Deus Todo-Poderoso”;

El-Elyon – “O Deus Altíssimo”;

El-Olam – “O Deus eterno”;

Iavé Jireh – “O Senhor proverá” [Gn 22.14];

Iavé Mecadishkem – “O Senhor que vos santifica”;

 

Iavé Nissi – “O Senhor é minha bandeira” [Êx 17.15];

Iavé Ra’a – “O Senhor é meu pastor” [Sl 23.1];

Iavé Shalom – “O Senhor é paz” [Jz 6.24];

Iavé Tsidkenu – “O Senhor justiça nossa” [Jr 23.6];

Iavé Shamah – “O Senhor está ali” [Ez 48.35];

Iavé Elohim – “O Senhor Deus de Israel” [Is 17.6].

 

VII.           Esboço e comentário do Salmo 139

O Salmo 139 é organizado em quatro partes que destacam de forma central certos atributos de Deus.

 

Na primeira parte o salmista fala sobre a onisciência de Deus (Salmo 139:1-6).

Na segunda parte o salmista fala sobre a onipresença de Deus (Salmo 139:7-12).

Na terceira parte o salmista fala sobre a onipotência de Deus (Salmo 139:13-18).

Na quarta parte o salmista fala sobre a santidade de Deus e destaca o resultado prático e experiencial que esse atributo moral de Deus ocasiona em sua vida.

Onisciência, onipresença e onipotência são atributos incomunicáveis. Isso significa que somente Deus é quem os possui. Já a santidade é um atributo comunicável. Deus compartilha dessa santidade conosco e por isto Ele exige que sejamos santos. Ele diz: “Sede santos, porque Eu sou Santo” (Lv 19:2).

 

O Salmo 139 traz uma mensagem aterrorizante para o pecador ao revelar a soberania de Deus sobre todas as coisas. Mas ao mesmo tempo ele também traz uma mensagem extremamente confortante ao revelar que o Deus soberano governa todas as coisas de acordo com sua infinita sabedoria, santidade e justiça. Ao mesmo tempo em que o Salmo 139 fala de um Deus soberano e transcendente, ele também fala de um Deus intimamente pessoal e imanente.

 

1.    O Deus onisciente (Salmo 139:1-6)

Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são bem conhecidos. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor. Tu me cercas, por trás e pela frente, e pões a tua mão sobre mim. Tal conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu alcance, é tão elevado que não o posso atingir.

 

Nos seis primeiros versículos o salmista nos apresenta o Deus onisciente. Ele começa sua oração dizendo que o Senhor é Aquele que o sonda e o conhece. Sondar nesse texto transmite a ideia de “cavar”, “penetrar” ou “alcançar o mais profundo”.

 

Ao dizer: “Senhor, tu me sondas e me conheces”; o salmista declara que Deus sabe mais sobre sua vida do que ele próprio. Ele reconhece que o conhecimento de Deus vai ao mais profundo de seu ser, onde nem mesmo ele é capaz de ir.

 

A partir do verso 2, o salmista fala sobre como Deus conhece cada momento do seu cotidiano. Mas o salmista vai ainda mais além. Ele declara que Deus percebe de longe os seus pensamentos.

 

Na antiguidade os povos tinham um entendimento territorial de suas divindades. Cada cidade possuía o seu deus; eles pensavam que dentro dos limites daquele território tal divindade reinava, conhecia e protegia seus fieis.

 

Mas no Salmo 139 o salmista rompe e desconsidera esse conceito pobre e falido. Ele apresenta um Deus que não está preso a limites territoriais. Esse Deus não conhece apenas aquilo que está dentro das fronteiras de um determinado reino. O salmista fala de um Deus que de longe percebe cada pensamento do homem.

 

O pai não conhece o pensamento do filho; o filho não conhece o pensamento do pai. O marido não conhece o pensamento da esposa, e nem a esposa o pensamento do marido, por mais que se amem. Mas Deus conhece os nossos pensamentos.

 

Acredita-se que cerca de dez mil pensamentos são formulados diariamente em nossa mente. Muitos desses pensamentos ocorrem num grau que nem mesmo nós percebemos conscientemente. Isso significa que Deus conhece os pensamentos que nem mesmo nós conhecemos. Por isto o salmista diz que Deus também conhece cada uma de nossas palavras, antes de elas chegarem à nossa língua.

 

2.    O Deus onipresente (Salmo 139:7-12)

Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá. Mesmo que eu dissesse que as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor, verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz.

 

A primeira reação do pecador diante da grandeza e da santidade do Deus onisciente é tentar escapar. Esse sentimento de fuga pode ser percebido desde a Queda do homem no Éden (Gn 3).

 

Mas no Salmo 139 o escritor entende o quanto isto é inútil. Jamais poderemos fugir do Deus onipresente. O salmista diz que os olhos de Deus o encontram onde quer que ele vá, seja no mais alto céu, ou no mais profundo abismo. Nem mesmo a morte pode esconder o homem dos olhos de Deus!

 

O salmista também diz que se ele subisse com as asas da alvorada e habitasse nos confins dos mares, a mão de Deus o guiaria e o sustentaria. A ideia nessa expressão é a de que mesmo que o homem pudesse alcançar as bordas do planeta com a velocidade da luz, ainda assim ele não estaria além do poder de Deus.

 

Caso o homem tente recorrer às trevas para se esconder de Deus, o salmista também diz que isto é impossível. Jamais alguém poderia se esconder nas trevas daquele que no princípio disse: “Que haja luz!” (Gênesis 1:2). Através do profeta Isaías Deus diz: “Eu formo a luz e crio as trevas” (Is 45:7).

3.    O Deus onipotente (Salmo 139:13-18)

Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir. Como são preciosos para mim os teus pensamentos, ó Deus! Como é grande a soma deles! Se eu os contasse seriam mais do que os grãos de areia. Se terminasse de contá-los, eu ainda estaria contigo.

 

Na sequência do Salmo 139 o salmista fala sobre como o Deus onisciente e onipresente mostra sua onipotência na criação do homem. Ele mostra Deus como um artesão perfeito que constrói sua obra de arte no lugar mais improvável. Deus forma o homem secretamente na escuridão do ventre materno, e ali o enxerga com clareza e perfeição.

 

O salmista diz que Deus o teceu no ventre de sua mãe. Como um tecelão perfeccionista que cuida detalhadamente de cada fio que é entrelaçado, assim Deus forma o homem. Depois de três mil anos que o salmo 139 foi escrito, a ciência descobriu que o corpo humano é tecido com bilhões e bilhões de células.

 

Alguns cientistas falam em algo superior a trinta trilhões de células. O valor é estimado porque nunca ninguém conseguiu contar! O núcleo de cada célula possui cerca de dois metros de código genético organizado como uma fita que assombrosamente consegue caber num espaço que é tão pequeno que precisa ser medido em milionésimos de metros. Mas ainda assim, nenhum milímetro dessa fita genética se embaraça!

 

A ciência não sabe responder exatamente como isso pode ser possível, mas a Bíblia responde. O Salmo 139 declara que isso é possível porque o próprio Deus é quem entretece o homem!

 

No verso 16 os intérpretes tem se dividido quanto à sua interpretação. Basicamente há duas possibilidades. A primeira diz que o salmista afirma que os seus membros foram escritos no livro de Deus antes que qualquer um deles existisse. A ideia seria algo como um arquiteto que planeja, registra e executa cada detalhe do seu projeto. Nesse sentido, cada detalhe de cada membro de nossos corpos foi planejado e conhecido de acordo com o propósito soberano de Deus antes de seu desenvolvimento.

 

A outra possibilidade defende que são os nossos dias que foram registrados no livro de Deus antes que qualquer um deles existisse. A ideia é a de que o Deus que nos formou minuciosamente também planejou nossos dias até o fim, desde o começo. O contexto favorece as duas interpretações, e biblicamente as duas hipóteses são verdadeiras. Refletindo sobre a vida humana, certa vez Jó declarou: “Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles” (Jó 14:5).

 

Diante de algo tão maravilhoso, o salmista não fica ofendido, mas se rende à grandeza de Deus. Se por um lado Deus conhece exaustivamente todos os seus pensamentos, por outro lado o salmista declara não ser capaz de enumerar os preciosos pensamentos de Deus. Tentar contá-los seria um delírio!

 

Mais tarde o apóstolo Paulo ficou tão extasiado quanto Davi diante dos decretos eternos de Deus. Por isto ele concluiu: “Porque dele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém!” (Rm 11:33-36).

 

O santíssimo Deus e a submissão do homem a Ele (Sl 139:19-24)

Quem dera matasses os ímpios, ó Deus! Afastem-se de mim os assassinos! Porque falam de ti com maldade; em vão rebelam-se contra ti. Acaso não odeio os que te odeiam, Senhor? E não detesto os que se revoltam contra ti? Tenho por eles ódio implacável! Considero-os inimigos meus! Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno.

 

Algumas pessoas não conseguem entender a última parte do Salmo 139. Alguns pensam que essa última parte não se harmoniza com o restante do salmo. Mas é fácil perceber que essa última parte é a única conclusão possível depois de o salmista refletir sobre a grandeza de Deus.

 

Em primeiro lugar, ele demonstra sua indignação contra aqueles que ousam fazer pouco caso de um Deus tão grande e maravilhoso. Por isto ele declara odiar os ímpios. Aqui é importante entender que não há contradição alguma com o ensinamento de Jesus no Novo Testamento de que temos que amar nossos inimigos. O salmista não está declarando sua ira contra seus próprios inimigos, mas contra os inimigos de Deus.

 

O ódio que o salmista sente e registra no final do Salmo 139 não está sob a base do egoísmo. Essa santa ira é a reação esperada daqueles que conhecem o verdadeiro Deus e não aceitam que alguém blasfeme dele. No Salmo 139 o escritor bíblico não está preocupado com sua própria honra, mas com a honra de Deus. Aqui a cabe o conselho do apóstolo Paulo: “Ireis e não pequeis”.

 

Mas o salmista também demonstra não ser um hipócrita. Ele não aponta sua indignação apenas contra os ímpios, mas também contra ele mesmo. Ele sabe que no fundo, por sua própria natureza, ele não é melhor do que eles. Por isso ele sente temor diante da santidade de Deus. Então naturalmente ele encerra sua oração com um sincero pedido para que Deus o sonde, o prove, o esquadrinhe, e veja se há nele algo de errado.

 

O salmista reconhece que nem mesmo ele próprio é capaz de discernir completamente seu coração. O profeta Jeremias escreve que o coração do homem é enganoso (Jeremias 17:9). O salmista temia que algum mal oculto pudesse estar dentro dele. A palavra hebraica traduzida como “mal” é bastante ampla. Ela transmite, inclusive, um sentido de idolatria. Nesse sentido é como se o salmista estivesse dizendo: “Deus, sonda-me e veja se há algo escondido em mim que pecaminosamente possa querer tentar rivalizar com sua grandeza e ofender sua presença”. No final, ele pede: “Dirija-me pelo caminho eterno”.

 

VIII.        Aplicações do Salmo 139

Obviamente são muitas as lições que aprendemos com o estudo do Salmo 139. Aqui citaremos quatro aplicações centrais desse salmo.

 

Em primeiro lugar, o Salmo 139 nos ensina que é impossível enganar ou passar despercebido pelo Deus onisciente. Ele conhece cada detalhe e momento de nossa vida; conhece exaustivamente os nossos pensamentos. Ele sabe mais sobre nós que nós mesmos.

 

Aqui podemos lembrar o episódio em que o profeta Samuel foi à casa de Jessé para ungir o novo rei de Israel. Ele ficou impressionado com a aparência de Eliabe, o irmão mais velho de Davi, mas Deus lhe disse: “Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Sm 16:7).

 

Em segundo lugar, o Salmo 139 nos ensina que é impossível escapar do Deus onipresente. O profeta Jonas foi alguém que pensou poder fugir de Deus. Talvez ele tenha pensado que seguindo no sentido contrário ao que lhe foi ordenado, ele conseguiria escapar do Senhor. Ele não poderia estar mais enganado.

 

Em terceiro lugar, o Salmo 139 nos ensina que é impossível se esconder do Deus onipotente. Ainda no exemplo de Jonas, o profeta não apenas tentou fugir de Deus, mas também tentou se esconder dele. Ele se deitou no porão de um navio no meio do mar, mas o Deus onipresente o encontrou ali. Como alguém poderia se esconder em pleno mar justamente daquele que criou o mar e a terra seca? Quão inútil e sem sentido era o plano de Jonas (Jonas 1:9).

 

Em quarto lugar, o Salmo 139 nos ensina que é impossível permanecer o mesmo após conhecer o grandioso e verdadeiro Deus; o Santíssimo criador e sustentador de todas as coisas. Se dizemos que conhecemos a Deus, mas não nos indignamos com a rebelião do pecador contra Ele; se aceitamos como algo normal a transgressão de sua Lei; e se vivemos nossas vidas flertando com o pecado, então há algo de muito errado conosco.

 

IX.              Como os atributos Deus impacta a vida do Cristão

 

Considere as seguintes formas que o estudo dos atributos de Deus impacta a vida do Cristão.

 

1) A forma de “ver” Deus é chegar a conhecê-Lo através do estudo do Seu caráter como revelado nas Escrituras.

Nenhum homem pode ver Deus e viver (Êxodo 33:20) Nenhum homem viu Deus em qualquer momento (João 1:18). Os homens “viram” Deus parcialmente em vários momentos quando Ele apareceu em várias formas (veja Êxodo 24:9-11; 33:17- 34:7; Isaías 6:5). Em cada ocasião quando Deus manifestou-Se visivelmente para os homens, houve apenas uma revelação parcial da Sua glória, pois o homem não pode olhar a total exposição do esplendor de Deus assim como não pode olhar diretamente para o sol. Mesmo com a vinda do nosso Senhor, que manifestou o Pai para os homens (ver João 1:18; 14:8-9; Hebreus 1:1-3), a total revelação da Sua glória foi “velada” com somente uma ocasional aparição instantânea daquela glória, como na Sua transfiguração (ver Mateus 17:1-8). Não foi a aparência física do nosso Senhor que impressionou os homens. Na verdade, não sabemos nada sobre a aparência física do nosso Senhor, além de que não era particularmente bela ou atrativa de forma que os homens pudessem ser atraídos por Ele baseados em Sua aparência apenas (ver Isaías 53:2)

 

Nós estamos entre aqueles que não viram nosso Senhor (João 20:29; 1 Pedro 1:8). Nossa compreensão da natureza de Deus como revelada em Jesus Cristo deve estar limitada ao que as Escrituras ensinam a respeito do Seu ensinamento, ministério e caráter. Em última análise, podemos “ver” e conhecer Deus através das Escrituras assim como elas revelam Seu caráter para nós.

 

2) O caráter de Deus é a base e o padrão para toda a moralidade humana. O ultimo verso de Juízes diz:

“Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto “(Juízes 21:25).

 

Alguém poderia pensar que a solução para este dilema seria um rei humano, porém não era. O tipo de “rei” que Israel queria era na verdade um ídolo. Eles queriam um rei que eles pudessem ver; um homem que fosse diante deles numa batalha. Eles queriam um rei igual ao de todas as outras nações (veja Deuteronômio 17:14-17). Quando o povo falou com Samuel e pediram para terem um rei, Deus indicou que eles O estavam rejeitando como seu rei:

 

5 E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. 6 Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR. 7 E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles. “(1 Samuel 8:5-7).

 

Então quando os israelitas pediram um rei humano, eles estavam rejeitando Deus como seu rei. Quando o Livro de Juízes nos relata que os israelitas não tinham rei, significa que a nação não reconhecia e servia Deus como seu Rei (Êxodo 15:18; Salmos 10:16; 29:10). E é sem Deus como Rei que os homens estabelecem o padrão para sua própria conduta; cada homem “cada um faz o que acha mais reto”.

 

Deus deu a Lei para a nação de Israel após Ele se tornar seu “Rei” no êxodo (Êxodo 15:18). Ele demonstrou o Seu poder e soberania, mesmo sobre o Faraó. E como “Rei” de Israel, Deus estabeleceu a constituição para o reino que Ele estava preparando para estabelecer. A forma da Aliança Mosaica, como tem sido observada pelos estudiosos, era a mesma como outros acordos daqueles dias entre os reis sobre seus súditos. Deus era o padrão de moralidade, e Deus, portanto, estabeleceu o padrão para a conduta do Seu povo. As leis que Deus estabeleceu no Monte Sinai eram aquelas que procediam do Seu próprio caráter. Deus disse para o Seu povo, “Sejam santos, por que eu sou Santo” (Lv 11:44-45; 19:2; 20:7; 1 Pe 1:16).

 

É de admirar que “cada homem faz o que está certo aos seus próprios olhos” hoje? É difícil explicar porque nossa cultura rejeita e abomina os pensamentos dos absolutos morais? Admiramo-nos porque a igreja tornou-se tão fraca em relação à moralidade? A Bíblia nos diz por quê. Nós paramos de considerar e apreciar a perfeição moral de Deus. À medida que nossa visão da santidade de Deus diminui, nossos valores morais declinam proporcionalmente.

 

3) Falha em pensar corretamente a respeito de Deus é o pecado da idolatria, e leva a incontáveis outros pecados.

Entre os pecados para os quais o coração humano está propenso, dificilmente qualquer outro é mais odioso para Deus do que a idolatria, pois a idolatria é na realidade uma difamação do Seu caráter. O coração idólatra assume que Deus é outro do que Ele é... Vamos nos conscientizar para que não aceitemos no nosso orgulho a noção errada de que idolatria consiste apenas em se ajoelhar diante de objetos visíveis de adoração, e que as pessoas civilizadas estão, portanto, livres dela. A essência da idolatria é o acolhimento de pensamentos a respeito de Deus que não são dignos Dele.

 

Pensamento errado de Deus é idolatria e desmerecimento para Ele porque ela sempre vê Deus como sendo outro (e menos) do que Ele é. Porém este mal da idolatria em pensar erroneamente de Deus é também a raiz de muitos outros males. Pensar erradamente a respeito de Deus leva ao pecado.

Dificilmente existe um erro na doutrina ou uma falha em aplicar a ética Cristã que não possa ser identificada no final a um pensamento imperfeito ou indigno a respeito de Deus.

 

Pensamentos errados sobre Deus é a raiz da queda do homem no Jardim do Éden. Em Gênesis 3, o caráter de Deus é primeiro aviltado por Satanás. Pela tática de Satanás de perguntas e respostas distorcidas, Deus é apresentado como um mentiroso (“Deus disse...? verso 1), (“Vocês certamente não morrerão!” verso 4) Baseada na afirmativa de que Deus era menos do que Ele primeiro parecia ser (e era!), Eva agiu independentemente de Deus, e ela e seu marido então desobedeceram a Deus comendo o fruto proibido. Uma visão inadequada de Deus é a raiz de muitos pecados.

 

4) Conhecer a Deus intimamente é nosso chamado e destino, nossa esperança futura, nosso grande privilégio e benção,

Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, (Jr 9:23a)

 

12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. (1 Co 13:12)

 

Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; (Fp 3:10)

 

2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. (1 Jo 3:2)

 

“14 Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,

15 Do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome,

16 Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;

17 Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor,

18 Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,

 19 E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. (Ef 3:14-19)

 

5) Um estudo dos atributos de Deus é a base para nosso regozijo de Deus e crescimento espiritual.

Um relacionamento pessoal com Deus requer que conheçamos a Deus pessoalmente, como uma Pessoa. Os atributos de Deus são descrições do caráter de Deus, e é através do conhecimento de Suas características que nós chegamos a conhecer e gozar Deus como uma Pessoa.

 

Pela fé em Jesus Cristo, nós fomos salvos assim “para que por elas fiqueis participantes da natureza divina” (2 Pe 1:4). Tornamo-nos uma parte da igreja, o corpo de Cristo, o qual está crescendo “à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:13). Ao “vê-Lo como Ele é” nos tornamos como Ele (1 João 3:2); conhecer o caráter de Deus é portanto a base para nossa própria transformação na Sua semelhança.

 

6) Os atributos de Deus são o fundamento para nossa fé e esperança.

Conhecer o caráter de Deus nos assegura que Ele pode e irá fazer tudo que Ele deseja e promete. Fé em Deus é confiar em Deus, e Seus atributos são a base para esta confiança porque Ele é capaz e deseja fazer tudo o que Ele prometeu.

 

23 Retenhamos firme a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu. (Hb 10:23).

 

6 Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. (Hb 11:6)

 

19 Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas almas, como ao fiel Criador, fazendo o bem. (1 Pe 4:19)

 

9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. (1 João 1:9).

 

7) Um estudo dos atributos de Deus aumenta nossa adoração.

Nós adoramos a Deus pelo que Ele é. Os atributos de Deus são uma descrição de quem Ele é. Quando Deus é adorado na Bíblia, Ele é adorado em resposta aos seus atributos. Ele é adorado como o eterno Ser:

 

8 - E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir. (Ap 4:8)

 

Especialmente em Salmos nós achamos a adoração de Deus ligada ao conhecimento dos Seus atributos:

 

7 - Eu louvarei ao SENHOR segundo a sua justiça, e cantarei louvor ao nome do SENHOR altíssimo. (Sl 7:17)

 

1- LOUVAI ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre. (Sl 107:1)

 

8) Um estudo dos atributos de Deus deveria aumentar nossa vida de oração.

Conhecendo o caráter de Deus não somente nos instrui sobre o que deveríamos orar – que o qual está de acordo com Seu caráter – porém isto também nos assegura que Deus está apto e desejoso de responder nossas orações. Nós não oramos para qualquer um; nós oramos para Ele que ouve nossas orações e está desejoso e apto para respondê-las. Novamente, no livro de Salmos nós vemos as petições dos homens ligadas aos atributos de Deus.

 

1 - Dá ouvidos às minhas palavras, ó SENHOR, atende à minha meditação.

- Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei.

3 - Pela manhã ouvirás a minha voz, ó SENHOR; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.

4 - Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo habitará o mal.

5 - Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade. (Sl 5:1-5)

 

9) Um estudo dos atributos de Deus aumenta nosso testemunho.

Os homens só podem ser salvos quando eles chegam a reconhecer que eles estão perdidos, e eles verão o seu pecado somente quando eles começarem a reconhecer Deus como Aquele que é santo e direito e justo. A conversão de Paulo é uma dramática ilustração deste reconhecimento da depravação humana à luz da glória de Deus ( Atos 9:1-22)

 

Nossa principal tarefa não é o ganhar almas, porém a demonstração e promoção da glória de Deus:

 

31 - Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. (I Co 10:31)

 

9 - Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 10 - Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. (I Pe 2:9 -10)

 

Os atributos de Deus são ambos: Suas características e Suas “excelências”. Sua natureza e caráter são Sua excelência, Sua perfeição, Sua glória. Conhecer a excelência de Deus é o ponto de partida para praticar e proclamá-la entre os homens. Assim fazendo, alguns serão salvos, porém Deus será glorificado se os homens forem ou não salvos. O eleito será salvo para a glória de Deus (Rm 9:23), e o perdido glorificará a Deus no dia da Sua visitação (1 Pe 2:11-12)

 

10) Procurando conhecer o caráter de Deus aumenta e enriquece nosso estudo das Escrituras.

As escrituras são a primeira fonte de nossa instrução em relação aos atributos de Deus.

12- A medida que procuramos aprender o caráter de Deus, logo descobriremos que temos um nova visão das Escrituras. Mesmo aqueles textos que tenhamos considerado enfadonhos se tornam vivos a medida que começamos a ver o caráter de Deus descrito neles. Imagine chegar ao ponto onde, como Davi, nós pudéssemos orar estas palavras em relação à lei do Velho Testamento:

 

15 - Meditarei nos teus preceitos, e terei respeito aos teus caminhos.

16 - Recrear-me-ei nos teus estatutos; não me esquecerei da tua palavra.

17- Faze bem ao teu servo, para que viva e observe a tua palavra. 18 - Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei. (Sl 119:15-18)

 

97 Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia. (Sl 119:97)

 

Porções da Bíblia aparentemente obscuras e difíceis de entender ganham vida quando as vemos inspirados no caráter de Deus. Textos proféticos (como o livro do Apocalipse) têm muito para nos dizer a respeito do caráter de Deus. Talvez a gente gaste muito tempo e esforço tentando resolver mistérios que não é para nós compreendermos ( Dt 29:29) ao invés de focalizarmos no caráter de Deus, o qual está frequentemente bem claramente demonstrado em textos altamente simbólicos ou obscuros. Quando vamos para as Escrituras para aprender como Deus é, não somos desapontados.

 

11) Quando focalizamos nos atributos de Deus, começamos ver a vida por uma nova perspectiva – pela perspective de Deus.

Nada irá modificar mais radicalmente a forma como vemos a vida e as circunstâncias. No Salmo 73, Asafe confessa que quando ele começou a ver sua vida através da perspectiva de Deus ele viu as coisas numa luz inteiramente diferente. Quando nosso desejo é conhecer a Deus, conhecer Sua natureza e caráter, então nós daremos boas vindas àquelas circunstâncias que facilitam um conhecimento mais íntimo com Deus. E assim o apóstolo Paulo nos diz que ele aceita o sofrimento quando facilita conhecer a Deus.

 

8 - E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,

9 - E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;

10 - Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; (Fp 3:8-10)

 

Um desejo de conhecer a Deus intimamente pelo conhecimento do Seu caráter coloca nosso serviço em perspectiva e nos protege daquilo que alguns chamam de “desgaste”; Pense no acontecimento de Maria e Marta no Evangelho de Lucas:

 

38 - E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; 39 - E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

40 - Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.

 41 - E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

42 - E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. (Lc 10:38-42)

 

Maria escolheu “uma coisa”, a “melhor coisa”, louvar e adorar o Senhor, sentando aos Seus pés, apreciando tudo o que Ele é. Marta escolheu uma coisa menor e tornou-se chateada porque Maria não estava trabalhando com ela. Quando conhecer a Deus torna-se nossa prioridade, servi-Lo torna-se uma realização da nossa devoção e não um impedimento.

 

X.         Homens  que testemunharam os atributos Divino nas Escrituras


Vendo Deus como Ele é – é uma experiência transformadora de vida. Ver Deus na Sua grandeza e glória tem transformado vidas. Conhecer a Deus tanto quanto possível foi o objetivo de grandes homens e mulheres de Deus na Bíblia. Os grandes homens da Bíblia eram aqueles que tinham uma paixão para conhecer a Deus; eles eram homens que chegaram a “ver” Deus. Vamos agora focalizar nossa atenção em dois homens cujas vidas foram transformadas por ganharem uma grande apreensão dos atributos de Deus.

 

Jó, pela avaliação de Deus, era “homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal” (Jó 1:8). Deus permitiu uma série de desastres para afligir através da ação de Satanás. Jó era “aconselhado” por três amigos, os quais somente acrescentaram a ele mais sofrimento. Jó estava enfraquecendo debaixo do peso das suas aflições quando Deus pessoalmente o reprendeu. Deus não explicou porque Ele permitiu o sofrimento entrar em sua vida. Ele não informou Jó do envolvimento de Satanás ou do Seu próprio propósito para tudo aquilo que aconteceu. Deus simplesmente lembrou Jó que Ele era Deus e de alguns dos Seus atributos como Deus (Jó 38-41)

 

Ele lembrou Jó da sua natureza finita e sua falha. Jó se arrependeu. Ele não mais perguntou para saber por que Deus estava trabalhando assim como Ele estava em sua vida. Ele não mais precisava saber. Tudo o que ele precisava saber era que o que estava acontecendo era trabalho de Deus, e que Deus, como Deus, faria e poderia fazer o que era o melhor. Os atributos de Deus colocaram Jó de volta no caminho, espiritualmente falando, e lhe assegurou que se ele conhecia a Deus, ele sabia o suficiente. Seu sofrimento nunca foi explicado, porque ele por fim veio da mão de Deus.

 

Observe estas palavras no final do livro de Jó:

 

7 - Sucedeu que, acabando o SENHOR de falar a Jó aquelas palavras, o SENHOR disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não falastes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. (Jó 42:7)

 

Estas palavras indicam algo muito importante, pois elas revelam que Deus distinguiu entre Jó e suas respostas à sua aflição e seus três amigos com suas respostas à sua aflição. Os amigos de Jó estavam errados! Eles deviam se arrepender. Seu erro? Eles não falaram o que era certo a respeito de Deus.

 

Jó falou corretamente a cerca de Deus, porém quando? Penso que Jó falou corretamente sobre Deus no início dos seus problemas (Jó 1:21-22) e então no final deles quando ele se arrependeu.

 

1 - ENTÃO respondeu Jó ao SENHOR, dizendo:

2 - Bem sei eu que tudo tu podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.

3 - Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia.

4 - Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.

5 - Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos.

 6 - Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza. (Jó 42:1-6)

 

Jó está dizendo: “Antes do meu sofrimento, Eu sabia sobre Você. Porém, agora, após meu sofrimento e após suas palavras de repreensão (lembrando-me dos seus atributos), eu cheguei agora a conhecer Você” Jó “ouviu de Deus” pelo ouvir do ouvido, porém agora Jó “viu a Deus”. Jó veio a conhecer Deus mais completamente. O sofrimento de Jó serviu aos mais altos propósitos de Deus dos quais Jó ainda ignorava. Porém eles também serviram aos propósitos de Deus para Jó, o que lhe causou conhecer mais completamente e melhor apreciar os atributos de Deus, e, portanto, conhecer mais completamente Deus. Os atributos de Deus levaram Jó a pensar corretamente sobre Deus e então responder corretamente ao seu sofrimento.

 

Moisés também foi radicalmente mudado como um resultado do seu conhecimento crescente dos atributos de Deus. Considere a sequência dos eventos da vida de Moisés os quais lhe revelaram os atributos de Deus que por sua vez trouxe intimidade aumentada com Deus.

 

O primeiro encontro de Moisés com Deus está descrito em Êxodo 3:

 

1 - E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe.

2 - E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.

 3 - E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima.

4 - E vendo o SENHOR que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.

5 - E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.

6 - Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. (Êx 3:1-6)

11 - Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?

12 - E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.

13 - Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?

14 - E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

15 - E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, Ele me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração. (Êx 3:11-15)

 

O primeiro encontro de Moisés com Deus revelaram vários atributos importantes de Deus, mesmo que ele tenha falhado em perceber ou acreditar neles. Primeiro Moisés foi instruído que o Deus de Israel é um Deus eterno. A sarça ardente não se “consumia”, ela simplesmente “ardia”. A sarça ardente era uma manifestação simbólica de Deus, o qual é eterno. Ele, como o fogo, não termina. E também, neste mesmo encontro, Deus disse a Moisés um dos Seus nomes. Deus é o grande e eterno “Eu Sou” (verso 14). Moisés viria a apreciar a eternidade de Deus nos anos por vir. É de admirar que o único Salmo (90) que Moisés escreveu foi um Salmo refletindo a eternidade de Deus?

 

Segundo, Moisés estava seguro da contínua presença de Deus com ele quando ele foi para o Egito para cumprir sua tarefa dada divinamente. Esta presença sempre contínua é celebrada por Davi no Salmo 139 e é assegurada aos discípulos pelo nosso Senhor ao dar a Grande Comissão (Mt 28:18-20); veja também (Hb 13:5) Moisés iria logo pedir a Deus para fazer o que Ele tinha prometido ( Êx 33:12-16; 34:8-9)

 

Terceiro, no encontro de Moisés com Deus na sarça ardente, ele foi instruído sobre a santidade de Deus. Foi dito para Moisés não se aproximar da sarça e para tirar as suas sandálias, pois o lugar ao redor da sarça era sagrado (Êx 3:5-6). A santidade de Deus se tornaria um tema proeminente no ministério de Moisés.

 

Se Moisés foi mantido à distância de Deus em Êxodo 3, o restante do livro de Êxodo descreve o intenso desejo de Moisés de ficar próximo de Deus para conhecê-Lo mais completamente. Quando Deus libertou Israel do Egito, Ele apareceu na forma de uma nuvem, separando-os dos egípcios e orientando-os para a terra prometida (Êx 14:19-20). No Monte Sinai, quando Deus deu a Lei para os israelitas, Ele se manifestou para a nação pelo fogo, fumaça, um nuvem, trovão e relâmpagos, e tremor de terra (Êx 19:16-19). O povo e os sacerdotes eram mantidos à distância e não era permitido nem olhar para Deus (19:21-25)

 

Uma coisa pouco comum tem lugar em Êxodo 24. Para Moisés, com Arão e seus dois filhos, Nadab e Abiu, acompanhados por 70 dos anciãos do povo, é concedida uma manifestação especial da glória de Deus:

 

9 - E subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel.

10 - E viram o Deus de Israel, e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade.

11- Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus, e comeram e beberam. (Êx 24:9-11)

 

E mesmo após está surpreendente revelação de Deus para aqueles líderes da nação, na ausência de Moisés eles tomaram parte na confecção de um ídolo contra as enfáticas instruções de Deus em contrário.

 

2 - Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.

3 - Não terás outros deuses diante de mim.

4 - Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

5 - Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.

6 - E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. (Êx 20:2-6)

 

1 - MAS vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu.

 2 - E Arão lhes disse: Arrancai os pendentes de ouro, que estão nas orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e trazei para mim.

3 - Então todo o povo arrancou os pendentes de ouro, que estavam nas suas orelhas, e os trouxeram a Arão.

 4 - E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito.

5 - E Arão, vendo isto, edificou um altar diante dele; e apregoou Arão, e disse: Amanhã será festa ao SENHOR.

6 - E no dia seguinte madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a beber; depois se levantou a folgar. (Êx 32:1-6)

 

Quão surpreendente! Estes israelitas tinham testemunhado o triunfo de Deus sobre os “deuses” do Egito no êxodo. Eles cantaram louvores a Ele após terem atravessado o Mar Vermelho (Êx 15:1-18) Eles viram as manifestações espetaculares da presença de Deus no monte. Arão e seus filhos e os 70 anciãos da nação foram privilegiados em comer uma refeição na presença de Deus. E mesmo assim, após a ausência de Moisés por um curto período de tempo, eles estavam desejosos de fazer um ídolo em direta desobediência àquilo que eles tinham sido ordenados.

 

Deus ameaçou consumir este povo rebelde. Ele ofereceu fazer um nova nação dos descendentes de Moisés. Moisés implorou a Deus para ter misericórdia do seu povo, e então cumprir Sua promessa à Abraão, e trazer glória para Ele mesmo entre as nações (Êx 32:11-13) Deus reteve a sua ira e prometeu ser com Moisés na condução do povo para a terra prometida. Porém Ele manteria distância deste obstinado povo.

 

1 - DISSE mais o SENHOR a Moisés: Vai, sobe daqui, tu e o povo que fizeste subir da terra do Egito, à terra que jurei a Abraão, a Isaque, e a Jacó, dizendo: À tua descendência a darei.

2 - E enviarei um anjo adiante de ti, e lançarei fora os cananeus, e os amorreus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus,

3 - A uma terra que mana leite e mel; porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho. (Êx 33:1-3)

 

Enquanto Deus manteve Sua distância dos israelitas de dura cerviz, Ele permaneceu próximo de Moisés que gozou uma intimidade com Deus nunca vista desde o Jardim do Éden:

 

7 - E tomou Moisés a tenda, e a estendeu para si fora do arraial, desviada longe do arraial, e chamou-lhe a tenda da congregação. E aconteceu que todo aquele que buscava o SENHOR saía à tenda da congregação, que estava fora do arraial.

 8 - E acontecia que, saindo Moisés à tenda, todo o povo se levantava, e cada um ficava em pé à porta da sua tenda; e olhava para Moisés pelas costas, até ele entrar na tenda.

9 - E sucedia que, entrando Moisés na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda; e o SENHOR falava com Moisés.

10 - E, vendo todo o povo a coluna de nuvem que estava à porta da tenda, todo o povo se levantava e cada um, à porta da sua tenda, adorava.- E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; depois tornava-se ao arraial; mas o seu servidor, o jovem Josué, filho de Num, nunca se apartava do meio da tenda. (Êx 33:7-11)

 

Alguém poderia pensar que ele estaria satisfeito com tal intimidade com Deus, porém ele não estava. Ele queria mais, mais de Deus. Querendo conhecer a Deus mais intimamente, ele fez a seguinte petição.

 

12 - E Moisés disse ao SENHOR: Eis que tu me dizes: Faze subir a este povo, porém não me fazes saber a quem hás de enviar comigo; e tu disseste: Conheço-te por teu nome, também achaste graça aos meus olhos.

13 - Agora, pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo.

14 - Disse pois: Irá a minha presença contigo para te fazer descansar.

15 - Então lhe disse: Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui.

16 - Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra?

17- Então disse o SENHOR a Moisés: Farei também isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos meus olhos, e te conheço por nome. 18 - Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. (Êx 33:12-18)

 

A resposta para o pedido de Moisés está registrada nos seguintes versos:

 

33:19 - Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer.

 20 - E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.

21 - Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha.

22 - E acontecerá que, quando a minha glória passar, por-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.

23 - E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.

34:1- ENTÃO disse o SENHOR a Moisés: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste.

2 - E prepara-te para amanhã, para que subas pela manhã ao monte Sinai, e ali te põe diante de mim no cume do monte.

3 - E ninguém suba contigo, e também ninguém apareça em todo o monte; nem ovelhas nem bois se apascentem defronte do monte.

 4 - Então Moisés lavrou duas tábuas de pedra, como as primeiras; e levantando-se pela manhã de madrugada, subiu ao monte Sinai, como o SENHOR lhe tinha ordenado; e levou as duas tábuas de pedra em suas mãos.

5 - E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do SENHOR.

6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;

7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. - E Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, adorou, (Êx 33:19 34:8)

 

Este incidente na vida de Moisés deveria nos instruir certamente, porém ele também deveria nos motivar a seguir os seus passos. Nós podemos achar para nós várias lições neste texto:

 

1) Viver próximo a Deus é perigoso para aqueles que abrigam pecados e injustiças. Deus deixou claro que os homens pecadores devem manter distância (Êx 19:21-24) Se Deus estiver presente entre o Seu povo e eles persistirem em seus pecados, Ele os destruiria (Êx 33:3)

 

2) Deus deseja comunhão com os homens, e Ele provê os meios para a comunhão. Deus se revelou para os israelitas, para seus líderes, e especialmente para Moisés. Deus quer manifestar Sua glória para os homens. Ele se glorificou no Egito ao derrotar o Faraó e os Egípcios. Ele se glorificou libertando a nação de Israel e mantendo Suas promessas da aliança com Abraão e seus descendentes.

 

Deus manifesta a Sua glória para os Seus escolhidos assim eles podem louvá-Lo e servi-Lo. Os homens não podem ter comunhão com Deus por causa dos seus pecados. Moisés pediu a Deus para ir com eles a terra prometida e também para perdoá-los dos seus pecados. (Êx 34-9). Por causa do pecado do homem, Deus proveu para Seu povo ter comunhão com Ele. Primeiro Deus chamou Seu povo de lado assim eles poderiam adorá-Lo ( Êxodo 4:22-23) Então Deus deu para o Seu povo a Lei, a qual distinguia o santo do profano. A Lei definia o que era desprezível e detestável na visão de Deus. Ela também provê barreiras as quais mantém certos limites entre Deus e os homens. O tabernáculo foi uma destas barreiras. Somente um homem entraria no santo dos santos uma vez ao ano. E finalmente Deus proveu sacrifícios de sangue assim os pecados dos homens poderiam ser perdoados e então entrar em comunhão com Ele. Quando o Senhor Jesus foi crucificado no Calvário, Ele era o sacrifício total e definitivo, tendo morrido pelos pecados uma vez por todos, assim que agora não há nenhuma barreira entre os homens e Deus para aqueles que estão perdoados e justificados em Cristo ( Hebreus 9 e 10),

 

3) Conhecer a Deus foi o incentivo para Moisés conhecê-Lo ainda mais intimamente. Quando Deus apareceu a primeira vez para Moisés, ele estava com medo de olhar para Ele, e assim ele escondeu sua face (Êxodo 3:6) Em Êxodo 33, Moisés suplica a Deus para contemplá-Lo em sua glória. O que pode produzir tal mudança em Moisés? Eu creio que foi o seu crescente conhecimento de Deus. Nenhum homem jamais foi privilegiado de ter companhia com Deus como teve Moisés. Deus encontrava regularmente com Moisés e falava com ele “face a face, como um homem fala com seu amigo” (32:11). Entretanto Moisés queria mais de Deus. Quanto mais nós venhamos conhecer a Deus, mais queremos conhecê-Lo. Conhecer a Deus produz a motivação e os meios para conhecê-Lo ainda mais.

 

4) Não conhecer a Deus intimamente leva-nos a manter distância de Deus e finalmente resulta em idolatria – criando um “deus” feito por nós mesmos. Isto nós aprendemos da nação de Israel. Eles foram instruídos para manter sua distância de Deus, e eles quiseram desta forma. Deixe Moisés interceder com Deus. Deixe-o viver perigosamente por chegar em contato íntimo com Ele. Eles manteriam sua distância. E assim logo eles estavam ocupados fazendo e adorando um “deus” que eles mesmos fizeram um “deus” que poderia estar perto deles. Porém este não era o mesmo Deus que lhes deu Sua Lei, que proibiu idolatria e imoralidade. Este era um “deus” a quem eles poderiam adorar e servir enquanto pecavam. E assim eles fizeram, para sua própria destruição. Quando nós não procuramos conhecer a Deus, acabamos nos afastando dEle e eventualmente construindo um “deus” por nós mesmos.

 

5) A motivação de Moisés era que Deus o conhecia totalmente, e, portanto, ele desejava conhecer a Deus mais plenamente.

 

12b - e tu disseste: Conheço-te por teu nome, também achaste graça aos meus olhos. 13 - Agora, pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo. (Êx 33:12b-13)

 

Existe uma relação muito próxima entre sendo conhecido por Deus e procurar conhecer a Deus ( 1 Co 8:3; 13:12; Gálatas 4:9).

 

6) Moisés queria conhecer a Deus mais plenamente a fim de servi-Lo melhor. O desejo de Moisés em conhecer a Deus mais plenamente não foi para ser servido. Ele procurou conhecer a Deus mais intimamente a fim de ser capaz de preencher o seu chamado para liderar a nação de Israel:

 

12 - E Moisés disse ao SENHOR: Eis que tu me dizes: Faze subir a este povo, porém não me fazes saber a quem hás de enviar comigo; e tu disseste: Conheço-te por teu nome, também achaste graça aos meus olhos.

13 - Agora, pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo (Êx 33:12-13).

 

Moisés foi mandado levar o povo de Israel para a terra prometida. Como ele poderia fazer isso se ele não conhecia Aquele que era para ir com ele. Para ver Deus mais completamente era ser mais bem preparado para servi-Lo.

 

7) Moisés queria conhecer a Deus mais plenamente, não somente para seu próprio benefício, mas para o benefício dos outros. Moisés já tinha sido assegurado da presença de Deus com ele (Êxodo 3:12; 33:14). Moisés procura por uma grande revelação da glória de Deus e pela Sua presença com Seu povo, Israel (33:15-16; 34:9). Através de todo este texto em Êxodo 33 e 34, Moisés está intercedendo pela nação de Israel. Seu pedido pessoal para ver a glória de Deus está ligado ao seu pedido de Deus estar presente com o Seu povo.

 

8) Conhecer a Deus é conhecer Seus “caminhos” para conhecer Seu caráter. Moisés rogou a Deus.

 

13 - Agora, pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo. (Êx 33:13)

 

Não podemos conhecer a Deus intimamente e pessoalmente sem conhecer o caráter de Deus, Seus “caminhos”. Por isso Moisés rogou a Deus para conhecer os Seus caminhos, para poder conhecê-Lo.

 

9) A graça de Deus é tanto a base como o objetivo de conhecer a Deus. Leia estas palavras de Moisés mais uma vez:

 

13a – “Agora, pois, se tenho achado graça aos Teus olhos, rogo-Te que me faças saber o Teu caminho, e conhecer-Te-ei, para que ache graça aos Teus olhos;” (Êx 33:13a)

 

Você percebe? A expressão, “se tenho achado graça (ou favor) aos Teus olhos” é repetida neste único verso. Tendo achado favor aos Teus olhos, Moisés pode pedir a Deus para conhecê-lo mais completamente. E vir conhecer a Deus mais completamente é procurar a fim de achar o favor de Deus.

 

10) O caráter de Deus e a Sua glória. Finalmente, note que a revelação da glória de Deus é a revelação do caráter de Deus:

 

5 - E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do SENHOR.

6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;

7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. (Êx 34:5-7)

 

O que constitui a glória de Deus? A glória total de Deus não pode ser vista pelos homens, mesmo por um homem como Moisés. Seria algo como tentar olhar diretamente na luminosidade total do sol. Porém Deus revelou para Moisés alguns dos seus atributos. O esplendor e fulgor da manifestação física de Deus naquele monte foi, porém um símbolo visual da glória da Sua pessoa, seu caráter. A graça de Deus e compaixão são Sua glória. Sua bondade amorosa é Sua glória. Sua fidelidade é Sua glória. Sua santidade e justiça são Sua glória.

 

 

Minha esperança sincera é que cada um de nós pudéssemos nos juntar com Moisés e dizer com ele, “Deixe-me ver Sua glória.” Não existe alegria e privilégio maior na vida do que contemplar a glória de Deus. Os céus estarão gozando da glória de Deus por toda a eternidade – e nós podemos começar agora. Porém se quisermos ver a glória de Deus, devemos estudar Seus atributos. E não devemos estudá-los como meras qualidades acadêmicas. Estas são características de Deus como uma Pessoa. E o resultado do nosso estudo deverá ser aquele de Moisés. Deveremos responder em adoração e em serviço o qual é sua expressão (Êx 34:8-9) Vamos não somente procurar ver a glória de Deus pessoalmente, porém procurar trazer outros em Sua presença também, para a Sua glória.

 

Um estudo dos atributos de Deus não permite espectadores casuais. Ou respondemos em adoração e serviço, ou nos afastamos de Deus, criando em Seu lugar um “deus menor” feito por nós mesmos, um “deus” em cuja presença nos sentimos confortáveis, mesmo quando pecamos. Assim como começamos este estudo, que possamos fazê-lo com grande zelo, com nossos olhos bem abertos para o que este estudo requer de nós.

 

 

Que a oração do salmista no Salmo 139 seja também a nossa mais sincera oração em todos os dias de nossas vidas: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23,24).


XI. O crescente espiritual do crente


2 Pedro 1.2-11

2 graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor.

3 Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude,

4 pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo,

5 e vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência,

6 e à ciência, a temperança, e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade,

7 e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, a caridade.

8 Porque, se em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.

9 Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados.

10 Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.

11 Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo

 

1. Crescer requer diligência. Embora a vida cristã seja o resultado da graça de Deus, não somos isentados da nossa responsabilidade humana. Assim como uma planta precisa ser regada e adubada para crescer e dar frutos, a vida cristã requer disciplina e empenho permanente, cooperando com o Senhor (Fp 2.12,13). Sem dúvida, a fé é a raiz primária da vida cristã (Hb 11.1). Ela expressa uma firme convicção em Deus e na sua provisão. Dada a sua importância, o escritor da Carta aos Hebreus diz que “sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Contudo, Pedro deixa entrever que a fé não é o único ingrediente da espiritualidade cristã. “Acrescentai à vossa fé” significa tomar abundantes providências, esforçando para agregar virtudes. Afinal, a fé sem as obras é morta, escreveu Tiago em sua carta (Tg 2.26). Assim, para ser vigorosa, a árvore da vida cristã precisa ser acrescida com galhos que vão brotando do seu tronco.

 

   2. Desenvolvendo as virtudes cristãs. O que devemos acrescentar à fé? Primeiro, a virtude. No grego, arete podia significar excelência, bondade ou até mesmo bravura. Arete é um princípio espiritual e ético, aplicável a qualquer aspecto de nossas vidas. Numa cultura que valoriza a busca do sucesso, o cristão é exortado a perseguir a excelência. Depois, prossegue Pedro, adicione ciência, isto é, o conhecimento de Deus. Na sequência, temperança (domínio próprio), paciência (perseverança), piedade (humilde devoção), amor fraternal (fraternidade) e, por fim, caridade. O clímax, portanto, da vida cristã é o amor ágape, o amor perfeito de Deus.

 

     3. Deixando de ser estéril. Na medida em que desenvolve tais virtudes e cresce espiritualmente o cristão deixa de ser estéril e inútil. A espiritualidade abundante e rica extrapola o simples ato de crer, resultando em bons frutos e maturidade. Enquanto isso, o crente que não se alimenta da Palavra e não desenvolve hábitos e disciplinas espirituais saudáveis, é carente e estagnado.

 

    Segundo o texto (v. 9), esse tipo de crente é espiritualmente cego e mentalmente esquecido. A cegueira espiritual, ou pelo menos a deficiência visual, impossibilita que enxerguem ao longe, algo típico daqueles que perderam a capacidade de ver pelos olhos da fé. O esquecimento faz com que estes crentes percam a memória daquilo que Deus fez em suas vidas, conduzindo-os ao retrocesso.

 

     4. Fazendo firme a vocação. Diante das consequências trágicas que uma fé nominal e improdutiva pode acarretar, o escritor bíblico insta aos destinatários da carta a aumentarem os seus cuidados: “ procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (v.10). Esta recomendação mostra de modo inconfundível que, em termos bíblicos, a eleição não é uma ação incondicional da parte de Deus, sem qualquer responsabilidade do homem. Nossa eleição é assegurada enquanto nos mantemos fiéis ao Senhor e à sua Palavra. Em outras palavras, enquanto estivermos em Cristo, e assim o fazendo, temos entrada garantida no reino de Deus (v.11). Eis porque todos somos exortados a perseverar até o fim: “aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24.13).

 “Uma pessoa que afirme ser salva, enquanto não for transformada não compreenderá a fé ou o que Deus fez por ela.”