Por: Jânio Santos de Oliveira
Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
Í N D I C E
INTRODUÇÃO...................................................................................
I. A ORIGEM DO
PECADO............................................................
1. Deus Não É o Autor
do Pecado........................................
2. O Pecado Teve Origem
no Mundo Angélico.......................
3. A Origem do Pecado
na Raça Humana ...................................
II. O CARÁTER DO
PRIMEIRO PECADO DO HOMEM........................
1. Seu Caráter Formal
............................................................
2. Seu Caráter
Essencial e Material ..................................
3. Seu Caráter
Universal ..................................................
III. A IDEIA BÍBLICA DO
PECADO ..........................................
1. O Pecado É uma
Classe Especial de Mal.............................
2. O Pecado Tem um
Caráter Absoluto ..................................
3. O Pecado Tem Sempre
Relação com Deus..........................
4. O Pecado Inclui
Tanto a Culpa como a Corrupção da Pessoa ....
5. O Pecado Tem Lugar
Primeiramente no Coração...............
IV. O PECADO ORIGINAL E
O PECADO
PRATICADO................................................................. 7
1. O Pecado Original
...............................................................
2. O Pecado
Praticado.........................................................
3. A Classificação dos
Pecados Praticados.............................
V. O PECADO E O
CRENTE....................................................
1. É Possível o Crente
Pecar? ...............................................
2. Qual a Causa do
Pecado do Crente?.................................
3. Quais as
Consequências do Pecado na Vida do Crente? ......
4. Como o Crente Deve
Tratar com o Pecado?.....................
INTRODUÇÃO
Os mais diversos
conceitos acerca da origem do pecado surgiram entre os homens ao longo da
história. Irineu, bispo de Lião, na Gália (130-208 d.C.), foi talvez o primeiro
dos pais
da Igreja antiga a
assegurar que o pecado no mundo se originou da transgressão voluntária de Adão
no Éden.
Muitas outras opiniões
quanto ao assunto surgiram desde então. Por exemplo, os gnósticos ensinavam que
o contato da alma com a matéria tornava aquela imediatamente pecadora. Esta
teoria despojou o pecado do seu caráter voluntário e ético, como é apresentado
nas Escrituras.
Evidentemente, Deus na
sua onisciência já via a entrada do pecado no mundo bem antes da criação do
homem; porém, devemos ter o cuidado, ao fazermos esta interpretação, de não
lançarmos sobre Deus a responsabilidade como autor do pecado. Deus é santo (Is.
6.3) e não há nele nenhuma injustiça (Dt. 32.4; SI. 92.15). O pecado não teve
sua origem na
terra, mas no mundo
angélico; daí passou a Adão, até que tornou-se um flagelo universal.
Este é o assunto que
estudaremos ao longo desta lição.
I – A ORIGEM DO PECADO
Na Bíblia, o mal moral
que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza, equívoco,
deslize, se define claramente como pecado, fracasso, erro, iniquidade, transgressão,
contravenção e injustiça. À luz do ensino geral das Escrituras, o homem é apresentado
como um transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o homem essa natureza
pecaminosa? O que a Bíblia diz acerca disso? Para responder a estas perguntas devemos
considerar o seguinte:
1. Deus Não é o Autor
do Pecado
Evidentemente Deus na
sua onisciência já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do
homem. Porém, deve-se ter cuidado, ao fazer essa interpretação, para não lançar
sobre Ele a causa ou a autoria do pecado. Esta ideia está excluída da Bíblia.
Jó 34.10 diz: "Longe de Deus o praticar ele a perversidade e do
Todo-poderoso o cometer injustiça".
Deus é santo (Is. 6.3)
e não há nele nenhuma injustiça (Dt. 32.4; SI. 92.15). Tiago diz:
"Ninguém ao ser
tentado diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal,
e ele mesmo a ninguém tenta" (Tg. 1.12). Deus odeia o pecado, e a prova
disto é que Ele
enviou Jesus Cristo
como provisão, para destruir o pecado e salvar os homens. Assim sendo, têm de
ser rejeitadas todas aquelas ideias determinadas, segundo as quais Deus é autor
e
responsável pelo
pecado. Tais ideias são contrárias não só às Escrituras, mas também à voz da
consciência, que dá testemunho da responsabilidade do homem.
2. O Pecado Teve Origem
no Mundo Angélico Se queremos conhecer a origem do pecado, devemos ir além da
queda do homem descrita no capítulo 3 de Gênesis, e por a nossa atenção em algo
que aconteceu no mundo dos anjos.
Deus criou os anjos
como seres dotados de relativa perfeição, porém Lúcifer e legiões deles se
rebelaram contra Deus, pelo que caíram em terrível condenação. O tempo exato dessa
rebelião e queda não é dado a conhecer na Bíblia, porém João 8.44 fala do Diabo
como aquele que é homicida desde o princípio; e 1João 3.8 diz que o Diabo peca
desde o princípio. Bem pouco diz a respeito do pecado que ocasionou a queda dos
anjos, porém quando Paulo adverte a Timóteo para que nenhum neófito seja
designado como bispo, "para não suceder que se ensoberbeça e caia na condenação
do diabo" (1Tm. 3.6), concluímos que o pecado do Diabo foi a soberba, isto
é, o desejo de ser igual a Deus.
3. A Origem do Pecado
na Raça Humana
A Bíblia ensina que a
origem do pecado na história da raça humana foi a transgressão voluntária de
Adão no Éden. O homem deu ouvidos à insinuação do tentador, de que caso se
colocasse em oposição a
Deus se tornaria igual a Deus. Tomando do fruto que Deus proibira, Adão caiu,
abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele não apenas pecou, como também
tornou-se servo do pecado.
Veja como a Bíblia
descreve este triste incidente da história humana:
"Portanto, assim
como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim
também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram. Pois assim como
por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também
por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação
que dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram
pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornaram
justos" (Rm. 5.12,18-19).
II – O CARÁTER DO
PRIMEIRO PECADO DO HOMEM
De acordo com o relato
sagrado, o primeiro pecado do homem constituiu-se em haver Adão comido da
árvore do conhecimento do bem e do mal, em desacato à ordem do Senhor: "da
árvore do conhecimento bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres
certamente morrerás" (Gn. 2.17).
Não sabemos que classe
de árvore era a do conhecimento do bem e do mal. Poderia ter sido uma macieira,
um pereira, ou outra qualquer árvore frutífera. Certamente não haveria nada de
pecaminoso em se comer do fruto dessa árvore, se Deus a respeito dela não houvesse
dito: "da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás..."
1. Seu Caráter Formal Ignoramos
a razão porque essa árvore é chamada "árvore do conhecimento do bem e
do mal", porém,
segundo uma ideia muito comum, ela se chama assim pelo fato de que o homem,
comendo dela, adquiriria conhecimento prático do bem e do mal. Berkhof diz na
sua Teologia
Sistemática que esta ideia dificilmente pode se harmonizar com o registro bíblico,
quando este afirma que o homem ao comer dela se tornaria igual a DEUS, quanto
ao
conhecimento do bem
mal, posto que Deus não comete o mal, e portanto não tem conhecimento prático
dele. Quanto a isso, o mesmo Berkhof é da opinião de que parece muito mais
aceitável admitir que essa árvore se chamava assim pelo fato de que estava destinada
a revelar:
1. Se o estado futuro
do homem seria bom ou mau;
2. Se o homem permitiria
que Deus determinasse em seu lugar o que lhe era bom ou mal, ou se o homem
empreenderia determiná-los por si mesmo.
Qualquer que seja o
significado que se dê à árvore do conhecimento do bem e do mal, deve-se ter
sempre em mente que a finalidade da sua designação por Deus foi de simplesmente
provar o homem, criado à sua imagem e semelhança. Adão teria de demonstrar
interesse em se submeter à sua própria vontade ou à vontade de Deus, com obediência
implícita e absoluta.
2. Seu Caráter
Essencial e Material
A essência do pecado de
Adão consiste em que ele se colocou em oposição a Deus, recusando submeter-se à
sua vontade, e impedindo que Deus determinasse o curso da sua vida. Adão tomou
as rédeas da sua vida das mãos de Deus, determinando o seu futuro por si mesmo.
O homem, que não tinha nenhum direito sobre Deus, separou-se dele como se nada lhe
devesse. Com essa ação, o homem estava como que levantando os punhos para Deus
e dizendo: "Eu não preciso mais de ti".
A ideia de que a ordem
de Deus ainda estava na mente do homem, no momento do seu pecado, é comprovada
na resposta de Eva à pergunta de Satanás "nem tocareis nele"
(Gn. 3.3).
Possivelmente Eva quis enfatizar que o mandamento de Deus não havia sido razoável,
isto é, era muito mais pesado do que se podia imaginar; foi assim que no desejo
de ser igual a Deus o homem pecou e foi reduzido à categoria de servo do
pecado.
3. Seu Caráter
Universal
Ainda que muitos tenham
opiniões diferentes quanto ao caráter do pecado, e o modo como o mesmo se
originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de que o pecado é um tormento
no coração do homem, em todos os quadrantes da terra. Seja em grandes cidades, como
o Rio de Janeiro e São Paulo, ou nas mais esquecidas aldeias do seio da África,
o pecado é um flagelo diário.
A própria história das
religiões pagãs testifica da universalidade do pecado. A pergunta de Jó 25.4:
"Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele
que nasce de mulher?" é feita tanto por aqueles que conhecem a revelação
de Deus quanto por aqueles que a ignoram.
Quase todas as
religiões dão testemunho de um conhecimento universal do pecado, e da
necessidade de reconciliação com um Ser Superior. Há um sentimento geral de que
os deuses estão ofendidos, de que algo deve ser feito para apaziguá-los. A voz
da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida
perfeita, dizendo que ele está condenado aos olhos de alguém que possui um
poder superior.
Os altares banhados de
sangue e as frequentes confissões de agravo, feitas por pessoas que buscam
livrar-se do mal, apontam em conjunto para o conhecimento do pecado e da
gravidade do mesmo. Onde quer que os missionários cristãos se encontrem,
apodera-se deles a certeza de que o pecado é um flagelo universal para
humanidade.
Os mais antigos
filósofos gregos, na sua luta contra o problema do mal, foram levados a admitir
a universalidade do pecado, ainda que incapazes de explicar esse fenômeno.
A universalidade do
pecado está registrada, entre muitas outras, nas seguintes passagens da Bíblia:
Gn 6.5; 1Rs. 8.46; SI. 53.3; 143.2; Pv. 20.9; Ec. 7.20; Is. 53.6; 64.6; Rm 3.1-12,19,20,23;
3.22; Tg. 3.1,8,10.
III – A IDEIA BÍBLICA
DO PECADO
Dada a importância do assunto
de que trata este texto, e em decorrência dos diferentes conceitos de pecado,
chamamos a sua atenção para as seguintes particularidades do ensino bíblico
sobre o pecado.
1. O Pecado é uma
Classe Específica de Mal
Comparativamente, o que
ouvimos e lemos hoje sobre o mal é mais do que o que ouvimos e lemos a respeito
do pecado, isto talvez devido à opinião comum de que mal e pecado são a mesma
coisa. Porém, é bom lembrar que nem todo mal é pecado. O pecado não deve ser
confundido com o mal físico que produz prejuízos e calamidades. O pecado é a causa
do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado.
Os termos bíblicos para
designar o pecado são variados, mas em geral ele é apresentado como
"fracasso", "erro", "iniquidade",
"transgressão", "contravenção",
"carência da
lei" e "injustiça". Porém, a definição do pecado não pode ser
derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-los. A característica
principal do pecado, em todos os seus aspectos, é que ele está orientado contra
Deus, conforme mostram o Salmo 51.4 e Romanos 8.7.
2. O Pecado Tem um
Caráter Absoluto
O contraste entre o bem
e o mal é absoluto, e não há neutralidade alguma entre ambos. Tanto que a
transição entre um e outro não é de caráter quantitativo, mas qualitativo. Um
ser moral, que é bom, não se torna mau só por diminuir a sua bondade, mas por
uma mudança radical que o leva a envolver-se com o pecado. Jesus disse:
"Quem não é por mim, é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha"
(Mt. 12.30). O homem tem que estar do lado do bem e da justiça, ou do mal. Em
assuntos espirituais, a Escritura não conhece uma posição neutra.
3. O Pecado Tem Sempre
Relação com Deus
É impossível se ter um
conceito correto do pecado sem vê-lo em relação com a pessoa de Deus e sua
vontade, pois é compreendendo-o assim que ele é interpretado como "falta de
conformidade à lei de Deus". Esta é a definição formal mais correta do
pecado.
As passagens seguintes
mostram claramente que a Escritura vê o pecado em relação à Deus e à sua lei,
contrariando-os.
“Ora, conhecendo eles a
sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam,
não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem" (Rm. 1.32).
"...se, todavia,
fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como
transgressores" (Tg. 2.9).
4. O Pecado Inclui
Tanto a Culpa Como a Corrupção da Pessoa
A culpa é um estado em
que se sente o merecimento do castigo pela violação de uma lei moral. Ela
expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o castigo da lei.
Porém, por ser palavra de significado duplo, a culpa tanto denota a qualidade
própria do pecado, como denota a culpabilidade que nos faz dignos do juízo e do
castigo divinos. Dabney fala deste último aspecto da culpa como "culpa
potencial". A culpa pode ser
removida por meio de um
substituto, mediante a satisfação das exigências da lei divina (Mt. 6.12; Rm.
3.19; 5.18; Ef. 2.3).
Corrupção é a
contaminação inerente a cada pecador; é uma idade na vida de todo indivíduo.
Todo aquele que é nascido de Adão tem em si a natureza manchada pelo pecado,
(Jó 14.4; Jr. 17.9; Mt.
7.15-20; Rm. 8.5-8; Ef. 4.17-19).
4. O Pecado Tem Lugar
Primeiramente no Coração
O pecado não reside em
nenhuma faculdade da alma, mas sim no coração, o âmago da alma, de onde flui a
vida. O coração de que a Bíblia fala é o centro das influências que põe em
operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado pecaminoso, o coração
torna o homem objeto do desagrado de Deus.
Sobre o coração como
invólucro do pecado, escreveu o profeta Jeremias: "Enganoso é o coração,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o
conhecerá?"
(Jr. 17.9). Você deve
ler também Provérbios 4.23; Mateus 15.19-20; Lucas 6.45 e Hebreus 3.12.
IV – O PECADO ORIGINAL
E O PECADO PRATICADO
1. O Pecado Original
A condição pecaminosa
em que nasce o ser humano é definida logicamente como "pecado
original". Segundo Berkhof, ele é chamado assim:
1) porque se deriva de Adão, o tronco original
da humana;
2) porque está presente
na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode
ser considerado como resultado de simples imitação; e
3) porque é a raiz
interna de todos os pecados atuais que maculam a vida do homem.
Devemos, porém, evitar
o erro de pensar que o termo "pecado original" implica que este
pecado pertence à constituição original da natureza humana, posto que isto
implicaria que Deus criou o homem como pecador.
Dentre os vários
elementos do pecado original, distinguimos para efeito de estudo os dois que se
seguem:
1. A culpa original. A
palavra "culpa", com relação ao pecado original, expressa a relação
que a justiça tem com o pecado e, como expressavam os teólogos mais antigos, a relação
que o pecado tem com a pena da lei. É assim que a culpa do pecado de Adão, como
cabeça da raça humana, é imputada a todos os seus descendentes. Com este ensino
concordam as passagens de Romanos 19; Efésios 2.3 e 1 Coríntios 15.22.
2. A corrupção
original. A corrupção original do homem inclui a ausência da justiça original e
a presença de um mal real. É a tendência da natureza caída, herdada de Adão,
que condiciona o homem para pecar.
2. O Pecado Praticado
O pecado se originou de
um ato da livre vontade de Adão, como representante da raça humana. Uma
transgressão da lei de Deus e uma corrupção da natureza humana, que deixou o
homem exposto ao juízo e castigo divinos. É esta natureza corrompida a fonte de
onde fluem todos os pecados praticados.
"Pecados
praticados" são os atos externos que se executam por meio do corpo. São também
todos os maus pensamentos conscientes. São os pecados individuais de fato.
O pecado original é um
só, enquanto que o pecado praticado desdobra-se em diferentes classes,
incluindo atos e atitudes.
O que o apóstolo João
escreveu, no capítulo primeiro da sua primeira epístola universal, poderá nos
ajudar a compreender melhor a diferença entre "pecado original" e "pecados
praticados".
"Se dissermos que
não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se
confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça" (1Jo. 1.8-9).
A palavra
"pecado", no singular, citada no versículo 8, é uma referência
precisa e direta ao pecado original, ou seja, a natureza decaída do homem,
enquanto que a palavra "pecados", no plural, citada no versículo 9,
refere-se ao pecado praticado no nosso dia-a-dia.
3. A Classificação dos
Pecados Praticados
É impossível
classificar todos os pecados praticados, pois variam de classe e de grau, e podem
diferenciar-se em mais de um ponto. Os católicos romanos fazem uma bem conhecida
distinção entre pecados veniais e pecados mortais, porém têm dificuldade em identificar
qual pecado é venial ou mortal.
A mais completa lista
das diferentes classes de pecados, mencionados na Bíblia, é a apresentada pelo
apóstolo Paulo na sua Epístola aos Gálatas:
"Ora, as obras da
carne são conhecidas, e são prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções,
facções, invejas, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, a
respeito das quais eu vos declaro, como já outrora vos preveni, que não
herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam" (Gl. 5.19-21).
O Novo Testamento
determina a gravidade do pecado, de acordo com o grau de conhecimento que se
tenha a respeito dele. Os gentios, que estão no seu pecado, são culpados aos
olhos de Deus; porém, aqueles que gozam do favor do Evangelho e têm a
revelação de Deus são
muito mais culpados quando caem. Com isto concordam passagens bíblicas tais
como: Mt. 10.15; Lc. 12.47-48; Jo. 19.11; At. 17.30; Rm. 1.32; 2.12; 2Tm.
1.13-16.
O pecado pode ser tanto
por comissão como por omissão. Isto quer dizer que aquele que não faz o bem,
que deveria fazer, é tão pecador diante de Deus quanto aquele que derrama o
sangue de seu próximo.
V – O PECADO E O CRENTE
O significado e a
gravidade do pecado são melhor compreendidos
pelo crente do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa
bíblica, o crente é advertido contra
o "pecado que de
tão de perto nos rodeia" (Hb. 12.1), e a caminhar para o alvo que é a semelhança
da estatura e perfeição do Senhor, que nos comprou com o seu precioso sangue.
Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a advertência solene
do Mestre: "vai e não peques mais" (Jo. 8.11).
1. É Possível o Crente
Pecar?
Para muitos crentes, a
descoberta de que após aceitar Jesus como Salvador, ainda estavam sujeitos ao
pecado, foi tão extraordinária quanto o próprio fato de agora saberem que eram
novas criaturas.
Que é possível o crente
pecar, é assunto que se salienta em toda a Escritura. Só no Novo Testamento há
capítulos inteiros, como por exemplo Romanos capítulos 7 e 8, que mostram o
conflito interior do crente entre a natureza divina que nele habita e a
natureza humana, mostrando a possibilidade do crente vir a pecar se deixar de
vigiar. Vem ao caso citarmos outra vez 1João 1.8-9.
"Se dissermos que
não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados
e
nos purificar de toda a
injustiça".
Mostramos no texto
anterior que "pecado", no singular, citado no versículo 8, é uma referência
direta à natureza caída do homem, donde provêm todos os "pecados", no
plural, citado no versículo 9. É evidente, portanto, que o crente possui duas
naturezas: a natureza caída, sujeita ao pecado, e a natureza divina. Esta
última é implantada no crente através da sua ligação com Cristo, a Videira
Verdadeira, sobre a qual fala João 15. Enquanto a primeira natureza estiver
subjugada, o crente será levado de vitória em vitória.
2. Qual a Causa do
Pecado do Crente?
São muitas as causas
porque o crente é levado à prática do pecado, porém, vamos citar apenas as três
principais, e também as mais conhecidas, que são:
a. A natureza pecaminosa
(Rm. 8.21-25).
b. O sistema mundial
que está sob o domínio de Satanás (1Jo. 2.15-17).
c. Falta de oração e
cuidadoso estudo das Escrituras (Ef. 6.10-15).
O crente que relaxa o
hábito da oração, e da leitura e estudo da Bíblia, está incorrendo em sérios
riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil do adversário.
3. Quais as
Consequências do Pecado na Vida do Crente?
Dentre as muitas
consequências do pecado na vida do crente, destacamos as seguintes:
a. A perda da comunhão
com Deus (SI. 51.11; 1Jo. 1.5-6).
b. Os inimigos
encontram oportunidade de blasfemar de Deus (2Sm. 12.14).
c. Perda do galardão
(1Co. 3.8; 3.13-15).
d. Possível morte
prematura (At. 5.1-11; 1Co. 11.30).
e. Maus exemplos (1Co.
8.9-10).
f. Destruição da fé e
consequente morte espiritual (Rm. 6.16; 1Jo. 5.16-17).
4. Como Crente Deve
Tratar com o Pecado?
Quanto ao trato que o
crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:
a. Reconhecê-lo, SI.
51.3.
b. Evitá-lo, 1Tm. 5.22.
c. Detestá-lo, Jd. 23.
d. Resisti-lo com
confiança em Deus, Tg. 4.7-8.
e. Confessá-lo, 1Jo.
1.9.
f. Abandoná-lo, Pv.
28.13.
O apóstolo João
escreveu: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia,
alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" (1Jo.
2.1).
Em termos de pecado, há
uma grande diferença entre o ímpio e o homem perdoado, o crente. Com o crente
pode acontecer um desastre espiritual, enquanto que o ímpio é um desastre em si
mesmo. Ainda que haja diante do crente a possibilidade de pecar, ele sabe que não
vale a pena pecar. Ele sabe que o salário do pecado é a morte, por isso mesmo
procura a todo custo evitá-lo. O pecado que antes lhe era uma regra, hoje lhe é
uma exceção; foi por isso que o apóstolo João escreveu "Se, todavia,
alguém pecar..."
Bibliografia:
Doutrinas Bíblicas –
Uma introdução à Teologia. Raimundo F. de Oliveira, EETAD, 2ª edição,
1991.