segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O que Moisés e Elias falaram com Jesus

Por Jânio Santos de Oliveira


 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

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Nesta oportunidade nós estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra em Mateus 17.1-8

1 - Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte.

2 - E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.

3 - E eis que lhes apareceram Moises e Elias, falando com ele.

4 - E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom e estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moises e um para Elias.

5- E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este e o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o.

6 - E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e tiveram grande medo.

7 - E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e não tenhais medo.

8 - E, erguendo eles os olhos, ninguém viram, senão a Jesus.



Moisés e Elias vieram ter com Jesus a fim de fortalecê-lo para 

enfrentar os dias difíceis que teria pela frente. Dias de prisão, 

julgamento e morte.
Moisés e Elias vieram ter com Jesus representando o futuro reino 

de Deus a ser implantado pela morte de Cristo. Elias, 

representando os que serão transladados sem ver a morte. E 

Moisés representando os que após a morte, forem ressuscitados 

por Deus para vida eterna.


I.  Jesus aparece como a figura principal; enquanto Moisés e Elias são personagens secundários .


O relato sobre a transfiguração, conforme narrado nos evangelhos sinóticos, e um dos mais emblemáticos do Novo Testamento (Mt 1 7.1 -1 3 Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Além do nome de Moises, o texto coloca em evidencia também o de Elias. Entretanto, diferentemente dos outros textos ate aqui estudados, o profeta não aparece aqui como a figura central, mas secundaria! O centro e deslocado do profeta de Tisbe para o Profeta de Nazaré, Jesus. E não mais Elias. Moises, Pedro, Tiago e João, também nominados nesse texto, aparecem como figurantes numa cena onde Cristo, o Messias prometido, é a figura principal.

Tanto Moisés como Elias realmente apareceram e estes falavam com Jesus acerca da sua "morte". Jesus sabia todas as coisas e não necessitava que lhe contassem qualquer coisa, porém era necessário, pois se assim não fosse Ele, Cristo, não teria levado seus principais - por questão de afinidade - discípulos ao monte para presenciarem este fato.  

Mt 17.3- E eis que lhes apareceram Moises e Elias, falando com Ele.

Luc. 9:31 apresenta a natureza da conversa: Os quais apareceram em gloria e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir cm Jerusalém. A expressão no grego, traduzida por e eis, serve de elemento comum que introduz uma característica ou elemento principal do acontecimento narrado. Elemento notável foi a aparição de duas personagens famosas do V.T. Alguns interpretes não aceitam a aparição objetiva desses homens, mas acham que o acontecimento foi um tipo de visão que dispensava a presença literal dos mesmos. Mas. a maior parte dos interpretes compreende corretamente que eles realmente apareceram, e não ha razão alguma para que se negue a possibilidade de tal aparição. Isso não tem sido raro na historia do homem, e as Escrituras afirmam a sobrevivência e a existência posterior daqueles que já morreram. No caso de Elias, que não passou pela morte, talvez tenhamos razão cm pensar que ele passou pela transformação do corpo terrestre para o corpo celeste, o que sucedera aos corpos dos verdadeiros discípulos quando do arrebatamento da igreja.claramente são suposições errôneas. A experiência mística, especialmente do tipo acompanhado por alguma visão, traz consigo mesma a sua interpretação, o sentido e as razoes da visão. Naquela oportunidade os discípulos não compreendiam ainda tudo isso, mas tal entendimento veio mais tarde. Pelo menos compreenderam que a visão salientava a gloria de Jesus como Messias: e provavelmente também entenderam que o acontecido foi motivo de consolo c revigoramento. tanto para Jesus (que breve haveria de enfrentar a cruz) como para eles mesmos, especialmente por que servia de fator de fortalecimento da fê em uma ocasião difícil. Mais tarde, a ocorrência serviu para fortalecer a vida crista em todas os seus aspectos, por haver demonstrado tão claramente a gloria, o poder c a elevada posição de Jesus. como o rei do reino eterno, depois da parousia.







II. O sofrimento de Moisés com a Nação de Israel


Então toda a congregação levantou a sua voz; e o povo chorou naquela noite.

E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Quem dera tivéssemos morrido na terra do Egito! ou, mesmo neste deserto!
E por que o Senhor nos traz a esta terra, para cairmos à espada, e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito?
E diziam uns aos outros: Constituamos um líder, e voltemos ao Egito.
Então Moisés e Arão caíram sobre os seus rostos perante toda a congregação dos filhos de Israel.
E Josué, filho de Num, e Calebe filho de Jefoné, dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes.
E falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pela qual passamos a espiar é terra muito boa.
Se o Senhor se agradar de nós, então nos porá nesta terra, e no-la dará; terra que mana leite e mel.
Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais.
Mas toda a congregação disse que os apedrejassem; porém a glória do Senhor apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel.
E disse o Senhor a Moisés: Até quando me provocará este povo? e até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que fiz no meio dele?
Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei; e te farei a ti povo maior e mais forte do que este.
E disse Moisés ao Senhor: Assim os egípcios o ouvirão; porquanto com a tua força fizeste subir este povo do meio deles.
E dirão aos moradores desta terra, os quais ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio deste povo, que face a face, ó Senhor, lhes apareces, que tua nuvem está sobre ele e que vais adiante dele numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite.
E se matares este povo como a um só homem, então as nações, que antes ouviram a tua fama, falarão, dizendo:
Porquanto o Senhor não podia pôr este povo na terra que lhe tinha jurado; por isso os matou no deserto.
Agora, pois, rogo-te que a força do meu Senhor se engrandeça; como tens falado, dizendo:
O Senhor é longânimo, e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração.
Perdoa, pois, a iniqüidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia; e como também perdoaste a este povo desde a terra do Egito até aqui.
E disse o Senhor: Conforme à tua palavra lhe perdoei.
Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda a terra,
E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,
Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá.
Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua descendência a possuirá em herança.
Ora, os amalequitas e os cananeus habitam no vale; tornai-vos amanhã e caminhai para o deserto pelo caminho do Mar Vermelho.
Depois falou o Senhor a Moisés e a Arão dizendo:
Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim.
Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor, que, como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós outros.
Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes;
Não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.
Mas os vossos filhos, de que dizeis: Por presa serão, porei nela; e eles conhecerão a terra que vós desprezastes.
Porém, quanto a vós, os vossos cadáveres cairão neste deserto.
E vossos filhos pastorearão neste deserto quarenta anos, e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que os vossos cadáveres se consumam neste deserto.
Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniqüidades quarenta anos, e conhecereis o meu afastamento.
Eu, o Senhor, falei; assim farei a toda esta má congregação, que se levantou contra mim; neste deserto se consumirão, e aí falecerão.
E os homens que Moisés mandara a espiar a terra, e que, voltando, fizeram murmurar toda a congregação contra ele, infamando a terra,
Aqueles mesmos homens que infamaram a terra, morreram de praga perante o Senhor.
Mas Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos homens que foram espiar a terra, ficaram com vida.
E falou Moisés estas palavras a todos os filhos de Israel; então o povo se contristou muito.
E levantaram-se pela manhã de madrugada, e subiram ao cume do monte, dizendo: Eis-nos aqui, e subiremos ao lugar que o Senhor tem falado; porquanto havemos pecado.
Mas Moisés disse: Por que transgredis o mandado do Senhor? Pois isso não prosperará.
Não subais, pois o Senhor não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.
Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada; pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.
Contudo, temerariamente, tentaram subir ao cume do monte; mas a arca da aliança do Senhor e Moisés não se apartaram do meio do arraial.
Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até Hormá (Nm 14.1-45).

A hora havia chegado para que o povo de Israel tomasse a sua grande decisão. Por causa da sua falta de fé em Deus, eles tinham enviado seus líderes para examinar a terra da promessa, e dez deles declararam, ao voltar, que o povo da terra era poderoso demais para que a terra pudesse ser conquistada. Mas um destes líderes, Calebe, corajosamente conclamou o povo a avançar, porque certamente prevaleceria contra a terra.
O povo deu atenção à maioria descrente, e, deixando-se levar pela emoção do desapontamento, esqueceram-se de tudo o que haviam aprendido sobre o caráter de Deus. Concluiu que não podia entrar, e se voltou contra Moisés e Arão. Exclamavam que iriam morrer à espada, e que suas mulheres e suas crianças seriam escravizadas. Queriam voltar ao Egito, declarando que nunca deviam ter saído de lá. Não pensaram nas dificuldades que teriam de enfrentar para voltar, principalmente se Deus os abandonasse sem alimento ou água: seria preferível entrar em Canaã.
Seu comportamento foi causado pela falta de confiança no que Deus podia fazer, e suas queixas eram realmente contra Deus, pois Moisés e Arão eram apenas Seus agentes para tirar o povo do Egito e levá-lo até Canaã. Com grandes sinais, Deus havia conduzido o povo para fora da escravidão, através do deserto inóspito, até a fronteira da terra prometida. Ele havia fornecido proteção, alimento e cumprido suas promessas. Mas o povo recusou tomar o último passo de fé e entrar na terra, pois estavam com medo.
Às vezes fazemos o mesmo: confiamos em Deus nos casos menos importantes, mas duvidamos da sua habilidade em resolver as situações mais difíceis, que nos dão medo, os grandes problemas, as grandes decisões. Devemos continuar a confiar nEle, lembrando-nos do que já fez em nossa vida. Quando nos vemos como gafanhotos entre gigantes, é que precisamos de Deus.
Moisés e Arão então prostraram-se diante da congregação, em atitude de profundo desapontamento e desespero, e Moisés lhes disse que não se espantassem, nem temessem, pois o SENHOR seu Deus que ia adiante deles pelejaria por eles, amparando-os como havia feito desde o Egito (Dt 1:29-31).
Calebe e Josué haviam visto as mesmas coisas que os outros, na expedição de reconhecimento da terra. Mas, ao contrário do outros, eles incluíram o SENHOR na sua recomendação sobre o que se havia de fazer.
Esta multidão certamente precisava de Deus, e Calebe e Josué, rasgando as suas próprias vestes em sinal de profunda tristeza, insistiram com o povo que, se o SENHOR se agradasse dele, Ele lhe daria a terra, que era realmente muito boa; somente lhe competia não ser rebelde, nem temer o povo da terra.
Mas o povo rejeitou os seus apelos, e até mesmo falou em apedrejá-los. Não devemos precipitadamente rejeitar conselhos e apelos de que não gostamos, que nos são feitos por homens de Deus. É mais prudente refletir sobre eles com cuidado, verificando-os à luz da Palavra de Deus. O aviso poderá ter vindo de Deus.
Na altura desta crise, a Glória do SENHOR (a coluna de nuvem) apareceu na Tenda da Congregação: Ele estava profundamente irado contra o povo, por causa da sua rebeldia e incredulidade. Ele propôs a Moisés matar o povo todo com uma pestilência, e começar de novo com a descendência de Moisés, que herdaria as promessas feitas aos patriarcas.
Sem dúvida Ele estava pondo Moisés à prova, e Moisés se saiu muito bem: ele não queria isto para si, embora lhe fosse vantajoso.
Os povos da terra sabiam como o SENHOR havia tirado o povo do Egito com mão forte, mas perderiam seu respeito se o povo, de quem Ele cuidava, fosse morto no deserto, pois iam concluir que Ele não era suficientemente poderoso para fazê-los entrar na terra. Lembrando ao SENHOR novamente alguns dos seus atributos (Êx 34:6,7), Moisés pede Sua misericórdia para com aquele povo, que instantes atrás quis apedrejá-lo. Como aquele povo, também contamos com o amor, paciência, perdão e misericórdia de Deus.
O povo de Israel tinha um conhecimento melhor de Deus do que qualquer povo antes dele, pois tinha tanto Sua lei, como Sua presença física. Sua recusa em avançar após Ele, depois de testemunhar Seus sinais sobrenaturais e ouvir Suas palavras, tornou o julgamento mais severo. Maior oportunidade trás maior responsabilidade, como o Senhor Jesus disse "àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão" (Lc 12:48). Quanto mais a nossa responsabilidade, para obedecer e servir a Deus - pois temos toda a sua revelação, na Bíblia, e conhecemos o seu Filho, Jesus Cristo.
Este acontecimento tem um outro significado especial para nós: o povo teve fé suficiente para espargir o sangue do cordeiro nas portas de suas casas (expiação) e de sair do Egito (mundo), mas não tinha fé para entrar na terra de Canaã. Portanto, embora redimidos, deram quarenta anos de mágoa ao SENHOR. É como o caso do que faz profissão de fé, aprende de Cristo sendo assim iluminado por Ele, prova a vida na igreja e participa do ensino do Espírito Santo, mas que, por não ter na realidade a fé salvadora em si, eventualmente volta atrás (Hb 6:4-6), passando para um estado pior do que antes.
O povo já tinha posto Deus à prova dez vezes: (1) à margem do Mar Vermelho (Êx 14:11, 12); (2) em Mara (Êx 15:24); (3) no Deserto de Sim (Êx 16:3); (4) colhendo mais maná do que devia (Êxodo 16:20); (5) colhendo maná no sábado (Êx 16:27-29); (6) em Refidim (Êx 17:2, 3); (7) no monte Sinai (Êx 32:7-10); (8) em Taberá (Nm 11:1, 2); (9) outra vez em Taberá (Nm 11:4); (10) agora em Cades-Barnéia (Nm 14:1-4).
O SENHOR perdoou o povo. Eles se salvaram da pestilência, mas os incrédulos não teriam o privilégio sequer de ver a terra prometida. Ele declarou também que, tão seguramente como Ele vive, toda a terra se encherá da Sua glória: Seu programa para a terra continua, e um dia vai ser completado, quando Cristo instalará aqui o Seu reino.
A punição foi proporcional ao crime: os dez espias, que fizeram o povo murmurar contra Moisés, morreram de praga perante o SENHOR; o povo foi condenado a vagar pelo deserto por quarenta anos, o número de dias que os espias percorreram Canaã; os que pecaram, os de vinte anos para cima, morreram no deserto (pois era isso que temiam em sua incredulidade), impedidos de entrar na terra prometida (Hb 3:17-19). Mas Calebe e Josué, que mostraram a sua fé, bem como os filhos do povo, que pensavam seriam escravizados, iriam entrar na terra.
Ao ouvir a sentença, o povo se entristeceu muito; aqueles homens declararam que haviam pecado, e que agora estavam dispostos a subir o monte em direção à terra prometida, embora tendo perdido a oportunidade de ir com Deus. Isto não era fé, mas presunção. Não existe vitória se não houver submissão à vontade de Deus. Falhar em nossa fé muitas vezes traz mais problemas do que os que tínhamos antes; quando fugimos de Deus, inevitavelmente incorremos em problemas. Deus quer obediência imediata e completa. Às vezes as boas intenções e as ações certas chegam tarde demais.
Moisés procurou demovê-los, prevenindo que não teriam sucesso, pois eles haviam se desviado do SENHOR, e Ele não seria com eles. Mas eles não lhe deram ouvidos, seguiram monte acima, os amalequitas desceram sobre eles e os derrotaram monte abaixo.



III. O sofrimento de Elias com a Nação de Israel.





1. A Situação da Apostasia de Israel

A história do declínio de Israel começa com Salomão. Ainda que seu pai, Davi, tivesse tentado servir ao Senhor e tivesse humildemente arrependido quando pecou, Salomão não permaneceu fiel. Apesar de todas as bênçãos que Deus lhe deu, ele seguiu suas centenas de esposas para longe do Senhor e para a idolatria. Quando Salomão morreu, Deus retirou dele a maior parte do reino e a deu a Jeroboão. Esta nova nação, que consistia das dez tribos do norte, foi chamada Israel. Deus disse a Jeroboão que o abençoaria e estabeleceria a sua como a família real, por muitas gerações, se ele fosse fiel e obediente ao Senhor.
Mas Jeroboão não confiou em Deus. Ele não se voltou para o Senhor, mas se afastou dele. Estava tão preocupado com sua posição de poder em Israel que não queria permitir ao povo voltar a Jerusalém para suas festas religiosas anuais. Temia que o povo se decidisse a servir o filho de Salomão e não mais quisesse Jeroboão como rei.
Para impedir o povo de sair de Israel, Jeroboão inventou um novo sistema religioso. Ele tomou emprestadas muitas idéias da religião verdadeira que Deus tinha estabelecido no Monte Sinai. Com seus bezerros de ouro, centros de adoração não autorizados e sacerdotes não levíticos, Jeroboão deu um grande passo afastando-se de Deus.

2. Elias padeceu por causa do seu povo



Elias não aguentava mais: “Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (v. 4). Como pôde a notável vitória do Monte Carmelo (cap. 18) dar lugar, tão rapidamente, a um estado de espírito tão negativo?
A luta entre o bem e o mal, entre Deus e Satanás, é uma realidade sempre presente na experiência cristã. Quantas vezes assistimos a crescimentos notáveis no trabalho do Senhor, fruto abundante, almas salvas e, repentinamente, sem se saber bem porquê, tudo desaba! As forças do mal sempre resistirão ao progresso do povo de Deus. Leia os capítulos 9 e 10 do livro de Daniel! O apóstolo Paulo também identifica, de forma clara, a ação deletéria de Satanás no seu ministério (1 Ts 2:18).
Ataque à liderança. Elias era a mais poderosa voz em prol de um reavivamento e o regresso ao culto do Deus Verdadeiro em Israel. Corajosamente, enfrentou sozinho e venceu os 850 falsos profetas de Baal e do poste-ídolo (18:19), provocando a ira vingativa de Jezabel: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (19:2).
Jezabel não visava apenas a vida de Elias. Ela pretendia, acima de tudo, decapitar o movimento de restauração espiritual iniciado no Monte Carmelo, silenciando o seu líder! No vers. 3, vemos como Elias sentiu a pressão da ameaça e fugiu para salvar a vida!
Observando como o profeta cedeu ao medo, precisamos de ter consciência de que um líder cristão não é infalível. Tal como Elias, pode fraquejar: “Elias era um homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos…” (Tg 5:17). Como necessitam da nossa compreensão, do nosso apoio e das nossas orações os pastores das igrejas e outros líderes do trabalho de Deus! Do que não precisam, de certeza, é de crítica maldosa e de maledicência…
Expectativas falhadas. Porque reagiu Jezabel de forma tão violenta aos acontecimentos do Monte Carmelo? O certo é que ela representava os interesses ligados à adoração de Baal em Israel (16:29-32). E mesmo com os falsos profetas mortos e a sua religião exposta ao ridículo, ela, Jezabel, mantinha intacto todo o seu poder! Ninguém se atrevia a enfrentá-la…
Possivelmente, Elias estaria perguntando a si mesmo: “Onde está todo o povo que, no Carmelo, reconheceu que só “o Senhor é Deus”? Para onde foram os executores dos profetas de Baal (18:39-40)? Talvez Elias esperasse que a vitória do Monte Carmelo desencadeasse, imediatamente, o reavivamento pelo qual lutava. Mas isso, de facto, não aconteceu…
Sucede também conosco, angustiarmo-nos e perdermos a esperança quando a solução dos nossos problemas demora um pouco mais… Lembremo-nos de que o nosso tempo não é, necessariamente, o tempo de Deus! Confiemos Nele e saibamos esperar o momento certo da operação da Sua mão poderosa (2 Co12.7-10; Rm 8:28).

3. Elias chegou a ponto de ficar em desespero.
Precisamos de estar atentos aos sinais denunciadores de queda iminente em estado de depressão, de desespero. Elias tinha alguns destes sinais:
Medo. A ameaça de Jezabel atemorizou o profeta, levando-o a fugir do perigo (19:2-3). Sem dúvida, qualquer ameaça de morte deve ser levada a sério e obriga à tomada de precauções; mas não podemos permitir que o medo nos domine e controle (1 Jo 4:18; Rm 8:15). “…maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 João 4:4).
Cedência, rendição. Elias caminhou até Berseba, onde “deixou o seu moço” , o seu criado (19:3). Com este gesto, mostrava que desistia de tudo: do seu ministério profético, da luta contra a idolatria, da própria vida (19:4)! É como se dissesse: “Basta! Já fiz tudo o que podia! Não faço mais nada! Quero morrer!”
Recordemos a exortação e a promessa da Palavra de Deus: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gál. 6:9).
Isolamento. Elias isolou-se, procurou ficar sozinho. Internou-se no deserto, “caminho de um dia”, e só parou num local onde presumiu que não seria encontrado (19:4). Depois de alimentado pelo anjo do Senhor, voltou à sua caminhada solitária (mais quarenta dias inteiros) até ao Monte Horebe, que é o Monte Sinai (19:5-8).
Se alguém se auto-isola, deve ser observado com cuidado: pode estar à beira de uma depressão!
Pensamentos mórbidos, negativos, estão ligados, quase sempre, a uma crise de auto-estima! Era esse o estado de Elias quando fez uma oração que o Senhor não iria atender (19:4)!
Cuidado com o que ocupa a nossa mente! Pensamentos negativos são uma ameaça para a saúde física e espiritual! Em Filip. 4:8, o apóstolo Paulo diz-nos o que devemos ter no pensamento: tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, digno de ser amado, agradável de se ouvir (de boa reputação), tudo o que é digno de louvor!
Exaustão. Desde o Monte Carmelo, passando por Jezreel e Berseba, Elias deve ter caminhado mais de 250 quilómetros! Estava física e emocionalmente esgotado, e ainda lhe faltava andar outro tanto para chegar ao Monte Horebe, destino que a si mesmo tinha imposto!
O cansaço é mau conselheiro! Temos a responsabilidade de preservar o nosso corpo nas melhores condições para o serviço do Senhor!
Desobediência. Notemos a pergunta de Deus a Elias quando ele, finalmente chegou a Horebe: “Que fazes aqui, Elias?” (19:9). O Senhor tinha-o enviado para junto do ribeiro de Querite (17:3), para Sarepta (17:9), para Samaria (18.1-2) e para Jezreel (18:46), mas não para Berseba, para o deserto, nem para Horebe! Afinal, Elias tinha cometido o pecado tão comum em nós mesmos: o da desobediência!

4. Elias teve o seu ânimo restaurado!

Apesar de não o ter enviado, o Senhor permitiu que Elias alcançasse o lugar onde estavam as raízes espirituais de Israel: o Monte Sinai! Quando o Seu servo mais precisou, Ele estava lá para o amparar e restaurar!
Deus intervém! No momento em que o ânimo de Elias bateu no fundo, o Senhor o socorreu através do Seu anjo (19:5-7). Uma das mais valiosas promessas da Escritura, é a da assistência dos anjos de Deus a nosso favor (Hb 1:13-14; Dn 3.24-28; Mt 4.11). Depois, foi o próprio Deus quem confortou e orientou Elias (19:9-18). Ele não se manifesta sempre da mesma maneira (compare 1 Rs 19.11-13 com Ex 19.16-19), mas o Trono da Graça está pronto para socorrer os Seus “em ocasião oportuna” (Hb 4:16).
Recuperação física. Quando Elias estava exausto e faminto, Deus lhe providenciou descanso e alimento (19:4-8), sem os quais não estaria em condições de ouvir “a palavra do Senhor” (19.9). O repouso é muito importante!
Há crentes que não vão à igreja, com a desculpa de que não conseguem tirar proveito da Escola Dominical e do Culto, porque os acham cansativos, sempre a mesma coisa, enfim… uma maçada! Seria interessante perguntar-lhes o que andam a fazer durante a semana e particularmente na noite de sábado, para não estarem em condições de adorar o Senhor juntamente com os seus irmãos na fé! Somos fiéis na mordomia do nosso tempo e do nosso corpo?
Confirmação do ministério profético. Depois de um ministério passado tão rico, Elias estava como que desligado, inoperante… Precisava de renovação e de um novo impulso, porque a sua missão ainda não terminara! Pela mão de Deus, ele voltou em pleno, ungindo os novos reis da Síria e de Israel, e o seu sucessor Eliseu (19:15-21). É bom podermos dizer, como Paulo, “combati o bom combate”, mas não que “completei a carreira” antes do tempo determinado pelo Senhor!

5. Elias Desafia o Povo Vacilante de Israel

Numa impressionante demonstração de coragem e fé, Elias desafiou 850 falsos profetas, que eram sustentados pela esposa do rei, a enfrentá-lo no Monte Carmelo. Eles aceitaram o desafio, e o povo de Israel foi testemunhar a grande disputa. Este era o mesmo povo que Elias procurava converter. Ele queria mostrar-lhes a grande diferença entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses que o rei deles adorava. "Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o" (1 Rs 18:21).
Os israelitas, tão acostumados a seguir cegamente seus chefes religiosos, não responderam. Seus sentimentos estavam tão embotados por gerações de tradições pecaminosas que eram praticamente incapazes de distinguir o certo do errado.
Deus mostrou ao povo a diferença. Elias e os profetas de Baal prepararam dois sacrifícios. Construíram altares, puseram lenha neles e prepararam seus sacrifícios de novilhos. Elias convidou os profetas de Baal a serem os primeiros a oferecer seus sacrifícios, exceto que eles não acenderiam o fogo. Eles deveriam orar ao seu deus para que mandasse fogo para consumir o sacrifício. Elias sabia que Deus podia fazer isto, porque já tinha consumido outros sacrifícios em gerações anteriores. Mas, e Baal? Poderia produzir fogo? Seus profetas oraram, dançaram, e até se feriram para obter sua atenção, mas Baal não respondeu. Elias escarneceu-os, sugerindo que deveriam gritar mais alto para acordar seu deus. Eles berraram com mais força, mas o impotente Baal nada fez.
Elias preparou seu sacrifício. Para ter certeza de que ninguém pudesse reclamar que ele tivesse usado de alguma trapaça, ele pediu que fosse trazida água para molhar totalmente o sacrifício, a madeira e o altar. Eles trouxeram tanta água que o rego que ele tinha escavado em volta do altar encheu-se. Somente a ação de Deus poderia incendiar este sacrifício! E foi exatamente isto que aconteceu. Elias orou: "Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles" (1 Rs 18:37).
Deus não deixou dúvida. "Então, caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!" (1 Re 18:38-39). Os falsos profetas que tinham enganado o povo foram mortos.

IV. Jesus ouviu palavras de encorajamento de Moisés e Elias acerca do seu calvário.

3. Moisés e Elias, os representantes ilustres, segundo o pensamento judeu, da Lei e dos Profetas, apareceram falando com ele sobre os próximos acontecimentos em Jerusalém (Lc. 9:31). Essa conversação mostrou aos discípulos que a morte do Messias não era incompatível com o V.T. Considerando a transfiguração como uma pré-estreia do reino messiânico (16:28), alguns têm visto em Moisés (que já morrera) e Elias (que passara desta vida para a outra sem experimentar a morte) os representantes dos dois grupos que Cristo trará com ele para estabelecer o seu reino: santos mortos ressuscitados e santos vivos transladados. Do mesmo modo os três discípulos são considerados representantes dos homens vivos na terra por ocasião do Segundo Advento

Quando veio à Terra, Jesus Cristo deixou de lado sua glória (Jo 17:5). Por causa de sua obra consumada na cruz, recebeu de volta sua glória, que hoje compartilha conosco (Jo17: 22,24). No entanto, não precisamos esperar pelo céu para participar dessa "glória da transfiguração". Quando nos entregamos a Deus, ele "transfigura" nossa mente (Rm 12:1, 2). Ao nos sujeitarmos ao Espírito de Deus, ele nos transforma (transfigura) "de glória em glória" (2 Co 3: 18). Ao examinarmos a Palavra de Deus, vemos o Filho de Deus e somos transfigurados pelo Espírito de Deus na glória de Deus.

A glória de seu reino. No encerramento de seu sermão sobre tomar a cruz, Jesus prometeu que alguns de seus discípulos veriam "o Filho do Homem no seu reino" (Mt 16:28). Selecionou Pedro, Tiago e João para testemunhar esse acontecimento. Esses três amigos e sócios (Lc 5:10) haviam acompanhado Jesus à casa de Jairo (Lc 8:51) e, posteriormente, estariam com ele no jardim do Getsêmani, antes da crucificação ( Mt 26:37).

Nessas três ocasiões, o assunto principal foi a morte. Jesus estava ensinando a estes três homens que ele é vitorioso sobre a morte (ressuscitou a filha de Jairo) e se entregou à morte (no jardim). A transfiguração ensinou que ele foi glorificado na morte. A presença de Moisés e de Elias foi significativa, pois Moisés representava a lei e Elias os Profetas. Toda a lei e os Profetas apontam para Cristo e se cumprem em Cristo (Lc 24:27; Hb 1:1). Nenhuma palavra do Antigo Testamento deixará de ser cumprida. O reino prometido será estabelecido (lc 1:32, 33, 68-77). Assim como esses três discípulos viram Jesus glorificado na Terra, também o povo de Deus o veria em seu reino glorioso na Terra (Ap 19:11 - 20:6). Pedro aprendeu essa lição e nunca mais a esqueceu. "Nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade [...] Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética" ( 2 Pe 1:12ss). A experiência de Pedro no monte apenas fortaleceu sua fé nas profecias do Antigo Testamento. O mais importante não é testemunhar grandes feitos e prodígios, mas ouvir a Palavra de Deus. "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi" (Mt 17:5). Todos os que são nascidos de novo pertencem ao reino de Deus 00 3:3-5). Trata-se de um reino espiritual, separado das coisas materiais deste mundo (Rm 14:17). Mas um dia, quando Jesus voltar, haverá um reino glorioso por mil anos (Ap 20: 1-7), com Jesus Cristo governando como Rei. Os que crerem nele reinarão com ele na Terra (Ap 5:10).

A glória de sua cruz. Os discípulos precisavam aprender que o sofrimento e a glória andam juntos. Pedro não queria que Jesus fosse a Jerusalém para morrer, de modo que Jesus teve de ensinar-lhe que, sem seu sofrimento e morte, não haveria glória. Sem dúvida, Pedro aprendeu a lição, pois em sua primeira epístola enfatiza repetidamente o sofrimento e a glória (1 Pe 1:6-8,11; 4:12 5: 11 ). Moisés e Elias conversaram com Jesus Seu sofrimento e morte não seriam um acidente, mas uma conquista. Pedro usa a palavra partida ao descrever sua morte iminente (2 Pe 1:15). Para o cristão, a morte não é uma estrada de mão única para o esquecimento. Antes, é uma partida, um êxodo, a libertação da escravidão desta vida para a gloriosa liberdade da vida no céu. Pelo fato de Cristo ter morrido e pago o preço, pudemos ser redimidos: comprados e libertados. Os dois discípulos de Emaús esperavam que Jesus libertasse a nação da escravidão romana (Lc 24:21). Jesus não morreu para oferecer liberdade política, mas sim para conceder liberdade espiritual: fomos libertos do sistema do mundo (Gil :4), de uma vida fútil e sem propósito (1 Pe 1:18) e da iniquidade (Tt 2:14). Nossa redenção em Cristo é decisiva e definitiva.

A glória de sua submissão. Pedro não conseguia entender por que o Filho de Deus se sujeitaria a homens perversos e sofreria voluntariamente. Deus usou a transfiguração para ensinar a Pedro que Jesus é glorificado quando negamos a nós mesmos, tomamos nossa cruz e o seguimos. A filosofia do mundo é: "salve sua vida!", mas a filosofia cristã é: "entregue sua vida a Deus!" Ao se colocar diante deles em glória, Jesus provou aos três discípulos que a entrega sempre conduz à glória. Primeiro o sofrimento, depois a glória; primeiro a cruz, depois a coroa. Cada um dos três discípulos viveria essa importante verdade. Tiago seria o primeiro dos discípulos a morrer (At 12:1, 2). João seria o último, mas enfrentaria perseguições intensas na ilha de Patmos (Ap 1:9). Pedro passaria por muitas aflições e, no final, daria sua vida por Cristo 00 21 :15-19; 2 Pe 1:12). Pedro opôs-se à cruz quando Jesus mencionou sua morte pela primeira vez (Mt 16:22ss). No jardim, usou sua espada para defender o Mestre 00 18:10). Até mesmo no monte da transfiguração, Pedro tentou dizer a Jesus o que fazer, pois queria construir ali três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, para que todos permanecessem ali e desfrutassem a glória! Mas o Pai interrompeu a Pedro e deu permite que seu Filho amado seja colocado no mesmo nível que Moisés e Elias. A ninguém [...] senão Jesus", esse é o padrão de Deus (Mt 17:8). Enquanto descia o monte com seus três discípulos, Jesus advertiu-os a não revelar o que haviam visto, nem mesmo aos outros discípulos. Mas os três homens ainda estavam perplexos. Haviam aprendido que Elias viria primeiro em preparação para a fundação do reino. A presença de Elias no monte seria o cumprimento dessa profecia? (MI 4:5, 6).

Jesus responde a essa pergunta de duas maneiras. Sim, Elias viria conforme profetizado em Malaquias 4:5, 6, mas, em termos espirituais, Elias já havia vindo na pessoa de João Batista ( Mt 11:10-15; Lc 1:17). A nação permitiu que João fosse executado e pediria que Jesus fosse morto. Apesar de tudo o que os líderes perversos fariam, Deus realizaria seu plano. Quando se dará a vinda de Elias para restaurar todas as coisas? Alguns acreditam que Elias virá como uma das "duas testemunhas", cujo ministério é descrito em Apocalipse 11. Outros acreditam que a profecia foi cumprida no ministério de João Batista e, dessa forma, Elias não virá outra vez.

Portanto, assim como Moisés e Elias, Jesus haveria de padecer bastante como fruto da incredulidade do povo Judeu.

Neste caso, Deus enviou estes personagens ilustres visando consolar e preparar ao Senhor Jesus acerca do sofrimento pelo qual haveria de passar.



V. As lições da transfiguração de Jesus.


Ha diversas lições e observações justas sobre a aparição desses dois homens. Moises e Elias,


  • MOISES representa, como nenhum outro, a autoridade da lei, e geralmente serve de símbolo do judaísmo em geral. Diversas tradições associavam Moises a vinda do Messias. Jesus, em sua vida e ministério, era qual outro Moises, posto que deu uma nova lei. organizou uma nova congregação e estabeleceu uma nova ordem de coisas. Moises, no pensamento judaico, estava associado a gloria do reino de Deus.
  • Elias representa os profetas, por ter sido um dos maiores profetas. Jesus recebeu, portanto, o testemunho dos profetas, porque, realmente, todos eles profetizaram a seu respeito. Porem, tal como no caso de Moises. Jesus recebeu o testemunho direto de Elias, o que serviu de confirmação da sua missão como o Messias de Israel. O profeta Elias também era associado a esperança messiânica, e muitos esperavam a sua visita pessoal antes da manifestação do Messias. O vs 10 deste mesmo capitulo ilustra essa ideia. Aqui. pois, Elias talvez tenha aparecido como cumprimento parcial da profecia, ou, pelo menos. como demonstração da ligação de sua pessoa com 0 Messias.
  • JUNTOS. Moises c Elias mostraram a aprovação do Pai a pessoa e a missão de Jesus; e também demonstraram que Jesus cara o Messias de Israel, que se baseava na religião e esperança messiânica dos judeus, não sendo ele o fundador de uma religião inteiramente separada da fé de Israel. O aparecimento de Moises e Elias testificou que suas obras se completavam em Cristo.
  • Ha diversas outras interpretações: Elias representa os redimidos arrebatados (da igreja), porquanto não passou pela morte. Moises representa os redimidos que experimentam a morte física. E difícil afirmar o simbolismo dessas figuras, mas os fatos mencionados nas posições um e três. Certamente, a visão antecipa a parousia e a gloria do reino eterno.
  • A passagem de Lc 9:31. que apresenta a ideia geral da conversa havida, ilustra o fato indicando que a aparição daquelas personagens tinham o proposito de consolar e orientar a Jesus, porquanto prestes enfrentaria a morte, e o fracasso de sua tentativa de estabelecer o reino literal era. ao mesmo tempo, sua grande oportunidade de fazer expiação pelos pecados do mundo inteiro. Jesus enfrentava a hora critica de seu ministério, e nessa hora a associação com Moises c Elias ajudou-o a cumprir com êxito essa fase de sua missão.
  • A palavra aqui traduzida por partida (Lc 9:31) e, literalmente, êxodo,e fala não só de sua morte, mas também de sua ascensão aos céus, e. realmente, de sua partida da terra, do fim de sua missão na terra. O mesmo vocábulo e usado com referencia a morte de Pedro ( Pe 1.15). Moises foi 0 líder do grande êxodo do povo de Deus, quando da saída do Egito. Jesus, mediante o seu êxodo, estabeleceria o alicerce da esperança para todo o povo de Deus sair deste mundo a fim de ir habitar no mundo além (Hb 3:18 e 4:8.
  • Alguns interpretes sugerem a identificação de Moises e Elias com as duas testemunhas do Apo. Ver a discussão sobre esse assunto em Ap 11:3-12.
  • Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.
  • «Falava ele ainda...·. Se outro acontecimento não tivesse interrompido a Pedro, certamente teria continuado a falar, como era de seu costume. Esta visão tem quatro elementos principais: 1. A transfiguração da aparência e de toda a pessoa de Jesus (vs. 2). 2. A aparição de Moises c Elias (vs. 3) A aparição da nuvem, que provavelmente não era uma nuvem física ou comum, mas uma manifestação de luz extraordinária, pois o texto diz nuvem luminosa. Essa nuvem os envolveu como se fora um nevoeiro.
  • Provavelmente o texto fala de um tipo de energia celestial. Sabemos que, nas experiências místicas, a presença dos fenômenos altera a atmosfera mental, c aqueles que não estão espiritualmente preparados para tais manifestações, são assaltados pelo medo. Para os mortais, sob condições comuns, habitar na atmosfera divina e experiência temível. Não temos muito conhecimento sobre tais manifestações, mas sabemos que elas acompanham as experiências místicas e podem produzir profunda alegria, êxtase, ou resultados opostos, como medo profundo. 4. A voz vinda dos céus.
  • Essa nuvem luminosa c celestial era justamente o sinal dos céus que os fariseus e saduceus quiseram ver, mas que lhes foi negado, ao passo que os discípulos, embora fracos c sem grande compreensão sobre a missão de Jesus e os seus propósitos, mas que eram honestos de coração e queriam receber o conhecimento da verdade, embora não tivessem solicitado tal sinal, receberam-no livremente da parte de Deus. Esse sinal, como também os demais acompanhamentos da visão, tinham 0 proposito de confirmar a missão messiânica de Jesus ante os apóstolos, ensinando-lhes algo sobre a gloria dele. e. posteriormente, teve o efeito de confirmar a mensagem de cristianismo perante eles.
  • Por diversas vezes houve nuvens relacionadas ao ministério de Jesus: 1. No seu batismo (Mat. 3:17). 2. Mais tarde. na ascensão (Atos 1:9). 3. Quando de seu segundo advento, também ha a promessa de que haverá uma nuvem (Mt 24:30).
  • ESSE tipo de manifestação era sempre associado . presença de Deus, no V.T. Os judeus intitulavam essa manifestação de shechinah, ou gloria, que no Talmude significa praesentia Dei, a presença de Deus. A palavra se deriva da raiz que significa *habitar. Deus deu ao povo de Israel uma nuvem para dirigi-lo no deserto, símbolo da presença de Deus que guia ( Ex. 13:21). Também lemos que, as vezes, essa manifestação enchia a casa do Senhor (I Rs 8:10). Posteriormente, essa manifestação passou a ser geralmente reputada uma prova da presença de Deus, e a própria palavra shechinah passou a ser usada para indicar a presença de Deus. Em Is. 4:5 temos a indicação de que a presença da gloria de Deus separa o mal do bem.
  • A gloria da presença de Deus serviu de símbolo do resplendor da Nova Jerusalém (Ap 21:23). Por meio dessas observações podemos ver a magnitude do sinal dos céus que foi concedido aos apóstolos, e, nessas circunstancias, ate ao próprio Jesus.
  • ...uma voz que dizia...» Os discípulos não precisavam erguer tabernáculos terrestres para abrigar a presença de Moises e Elias. Deus manifestou a sua própria presença sem precisar de qualquer edifício material, e demonstrou que a sua mensagem estava presente entre os homens, na pessoa de seu Filho. O reino literal ainda se demoraria, mas todos os benefícios desse reino poderiam ser usufruídos pelo crente, imediatamente. A voz transmitiu a mesma mensagem ja notada cm Mt. 3:17, quando do batismo de Jesus.
  • Amado·, neste caso, não significa o mais amado (superlativo), nem o único amado, mas amado ״ cm sentido especial, particular. Conforme sucedeu quando do batismo, aqui também temos a confirmação da aprovação divina a missão messiânica de Jesus e a sua pessoa, de maneira geral. Nessa altura de seu ministério. Jesus precisava dessa confirmação, porquanto enfrentava dura oposição da parte das autoridades religiosas, a possibilidade de morrer as suas mãos, e o fracasso no estabelecimento do reino literal a face da terra. Mas—a aprovação divina—veio demonstrar que, a despeito desses fatos que indicavam um aparente fracasso na missão messiânica de Jesus. a sua vida e sua verdadeira missão messiânica, segundo deveriam ser entendidas cm conexão com seu primeiro advento, não tinham falhado cm seus propósitos. Tudo estava correndo de acordo com o plano de Deus. O homem comum não teria percebido isso, nas circunstancias do momento. Por isso os discípulos também precisavam dessa confirmação; e o valor da visão não se perdeu, porque mais tarde lembraram-se desse acontecimento c das lições dai derivadas, e então puderam compreender o quadro inteiro. O cristianismo começou, portanto, com base cm uma fé firme. De certa maneira o cristianismo foi uma extensão do judaísmo; porem, dotado de mensagem própria, de escopo universal, cm que Cristo ocupa o centro.
  • Em diversas outros passagens nota-se a voz dos céus para transmitir algum recado de Deus, como Lc 2:14; Mt. 3:17; Mc 1:11; Lc 3:22; Jo 12:28; 2 Pd 1:17 e Jo 1:33.
  • Os discípulos, ou pelo menos Pedro, quiseram deter a Moises e Elias; mas a grande mensagem de Deus e ouvi o cristo. Temos aqui o cumprimento da profecia de Dt 18:15: O Senhor teu Deus te despertara um profeta do meio de ti. de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouviras.
  • Além dos demais benefícios da visão, que já foram mencionados, e claro que ela teve o efeito de fortalecer a fé dos discípulos na ressurreição, na transformação do povo de Deus. na sobrevivência da alma apos a morte física, na realidade do mundo do espirito, e, de maneira geral, nas realidades da vida espiritual e do mundo vindouro.
  • A aprovação da missão messiânica e cósmica de Jesus: O Pai aprovou a missão de Jesus. A visão demonstrou Isto é antecipou sua parousia e a gloria eterna de Cristo como Rei e Sumo Sacerdote.
  • Um Profeta Asceta. João pode ter vivido ou não sob os votos do nazireado (vide). Seja como for, ele vivia de modo extremamente ascético, vestido, como Elias, com pelos de camelo e comendo gafanhotos e mel silvestre, e falando acerca de acontecimentos apocalípticos e sobre a necessidade dos homens se arrependerem. Tudo, em João Batista, fazia lembrar Elias. e as multidões vinham ouvi-lo. 4. Retirada e Reforma. Embora, a exemplo dos essênios, João Batista se tivesse retirado do convívio social, de forma alguma ele se distanciou da sociedade de seus dias. Sua missão consistia em anunciar as condições, àquela sociedade, mediante as quais os homens de então deveriam acolher o Messias e o seu reino. O Batista engolfou Samaria em seu ministério (João 3:23). Se é que João Batista começou entre os essênios (um ponto muito disputado), então, por certo, ele não se limitou a essa «denominação», visto que a sua mensagem profética era universal, e ele não pregava a uma claque fechada, conforme faziam os essênios.
  • O Messias Anunciado por João Batista. O Novo Testamento deixa claro que João Batista esperava que o Messias estabelecesse o seu reino, pela força, se necessário, e que isso constituiria um acontecimento apocalíptico. De fato, João referia-se a esse advento com termos idênticos àqueles em que os pregadores modernos aludem ao Segundo Advento de Cristo. O Novo Testamento não tenta esconder que o Batista, em certa medida, ficou desapontado diante do modo como Jesus se apresentou publicamente. Jesus não reuniu algum exército, nem se mostrou militante. Ao que parecia, não foi ao menos capaz de proteger o seu homem-chave, ou seja, ao próprio João Batista. Os adversários de Jesus pareciam estar ganhando todas as vitórias. Verdadeiramente, do ângulo de João, as coisas não estavam avançando nada bem. Foi por essa razão que ele enviou mensageiros a Jesus, para que indagassem se ele era, meramente, o Messias, Aquele pelo qual ele, João Batista estava esperando. (Mt 1:2 ss) . João ouvia falar sobre os grandes prodígios de Jesus; mas ali estava ele mesmo, no cárcere. Como poderia ser isso?
Somente quem foi uma testemunha ocular da transfiguração pode falar com tanta autoridade da exaltação do Senhor! Bendito para todo o sempre seja o nome de Jesus!!

Se você meu irmão , minha irmã, está ´passando por dificuldades, e se há barreiras intransponíveis à sua frente, creia que o mesmo Jesus que em tudo foi tentado mas jamais cedeu à tentação, vencendo a todas elas, poderá perfeitamente te socorrer nas suas aflições e angústias.

Que Deus nos abençoe e nos guarde no seu grandioso amor em nome de Jesus, amem 



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