Por: Jânio Santos de Oliveira
Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
I. Capítulo 1-
Resumo da vida terrena de Cristo.
A. Introdução à vida terrena de Cristo.
B. A manifestação da vida terrena de Cristo.
C. A conclusão da vida terrena de Cristo.
II. Capítulo 2-A preparação para a
manifestação de Jesus.
A. A necessidade de um Salvador.
B. Conhecendo o a sociedade judaica nos
tempos de Jesus.
C. Jesus e os grupos político-religiosos de
sua época.
D. Jesus, o Templo e a Sinagoga.
E. Jesus, o Mestre da Justiça.
F. Jesus e a cobiça dos homens.
G. Jesus e a implantação do Reino de Deus.
III. Capítulo 3- Jesus dos 12 aos 30 anos.
A. Os anos “ocultos” de Jesus.
B. Os anos perdidos de Jesus.
C. Algumas especulações infundadas.
D. As evidências bíblicas.
IV. Capítulo 4- O Ministério de Jesus.
A. O começo do ministério de Jesus na terra.
B. A humanidade de Jesus Cristo e a sua
deidade.
C. O Ministério de Jesus.
D. Eu sou Jesus.
V. Capítulo 5- Um resumo das parábolas de
Jesus.
VI. Capítulo 6- O Senhorio de Jesus Cristo
sobre os demônios.
A. A atuação dos demônios no novo testamento.
B. O endemoniado gadareno.
C. Jesus expulsa um demônio de um homem mudo.
VII. Capítulo 7 - A Cura Divina no ministério de
Jesus Cristo.
A. A origem e a natureza das enfermidades.
B. A cura divina como parte da salvação.
C. Jesus cura os enfermos.
VIII. Capítulo 8 - Os 35 milagres de Jesus.
A. Os perigos que rondam os milagres
B. O contraste entre cura e a religiosidade.
C. O Propósito dos Milagres de Jesus Cristo.
IX. Capítulo 9 - O resumo do Ministério de
Jesus.
A. 1º ano do anonimato ou Obscuridade.
B. 2º ano da popularidade.
C. 3º ano da
perseguição ou Rejeição.
Capítulo1 - Resumo da
vida terrena de Cristo.
A. Introdução à vida
terrena de Cristo.
As duas genealogias (Mt
1.1-17; Lc 3.23-38).
Os dois prefácios (Lc
1.1-4; Jo 1.1-5).
As três anunciações
a) A Zacarias (Lc
1.5-25).
b) A Maria (Lc 1.26-38).
c) A José (Mt 1.18-25).
Os três cânticos de
adoração
a) O de Isabel[Elisabete, em hebraico] (Lc
1.39-45).
b) O de Maria (Lc
1.46-55).
c) O de Zacarias (Lc
1.67-79).
B. A manifestação da
vida terrena de Cristo.
O nascimento de Cristo
(Lc 2.1-20).
A circuncisão de Cristo
(Lc 2.21).
A dedicação de Cristo
(Lc 2.22-39).
A visita dos três
sábios a Cristo (Mt 2.1-12).
A fuga de Cristo para o
Egito (Mt 2.13-20).
Os primeiros dias de
Cristo em Nazaré (Mt 2.21,23; Lc 2.40,52).
A visita de Cristo ao
templo quando tinha 12 anos (Lc 2.41-51).
O arauto de Cristo - o
ministério de João Batista (Mt 3.1-12; Mc 1.1-8; Lc 1.80; 3.1-18; Jo 1.6-34;
3.25-30).
O batismo de Cristo (Mt
3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34).
A tentação de Cristo
(Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13).
Cristo é apresentado
como Cordeiro de Deus (Jo 1.29).
Cristo conhece Seus
primeiros discípulos. a) João, André e Pedro (Jo 1.35-42). b) Filipe e Natanael
(Jo 1.43-51).
Cristo realiza a
primeira purificação do templo (Jo 2.13-25).
Cristo encontra
Nicodemos (Jo 3.1-21).
Cristo encontra a
mulher samaritana (Jo 4.1-42).
A primeira viagem de
pregação de Cristo pela Galileia (Mt 4.17; Mc 1.14,15; Lc 4.14,15).
A primeira viagem de
Cristo de volta para Nazaré (Lc 4.16-30).
Cristo muda-se para
Cafarnaum e faz dessa cidade a sua base do sul (Mt 4.13-16).
Cristo faz um chamado a
quatro pescadores (Mt 4.18-22; Mc 1.16-20; Lc 5.1-11).
A segunda viagem de
pregação de Cristo pela Galileia (Mt 4.23-25; Mc 1.35-39; Lc 4.42-44).
Cristo faz um chamado a
Mateus (Mt 9.9-13; Mc 2.13-17; Lc 5.27-32).
O primeiro encontro de
Cristo com os discípulos de João (Mt 9.14-17; Mc 2.18-22).
A primeira controvérsia
de Cristo envolvendo o Sábado com os fariseus (Mt 12.1-8; Mc 2.23-28; Lc
6.1-5).
Cristo escolhe
oficialmente os 12 apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 3.13-19; Lc 6.12-16).
A terceira viagem de
pregação de Cristo pela Galileia (Mt 9.35-38).
Cristo envia os 12
apóstolos (Mt 10.1-42; Mc 6.7-13; Lc 9.1-6).
A quarta viagem de
pregação de Cristo pela Galileia (Mt 11.1).
Cristo denuncia algumas
das principais cidades da Galileia (Mt 11.20-24).
Cristo faz um convite
universal (Mt 11.28-30).
Cristo é ungido na casa
de Simão (Lc 7.36-50).
A quinta viagem de
pregação de Cristo pela Galileia (Lc 8.1-3).
Cristo recusa-se duas
vezes a dar um sinal para os fariseus.
a) Primeira ocasião (Mt 12.39-41).
b) Segunda ocasião (Mt 16.1-4; Mc 8.11,12).
Cristo explica quem é a
Sua verdadeira família (Mt 12.46-50; Mc 3.31-35; Lc 8.19-21).
A segunda viagem de
Cristo de volta para Nazaré (Mt 13.54-58; Mc 6.1-6).
O arauto de Cristo é
assassinado por Herodes (Mt 14.1-12; Mc 6.14-29; Lc 9.7-9).
Cristo recusa a oferta
dos galileus de o coroarem rei (Jo 6.14,15).
Cristo ouve a confissão
de Pedro e promete edificar a Sua Igreja (Mt 16.3-21; Mc 8.27-31; Lc 9.18-22).
Cristo repreende Pedro
(Mt 16.22, 23).
Cristo é transfigurado
(Mt 17.1-8; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36).
Cristo repreende Tiago
e João em três ocasiões.
a) Primeira (Mc
9.38-41; Lc 9.49,50).
b) Segunda ocasião (Lc
9.51-56).
c) Terceira ocasião (Mt
20.20-28; Mc 10.35-45).
Cristo responde à
discussão dos apóstolos sobre quem é o maior dentre eles (Mt 18.1-5; Mc
9.33-37; Lc 9.46-48).
Cristo dá um alerta
quanto a maltratar crianças (Mt 18.6,10; Mc 9.42).
Cristo é abordado por
três candidatos a discípulos.
a) Primeiro candidato (Lc 9.57,58).
b) Segundo candidato
(Lc 9.59,60).
c) Terceiro candidato
(Lc 9.61,62).
Cristo é repreendido
pelos próprios meios-irmãos incrédulos (Jo 7.2-9).
Cristo perdoa uma
mulher pega no ato do adultério (Jo 8.1-11).
Cristo envia os 70
discípulos (Lc 10.1-24).
Cristo visita Maria e
Marta (Lc 10.38-42).
Cristo comanda as
pessoas a arrepender-se (Lc 13.1-5).
Cristo ensina sobre o
discipulado (Mt 16.24-27; Mc 8.34-38; Lc 9.23-26; 14.25-33).
Cristo ensina sobre o
perdão (Mt 18.21,22).
Cristo ensina sobre o
inferno (Mt 18.8,9; Mc 9.43-48; Lc 12.4,5).
Cristo ensina sobre a
disciplina na igreja (Mt 18.15-20).
Cristo ensina sobre o
divórcio (Mt 5.31,32; 19.3-12; Mc 10.2-12).
Cristo ensina sobre
recompensas (Mt 19.27-30; Mc 10.28-31; Lc 18.28-30).
Cristo ensina sobre a
fé (Mt 21.21,22; Mc 11.22-24).
Cristo participa da
festa dos Tabernáculos (Jo 7.14-39).
Cristo participa da
festa da dedicação (Jo 10.22,23).
Cristo afirma Seu
propósito geral em vir à terra (Mt 20.28; Mc 10.45; Jo 10.10).
Cristo abençoa algumas
crianças (Mt 19.13-15; Mc 10.13-17; Lc 18.15-17).
Cristo é abordado por
um jovem governante rico (Mt 19.16-26; Mc 10.17-27; Lc 18.18-27).
Cristo encontra Zaqueu
(Lc 19.1-10).
C. A conclusão da vida
terrena de Cristo.
O período de oito dias.
a) Dia um: Sábado:
Cristo é alvo de um
plano de Caifás, o sumo sacerdote (Mt 26.3-5; Mc 14.1,2; Lc 22.2).
Cristo é ungido por
Maria na casa de Simão, o leproso (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Jo 12.1-8).
b) Dia dois: domingo: Cristo
faz sua entrada triunfal em Jerusalém (Mt 21.1-11, 14-17; Mc 11.1-11; Lc
19.29-44).
c) Dia três:
segunda-feira: Cristo declara julgamento sobre uma figueira sem frutos
(Mt21.18,19; Mc 11.12-14).
Cristo realiza a
segunda purificação do templo (Mt 21.12,13; Mc 11.15-17; Lc 19.45,46).
Cristo é procurado por
alguns gentios (Jo 12.20-29).
d) Dia quatro:
terça-feira: Cristo enfrenta os fariseus e saduceus (Mt 21.23-27; 22.15-46; Mc
11.27-33; 12.13-37; Lc 20.1-8,20-44).
Cristo condena os
fariseus e saduceus (Mt 21.1-36; Mc 12.38-40; Lc 20.45-45).
Cristo observa a viúva
e a sua oferta (Mc 12.41-44; Lc 21.1-4).
Cristo chora por
Jerusalém pela última vez (Mt 23.37-39).
Cristo prega o sermão
do monte das Oliveira (Mt 24; Mc 13; Lc 21.5-36).
Cristo apresenta a
parábola das dez virgens, dos talentos e das ovelhas e bodes (Mt 25.1-46).
e) Dia cinco:
quarta-feira: Cristo é traído secretamente por Judas (Mt 26.14-16; Mc 14.10,11;
Lc 22.3-6).
f) Dia seis:
quinta-feira: Cristo envia Pedro e João da Betânia para Jerusalém (Mt 26.17-19;
Mc 14.12-16; Lc 22.7-13).
Cristo encontra Seus
discípulos na sala superior (Mt 26.20-29; Mc 14.17-25; Lc 22.14-38; Jo
13.1-30).
Cristo prega Seu sermão
na casa do Pai (Jo 14.1-31).
g) Dia sete:
sexta-feira: Cristo prega Seu sermão sobre dar frutos a caminho do monte das
Oliveiras (Jo 15; 16).
Cristo faz a Sua grande
oração sacerdotal no monte das Oliveiras (Jo 17).
Cristo chega ao jardim
do Getsêmani e é preso (Mt 26.36-56; Lc 22.39-53; Jo 18.1-12).
Cristo sofre Seu
primeiro julgamento injusto - a audiência com Anás (Jo 18.13,14,19-23).
Cristo sofre Seu
segundo julgamento injusto - a audiência com Caifás (Mt 26.57,59-68; Mc
14.53-65; Jo 18.24).
Cristo é negado por
Simão Pedro (Mt 26.58,69-75; Mc 14.54,66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18, 25-27).
Cristo sofre Seu
terceiro julgamento injusto - a audiência diante do Sinédrio (Mt 27.1;Mc 15.1;
Lc 22.66-71).
O traidor de Cristo
demonstra remorso e comete suicídio (Mt 27.3-10; At 1.18).
Cristo sofre Seu quarto
julgamento injusto - a primeira audiência com Pilatos (Mt 27.1,11-14; Mc
15.1-5; Lc 23.1-5; Jo 18.28-38).
Cristo sofre Seu quinto
julgamento injusto - a audiência diante de Herodes Antipas (Lc 23.6-12).
Cristo sofre Seu sexto
julgamento injusto - a última audiência com Pilatos (Mt 27.15-26; Mc 15.6-15;
Lc 23.13-25; Jo 18.39--19.16).
Cristo sofre Seu sétimo
julgamento injusto - a audiência com os soldados romanos (Mt 27.27-30; Mc
15.16-19; Jo 19.2,3).
Cristo anda na estrada
que leva ao Calvário (Mt 27.31,32; Mc 15.20,21; Lc 23.26-32; Jo 19.16).
Cristo é crucificado
(Mt 27.33-50; Mc 15.22-37; Lc 23.33-46; Jo 19.17-30).
A morte de Cristo traz
alguns eventos sobrenaturais (Mt 27.51-54; Mc 15.33,38; Lc 23.45).
O corpo de Cristo é
tirado da cruz e colocado na tumba (Mt 27.57-61; Mc 15.42-47; Lc 23.50-56; Jo
19.31-42).
h) Dia oito: Sábado:
A tumba de Cristo é
selada oficialmente (Mt 27.62-66).
O período de 40 dias.
a) Dia um: domingo:
Cristo ressuscita dos
mortos (Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20; 21
A aparição a Maria
Madalena (Mc 16.9-11; Jo 20.11-18).
A aparição a algumas
mulheres (Mt 28.5-10).
A aparição a Simão
Pedro (Lc 24.34; 1Co 15.5).
A aparição a alguns
discípulos a caminho de Emaús (Mc 16.12,13; Lc 24.13-35).
A aparição aos
apóstolos na sala superior (Mc 16.14; Lc 24.36-48; Jo 20.19-23).
b) Segundo ao
quadragésimo dia (At 1.3).
Nesse período de tempo,
o Cristo ressurreto faz Suas cinco últimas aparições.
A aparição a Tomás e
aos apóstolos (Jo 20.24-31).
A aparição aos sete
apóstolos (Jo 21).
A aparição aos
apóstolos e a 500 discípulos (Mt 28.16-20; Mc 16.15-18; 1Co 15.6).
A aparição a Tiago, o
meio-irmão de Cristo (1Co 15.7).
A aparição aos 11 no
monte das Oliveiras (Lc 24.49-53; At 1.3-11).
E, estando com os olhos
fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos
de branco.
Os quais lhes disseram:
Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós
foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir. Atos
1:10,11.
Capítulo 2- A
preparação para a manifestação de Jesus.
1.
A. A necessidade de um
Salvador
Efésios 2.1-5.
1 — E vos vivificou, estando vós mortos em
ofensas e pecados,
2 — Em que, noutro
tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades
do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência;
3 — Entre os quais
todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como
os outros também.
4 — Mas Deus, que é
riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
5 — Estando nós ainda
mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois
salvos).
Durante todo este
trimestre estudaremos a respeito da pessoa bendita de Jesus, aquEle que não se
envergonhava de dizer que era de Nazaré. Vamos aproveitar esse momento para
crescermos juntos, comentarista e leitores, professores e educandos, amigos e
irmãos. Certamente este será um trimestre fantástico para todos nós.
I. A queda e a promessa de um Salvador.
1. Éden: onde tudo começou. Os eventos
narrados entre Gênesis de 1 a 3 são imprescindíveis para a compreensão de tudo
o mais que encontraremos nas Sagradas Escrituras. Dito de outra forma, o
entendimento correto dos três primeiros capítulos da Bíblia implicará de modo
determinante a maneira como leremos os outros 1.186 capítulos. De Gênesis 4 a
Apocalipse 22 testemunhamos o desenrolar de uma jornada — com muitos erros, mas
graciosamente repleta de acertos — de retorno da humanidade ao centro da
vontade de Deus. E o que temos nos três primeiros capítulos de Gênesis? Um
resumo da trajetória humana ao longo da história em três atos: Criação em
harmonia por bondade e perfeição divina; Queda caótica por rebeldia e
desobediência humana; Salvação, ou pelo menos o anúncio dela, por sacrifício e
graça do Senhor. Como afirma Gênesis 2.7,8 a humanidade foi feita para viver no
Jardim de Deus, por isso, desde Gênesis 3.8, o Criador protagoniza meios para
conceder a nós a restauração da comunhão originária que possuíamos com Ele. Uma
vez tendo recebido tudo das mãos do Criador, perdemos nosso paraíso edênico por
nossa própria ambição e ilusão de autossuficiência. Não fosse o misericordioso
Deus teríamos perdido a esperança e qualquer chance de salvação.
2. O incansável cuidado
de Deus conosco. Qual é a pergunta que ecoa no jardim logo após a catastrófica
escolha humana? Não foi “Por que você fez isso?” ou ainda “Onde está aquele
fruto que estava ali?”; a prioridade do Altíssimo não está em encontrar
culpados ou em reaver coisas/objetos perdidos. O Senhor está comprometido com
pessoas; seu amor e cuidado é conosco, por isso Ele chama por Adão, indaga
sobre o seu paradeiro (Gn 3.9). Mas se o Criador é onisciente, porque Ele
pergunta a Adão: Onde estás? Por que o único modo de recebermos a graça de Deus
é reconhecendo o quão necessitados somos de salvação. Mais do que uma questão
geográfica, o homem precisava reconhecer para “onde” suas escolhas o tinham
levado na perspectiva eterna. O Senhor direciona o diálogo até o nível em que a
humanidade é capaz de superar o estado de desespero em que o pecado a tinha
conduzido. Os filhos de Deus são vestidos porque reconhecem que estão nus. São
orientados sobre cansaço e dores porque já estão sentindo angústia e medo, são
informados sobre o advento do “descendente” (Gn 3.15) uma vez que já conheceram a serpente sagaz.
3. A esperança do
Salvador. A Queda produziu o colapso da humanidade, mas não o fim do amor de
Deus para conosco. A misericórdia do Criador foi maior que a sedução do
maligno. Uma vez fora do jardim, os filhos de Deus deram início à sua caminhada
rumo à promessa de restauração. Esta é uma das chaves-de-leitura que se pode
adotar para ler e narrar o percurso trilhado por nós e registrado nas
Escrituras: a esperança da chegada do Salvador. Ao adotarmos essa chave
hermenêutica percebemos que alguns dos grandes eventos do Antigo Testamento
ocorrem em torno do objetivo de cumprimento da promessa de Gênesis 3.15; com
tal hipótese, por exemplo, concordam alguns escritores do Novo Testamento (Cl
2.16,17: Hb 9.8,9; 10.1). A vinda do “descendente” de Adão e Eva cumpre-se
através da persistência da vontade de Deus por meio de vários eventos
distintos, mas que por fim redundam na glória de Deus — a vocação de um caldeu,
a salvação de um jovem odiado pelos irmãos, a liderança de um sobrevivente de
infanticídio, uma moabita que se torna avó de um rei, um povo que sobrevive a
um bárbaro período de escravidão, etc. Como bem afirma o apóstolo, apesar de
nossos erros, Deus afetuosamente age em nosso favor fazendo com que os
acontecimentos cooperem, para o bem daqueles que o amam (Rm 8.28).
II. As profecias messiânicas no Antigo Testamento
1. O que são profecias messiânicas? A Bíblia
está repleta de profecias, isto é, de discursos sobrenaturalmente orientados
que proclamam a vontade de Deus. Dentre as várias profecias registradas no
Antigo Testamento, existe um conjunto específico de textos que a teologia
cristã tradicionalmente identificou como profecias messiânicas. Esta coleção de
textos está relacionada ao anúncio profético do advento, ministério e reinado
do Messias. O papel que a figura do Messias representa no Antigo Testamento,
levando em consideração apenas um contexto imediato, é diferente daquele que
ele assume com Jesus no Novo Testamento. A comunidade judaica esperava um líder
político, um representante que lutasse pelo reestabelecimento da autonomia
administrativa de Judá, garantindo assim, por consequência, a restauração dos
espaços de culto públicos — em especial o Templo. Por isso, em muitos casos, na
perspectiva do povo judeu, os textos designados como profético-messiânicos não
apontavam para um Salvador, e sim, um rei ou líder histórico. A partir da
manifestação de Jesus, o Cristianismo realizou uma releitura dos textos do
Antigo Testamento, reconhecendo seu cumprimento através de alguns personagens
históricos, mas atribuindo-o um caráter profético plenamente estabelecido
apenas em Jesus.
2. Análise de algumas
profecias messiânicas. O Antigo Testamento apresenta, através de profecias, a
imagem do Messias sob várias facetas: o Messias-rei, Messias-sacerdote e
Messias-profeta. Por meio de cada um destes aspectos referentes ao Messias
aspira-se anunciar ao povo a promessa de restauração de elementos específicos
que em determinado contexto foram perdidos, tais como, emancipação política,
reforma religiosa, renovação moral. Assim, enquanto os judeus liam/leem as
profecias na expectativa de resoluções de problemas circunstanciais referentes
a cenários imediatos e limitados, nós cristãos as lemos como anúncios de
respostas a problemas globais. Por exemplo, Isaías 9.6,7 ou Miqueias 5.2 são
profecias que para os judeus apontam para reis específicos, neste caso
provavelmente Ezequias, que subiriam ao trono para solucionarem problemas
particulares de determinado tempo. Já para o Cristianismo tais textos apontam,
inclusive com riqueza de detalhes, para a pessoa bendita de Jesus (Mt 2.4-6).
aquEle em quem cumpre-se o profeticamente anunciado, cujas repercussões não se
limitam a um tempo ou a um povo, e sim, expandem-se à eternidade e abarcam a
humanidade (Hb 7.21-25; 1Jo 2.2).
3. A importância das
profecias messiânicas para nós. Existem textos profético-messiânicos, como por
exemplo: Gn 49.10; Dt 18.15-18; Is 7.14; 42.1-7; Dn 7.13,14; Zc 9.9. Para nós,
cristãos, a relevância das profecias messiânicas e seu estudo estão na sua
dupla natureza, isto é, no fato de através delas podermos atestar o cuidado
eterno de Deus por nós e de termos tal conhecimento de modo antecipado. O
Senhor do universo não age por meio de improvisos. Seu plano para restaurar sua
perfeita comunhão com a humanidade desenrola-se de maneira progressiva sobre a
terra. O entendimento pleno das razões pelas quais tudo que se refere à
salvação da humanidade está sendo feito em milênios e não em dias, transcende
nossa limitada mente humana, todavia, podemos descansar em paz ao saber que o
personagem principal e o final do enredo sobre a epopeia humana rumo à comunhão
eterna nós já temos acesso: Jesus de Nazaré é o Cristo, e nós — os que amamos
sua vinda — seremos salvos por sua graça. Desta forma, a vida ganha pleno
sentido, as dificuldades e decepções são superáveis em virtude da conclusão
gloriosa a que chegaremos, e a certeza plena de vitória torna-se uma questão de
tempo.
III. O cumprimento da
promessa.
1. Tudo como o Antigo Testamento previu. O
nascimento de Jesus é um dos eventos mais extraordinários da história humana —
estando em relação direta com a morte, ressurreição e a segunda vinda do
Mestre. E para que a onisciência de Deus fosse mais uma vez atestada, assim
como a inspiração e infalibilidade das Escrituras, cada acontecimento que
envolveu o nascimento de Jesus ocorreu de modo exato como os profetas haviam
anunciado antecipadamente. Ele é gerado por Deus no ventre de uma jovem mulher
que ainda é virgem (Lc 1.34,35). Muito do debate que se faz sobre esse evento,
o nascimento de Jesus, afasta-se de uma das questões centrais: o salvador
vivenciou a humanidade de modo pleno, de sua gestação até a morte, sem
privilégios ou favores. Jesus não esteve apenas entre nós; Ele também foi um
como nós e por isso podemos ser um com Ele, e Ele, um conosco. Seus pais,
descendentes da linhagem de Davi (Jr 23.5,6; Lc 2.4), são de Nazaré, por isso
Ele será Nazareno (Mt 2.23). Contudo, Ele era o legítimo herdeiro do trono de
Davi (Lc 13.2,33). Ele nasce em Belém, em virtude de uma convocação imperial
para um recenseamento (Lc 2.1-7), mas também para que se cumprisse aquilo que
foi profeticamente anunciado (Mq 5.2; Mt 2.5,6).
2. Jesus, o evento. A
concepção do Salvador é mais que um simples acontecimento na biografia de
Jesus; é na verdade o despertar do ápice da história humana (Gl 4.4; Ef 1.10).
Para a manjedoura em Belém conflui todo o esforço dos patriarcas, profetas e
santos do Antigo Testamento (Jo 1.45), e do mesmo lugar daquela estrebaria flui
todo o significado da obra dos apóstolos, discípulos e da Igreja do Senhor
Jesus até os nossos dias (Rm 11.36; Hb 2.10). Jesus é a razão de ser de toda a
história.
3. Nós e Jesus. O
nascimento de Jesus foi resultado de um ato amoroso do Redentor em nosso favor.
Para a concretização deste acontecimento, duas pessoas foram fundamentais:
Maria e José. Você já imaginou o tamanho do desafio que ambos assumiram para
que o plano de Deus fosse executado? Não há, na narrativa bíblica, o registro
de qualquer tipo de constrangimento ou imposição divina. O casal assumiu todo
ônus e bônus daquela situação. Maria poderia ter sido abandonada por José —
ainda que as intenções dele fossem das melhores ao fazer isso — como este bem
intentou (Mt 1.19). Comunitariamente eles poderiam ter tido muitos problemas,
uma vez que o casamento deles ainda não havia acontecido e ela estava grávida.
Mas mesmo assim, depois das revelações divinas esclarecerem a cada um deles a
vontade do Altíssimo (Lc 1.26-38), o casal segue em frente, realizando a parte
que lhes cabia no projeto divino.
A pessoa bendita de
Jesus de Nazaré será o objeto de nossa reflexão durante todo este novo
trimestre, por isso, realizar uma leitura das Sagradas Escrituras a partir da
ótica da obra da salvação pode conceder-nos uma maneira rica de novos
significados — de conhecer o plano de Deus ao longo da história.
2.
B. Conhecendo o contexto
da sociedade judaica nos tempos de Jesus.
1 — E, tendo nascido
Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do
Oriente a Jerusalém,
2 — e perguntaram: Onde
está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente
e viemos a adorá-lo.
3 — E o rei Herodes,
ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com ele.
4 — E, congregados
todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde
havia de nascer o Cristo.
5 — E eles lhe
disseram: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta:
6 — E tu, Belém, terra
de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti
sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.
7 — Então, Herodes,
chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em
que a estrela lhes aparecera.
8 — E, enviando-os a Belém,
disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-o,
para que também eu vá e o adore.
9 — E, tendo eles
ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia
adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
10 — E, vendo eles a
estrela, alegraram-se muito com grande júbilo.
11 — E, entrando na
casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e,
abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra.
12 — E, sendo por
divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de
Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.
19 — Morto, porém,
Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito,
20 — dizendo:
Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já
estão mortos os que procuravam a morte do menino.
21 — Então, ele se
levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel.
I. A terra de Israel
nos tempos de Jesus
1. O Filho de Deus na
história humana. A Bíblia revela que o Verbo de Deus se fez carne, e habitou
entre nós (Jo 1.14). Chamamos esse evento de encarnação, através do qual Deus,
em Cristo, tornou-se semelhante aos homens (Fp 2.7; Gl 4.4,5), ingressando no
curso da história da humanidade. Trata-se de algo extraordinário: aquele por
quem e para quem foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra (Cl
1.15,16), assume um lugar dentro da sua própria criação. O advento de Cristo entre
os homens não é um mito, mas uma realidade.
2. Palestina ou Israel?
O local escolhido para a morada terrena do Filho de Deus foi a terra de Israel
no início do primeiro século, região popularmente chamada de Palestina. O nome
Palestina foi originalmente empregado por Heródoto (século V a.C.) numa alusão
aos filisteus, que incluiu nessa designação a Fenícia situada ao norte.
Entretanto, tal termo ganhou mais evidência em 135 d.C., quando o Imperador
romano Adriano substituiu o nome da região da Judeia por Síria Filisteia, na
tentativa de acabar a forte ligação dos israelitas com a terra sagrada, após a
revolta judaica liderada por Simão Bar Kochba contra o Império Romano. Nessa
mesma época, o nome de Jerusalém foi alterado pelos romanos para Aelia Captolina.
Entretanto, a Bíblia não menciona a palavra Palestina, chamando a região de
Canaã (Sl 105.11), terra de Israel (Mt 2.19-21), terra da promessa (Hb 11.9) e
terra santa (Zc 2.12).
Na época de Jesus,
Galileia, Judeia e Samaria eram os nomes das suas principais regiões (Jo
4.3-7).
3. Nascimento e obra na
terra de Israel. Jesus nasceu em Belém (Mt 2.1), mas viveu grande parte da sua
vida na região da Galileia (Jo 4.3). Por ter sido criado em Nazaré (Lc 4.16),
terra natal de José e Maria, chamavam-no de Nazareno (Mc 14.67; Jo 18.7). Era
uma cidade pequena e de pouca importância, tanto que, ao receber o convite para
seguir o Mestre, Natanael exclamou: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo
1.46). Depois da sua rejeição nesta cidade (Lc 4.29), Jesus foi para Cafarnaum
(Lc 4.31; Mt 4.13; 8.5), às margens do Mar da Galileia, onde realizou vários
prodígios e maravilhas. As Escrituras ainda destacam outras cidades e vilarejos
que o Mestre percorreu para anunciar o Reino de Deus e cumprir o seu ministério
(Lc 7.11; 8.26), vindo a consumar a sua obra redentora em Jerusalém (Mt 20.18).
II. O domínio romano e
a política
1. Domínio romano. Para compreender o contexto
político daquela ocasião, é preciso lembrar que o Império Romano dominava a
terra de Israel desde 63 a.C., e assim seu poder e influência abrangem todo o
contexto do Novo Testamento. No nascimento de Jesus, César Augusto (27 a.C. —
14 d.C.) era o Imperador (Lc 2.1,2), Herodes “o Grande” havia sido nomeado o
“Rei da Judeia” (Mt 2.1,3). Quando Herodes morreu, seu reino foi dividido entre
seus filhos: Herodes Antipas, Herodes Filipe e Arquelau ( Mt 2.22; Lc 3.1).
Contudo, Arquelau não conseguiu manter a ordem nas regiões de Samaria, Judeia e
Idumeia, e um procurador romano foi nomeado. Pôncio Pilatos (Mt 27.2) foi o
quinto procurador e governou a região antes governada por Arquelau; porém, ele
não tinha jurisdição sobre a área da Galileia e Pereia pertencentes a Herodes
Antipas ( Lc 23.5,6). Após a morte de César Augusto, seu enteado Tibério
César (14 — 37 d.C) assumiu o Império Romano (Lc 3.1). Era dele a imagem
estampada na moeda sobre a qual Jesus afirmou: “Dai, pois, a César o que é de
César e a Deus, o que é de Deus” (Lc 20.25). A efígie do imperador na moeda
servia para tornar conhecido o rosto do seu governante.
2. Tensão política. A
tensão política e a instabilidade social pairavam no ar. O poder de Roma era
contrastado por agitações, inquietação popular e também pelos diversos
interesses dos grupos político-religiosos judeus. Apesar da ocupação, os
israelitas tinham permissão para manter seus costumes e tradições religiosas,
enquanto não conflitassem diretamente os interesses do Império. Desse modo, a
política era caracterizada pelo domínio romano, mas o poder interno era
exercido pelo Sinédrio (Mt 27.1), o tribunal para julgamento e aplicação das
leis judaicas. Cada cidade poderia ter um Sinédrio Local (Mt 10.17; Mc 13.9)
formado por 23 membros. O Grande Sinédrio, composto por 70 ou 71 membros, era a
mais elevada corte judaica. Reunia-se em Jerusalém e tinha o poder de resolver
todas as questões que estavam além da competência das cortes locais. O processo
e o julgamento de Jesus evidenciam a complexidade do sistema político e legal
existente naquele início de século, caracterizado pela confusão entre a
autoridade romana e a jurisdição religiosa judaica.
3. Os publicanos. Os
oficiais romanos vendiam o direito de cobrar tributos numa determinada área a
quem pagasse melhor. Com isso, alguns dentre os judeus também trabalhavam para
Roma como cobradores de impostos, chamados publicanos. Eles eram odiados pela
população, porque extorquiam o povo e porque eram considerados traidores.
Zaqueu, chefe dos publicanos, admitiu esse tipo de prática corrupta, mas ao
encontrar-se com Jesus afirmou que devolveria quatro vezes o que recebera
indevidamente (Lc 19.8). Ainda hoje, a corrupção tem provocado grandes males na
sociedade. Pessoas que deveriam utilizar as verbas públicas para promover
benefícios sociais, desviam-nas para seus próprios bolsos.
III. A economia e o
trabalho
1. Aspectos econômicos. As principais fontes
da economia israelita estavam na produção agrícola, na pesca e no trabalho
pastoril. Nos dias do Novo Testamento, o domínio romano e a construção de novas
estradas também fizeram aumentar o comércio. As viagens tornaram-se mais
seguras, e a Judeia, por exemplo, passou a exportar maiores quantidades do
fruto das oliveiras. Este é o contexto de que se valeu o Senhor Jesus para
proferir seus ensinamentos e parábolas, usando uma linguagem simples e com
figuras relacionadas à vida agrícola (Mt 24.32; Mc 4.1-20). Isso nos instrui a
aproveitar o contexto social em que estamos para anunciar o Evangelho, mas sem
desfigurar a essência da Palavra.
2. Funcionamento do
comércio. Existiam os mercados públicos onde as pessoas compravam e vendiam
seus produtos, como cereais, frutas e até mesmo animais. Eram locais bem
movimentados, para onde os desempregados iam na esperança de conseguir trabalho
(Mt 20.3-10). As negociações comerciais eram feitas por meio de troca de
mercadorias (Lc 16.5,6) ou em dinheiro. O denário (Mc 12.15; Lc 7.41). por
exemplo, era uma moeda romana e representava, em geral, o salário por um dia de
trabalho. A dracma (Lc 15.8-10) era uma moeda de origem grega, e equivalia a um
denário.
3. Trabalho e
profissões. Os trabalhos e ofícios giravam em torno das atividades produtivas
de cada região. Assim, em algumas localidades prevaleciam os trabalhos
agrícolas (Mt 13.4), do arado da terra ao armazenamento dos produtos. Em
outras, predominavam o pastoreio e a pesca, como o exemplo dos primeiros
discípulos que trabalhavam junto ao Mar da Galileia (Mt 4.18,19). Ainda tinham
os tecelões, comerciantes e artífices de obras de barro, metal e madeira. O
próprio Jesus era carpinteiro (Mc 6.3), cujo trabalho envolvia a construção e a
fabricação de objetos menores, inclusive mobílias.
Conhecer a terra de
Israel da época de Jesus é importante para fazermos uma reflexão bíblica atual
na medida em que nos possibilita ver e compreender — ainda que passados mais de
dois mil anos — o contexto da sociedade judaica do início do primeiro século.
Se falharmos em compreender as influências culturais daquele tempo, deixaremos
de assimilar muitos dos ensinamentos de Jesus, presentes nos Evangelhos.
3.
C. Jesus e os grupos político-religiosos
de sua época
Mateus 23.1-8.
1 — Então, falou Jesus
à multidão e aos seus discípulos,
2 — dizendo: Na cadeira
de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus.
3 — Observai, pois, e
praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas
obras, porque dizem e não praticam.
4 — Pois atam fardos
pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles,
porém, nem com o dedo querem movê-los.
5 — E fazem todas as
obras a fim de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e
alargam as franjas das suas vestes,
6 — e amam os primeiros
lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 — e as saudações nas
praças, e o serem chamados pelos homens: — Rabi, Rabi.
8 — Vós, porém, não
queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e
todos vós sois irmãos.
No contexto do Novo
Testamento, a nação judaica não era homogênea. Ao contrário disso, ela estava
dividida em vários grupos e partidos com doutrinas, ideologias e tradições
distintas, movidos ora por motivações políticas, ora religiosas. Nesse sentido,
saduceus, fariseus, essênios, zelotes e herodianos formavam os principais
partidos políticos e seitas religiosas daquela época. Veremos as características
desses grupos, e como Jesus, com sua sabedoria e coragem, conviveu e reagiu a
eles, nos deixando o exemplo de como viver dentro de um ambiente de pluralismo
religioso como o presenciado nos dias atuais, com respeito e defesa da verdade.
I. Os saduceus e fariseus.
1. Saduceus. Apesar da pequena quantidade, os
saduceus representavam a aristocracia dominante do judaísmo nos tempos do Novo
Testamento. O nome desse grupo originou-se provavelmente de Zadoque, o pai da
linhagem de sumo sacerdotes durante o reinado de Salomão (1Rs 1.32,34,38,45).
Eles formavam o escalão superior dos sacerdotes e parte do Sinédrio, exercendo,
por isso, grande influência política. Ao contrário dos fariseus, que
reconheciam a importância da tradição oral, os saduceus aceitavam somente a Lei
escrita (Torá). Por influência do helenismo e da cultura pagã, era uma religião
materialista e secularizada, que negava a existência do mundo espiritual (At
23.8) e não cria na ressurreição dos mortos (Mc 12.18) nem na vida futura. A
vida para eles, portanto, se resumia ao aqui e agora, sobre a qual Deus não
tinha nenhuma interferência. Quanto a esse grupo, Jesus disse aos seus
discípulos para tomarem cuidado com o seu “fermento” (Mt 16.6), símbolo do mal
e da corrupção.
2. Fariseus. Em maior
número que os saduceus, os fariseus (hb. parash: “separar”) representavam o
núcleo mais rígido do judaísmo, formado basicamente por pessoas da classe média
e com grande influência entre o povo (Jo 12.42,43). Eram meticulosos quanto ao
cumprimento da Lei mosaica e, por isso, a maioria dos escribas (Mt 15.1; 23.2)
pertencia a esse grupo. Enfatizavam mais a tradição oral do que a literalidade
da lei. Além de dar grande valor às tradições religiosas, como a lavagem das
mãos antes das refeições (Mc 7.3) e ao recolhimento do dízimo (Mt 23.23), os
fariseus jejuavam regularmente (Mt 9.14) e enfatizavam a observância do sábado
(Mt 12.1-8). Entretanto, eram avarentos (Lc 16.14) e, em suas orações, gostavam
de se vangloriar de seus atributos morais (Lc 18.11,12).
Em razão do seu
legalismo, Jesus os repreendeu de forma corajosa (Mt 23), chamando-os de
amantes dos primeiros lugares, hipócritas e condutores cegos, pois a
religiosidade deles estava baseada no exterior, nos rituais e na justiça
própria, em desprezo à parte mais importante da Lei: o juízo, a misericórdia e
a fé (v.23). Um dos exemplos era a invocação da tradição de Corbã (Mc 7.11)
como subterfúgio para não cuidar de seus pais na velhice, dizendo que seus bens
haviam sido consagrados como oferta a Deus e ao Templo e, por isso, não
poderiam ser utilizados. Jesus disse que eles haviam invalidado a lei pela
tradição (Mc 7.13). Eis o motivo pelo qual Jesus declarou aos seus discípulos:
“ se a vossa justiça não exceder a dos
escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20).
A conduta dos fariseus
nos faz lembrar que a verdadeira santidade não se alcança através do legalismo
e do esforço pessoal, mas pela fé em Cristo (Gl 2.16) e através da sua
maravilhosa graça (Hb 4.16).
II. Os essênios,
zelotes e herodianos
1. Essênios. Embora a Bíblia não mencione
diretamente esse grupo religioso, os essênios formavam uma pequena seita
judaica na época do Novo Testamento, que vivia de forma reclusa no deserto da
Judeia, às margens do Mar Morto. No ato da admissão à seita, todas as pessoas
entregavam suas propriedades a um fundo que era igualmente disponível a todos.
Banhavam-se antes das refeições e vestiam-se de branco. Além disso,
consideravam a si mesmos “os filhos da luz”, e viviam completamente separados
do judaísmo de Jerusalém, o qual consideravam apóstata.
As práticas místicas
dos essênios destoam dos ensinamentos de Jesus, que não impôs nenhum ritual de
purificação, a não ser a purificação pela Palavra (Jo 13.10; 15.3). Além disso,
os cristãos foram chamados para ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14), o
que implica viver e influenciar a sociedade e a cultura, e não viver em
reclusão.
2. Zelotes. Os zelotes
formavam um grupo extremista que usava a rebelião e a violência contra a
dominação dos romanos, pois acreditavam que tal submissão era uma traição a
Deus.
O Senhor Jesus
favoreceu os Zelotes, e escolheu Simão, o Zelote (Lc 6.15) para expressar sua
aprovação em relação às suas táticas. Nada poderia ser tão oposto à verdade,
uma vez que todo ministério de Jesus era baseado em meios pacíficos, e Simão
provavelmente experimentou uma mudança de coração em relação a toda atividade
dos Zelotes”.
3. Herodianos. Os
evangelhos também mencionam os chamados herodianos (Mc 3.6; 12.13; Mt 22.16).
Tinham características de agremiação partidária, apoiando a dinastia dos
Herodes, que deviam seu poder às forças romanas de ocupação. Os herodianos se
opunham a Jesus por receio que Ele pudesse promover perturbações públicas por
meio de seus ensinamentos morais. Eram movidos mais por interesses políticos do
que religiosos, tanto que não tinham uma ortodoxia clara. Ainda hoje, alguns
grupos religiosos são mais movidos por interesses políticos do que pelas
convicções bíblicas.
III. A questão do
pluralismo religioso.
1. Jesus e as religiões do seu tempo. Como
podemos observar, Jesus viveu dentro de um contexto de pluralidade religiosa,
com a existência de diversas teologias e concepções sobre Deus e
espiritualidade. Embora respeitasse a crença de cada grupo e tivesse dialogado
com muitos deles (Lc. 7.36), Ele não deixou de apontar os seus erros e de lhes
falar a verdade. Jesus não se apresentou como mais uma opção religiosa entre
tantas, mas como o próprio Filho de Deus (Jo 6.57), afirmando a sua
exclusividade ao dizer: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem
ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
2. A exclusividade de
Cristo hoje. Nos dias atuais, como discípulos de Jesus, devemos respeitar as
demais confissões religiosas, sem perder o senso crítico e a coragem de dizer o
que convém à sã doutrina (Tt 2.1). Precisamos estar preparados (1Pe 3.15) para
confrontar toda religião que fuja dos princípios bíblicos, seja por legalismo,
misticismo ou mundanismo, enfatizando a superioridade de Cristo, o autor e
consumador da nossa fé (Hb 12.2), e o fundamento da verdadeira espiritualidade.
Vivemos hoje em um
contexto de grande diversidade religiosa, no qual muitos escolhem suas
religiões de forma descompromissada e baseados em simples preferência pessoal
ou agenda política. Ainda assim, os princípios básicos dos ensinos do Mestre
permanecem válidos, servindo-nos de orientação para a defesa da verdade e da
ortodoxia bíblica, contra as religiões enganosas, heresias e falsas doutrinas.
4.
D. Jesus, o Templo e a
Sinagoga
João 2.13-17; Lucas
19.45-48; Marcos 1.38-39.
João 2
13 — E estava próxima a
Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
14 — E achou no templo
os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.
15 — E, tendo feito um
azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, bem como os bois e ovelhas;
e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas,
16 — e disse aos que
vendiam pombos: Tirai daqui estes e não façais da casa de meu Pai casa de
vendas.
17 — E os seus
discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.
Lucas 19
45 — E, entrando no
templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam,
46 — Dizendo-lhes: Está
escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores.
47 — E todos os dias
ensinava no templo; mas os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os
principais do povo procuravam matá-lo
48 — e não achavam meio
de o fazer, porque todo o povo pendia para ele, escutando-o.
Marcos 1
38 — E ele lhes disse: Vamos
às aldeias vizinhas, para que eu ali também pregue, porque para isso vim.
39 — E pregava nas
sinagogas deles, por toda a Galileia, e expulsava os demônios.
Veremos a respeito do
Templo e as sinagogas nos tempos de Jesus. Vamos entender quais foram as suas
características e porque os Evangelhos destacam a presença constante do Mestre
em tais ambientes, do seu nascimento ao fim do seu ministério. O estudo das
Escrituras sobre esse tema será importante para rechaçar aqueles que
menosprezam o templo religioso, assim como a concepção igualmente equivocada e
extrema que os considera como edifícios sagrados.
I. Jesus visita o templo (Lc 2.21-29,41-51)
1. Apresentação no Templo. Logo após o
nascimento do menino Jesus, José e Maria, seguindo a tradição judaica,
levaram-no para ser apresentado no Templo. O evangelho de Lucas registra que,
“cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, o levaram a
Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor” (Lc 2.22). Isso porque, de acordo com
a lei, todo primogênito do sexo masculino deveria ser consagrado a Deus (v.23;
Êx 13.2), depois do período de purificação da mulher (Lv 12.1-8).
2. Aprendendo no
Templo. Uma vez ao ano, os pais de Jesus iam a Jerusalém para participarem da
Festa da Páscoa. Em uma dessas ocasiões, quando a família retornava para sua
cidade, depois do término da celebração, José e Maria perceberam que o menino
não estava entre eles (Lc 2.41-44). Como não o encontravam entre os parentes e
conhecidos (v.45), regressaram até Jerusalém à sua procura: “E aconteceu que,
passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores,
ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam admiravam a sua
inteligência e respostas” (vv.46,47).
Este episódio nos
mostra o valor que Jesus, ainda moço, dava à Casa de Deus e ao estudo da
Palavra; como resultado, Ele crescia não somente em estatura, mas também em
sabedoria, e em graça para com Deus e os homens (Lc 2.52). A narrativa bíblica
nos leva a compreender que Jesus alegrava-se em sentir a presença de Deus no
Templo, aprendendo a sua Palavra. O salmista expressou júbilo semelhante ao
dizer: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1).
Quando não sentimos deleite em estar na Casa de Deus, precisamos rever a nossa
vida espiritual.
II. O templo e as
sinagogas nos tempos de jesus
1. Templo de Jerusalém. Para Israel, o templo
sagrado localizado em Jerusalém possuía significado especial, pois simbolizava
a presença constante de Deus entre seu povo, sendo o principal local de culto e
oferta de sacrifícios. Construído durante o reinado de Salomão (1Rs 6), como
uma réplica da planta do tabernáculo, o santuário passou por duas reedificações
após ter sido destruído em 586 a.C. por Nabucodonosor, rei da Babilônia (2Rs
25.13-17). A primeira aconteceu depois do retorno dos judeus do cativeiro
babilônico, sob a liderança de Zorobabel (Ed 3.8) e exortação dos profetas Ageu
e Zacarias (Ed 5-6). Em 19 a.C., Herodes, o Grande, na tentativa de apaziguar
os ânimos dos judeus e ganhar popularidade, iniciou a reconstrução do segundo
templo. O Templo de Herodes, como era chamado, impressionava por sua beleza e
imponência arquitetônica. Era uma das maravilhas do mundo antigo e, por isso,
recebia judeus e, até mesmo, gentios de várias partes.
2. Jesus no Templo. O
Mestre costumava frequentar a parte externa deste Templo para proferir seus
ensinamentos (Lc 21.38; Jo 7.14) e curar os enfermos. Apesar da sua importância
como local de reunião e de culto, Jesus deixou transparecer que o edifício não tinha
valor sagrado em si mesmo, pois, além de ser transitório (Mt 24.1,2) não era
maior do que o Filho de Deus (Mt 12.6). Aplicando essas verdades para os dias
atuais, entendemos que o bem mais valioso no templo não é a beleza da sua
estrutura física ou o conforto que proporciona aos crentes. O que mais importa
é a manifestação da glória de Deus no meio do seu povo (Ez 43.5). Sem a divina
presença, santuários religiosos são como sepulcros caiados. São belos por fora,
mas sem vida por dentro!
3. Conhecendo as
sinagogas. Os Evangelhos também mostram que o Nazareno costumava pregar e
ensinar nas sinagogas acerca do Reino de Deus (Lc 4.44; 13.10; Mt 12.9; Mc
1.39). No original, sinagoga (gr. synagōgē) tem o sentido de assembleia,
congregação de pessoas. O Dicionário Bíblico Wycliffe registra que, no
judaísmo, enquanto o Templo era o lugar do culto, a sinagoga tinha uma função
educativa: era o local para o estudo da lei. Mas, com o passar do tempo, as
sinagogas passaram a servir também como espaço para a adoração, principalmente
para os judeus que moravam a grandes distâncias de Jerusalém. Portanto,
diferentemente do Templo que era único, haviam muitas sinagogas espalhadas por
toda a Terra de Israel nos tempos do Novo Testamento. Tanto é assim que a
Igreja Primitiva, seguindo o exemplo do Mestre, floresceu anunciando o
Evangelho em tais localidades (At 9.20; 13.5; 18.4). A preocupação dos judeus
para a construção de sinagogas para o estudo das Escrituras serve como exemplo
para os discípulos de Jesus.
III. O zelo de Jesus
pelo templo
1. A dupla purificação do Templo. Em duas
ocasiões de seu ministério, Jesus purificou o Templo expulsando aqueles que
haviam transformado o santuário em verdadeiro centro de comércio religioso.
Embora as transações comerciais fossem comuns, envolvendo, principalmente, a
compra, a venda e a troca de animais para serem oferecidos como sacrifício, tal
prática havia se tornado tão trivial em Jerusalém que o propósito da casa de
oração havia sido subvertido. Os vendilhões converteram-na em casa de vendas
(Jo 2.16) e covil de ladrões (Mt 21.13).
2. Zelo e reverência na
Casa de Deus. De forma implacável e impetuosa, o amoroso Jesus revela a face da
justiça divina, colocando para fora os vendedores, compradores e, até mesmo, os
animais; derribou mesas e espalhou o dinheiro, em virtude do zelo pela Casa de
Deus (Jo 2.17; Sl 119.139). O verdadeiro servo de Deus não tolera práticas
mundanas e carnais praticadas em qualquer que seja o lugar e, muito menos, no
santuário, lugar de reverência (Ec 5.1) e adoração ao Senhor. Como verdadeiro
profeta, é necessário ter coragem para mostrar o erro e apartar-se dos homens
corruptos, fraudulentos, que lucram com uma falsa piedade (1Tm 6.5).
3. Negócios com
palavras fingidas. O exemplo de Jesus continua vívido e relevante para os
nossos dias. Nesses tempos trabalhosos, falsos mestres e falsos doutores, por
avareza, têm transformado a igreja em objeto de negócio (2Pe 2.3), para
satisfação pessoal e lucro financeiro. São verdadeiros aproveitadores da fé.
Contudo, o juízo divino para estes está preparado. Como disse o apóstolo Pedro,
“sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição
não dormita”.
Com o advento e obra de
Cristo, a ênfase do culto foi transferida do santuário físico para o próprio
Senhor Jesus, no qual habita toda a plenitude de Deus (Cl 2.9), que
materializou, em si, o propósito do templo. E por isso, Ele mesmo disse que
chegou o momento em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e
em verdade (Jo 4.23,24). Além disso, cada crente, convertido e transformado, é
templo e morada do Espírito do Altíssimo (1Co 3.16). Não obstante, ainda
permanece a finalidade e a importância do templo da igreja, como local onde o
povo de Deus se reúne para cultuar, orar e aprender a Palavra.
5.
E. Jesus, o Mestre da
Justiça
Mateus 3.13-15; Mateus
5.6,10,20; Mateus 6.1-4.
Mateus 3
13 — Então, veio Jesus
da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele.
14 — Mas João
opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
15 — Jesus, porém,
respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a
justiça. Então, ele o permitiu.
Mateus 5
6 — bem-aventurados os
que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
10 — bem-aventurados os
que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
20 — Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum
entrareis no Reino dos céus.
Mateus 6
1 — Guardai-vos de
fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não
tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 — Quando, pois, deres
esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas
sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo
que já receberam o seu galardão.
3 — Mas, quando tu
deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
4 — Para que a tua
esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente.
Como Mestre, Jesus
cumpriu toda a Justiça de Deus (Mt 3.15). Além disso, Ele ensinou os seus
discípulos aplicando-a de forma graciosa, misericordiosa e generosa. A justiça
bíblica é uma virtude, de acordo com o padrão divino, e não uma mera teoria.
I. Jesus, o Mestre que
cumpriu toda justiça (Mt 3.15)
1. Antecedentes do
Antigo Testamento. No Antigo Testamento, justiça — ao lado da Lei — é um dos
temas centrais no relacionamento entre Jeová e seu povo, e significa de forma
geral a virtude pela qual se age com retidão, justeza e integridade, de acordo
com o padrão divino (Êx 9.27). Aqueles que assim procedem são chamados de
justos (Gn 6.9; 18.26, Jó 22.19, Sl 1.6; 14.5). Conforme assinala a Bíblia de
Estudo Palavra-Chave, sedaqah, um dos termos hebraicos usados para justiça,
descreve a postura e as ações que Deus possui e que espera que seu povo também
preserve. Ele é inequivocamente justo; a justiça é inteiramente sua
prerrogativa. Seu povo deve semear justiça e, como recompensa, receberá justiça
(Os 10.12). Ele trata com seu povo segundo a irrepreensibilidade que eles
demonstram (2Sm 22.21; Ez 3.20). O termo refere-se ainda à punição do erro e à
condição daqueles que foram justificados, isto é, considerados inocentes (Jó
11.2; Is 50.8).
2. Israel e a justiça
social. Ajustiça para Israel também possuía um aspecto social, envolvendo o
cuidado com os pobres e vulneráveis (Mq 6.8). Nestas passagens bíblicas,
justiça (hb. mishpat) denota a necessidade de tratamento igualitário aos menos
afortunados, aos órfãos, às viúvas e aos estrangeiros (Jr 22.3). Enquanto povo
escolhido, Israel deveria implantar uma cultura de justiça e paz, agindo com
generosidade em relação ao próximo. A Lei mosaica, inclusive, estabelecia uma
série de disposições contra a opressão aos pobres (Êx 22.25). Por essa razão,
no livro de Provérbios encontramos: “O que oprime ao pobre insulta aquele que o
criou, mas o que se compadece do necessitado honra-o” (Pv 14.31).
3. Jesus e o
cumprimento de toda a justiça. Em o Novo Testamento, a justiça divina tem o seu
pleno cumprimento em Jesus Cristo (Mt 3.15). Uma vez que Deus é santo e justo,
e considerando que a justiça envolve a retribuição implacável pelo delito, o
pecado cometido por Adão no Éden deveria receber a adequada punição. Jesus,
portanto, se oferece para o cumprimento da pena e satisfação da justiça divina,
consumada na cruz do Calvário (Jo 19.30), de forma substitutiva para remissão
dos pecados do homem (Rm 3.25). O Juiz Celestial que decretou a sentença de
condenação é o mesmo que enviou o seu Filho Unigênito para cumpri-la. Que
maravilhosa graça!
II. Jesus ensina a
prática da justiça (Mt 6.33)
1. A primazia do Reino. Jesus é o Mestre da
justiça porque além de tê-la vivenciado em toda a sua plenitude, ensinou aos
discípulos sobre a sua prática. De modo magistral, Ele enfatizou: “Mas buscai
primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas” (Mt 6.33). Logo, o Reino e a sua justiça devem ser o foco
principal de todo cristão, posto que proporciona, por consequência, as coisas
básicas da vida, isto é: comer, beber e vestir (Mt 6.25). De modo contrário,
muitos invertem as prioridades da vida cristã, destacando os bens materiais e
as bênçãos terrenas em detrimento da justiça divina. No meio eclesiástico,
ouve-se o ressoar de jargões que decretam “bênçãos” e “vitórias”, mas raramente
escuta-se o clamor por justiça. Isso acontece porque a busca pela justiça
requer renúncia. Mas poucos estão dispostos a sofrer perseguição por causa dela
(Mt 5.10).
2. Famintos e sedentos
por justiça. No Sermão do Monte, o Mestre incluiu a justiça como uma das
características das bem-aventuranças: “Bem-aventurados os que têm fome e sede
de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6). Jesus faz alusão a duas
sensações naturais que exprimem a ideia de forte aspiração do ser humano. Em
outras palavras, o Nazareno está propondo que aqueles que possuem o desejo
ardente por justiça são mais que felizes. O verdadeiro cristão, portanto,
abalizado no amor ágape, não tolera e muito menos se alegra com a injustiça
(1Co 13.6), com a desigualdade e com a opressão. O discípulo de Jesus não tenta
lucrar à custa dos outros e, também, não busca resolver seus problemas pessoais
por meio do “jeitinho brasileiro”. Ele é justo em todo o seu proceder.
3. Justiça que
retribui, restaura e cuida. Ajustiça que procede de Deus (Sl 119.149) é plena e
deve irradiar para todas as áreas da vida humana, abrangendo tanto o aspecto
moral quanto social. Jesus, ao adotar o padrão de retidão divina, confrontou o
erro e apontou a retribuição para o pecado (Mt 8.12), mas também deu exemplos
da justiça restaurativa que, por intermédio de seu perdão, restabelece o homem
à condição de Filho de Deus (Jo 8.11). Além disso, a justiça do Mestre dos
mestres é uma justiça que se importa e cuida do pobre e carente (Mt 19.21).
III. A justiça que
agrada a Deus (Mt 5.6; Is 58.6)
1. É misericordiosa. A primeira característica
da justiça que agrada a Deus é a misericórdia. Mesmo quando se confronta o
erro, é necessário separar o pecado do pecador, condenando a prática e se
compadecendo do ser humano, pois a autêntica justiça vem acompanhada da piedade
(1Tm 6.11; Zc 7.9). Aquele que recebeu o divino amor não se alegra com o erro
alheio; antes, chora pela sua queda.
2. É graciosa. A graça
é exatamente o oposto da justiça. Enquanto a justiça dá a cada um aquilo que
lhe é devido, a graça concede um favor imerecido. Nesse sentido, a justiça que
agrada a Deus é aquela que é abrandada pela magnífica graça. Esta graça não
anula a justiça, dá-lhe mais vida. O exemplo do filho pródigo (Lc 15.11-32) nos
mostra que somente a graça é capaz de reverter uma situação desfavorável.
Legalmente, ele já havia recebido toda a sua herança e, por isso, seu pai
poderia muito bem tê-lo despedido sem conceder-lhe mais nada. Entretanto, a
graça prevaleceu e ele foi recebido com festa e presentes. Assim como o irmão
mais velho não compreendeu a ação do seu pai, o mundo também não compreende a
graça que contrasta a justiça. Somente ela nos dá força e condições de não
retribuirmos o mal com o mal e de também não praticarmos a vingança (Rm
12.17-21).
3. É generosa. Por fim,
a justiça que agrada a Deus é generosa. Para o servo de Deus, esta generosidade
se materializa na ajuda ao pobre e ao necessitado. Jesus criticou os fariseus
de sua época em virtude da justiça aparente e legalista praticada por eles,
razão pela qual o Mestre afirmou aos discípulos que eles deveriam exceder em
muito a justiça dos escribas e fariseus. O profeta Isaías falou sobre desfazer
as ataduras do jugo do oprimido, repartir o pão ao faminto, recolher em casa os
pobres abandonados (Is 58.6,7). Em Novo Testamento, Tiago sintetizou a
importância da generosidade ao afirmar que a fé, sem as obras, é morta (Tg 2.15-17).
A justiça generosa não é uma condição para ingressar no Reino, mas a marca
daqueles que lá estão.
Justiça, portanto, não é uma questão ligada
somente ao mundo jurídico e ao Estado. Significa, em síntese, agir de forma
correta; fazer a coisa certa. E, como tal, é uma virtude que provém do
Altíssimo, a nossa bússola moral para agir com retidão. Em um mundo repleto de
injustiças e desigualdades, os discípulos de Jesus têm o desafio de viverem
justa e piedosamente, produzindo frutos de justiça (Fp 1.11).
6.
F. Jesus e a cobiça dos
homens
Mateus 6
19 — Não ajunteis
tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões
minam e roubam.
20 — Mas ajuntai
tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões
não minam, nem roubam.
21 — Porque onde
estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
22 — A candeia do corpo
são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá
luz.
23 — Se, porém, os teus
olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há
são trevas, quão grandes serão tais trevas!
24 — Ninguém pode
servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará
a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
Lucas 22
24 — E houve também
entre eles contenda sobre qual deles parecia ser o maior.
25 — E ele lhes disse:
Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são
chamados benfeitores.
26 — Mas não sereis vós
assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem
serve.
27 — Pois qual é maior:
quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Eu, porém,
entre vós, sou como aquele que serve.
Estes assuntos exigem o
máximo de cuidado do crente: cobiça, avareza e orgulho. Não bastasse a natureza
decaída do homem que, por si só, nos atrai a cair nessa tentação, o mundo e o
Diabo também tentam, por todos os meios e artimanhas, levar o cristão a cair no
desejo por bens materiais, consumismo, fama, poder e prestígio, fazendo-o
perder o foco do Reino de Deus. Por isso, precisamos receber com muita atenção
e zelo as advertências de Jesus contra esses vícios morais, os quais somente
são vencidos quando morremos para o mundo e permitimos Cristo viver em nós (Gl
2.20).
I. A Ganância.
1. O perigo da avareza. Jesus disse aos seus
discípulos para tomar cuidado com a avareza, porque a vida de qualquer pessoa
não consiste na abundância do que possui (Lc 12.15). Avareza (gr. pleonexia)
significa “sede de possuir mais”; “apego e desejo exagerado pelos bens
materiais”. O Mestre não está censurando o trabalho para a manutenção das
necessidades básicas da pessoa e de sua família, e nem mesmo o anseio natural
por melhores condições de vida. Sua advertência se dirige à ganância, isto é, a
atitude cobiçosa de nunca estar satisfeito com aquilo que se possui. Tais
pessoas, impulsionadas pelo desejo insaciável da carne, sempre procuram
adquirir algo novo, “edificar novos celeiros” e formar um “depósito com muitos
bens” (Lc 12.19). A palavra de Deus condena a ambição e a cobiça pois elas são
fatais (Ec 6.7).
2. O deus dinheiro. Em
sua sabedoria, Jesus alertou contra a ganância e a avareza pois Ele sabia que o
amor ao dinheiro é a origem de todos os males (1Tm 6.10). Eis o motivo pelo
qual afirmou: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e
amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus
e a Mamom” (Mt 6.24). Desse modo, não é possível servir a Deus plenamente ao
mesmo tempo em que se ama ao dinheiro, afinal onde está o tesouro de uma
pessoa, aí também estará o seu coração (Mt 6.21). Deus não divide espaço com
ninguém e muito menos com o dinheiro. Logo, devemos fazer uma profunda
avaliação dos nossos corações para ver quem (ou o quê) ocupa, de fato, a
primazia de nossas vidas: Deus ou os bens materiais?
3. Tempo de consumismo.
A forma mais sutil de ganância do nosso tempo é o consumismo inconsciente. O
desejo desenfreado de adquirir bens supérfluos condiciona a felicidade das
pessoas à compra de coisas novas. O consumista nunca se sente satisfeito e, por
isso, é levado a exagerar no uso do cartão de crédito e do cheque especial;
tudo para atender aos apelos da mídia e a ilusão do consumo. O consumismo,
portanto, não é fruto da necessidade, mas do descontentamento. É uma forma de
ingratidão. Contudo, o apóstolo Paulo deixou a receita para destruirmos esse
vício pessoal ao dizer: “ aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4.11).
Essa afirmação não é um atestado de passividade e comodismo. É uma declaração
de gratidão a Deus! Se você não está contente com o que já tem, certamente não
estará quando adquirir o que pretende ter. Por isso, como cristãos, devemos
agradecer a Deus por tudo o que possuímos, pois é dádiva divina!
II. A cobiça por poder.
1. Cobiça pelo poder. Além do dinheiro e dos
bens materiais, o coração pecaminoso e egoísta do ser humano cobiça o poder e a
auto exaltação. Basta olharmos para a história do mundo e percebemos essa
realidade sombria, marcada pelas batalhas por poder e dominação. Uma das
artimanhas de Satanás, inclusive, é seduzir o homem na busca insaciável pelo
poder. O próprio Senhor Jesus foi tentado pelo Diabo, que lhe ofereceu os
reinos e a glória deste mundo em troca de adoração. Contudo, o Mestre
respondeu: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás
e só a ele servirás” (Mt 4.10). Não obstante, não são poucos os que fazem de
tudo para conquistar os reinos e as glórias na esfera terrena, seja no ambiente
político, empresarial e até mesmo religioso. Fiquemos atentos para não sermos
seduzidos por essa ambição egoísta, carnal e diabólica!
2. Os primeiros
assentos. Um dos principais indicativos da cobiça pelo poder é o desejo ardente
por destaque. Algumas pessoas possuem o ego tão inflado que não suportam viver
numa posição na qual não possam ser notadas. Essas pessoas são obcecadas pelo
marketing pessoal. É sobre isso que Jesus adverte na parábola dos primeiros
assentos e dos convidados (Lc 14.7-11). Ele censura aqueles que buscavam a
proeminência e a auto exaltação, dizendo; “ qualquer que a si mesmo se exaltar
será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (v.11). Esse
ensinamento do Mestre Jesus deve ecoar na sociedade atual, dominada pelo
narcisismo, egoísmo e pela cultura de autoajuda.
3. O perigo do orgulho.
C. S. Lewis, um dos grandes cristãos do século passado, dizia que o orgulho, no
sentido de soberba, é o maior dos pecados. É o mais completo estado de alma
ante Deus. O orgulho, afirmou o escritor, “não sente prazer em possuir algo,
mas apenas em possuir mais do que o próximo”. O orgulho foi a causa da queda de
Satanás (Is 14.12-20; 1Tm 3.6). A Palavra de Deus adverte que ele engana o
coração (Jr 49.16) e endurece a mente (Dn 5.20). Por isso, o Senhor abomina o
altivo de coração (Pv 16.5) e abate o soberbo (Jó 40.11).
III. O maior no Reino
de Deus.
1. A disputa entre os discípulos. Em certa
ocasião, os discípulos contenderam entre si para saber quem era o maior (Lc
22.24). O episódio comprova que até mesmo o cristão, se não estiver em
constante vigilância, pode sucumbir ao desejo por alta posição e prestígio. No
meio evangélico contemporâneo, observamos essa triste realidade, de disputa por
poder eclesiástico, fama e sucesso ministerial. Pregadores, pastores e cantores
que, por terem perdido o foco do Reino de Deus, se enveredaram numa busca
frenética por glória humana e notoriedade popular. Infelizmente, os ídolos do
coração (Ez 14.1-5) da nossa época têm levado muitos crentes a perderem o foco
de seu chamado, fazendo a obra segundo os padrões do mundo. O princípio de morrer para os sistemas
mundanos não se aplica somente aos pecados óbvios. Em uma cultura que mede tudo
em termos de tamanho, sucesso e influência, também temos de dizer ‘não’ a estes
valores mundanos.
2. A verdadeira
grandeza. Contrariando o modelo secular, no qual o maior é aquele que governa,
no padrão divino Jesus explica que o maior é aquele que serve (Lc 22.26). Aqui
está a lição do serviço. No Reino de Cristo, a grandeza não está no cargo, no
título ou na posição social, e, sim, na disposição em servir, sendo útil ao
Reino e ao próximo. Ao ensinar aos seus discípulos sobre a nobreza do servir,
Jesus enfatiza uma das principais virtudes morais: a humildade. Aqueles que
querem dominar, cedem ao orgulho. Mas aqueles que procuram servir, exercitam a
modéstia e a submissão. Por isso, o crente é convidado a servir com alegria,
oferecendo seus e dons e habilidades em prol da sociedade e da Igreja de
Cristo.
3. A humildade de
Cristo. O maior exemplo de humildade vem do próprio Mestre Jesus (Fp 2.7). Um
momento sublime que realça a singeleza do meigo Nazareno é a ocasião em que Ele
lava os pés dos seus discípulos (Jo 13.1-20). Com tal gesto, Ele compartilha
com seus discípulos a importância de servirem uns aos outros, com amor e
abnegação. Somente a verdadeira humildade demonstrada pelo Mestre é o padrão de
virtude capaz de desfazer a humildade formal e dissimulada que presenciamos em
nosso meio. A verdadeira humildade, além de nos levar a reconhecer os outros
superiores a nós mesmos (Fp 2.3), implica também em reconhecer nossa pequenez
diante de Deus e considerar que aquilo que somos, fazemos e possuímos é
resultado da graça do Senhor em nossa vida.
Avareza, consumismo,
cobiça e orgulho só têm espaço na vida de uma pessoa quando ela entroniza o ego
e o dinheiro como seus ídolos, Se Cristo verdadeiramente ocupar a primazia em
nossos corações, não haverá espaço para outros senhores e ídolos (Mt 6.33),
pois, 0 Senhor nos proporcionará completa satisfação. Paulo disse que aprendeu
a se contentar com aquilo que tinha (Fp. 4.11). Então, se temos Cristo, temos
tudo. E nada mais nos falta!
7.
G. Jesus e a implantação
do Reino de Deus
Mateus 5.1-11.
1 — Jesus, vendo a
multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus
discípulos;
2 — e, abrindo a boca,
os ensinava, dizendo:
3 — Bem-aventurados os
pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;
4 — bem-aventurados os
que choram, porque eles serão consolados;
5 — bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra;
6 — bem-aventurados os
que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 — bem-aventurados os
misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8 — bem-aventurados os
limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9 — bem-aventurados os
pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10 — bem-aventurados os
que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
11 — bem-aventurados
sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós, por minha causa.
Um estudo do uso dos
dois termos revela que Mateus usa o termo ‘reino dos céus’ 34 vezes, mas ‘reino
de Deus’ apenas quatro vezes, Mateus usa ‘reino dos céus’ quatro vezes onde
Marcos, Lucas e João usam ‘reino de Deus’ (Mt 4.17; Mc 1.15; Mt 10.7;Lc 9.2; Mt
5.3; Lc 6.20; Mt 13.11; Mc 4.11; Lc 8.10). Evidentemente, Mateus teve uma razão
para sua preferência. Ele era um judeu escrevendo para sua própria raça e
respeitava seu costume de usar o nome de Deus o menos possível e, portanto,
falou do reino dos céus. Por outro lado, falar do reino dos céus para os
gentios e pagãos seria sugerir conceitos que para eles implicavam em
politeísmo, enquanto que falar do reino de Deus teria enfatizado o monoteísmo.
Esta é, aparentemente, a razão pela qual os três outros escritores não falam do
reino dos céus. Aqueles que sentem que Mateus usa ‘reino dos céus’ por razões
teológicas, e que pretendem fazer uma distinção entre esta expressão e a
expressão, ‘reino de Deus’, devem observar que Mateus usa esta última cinco
vezes (Mt 6.33: 12.28; 19.24; 21.31,43).
No caso do jovem
governante rico, ele usa as duas expressões juntas (Mt 19.23,24), mostrando que
elas são intercambiáveis para os seus propósitos
I. O que é o Reino de Deus
1. Reino de Deus e Reino dos Céus. Sobressai
nos Evangelhos o ensino de Jesus acerca do Reino, mencionado em diversas
ocasiões pelos evangelistas como Reino de Deus e, em outras, como Reino dos
céus. Conquanto alguns estudiosos afirmem que tais expressões tenham
significados distintos, o exame cauteloso das Escrituras e da cultura judaica
dos tempos de Jesus revela, em verdade, que essas expressões possuem sentidos
equivalentes. É importante lembrar que o evangelho de Mateus foi escrito aos
crentes judaicos e, por isso, o seu autor dá preferência ao termo Reino dos
Céus, ao invés de Reino de Deus, por causa do costume que tinham em não
pronunciar literalmente o nome de Deus.
2. Significado do
Reino. Etimologicamente, a palavra Reino (gr. basileia) significa domínio ou
governo. Em sentido amplo, portanto, o Reino de Deus pode ser definido como o domínio
eterno (Sl 45.6) do Criador em todas as épocas (Sl 10.16) e sobre a totalidade
da criação, intervindo e predominando na história humana através de seus
atributos supremos. Jesus completou a oração modelo da seguinte forma: “ porque
teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (Mt 6.13). Todavia,
além desse aspecto abrangente, o Messias referiu-se ao Reino de Deus de maneira
bem mais específica, enfatizando tanto o seu aspecto presente quanto futuro.
3. As dimensões do
Reino. Vejamos, desse modo, as duas dimensões do Reino aludidas em o Novo
Testamento:
a) Reino presente:
Jesus realçou em seu ministério a chegada do Reino (Mt 4.17; 12.28), dando a
entender que Ele próprio estava realizando a sua implantação aqui na terra
entre os homens (Mc 1.15; Lc 18.16,17). Este é o Reino inaugurado. Não se
trata, contudo, de um reinado institucional ou político, e, sim, espiritual, pelo
qual Deus passa a atuar eficazmente no coração daqueles que se tornam súditos
desse Reino, submetendo-se consequentemente à vontade do Altíssimo (1Co 4.20).
b) Reino futuro:
Refere-se ao aspecto escatológico do Reino consumado. A Bíblia de Estudo Pentecostal
assim explica: “A manifestação futura da glória de Deus e do seu poder e reino
ocorrerá quando Jesus voltar para julgar o mundo (Mt 24.30: Lc 21.27; Ap
19.11-20; 20.1-6). O estabelecimento total do Reino virá quando Cristo
finalmente triunfar sobre todo o mal e oposição e entregar o Reino a Deus Pai”
(1Co 15.24-28; Ap 20.7-21.8).
II. As características
do Reino de Deus nas Escrituras.
1. Origem do Reino. Diferentemente da
expectativa dos judeus daquele tempo, que aguardavam um Messias que implantaria
o seu Reino na terra, por meio de uma renovação política, o Nazareno afirmou
não ser o seu Reino deste mundo (Jo 18.36). Com esta declaração, Jesus não
descaracterizou a realidade e a presença do Reino, de modo a afastar a sua
própria autoridade sobre a esfera terrena, pois as Escrituras dão provas de que
Ele é supremo (Mt 28.18; Fp 2.9-11; Cl 1.15-18; Ap 19.16). Jesus está se
referindo à origem celestial do seu governo, o qual não é fabricado pelo homem,
ou conquistado pelo uso da força física, ou pela política deste mundo. É um
Reino de verdade que emana de Deus e irrompe entre os homens promovendo
transformação!
2. Natureza do Reino.
Na sua dimensão presente, o Reino de Deus é fundamentalmente espiritual. Quando
recebemos esse Reino, Deus opera o seu domínio e manifesta, por antecipação,
parte das bênçãos espirituais da vida eterna e da glória do porvir no tempo em
que vivemos, gerando uma vida abundante (Jo 10.10). O apóstolo Paulo captou bem
a sua essência ao dizer: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). De forma graciosa,
somos beneficiados pela boa, perfeita e agradável vontade (Rm 12.2) e pelas
virtudes do Espírito (Rm 15.13). que afetam e influenciam todas as esferas da
vida humana, especialmente emocional, mental, física, social e econômica.
3. Marcas e valores do
Reino. O Reino deixa marcas perceptíveis na vida de seus súditos,
transparecendo evidências sublimes da presença divina em seus comportamentos.
Um resumo destes sinais é encontrado no Sermão da Montanha proferido por Jesus,
mais especificamente nas bem-aventuranças (Mt 5.1-10). Ali estão contidos os
valores de Jesus para a realidade presente do Reino de Deus. Para viver este
Reino na prática, precisamos rejeitar os valores e as atitudes do mundo e
adotar os valores ali retratados. Os filhos do Reino também são distinguidos
por sua obediência (Mt 7.21) e fidelidade a Deus (Lc 19.11-27), assim como
pelos seus frutos (Mt 7.20; Gl 5.22). Será que o mundo nos reconhece por nossos
frutos e pelas marcas do Reino celestial?
III. Jesus e a mensagem
do reino de Deus.
1. O Evangelho do Reino. O ponto central da
mensagem anunciada por Jesus em seu ministério terreno foi a proclamação do
Evangelho do Reino (Mt 4.23; 9.35; 24.14; Lc 4-43; 8.1). Igualmente, este foi o
cerne da pregação de João Batista (Mt 3.2), assim como dos discípulos e da
Igreja Primitiva (At 8.12; 19.8; 28.23). A palavra Evangelho tem o sentido de
boas novas, boas notícias, acerca do plano salvífico de Deus para a humanidade.
O Evangelho genuíno é o Evangelho do Reino.
Vivemos, infelizmente,
dias de desvirtuamento do Evangelho, esfriamento da fé e mercantilização do
cristianismo. Nesse tempo, muitas igrejas já não dão o devido valor à
proclamação genuína da mensagem do Reino, substituindo-a por programas de
entretenimento e pregações de autoajuda. Mas a verdadeira Noiva do Cordeiro
sabe que a sua missão primordial é anunciar as boas novas: “Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) é a sua principal
incumbência (1Co 9.16), chamando o ser humano ao arrependimento e conversão ao
senhorio de Cristo. Jovem, você tem proclamado o Evangelho do Reino?
2. Reino e
arrependimento. O Reino está intimamente ligado à obra redentora do Salvador.
Daí o motivo pelo qual o Texto Sagrado evidencia o arrependimento como condição
para dele desfrutar (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15; Lc 5.32). “Arrependei-vos” é o
chamado do Evangelho, envolvendo tanto arrependimento dos pecados, quanto
mudança de direção, de mentalidade e perspectiva de vida. Isso porque, para ser
participante do Reino, é necessário pensar a partir da vontade de Deus, ter a
mente de Cristo (1Co 2.16).
3. Novo nascimento para
o Reino. Jesus também garantiu a Nicodemos: “ aquele que não nascer de novo não
pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). Este novo nascimento não é físico ou
biológico, mas espiritual. É a nova vida em Cristo, que começa aqui e agora,
com a presença de Deus, mas que se prolonga para a vida eterna (Jo 3.15). A
nova vida depende da manifestação da vontade do ser humano. Deus não obriga
ninguém a acreditar nEle e a aceitar a obra de Cristo.
O Reino de Deus não é
uma utopia política ou uma condição social. É o poder de Deus operando na vida
dos seus súditos, de forma eficiente e transformadora, desde a vinda de Cristo
a essa terra. Este Reino transforma a mente, modifica o caráter e conduz os
passos de seus súditos sob a tutela do Espírito Santo. Quando isso ocorre,
família, amigos, trabalho, sociedade e tudo o mais é afetado pela luz do
cristão. É sobre isso que Jesus estava dizendo ao falar sobre os seus
discípulos: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5.13,14).
Capítulo 3- Jesus dos
12 aos 30 anos.
Lucas 2.39-43 e 3.23
39 Após cumprirem todas
as exigências da lei do Senhor, os pais de Jesus voltaram para casa em Nazaré,
na Galileia. 40 Ali o menino foi crescendo, saudável e forte. Era cheio de
sabedoria, e o favor de Deus estava sobre ele. 41 Todos os anos, os pais de
Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. 42 Quando Jesus completou doze
anos, foram à festa, como de costume. 43 Terminada a celebração, partiram de
volta para Nazaré, […] 3.23 Jesus estava com cerca de trinta anos quando
começou seu ministério. Jesus era conhecido como filho de José.
A. Os anos “ocultos” de
Jesus
Todo ano, geralmente no
período da Páscoa, surgem teorias baseadas em textos “recém-descobertos” ou
não-oficiais do cristianismo. A análise desses documentos, por parte de céticos
ou de curiosos, tem levantado perguntas que, segundo eles, são “revolucionárias
sobre a fé cristã”. Por exemplo:
Jesus se casou com
Maria Madalena? Ele teve filhos? A ressurreição realmente aconteceu? Onde Jesus
viveu e o que ele fez dos 12 aos 30 anos? Jesus é realmente um salvador ou foi
simplesmente um mestre sábio? Judas traiu Jesus movido por um desejo maligno ou
a pedido do próprio Jesus?
E por aí à fora… Hoje,
o meu propósito é estudar com vocês sobre os anos “ocultos” de Jesus para
vermos a glória de Deus estampada nesses anos tão especiais do Senhor.
A Bíblia, realmente,
faz uma única referência à adolescência ou juventude de Jesus. O Evangelho de
Lucas, que lemos no início, nos conta que, aos 12 anos, ele viajou com os pais
de Nazaré a Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica. Quando José e Maria
retornavam para casa, perceberam que Jesus tinha ficado para trás. Procuraram o
garoto durante três dias e, não o encontrando, decidiram voltar ao Templo, onde
o encontraram discutindo teologia com os sacerdotes em Jerusalém. Lucas conta
que “Todos que o ouviam se admiravam de seu entendimento e de suas respostas”
(Lucas 2.42-49). Isso é tudo.
Jesus só volta a
aparecer no relato bíblico já adulto, por volta dos 30 anos, ao ser batizado
por João Batista no rio Jordão. É quando o conhecemos realmente. Da infância,
as Escrituras falam sobre o nascimento em Belém, a fuga com os pais para o
Egito — para escapar de uma sentença de morte impetrada por Herodes, rei dos
judeus — e a volta para Nazaré. Da vida adulta, a seleção dos apóstolos e a
pregação na Galileia, além do julgamento e da morte em Jerusalém. Mas o que
aconteceu com Jesus entre os 12 e os 30 anos? Qual foi sua formação, o que
moldou seu pensamento nesses 18 “anos ocultos”? Afinal, o que ele fez antes de
iniciar seu ministério na Galileia?
Os que desejam
reconstruir o Jesus histórico deverão analisar o estilo de vida e o ensino de
Cristo, conforme os temos em abundância nos Evangelhos, levando também em conta
os estudos diversos sobre a vida cotidiana nos tempos bíblicos. Dessa forma
poderemos conhecer o homem de Nazaré e
entender o seu desenvolvimento.
A juventude “ocultada”
ou prioridade teológica?
Por que a juventude de
Jesus estaria “oculta” nos relatos bíblicos? Simples! Por uma questão de
prioridade teológica. Saiba que os autores dos Evangelhos não se propuseram a
escrever biografias completas de Jesus.
Em linhas gerais, há
dois propósitos principais na mente de cada evangelista, quando eles se
propuseram a escrever suas obras. Primeiro, contar que Deus “se tornou ser
humano, carne e osso, e habitou entre nós” (Jo 1.14) — por isso a ênfase no
nascimento virginal e na infância de Jesus. Segundo, descrever seu ministério,
falar da obra que ele, enviado por Deus Pai, veio realizar no poder de Deus
Espírito Santo; tudo isso culminando com a sua morte e ressurreição — por isso
a ênfase na vida adulta de Jesus.
Na verdade, os anos de
adolescência e juventude de Jesus não foram ocultados pelos autores dos
Evangelhos. Não é que eles não soubessem ou não quiseram relatar o que sabiam
com medo de comprometer a mensagem do cristianismo. Eles não narraram a
história de Jesus dos 12 aos 30 anos porque não era uma prioridade teológica.
B.
Os anos perdidos de
Jesus
O que aconteceu com
Jesus nesse período que vai dos 12 aos 30 anos?
A resposta a esta
pergunta dependerá da fonte que se irá consultar. Por exemplo: a partir de 1893
foi popularizada a ideia de que Cristo tivesse ido à Índia, e até mesmo à
América do Norte, em busca de, pasmem!, iluminação espiritual. Mais
recentemente, os propagadores da doutrina da Nova Era assumiram as mesmas ideias.
Em 2009, a editora
Sextante publicou um livro intitulado: Os anos perdidos de Jesus. O autor é
indiano e está descrito, pela própria editora, como pseudocientista, médico
endocrinologista e autor de livros sobre espiritualidade, medicina corpo-mente
e auto-ajuda. Permitam-me ler para vocês parte da sinopse desta obra para que
tenhamos a dimensão do que estamos estudando.
Deepak Chopra recorre
mais uma vez à ficção para desvendar os transformadores “anos perdidos” de
Jesus — período dos 12 aos 30 anos da sua vida — que ficaram de fora do Novo
Testamento. Com poucos fatos históricos em que se basear, Chopra optou por
imaginar o caminho de iluminação que o jovem de Nazaré teria trilhado até se
tornar o Messias. É uma jornada que o leva da obscuridade à revolução, das
dúvidas aos milagres, culminando na transformação do filho do homem em Filho de
Deus. Na adolescência, Jesus tem premonições do seu futuro, mas vive
atormentado por não saber quem é e qual o seu papel nos planos de Deus. Ao
longo do caminho, ele se sente incapaz de mudar os outros e vive dividido entre
o amor pelas pessoas e o amor divino. Ao buscar solucionar os mistérios mais
profundos da vida, Jesus se defronta com as mesmas questões e contradições que
enfrentamos no nosso dia a dia. Ele não sabe se Deus o está ouvindo e se
pergunta por que o Pai Celeste permite tantas vezes que o mal triunfe. Jesus
enfrenta seus demônios e, ao ser batizado no rio Jordão, aceita seu destino que
combina com os extremos da luz e da escuridão. Nesta obra, Deepak Chopra faz um
retrato sem precedentes de Cristo, aproximando os leitores do entendimento da
natureza de Deus.
Será mesmo? Meu Deus!
Gente, o que de fato aconteceu com Jesus durante esse período que vai dos 12
aos 30? Pensemos um pouco à partir das fontes que nós temos.
Sabe-se que não há
qualquer texto ou livro, digno de confiança, gnóstico ou não-gnóstico, que diga
que Jesus tenha saído da Palestina durante os seus anos de vida. Muito menos os
Evangelhos. Todos são unânimes em dizer que Jesus de Nazaré nasceu e viveu na
Palestina, sem nunca ter saído de suas divisas.
Portanto, recorrer à
imaginação popular para “descobrir” por onde Jesus andou dos 12 aos 30 anos de
sua existência na terra não é a atitude mais sábia para se adotar. Essa não é a
melhor fonte a ser consultada, para esse ou para qualquer outro assunto
relacionado à fé.
O que se pode afirmar é
que durante esse período, dos 12 aos 30 anos, Jesus estava vivendo como
qualquer jovem judeu piedoso de seus dias; ele estava se preparando para a causa
que Deus o havia designado. Sobre isto nós encontramos pistas sutis muito
importantes dentro dos próprios Evangelhos. É o que veremos a seguir.
Por que a bíblia não
relata esse período?
A narrativa dos
evangelhos não relata especificamente o que ocorreu na vida de Jesus durante
seus 12 aos 30 anos de idade, entretanto o que foi escrito acerca de sua vida é
suficiente para crermos nele, “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos
muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o filho do Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome. ” ( Jo 20.30,31). O objetivo dos evangelhos
não é elaborar uma biografia exaustiva da vida de Cristo, todavia o seu
conteúdo é totalmente voltado para o propósito salvífico, por essa razão as
atividades de Cristo durante esse período não foram comentadas por não se
tratar de assuntos significativos comparado aos eventos relacionados ao seu
ministério os quais nem todos foram mencionados, pois foram inúmeros feitos por
Ele realizados, “Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas
e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém,
ainda muitas outras coisas que Jesus fez, se todas elas fossem relatadas uma
por uma, creio eu que no mundo inteiro não caberiam os livros que seriam
escritos.” ( Jo 21.24,25). Os Evangelistas narram a história como testemunhas
oculares dos fatos, ressaltando que são fidedignos que eles viram e ouviram, é
o que escreveram com os próprios punhos e testificaram durante suas vidas e
mesmo sendo ameaçados de morte, não se calaram. Sabemos que o seu testemunho é
verdadeiro.
C.
Algumas especulações
infundadas:
Infelizmente a ausência
dos relatos bíblicos acerca desse período na vida de Cristo tem sido motivo de
diversas especulações pervertidas, elaborada por mentes pérfidas que ousam
fazer severas afirmações infundadas. A bíblia afirma que tais serão punidos
rigorosamente. “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro,
testifico: se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus acrescentará os
flagelos escritos neste livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore
da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.” (Ap
22.18,19.). As especulações existentes são as seguintes: Jesus após os 12 anos
se afastou da palestina para viver em algum lugar do extremo oriente; Jesus
esteve na Índia convivendo com budistas e bramanistas na babilônia aprendendo a
arte das magias ocultas, no Egito na biblioteca de Alexandria; na Pérsia (atual
Irã), Assíria, Grécia e na Macedônia aprendendo a filosofia, ou mesmo na Judéia
entre os Essênios. Outros propõem que nessa época Ele tenha se ausentado da
terra para visitar outros planetas, outros grupos alegam que ele permaneceu na
palestina, vivendo uma vida moral relativamente promíscua e depravada, algumas
dessas conjecturas se baseiam nos apócrifos, livros reprovados por não cumprir
as exigências canônicas. Evidentemente essas teorias não passam de meras
especulações humanas, destituídas de base bíblica e de comprovação histórica.
D.
As evidências bíblicas:
A despeito do silêncio
bíblico sobre esses 18 anos da vida de Jesus, existem fortes evidências
bíblicas de que Ele continuou residindo em Nazaré até o início do Seu
ministério público e que era submisso aos seus pais e a Deus, contrapondo todas
as especulações existentes. Vejamos:
• Onde Jesus esteve?
Somos informados de que, após a Sua visita a Jerusalém, aos 12 anos de idade,
Jesus regressou com José e Maria “para Nazaré; e era-lhes submisso” (Lc 2:51);
que Ele foi criado naquela mesma cidade (Lc 4:16); que Ele veio “de Nazaré da
Galileia” para ser batizado por João Batista no rio Jordão (Mc 1:9); e que,
após o aprisionamento deste, Jesus “deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum”
(Mt 4:12 e 13). Por haver residido em Nazaré todos esses anos, Jesus era
conhecido pelos Seus contemporâneos como “Nazareno” (ver Mt 2:23; 26:71; Mc
1:24; 10:47; 16:6; Lc 4:34; 18:37; 24:19; Jo 1:45; 18:5, 7; 19:19; At 2:22;
3:6; 4:10; 6:14; 22:8; 26:9), e os Seus seguidores, como a “seita dos
nazarenos” (At24:5). Próximo ao final do Seu ministério público na Galileia,
Jesus retornou a Nazaré, qualificada nos Evangelhos como “a sua terra” (Mt
13:54; Mc 6:1), sendo reconhecido pelos próprios nazarenos como “o carpinteiro”
(Mc 6:3) e o “filho do carpinteiro” (Mt 13:55). Eles jamais O teriam
reconhecido como tal se Ele não houvesse exercido tal profissão naquela cidade
antes do início do Seu ministério público.
• O que fez Jesus? A
bíblia afirma categoricamente, para não deixar margens de dúvidas, que Jesus se
preparava para exercer seu ministério, era obediente a seus pais e tinha a
graça diante de Deus e dos homens, ou seja, Jesus não foi um pervertido mas um
exemplo para todos, aprovado por Deus e pelos homens. “Crescia o menino e se
fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele”. (Lc
2.40) e “e desceu com seus pais para Nazaré e em tudo era – lhes submisso… E
crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. (Lc
2. 51,52) A bíblia está repleta de passagens que corrobora a natureza santa de
Cristo. Vejamos o que foi dito a respeito de sua vida: “Nele não existe pecado”
( I Jo 3.5); “Ele não conheceu pecado” (II Co 5.21); “o qual não cometeu pecado”(I
Pe 2.22); “sem pecado” (Hb 4.15); Ele mesmo testemunhou a Seu respeito “Quem
dentre vós me convence de pecado? (Jo 8.26).
1. Jesus aprendeu a ler
e a escrever
Jesus falava e escrevia
em aramaico e também lia em hebraico (talvez grego e latim que eram corrente
entre alguns). Observe:
Lc 2.52 | Jesus crescia
em sabedoria, em estatura e no favor de Deus e das pessoas.
(Lc 4.16-17)
16 -Quando Jesus chegou a Nazaré, cidade de
sua infância, foi à sinagoga no sábado, como de costume, e se levantou para ler
as Escrituras.
17- Entregaram-lhe o
livro do profeta Isaías,…
Jo 8.6 e 8 | 6
Procuravam apanhá-lo numa armadilha, ao fazê-lo dizer algo que pudessem usar
contra ele. Jesus, porém, apenas se inclinou e começou a escrever com o dedo na
terra. 8 Então inclinou-se novamente e
voltou a escrever na terra.
Há um manuscrito
armênio, datando de 989 d.C., que faz um acréscimo interessante, onde se lê que
na areia Jesus escreveu os pecados de todos que estavam acusando a mulher pega
em adultério, e que por isso eles foram, um por um, saindo de mansinho.
De toda forma, sabe-se
que os judeus proporcionavam educação esmerada para os filhos.
Além de instrução
religiosa (alfabetização bíblica), todos recebiam treinamento em habilidades
práticas de que necessitariam no mundo das atividades diárias.
Pai e mãe, num processo
informal, educavam seus filhos (confira o livro de Provérbios, por exemplo).
Não havia salas de aula ou currículo estruturado. Nos tempos do Novo Testamento
foi que os judeus começaram a adotar um método mais formal de educação. Criaram
salas de aula e havia professores qualificados para instruir as crianças da
aldeia.
No livro Vida cotidiana
nos tempos bíblicos, nós lemos o seguinte:
Quando o menino tinha
idade bastante para trabalhar com o pai, este se tornava seu principal
professor, muito embora a mãe continuasse a partilhar na responsabilidade de
ensino ( Pv 1.8-9 ; 6.20). A mãe arcava com a principal responsabilidade pelas
filhas, ensinando-lhes habilidades que lhes seriam necessárias para tornar-se,
com o tempo, boas esposas e mães. A
educação do filho tomava a vida toda para completar-se.
Jesus, portanto, dos 12
aos 30, ficou em casa, na Palestina, estudando e aprendendo.
2. Jesus trabalhou como
carpinteiro
Dos 12 aos 30, Jesus
trabalhou como carpinteiro. Tanto é assim que todos o chamavam pelo que
conheciam da vida dele no cotidiano de seu lar.
(Mc 6.1-3)
1 -“Jesus deixou essa região e voltou com seus
discípulos para Nazaré, cidade onde tinha morado.
2 -No sábado seguinte,
começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam se admiraram e
perguntavam: “De onde vem tanta sabedoria e poder para realizar esses milagres?
3 -Não é esse o
carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Suas irmãs
moram aqui, entre nós”. E sentiam-se muito ofendidos.”
Jesus teve residência
física durante a sua adolescência e juventude (v. 1). Lá onde morou e
trabalhou, ele era tão dedicado ao que fazia, ele era tão carpinteiro, tão
carpinteiro, que quando começou a ensinar e a realizar milagres, ninguém
acreditou nele (vv. 2-3).
Sabe-se que na cultura
em que Jesus viveu, os homens incentivavam os filhos a trabalhar duro, admoestando-os
com a Escritura ( Pv 6.6-11). A vida indisciplinada, ociosa e preguiçosa era
desprezada pelos judeus piedosos daquele tempo. Afinal, para sobreviver, a
família tinha de trabalhar com muito esforço.
Ao descrever Jesus como
“carpinteiro”, Marcos usou a palavra grega “tekton” — significa mais do que carpinteiro, artífice, artesão ou
fabricante de móveis; refere-se, também, a um trabalhado do tipo “pedreiro”, ou
seja: construtor de estruturas ou casas de madeira.
A família de Jesus era
composta por pelo menos 9 pessoas (Mc 6.1-3). Logo, trabalhavam duro para se
sustentar. Especialmente Jesus, filho mais velho, arrimo de família, que
assumiu o lugar do pai tão logo José faleceu.
Nazaré, onde moravam,
ficava a apenas 8 km de Séforis — um grande centro comercial onde o rei
Herodes, o Grande, governava a serviço de Roma. Com a morte dele, em 4 a.C.,
militantes judeus se revoltaram contra a ordem política. Deu errado: o general
romano Varus chegou da Síria para reprimir os rebeldes. E seu amigo Gaio
completou o serviço, queimando a cidade. “Homens foram mortos, mulheres
estupradas e crianças escravizadas”, dizem os historiadores.
Mas a destruição de
Séforis teve um lado positivo: Herodes Antipas, filho de Herodes “o Grande”,
transformou o lugar num canteiro de obras. Isso trouxe uma certa abundância de
empregos para a região. Um pequeno “boom econômico”. Logo, o ambiente ao redor
da família de Jesus era propício ao trabalho. A reconstrução de Séforis deve
ter gerado muito trabalho para José e os rapazes, inclusive a Jesus.
Trabalhando duro como
carpinteiro foi que ele adquiriu força e estrutura para viver como viveu e
sofrer como sofreu, conseguindo, inclusive, carregar a sua pesada cruz. Lembra
do que ele disse? “As raposas têm tocas onde morar e as aves têm ninhos, mas o
Filho do Homem não tem sequer um lugar para recostar a cabeça” (Lc 9.58).
Jesus, dos 12 aos 30,
ficou em casa, na Palestina, trabalhando duro como carpinteiro.
3. Jesus desfrutou da
benção da vida familiar
O nome que Jesus mais
usou para referir-se a Deus foi “Pai”. O uso tão recorrente deste substantivo
é, em si mesmo, um belo complemento a José.
Por exemplo: alguns
historiadores nos dão conta de que Martinho Lutero, antes de sua conversão, já
vivendo como sacerdote católico, hesitou várias vezes em recitar a oração do
Pai Nosso por que não queria dizer “Pai Nosso”. Por quê? Devido às péssimas
experiências que ele teve com seu pai. Diz-se que seu pai era tão duro, rígido
e antipático que a palavra “pai” não era uma palavra que saia com tanta
naturalidade dos lábios do reformador.
Algumas palavras que
Jesus ouviu com frequência no convívio de sua família em Nazaré (da infância
aos 30 anos) ele usou no seu ministério público, tamanho deve ter sido o
impacto positivo que elas causaram em sua vida. Por exemplo:
(Mc 5.40-42)
40 - A multidão riu de
Jesus. Ele, porém, fez todos saírem e levou o pai e a mãe da menina e os três
discípulos para o quarto onde ela estava deitada.
41- Segurando-a pela
mão, disse-lhe: “Talita cumi!”, que quer dizer “Menina [ovelhinha],
levante-se!”.
42 -A menina, que tinha
doze anos, levantou-se de imediato e começou a andar.
Podemos imaginar essa
cena no cotidiano de Jesus — o tratamento de José dispensado às filhas diante
dos olhos de Jesus em sua adolescência e juventude. Jesus foi grandemente,
positivamente, abençoado e influenciado pelo seu pai, José.
Jesus não viveu como um
monge ermitão, ele foi agraciado e viveu na benção da família. Escolher viver
longe dos laços familiares seria impensável para um judeu piedoso.
Sl 68.6 | Deus dá uma
família aos que vivem sós; liberta os presos e os faz prosperar. Os rebeldes,
porém, ele faz morar em terra árida.
Rabindranath Tagore,
místico indiano, escreveu um poema que fala do valor da vida familiar. Segundo
ele, encontra-se e serve-se a Deus no dia a dia do lar. Diante disso, como pode
ser que Jesus teria abandonado sua família para buscar a contemplação?
4. Jesus observou a
graça de Deus nas pequenas coisas
Durante os 18 anos de
silêncio dos Evangelhos, dos 12 aos 30 anos, Jesus aprendeu a amar a criação de
Deus e a ver a ação de Deus na criação e nas pequenas coisas.
Ele cresceu na parte
mais graciosa da Palestina. Ao redor do Mar da Galileia havia a Planície de
Genesaré. Os judeus costumavam dizer que a palavra Genesaré significava
Príncipe dos Jardins.
Séforis, cidade onde
Jesus deve ter trabalhado, conforme já vimos, era lugar onde os contemporâneos
do Senhor diziam que “manava leite e mel”. Havia um ditado popular que dizia
que era mais fácil cultivar uma legião de oliveiras na Galileia do que criar
uma criança em outra parte qualquer da Palestina.
Merril C. Tenney,
estudioso da história e da geografia de Israel, lista algumas das árvores que
cresciam na região onde Jesus cresceu: videira, oliveira, figueira, carvalho,
noz, amendoeira, palmeira, cedro, cipreste, bálsamo, pinho, terebinto,
sicômoro, murta, cidreira, romã, loureiro, loureiro rosa, etc.
Flávio Josefo,
historiador judeu que viveu nos primeiros anos após Jesus, dizia que “na
Galileia cresciam no mesmo lugar árvores que noutra região seria impensável,
como se a natureza estivesse fazendo violência a ela mesma”.
Foi nessa terra de
belezas incomparáveis que Jesus cresceu e viveu dos 12 aos 30 anos. Por que
essas informações são tão importantes? Nesse ambiente, Jesus aprendeu muito:
A apreciar os semeadores
semeando suas sementes ( Mt 13.1-8)
A admirar os campos que
amadureciam sob o sol da palestina (Mc 4.26-29); a apreciar os pássaros
apinhando-se nos arbustos do pé de mostarda ( Mc 4.30-32); a admirar as
papoulas e as anêmonas florescerem de forma maravilhosa ( Mt 6.28-29);
A observar tocas de
raposas e ninhos de pássaros (Lc 9.58).
Jesus também aprendeu a
usar as ações e as coisas comuns do dia a dia como janelas através das quais
ele mostrava às pessoas vislumbres da verdade e da glória de Deus:
Ele assistiu sua mãe
usar o fermento quando ela preparava o pão (Mt 13.33) ele viu sua mãe ou alguma
parente correr de um lado para o outro, procurando uma dracma perdida no chão
de seu casebre ( Lc 15.8ss) ele aprendeu o que acontece quando alguém coloca
vinho novo em odres velhos — cujo couro havia perdido a elasticidade; e também
como um remendo novo em vestes velhas poderia fazer um buraco ainda maior na
roupa ( Mt 9.16ss).; ele vivenciou a alegria de um vilarejo no dia de festa de
casamento (Mt. 9.15); ele presenciou muitas vezes o pescador usando as suas
redes — Mt 13.47; ele se impressionou com o cuidado do pastor pelas suas
ovelhas (Lc 15.4-6); ele assistiu as crianças brincando nas ruas dos vilarejos
em dias de casamentos e funerais ( Mt 11.16).
Poucos mestres tiveram
seus pés tão firmados no chão da realidade e da vida comum como teve o Senhor
Jesus Cristo.
Dos 12 aos 30 ele
esteve todos os dias aprendendo sobre como pegar a pessoa no “aqui e agora” e
transportá-la para o “lá e então”, através das janelas da vida. Dos 12 aos 30
ele estava aprendendo sobre quão perto a eternidade é do tempo presente, e
sobre como ver a ação, o cuidado e o carinho de Deus nas coisas comuns da vida
e do dia a dia.
Jesus não viveu noutro
lugar, mas na Galileia!
5. Jesus desenvolveu a
sua vida de oração
Foi durante esses anos
anônimos que Jesus aprendeu a orar. Tanto é que nós sempre veremos Jesus
afastando-se das pessoas a fim de ir para um lugar a parte e solitário para
orar a Deus. Coisa que ele aprendeu desde cedo a fazer.
Por exemplo, quando ele
estava vivendo a sua última agonia na cruz, ele exclamou: “Pai, em tuas mãos
entrego meu espírito! ” (Lc 23.46). Essa oração é uma citação direta do Salmo
31.5. Tal era a primeira oração que uma mãe judia ensinava o filho a fazer,
quando ele se deitava à noite para dormir.
Portanto, foi com uma
oração nos lábios, a que ele havia aprendido em Nazaré, ainda na infância, e
que desenvolveu na adolescência e juventude, que Jesus terminou a sua agonia e
consumou a sua obra.
6. Jesus cuidou de sua
mãe e irmãos
Além de todas essas
lições fundamentais que Jesus aprendeu nesses dezoito anos ocultos pelo
Evangelhos, parece que ainda há uma última razão para tanto tempo de
“silêncio”.
Após a história do
nascimento de Jesus, José desapareceu de cena. Nós o vemos pela última vez em
Lucas 2, quando Jesus vai ao templo (aos 12 anos). Depois disso, ele desaparece
de vez. Tanto que, no primeiro milagre de Jesus, em Caná da Galileia (Jo
2.1-11), Maria é citada, mas de José não se faz menção. A explicação mais
plausível é a de que José havia morrido muito cedo.
Com a morte do pai, Jesus,
sendo o filho mais velho, precisou cuidar (ou ajudar a cuidar) de sua família:
Mc 6.3 - Não é esse o
carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Suas irmãs
moram aqui, entre nós”. E sentiam-se muito ofendidos. ”
Jesus só entra para o
ministério público após ter um de seus irmãos aptos para cuidar de sua mãe e
demais irmãos. E no final, ele delega tudo a João, seu primo (Jo 19.26-27).
Jesus dos 12 aos 30
anos
O Filho de Deus, quando
se fez homem e habitou entre nós, preparou-se, no contexto da vida do lar para
salvar a humanidade. Ele viveu e serviu em casa, na Galileia, em Nazaré.
Dos 12 aos 30 anos,
Jesus não foi para a Índia buscar iluminação (ele é a luz do mundo!); nem foi
resolver seus conflitos pessoais. Ele viveu, aprendeu e preparou-se em Nazaré e
seus arredores.
Aplicações:
É no dia a dia que nós
aprendemos as grandes lições e, principalmente, formamos o caráter.
É diante das coisas que
julgamos pequenas e insignificantes que somos formados e transformados.
É assumindo responsabilidades
domésticas e familiares que Deus nos prepara.
É em meio à correria do
dia a dia que aprendemos a ajustar nossa agenda de oração
São nesses anos
“insignificantes” que aprendemos o que há de mais valioso — ler, refletir e
escrever para meditar na Palavra de Deus.
Não desperdice os seus
“pequenos” momentos. É dentro de casa que Deus nos prepara para a causa!
Lc 2.39-43 ;3.23
39- Após cumprirem todas as exigências da lei
do Senhor, os pais de Jesus voltaram para casa em Nazaré, na Galileia.
40 -Ali o menino foi
crescendo, saudável e forte. Era cheio de sabedoria, e o favor de Deus estava
sobre ele.
41 -Todos os anos, os
pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa.
42 -Quando Jesus
completou doze anos, foram à festa, como de costume.
43 -Terminada a
celebração, partiram de volta para Nazaré, 3.23 Jesus estava com cerca de
trinta anos quando começou seu ministério. Jesus era conhecido como filho de
José.
O ministério de Jesus é
a nossa reconciliação: com Deus e com o outro (em família) — Rm 5.11; 2Co 5.11
e 18-19. Reconcilie-se.
A mesa de Jesus, a ceia
do Senhor, é o sinal de que fomos reconciliados com Deus e com o próximo. Agora
nós vivemos na família da fé. Venha para a mesa com fé, esperança e amor. Saia
da mesa para repartir fé, esperança e amor.
Sl 68.6 | Deus dá uma
família aos que vivem sós; liberta os presos e os faz prosperar. Os rebeldes,
porém, ele faz morar em terra árida.
Como é a vida com o
Senhor e a família da fé?
1Coríntios 15.17-34
17 -Nas instruções a
seguir, porém, não posso elogiá-los, pois, quando vocês se reúnem, fazem mais
mal que bem.
18 -Primeiro, ouço que há divisões quando
vocês se reúnem como igreja e, até certo ponto, eu o creio.
19 -Suponho que seja necessário haver divisões
entre vocês para que se reconheçam os que são aprovados!
20 -Quando vocês se
reúnem, não estão interessados de fato na ceia do Senhor.
21- Alguns de vocês se
apressam em comer a própria refeição; como resultado, alguns passam fome,
enquanto outros ficam embriagados.
22 -Será que vocês não
têm casa onde comer e beber? Ou querem mesmo envergonhar a igreja de Deus e
humilhar os pobres? Que devo dizer? Querem que eu os elogie? Certamente não os
elogiarei por isso!
23 -Pois eu lhes
transmiti aquilo que recebi do Senhor. Na noite em que o Senhor Jesus foi
traído, ele tomou o pão,
24- agradeceu a Deus, partiu-o e disse: “Este
é meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”.
25- Da mesma forma,
depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança,
confirmada com meu sangue. Façam isto em memória de mim, sempre que o beberem”.
26- Porque cada vez que
vocês comem desse pão e bebem desse cálice, anunciam a morte do Senhor até que
ele venha.
27 -Assim, quem come do
pão ou bebe do cálice do Senhor indignadamente é culpado de pecar contra o
corpo e o sangue do Senhor.
28 -Portanto,
examinem-se antes de comer do pão e beber do cálice,
29 -pois, se comem do
pão ou bebem do cálice sem honrar o corpo de Cristo, comem e bebem julgamento
contra si mesmos.
30 Por isso muitos de
vocês estão fracos e doentes e alguns até adormeceram.
31 -Se examinássemos a
nós mesmos, não seríamos julgados dessa maneira.
32 -Mas, quando somos
julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos
condenados com o mundo.
33 -Portanto, meus
irmãos, quando se reunirem para comer, esperem uns pelos outros.
34- Se estiverem com
fome, comam em casa, a fim de não trazer julgamento sobre si mesmos ao se
reunirem. Eu lhes darei instruções a respeito de outros assuntos depois que
chegar aí.
Capítulo 4 - O
Ministério de Jesus.
Resumo
Os estudiosos
geralmente organizam o ministério de Jesus em duas grandes partes: sua
humilhação e sua exaltação — essa última permanece até hoje e se estenderá por
toda eternidade futura.
A ideia de entender o
ministério de Jesus como sua humilhação, não está relacionada apenas à sua
origem humilde na terra, mas ao que Ele precisou deixar para trás para poder
assumir a forma de servo e ser achado verdadeiramente humano.
Aqui jamais podemos nos
esquecer de que o ministério de Jesus não foi exatamente igual ao ministério
dos profetas do Antigo Testamento, por exemplo. Isso porque embora Cristo
tivesse sido feito plenamente homem, Ele também era plenamente Deus. Em outras
palavras, durante seu ministério Jesus não deixou de ser Deus para ser homem;
mas Ele assumiu a natureza humana abrindo mão, temporariamente, de seus
privilégios como Deus.
A.
O começo do ministério
de Jesus na terra
Em Lucas 3:23 está
escrito: "E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como
se cuidava) filho de José, e José de Eli". O Senhor Jesus foi batizado nas
águas do rio Jordão por seu primo João Batista. "Então veio Jesus da
Galileia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se
lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém,
respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a
justiça, Então ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e
eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e
vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo" (Mateus 3:13-17). "Então foi conduzido Jesus pelo
Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo" (Mateus 4:1). Ler também
Mateus 4:2-11.
"E, deixando Nazaré, foi habitar
em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali; para que se
cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: A terra de Zebulom e a terra de
Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galileia das nações; o
povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e os que estavam
assentados na região e sombra da morte a luz raiou" (Mateus 4:13-16).
"Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é
chegado o reino dos céus" (Mateus 4:17). "Jesus, andando junto ao mar
da Galileia, viu Pedro e André lançando as redes de pesca ao mar e chamou-os
para serem pescadores de homens o mesmo ocorreu com Tiago e João."
"E Jesus, andando junto ao mar da
Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam
as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos
farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes seguiram-no. E,
adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João,
seu irmão, num barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e chamou-os;
eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no" (Mateus
4:18-20). "E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas
e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias
entre o povo" (Mateus 4:23). O Senhor Jesus ficou afamado pelos milagres e
maravilhas que operava e o povo trazia todos os que padeciam, acometidos de
várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos os paralíticos
e tantos outros que necessitavam dEle . Uma grande multidão seguia o Senhor
Jesus.
Jesus transformou água em vinho (João
2:1-11); curou o paralítico no tanque de Betesda (João 5:1-9); Em Lucas 5:1-11
lemos sobre a famosa pesca; Jesus libertou um endemoninhado na sinagoga (Marcos
1:23- 28); curou a sogra de Pedro que estava com febre (Mateus 8:14-15); curou
um paralítico (Mateus 9:2-8); curou um homem que tinha uma mão atrofiada
(Marcos 3:1-5); curou o servo do centurião (Lucas 7:1-10); ressuscitou o filho
da viúva da cidade de Naim (Lucas 7:11-15); curou um endemoninhado (Lucas
11:14); acalmou uma tempestade (Mateus 8:18); libertou os endemoninhados
gadarenos (Marcos 5:1-20); curou uma mulher que tinha uma hemorragia (Lucas
8:43-48); ressuscitou a filha de Jairo (Marcos 5:22-24); curou dois cegos
(Mateus 9:37-31); multiplicou pães e alimentou cinco mil pessoas (Mateus
14:14-21); caminhou sobre a superfície das águas (João 6:16-21); curou a filha
da mulher siro-fenícia (Marcos 7:24-30); curou um surdo-mudo em Decápolis
(Marcos 7:31-37); alimentou quatro mil pessoas (Marcos 8:1-9); curou um cego em
Betesda (Marcos 8:22-26).
B.
A humanidade de Jesus
Cristo e a sua deidade.
13 — Ele nos tirou da potestade das trevas e
nos transportou para o Reino do Filho do seu amor.
14 — Em quem temos a
redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;
15 — O qual é imagem do
Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
16 — Porque nele foram
criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis,
sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi
criado por ele e para ele.
17 — E ele é antes de
todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.
18 — E ele é a cabeça
do corpo, da igreja: é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que
em tudo tenha a preeminência,
19 — Porque foi do
agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse
20 — E que, havendo por
ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo
mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.
Existem alguns temas
controversos e complexos que acompanham o Cristianismo desde o início; a
indissociável conexão entre a humanidade e divindade em Jesus Cristo é uma
destas questões. Na verdade, se bem notarmos, a aceitação desta condição
humano-divina do Salvador já é um pressuposto de partida para compreensão de
todo o Novo Testamento.
I. Muito mais que um
super-homem, um humano de verdade.
1. Necessidade de superação da dicotomia
homem-Deus em Jesus de Nazaré. Para iniciarmos de modo mais preciso nossa
reflexão sobre um aspecto específico da natureza do Salvador, sua condição
humana, é urgente que esclareçamos de início o que se deseja afirmar ao falar
sobre a humanidade de Jesus de Nazaré. Não se pode pensar na natureza de Jesus
como sendo “duas essências”, uma humana e outra divina, afinal de contas quando
se fala de natureza-essência-substância discute-se sobre algo uno, indivisível
fundamental. O que a Bíblia afirma, e também todos os credos mais antigos do
Cristianismo registram, é que em Jesus manifesta-se a essência humano-divina /
divino-humana. No Salvador a humanidade e divindade são impossíveis de serem
isoladas, antes, encontram-se unas numa condição única e sem correlação na
história do universo. Assim, não temos “duas naturezas” em Cristo, e sim, uma
essência que se constitui plenamente divina-humana / humana-divina. É sobre
isso que atestam os escritores sagrados em textos como Filipenses 2.5-8,
Hebreus 2.14-18 e 1 João 1.1,2. Títulos como “Último Adão” (1Co 15.45) e “Filho
do homem” (Mt 26.45) procuram registrar esse caráter simultaneamente divino-humano
/ humano-divino da natureza de Jesus.
2. Em Jesus o Cristo
mostrou-se ao mundo. Em Jesus, a concepção de Deus para os judeus (Êx 3.13,14),
ganha nome, rosto e endereço: Ele é Jesus de Nazaré, morador da pequena
Cafarnaum (Cl 1.15). Com Jesus, a olimpiana, transcendente e imortal definição
de divindade para os gregos, sofre e morre na cruz (At 17.18-34). É por isso
que Paulo atesta-nos que a mensagem evangélica, aos ouvidos de judeus e gregos,
é escândalo e loucura (1Co 1.22,23).
A história nunca havia
testemunhado alguém como Jesus. Declarar-se “filho de Abraão” era a honra que
todo judeu trazia em sua vida, Jesus, porém apresentou-se como “filho de Deus”,
ou seja, sua filiação não era uma questão étnica, e sim, uma prova de sua
essência humana-divina (Jo 10.25-39).
Os gregos estavam
acostumados com mitos sobre deuses disfarçando-se de humanos — o clássico
antropomorfismo divino — para realizarem suas ganâncias e ambições; Jesus, no
entanto, não era um deus “mascarado” de humano; Ele era a revelação da
plenitude de Deus acessível à humanidade (Cl 2.9). Em Jesus de Nazaré podemos
conhecer Deus sem mitos, lendas ou enigmas; vemo-lo em toda glória possível a
nós compreendermos (Jo 1.14,18).
3. A experiência humana
de Jesus. A questão da existência de um Jesus histórico é um fato inconteste.
Não há dúvida alguma de que no século primeiro existiu, na colônia romana da
Judeia, o líder de um movimento espiritual que começou como uma pequena seita
derivada do Judaísmo, e depois ganhou força determinando grandes mudanças em
todo mundo antigo. A Escritura registra inúmeras circunstâncias em que se pode
indicar a rica vivência humana de Jesus; os dois momentos cruciais que podem
ser destacados, no entanto, são o nascimento (Lc 2.6,7) e a morte (Jo 19.33,34).
Essas são experiências humanas e que em Jesus não foram simplesmente emuladas
ou fingidas, mas vivenciadas em sua plenitude (Rm 14.15; 2Co 5.14,15; Gl 4.4).
Fome, sede, cansaço são
experiências que poderiam ser simuladas, contudo, estes dois fatos (nascimento
e morte) — os quais são historicamente atestáveis inclusive por fontes externas
à própria literatura cristã — não poderiam ser imitados, teatralizados. A
natureza de Jesus de Nazaré — que neste ponto de nosso debate já deve ser
subentendida como humano-divina — é uma prova do seu cuidado e interesse por
nós.
II. Cristo Jesus, nosso
Deus.
1. O Deus que está conosco. Como se pode
demonstrar que Jesus é Deus? Bem, através das Escrituras existem várias
maneiras, mas de modo especial por meio de dois aspectos: sua consciente
aceitação de adoração e sua autoridade para perdoar pecados (Mc 2.10). A Bíblia
narra vários episódios onde pessoas, e até mesmo seres espirituais (Mc 5.6; Ap
5.8), adoram a Jesus e Este nunca às repreende (Mt 8.2; 15.25; Jo 9.38).
Conforme o princípio
divino registrado no Decálogo, só Deus é digno de adoração (Êx 20.1-6). Os
seres criados por Deus, que estão a serviço dos homens, os anjos, não têm o
direito de serem adorados; antes, sempre que alguém oferece-lhe adoração eles a
rejeitam (Ap 22.9). Sobre o segundo aspecto, não estamos falando sobre a
necessidade individual que cada um de nós precisa ter com relação à comunhão
com os irmãos (Mt 6.12), e sim sobre a mudança da condição eterna de cada um de
nós (Mc 2.5; 1Jo 1.9). Somente Deus tem o poder de retirar a culpa condenatória
do pecado que há sobre nós, e então fazermos dignos do seu Reino eterno (2Ts
1.5).
2. Ele é como Deus é.
Em Cristo nós temos a oportunidade de conhecer e entender exatamente como Deus
é. Na maioria dos casos as pessoas tendem a perder tempo desejando saber
trivialidades sobre Deus, de modo especial com relação a sua descrição física:
qual seu tamanho, cor dos olhos, aspecto do rosto, etc. Existe inclusive um
curioso caso desse tipo de comportamento narrado na Bíblia em João 14.8,9.
Neste conhecidíssimo episódio Filipe pede a Jesus que mostre aos seus
discípulos o Pai, e prontamente o Salvador declara ao seu discípulo que quem
olha para Ele, contempla o Pai, vê Deus. A divindade está revelada em Cristo,
por um simples motivo. Ele é Deus (Fp 2.11). Jesus mostra como Deus ama, porque
ele é Deus amando-nos (Rm 8.39); revela a misericórdia de Deus, pois Ele é Deus
misericordioso (Jd 21), em Jesus conhecemos a salvação, uma vez que Ele — o
Cristo — é Deus Salvador (Tt 2.13,14). Em Cristo Jesus, Deus pode ser visto,
abraçado e alegremente amado — todo distanciamento foi quebrado. Deus anda com
os homens e revela sua glória, não através de raios e trovões, e sim de
sorrisos e abraços.
3. O Cristo humilde.
Talvez uma das percepções mais difundidas sobre Deus entre a maior parte das
pessoas é que jamais seríamos capazes de compreendê-lo por ser Ele um ser
elevado e sublime; que de tão superior a nós, todo e qualquer conhecimento ou
contato com Altíssimo seria impossível. O Cristo não é assim; em Jesus o Deus
magnífico faz questão de revelar-se de modo simples e acessível até para mais a
ingênua criança (Mc 10.13-16). Na pessoa bendita de Jesus, a divindade soberana
do universo perdoa os mais maléficos pecados, mas também senta no chão e
escreve com o dedo na areia (Jo 8.1-11); Cristo é o Messias que através de seu
sacrifício incomparável concedeu-nos salvação; contudo, Ele serve-se à mesa com
seus amigos e come da mesma comida simples que eles (Mt 26.17-30). Cristo é Deus
próximo de nós (Mt 1.23), tão sublime e grandioso que em nada é diminuído em
sua encarnação. Em momento algum Jesus poderia deixar de ser Deus — isto seria
um abandono de sua essência-natureza-fundamento, o que seria simplesmente
impossível. A kenosis do Senhor (o seu despojamento) (Fp 2.5-8) diz respeito a
qualidades que podiam ser suprimidas, jamais com relação à sua natureza. Aquilo
que Ele era, é e continuará sendo eternamente, não pode ser alterado (Hb 13.8).
III. UM CRISTO QUE CONHECE AS NOSSAS DORES
1. Da teoria à prática. O conhecimento que o
Senhor Jesus tem sobre aquilo que enfrentamos não diz respeito apenas à sua
onisciência, mas também a sua encarnação, isto é, o tipo de compreensão que o
Salvador tem sobre as nossas dores não é apenas algo “em tese”, superficial,
presumível mas real, vivencial, histórico (Is 53.4). Ele sofreu como um de nós
por nos amar. Sua generosa decisão não foi um improviso divino, e sim, parte do
soberano projeto que envolvia ao mesmo tempo o sacrifício dEle e a nossa salvação
(1Pe 1.18-21). Ele assumiu uma vida simples para possibilitar-nos abundância
(2Co 8.9), e as muitas dores e conflitos a que Ele foi submetido garantem a paz
e a alegria a que temos acesso. Se os nossos atos inconsequentes separam-nos do
nosso Deus (Is 59.2), tudo o que Jesus enfrentou aproximou-nos mais dEle, o
amor trouxe-nos de volta ao centro da vontade de Deus (Cl 1.21,22). Por isso
podemos afirmar de maneira categórica: o que era necessário fazer para
proporcionar-nos um mundo melhor, Jesus já realizou, pois, o comprometimento
dEle conosco não é o de um expectador distante que torce por um conjunto de
estranhos, antes, é o de um amigo que nos trouxe para perto dEle (Jo 15.15).
2. Ele intercede por
nós. A Escritura revela-nos que o Senhor Jesus está eternamente comprometido em
interceder por nossas vidas (Rm 8.34), isto é, o nosso Senhor não nos trata com
arrogância e desprezo — mesmo sabendo de nossas falhas e fragilidades. Pelo
contrário, Ele acolhe-nos e considera-nos seus irmãos (Hb 2.11) e filhos (2Co
6.18). Se Satanás empenha-se em acusar-nos dia e noite (Ap 12.10), podemos
viver em paz, pois a intercessão de Cristo por nós é superior a qualquer
mentira e subterfúgio das trevas contra nós. A majestade de Cristo revela-se
exatamente nisto, uma vez que estando num nível muito acima do nosso, sendo
Deus Todo-Poderoso, mesmo assim importa-se conosco e interessa-se em
abençoar-nos. Por isso Paulo proclamar de modo triunfal que a vida daqueles que
estão novamente nascidos em Cristo não está sujeita à acusação do inferno, pois
já não obedecem mais a lógica deste mundo decadente, mas vivem apenas para a
glória de Deus (Rm 8.1).
3. Ele está atento a
todas as nossas dores. Jesus leva a sério nossas dores e sofrimentos (Mt 9.36),
pois assim como as multidões daquela época, nós continuamos carentes da graça e
misericórdia divinas. Diferente de muitas pessoas à nossa volta, o Salvador
sabe de nossas limitações, respeita nossos sentimentos e está comprometido com
a tarefa de nos ajudar a construir um mundo melhor (1Co 10.13). A
insensibilidade da sociedade a nossa volta é algo assustador, o filho de Deus,
no entanto, fez e continuará fazendo tudo para identificar-se conosco nos
momentos adversos (Mq 7.8). E esta aproximação de Jesus não é algo envolvido em
interesses outros, como se a misericórdia concedida a nós fosse uma moeda de
troca com a intenção de exigir-nos alguma coisa. Sigamos o exemplo de Cristo, e
estejamos mais sensíveis ao sofrimento alheio.
Tratar sobre a natureza
de Jesus Cristo é sempre uma questão instigante e desafiadora, uma vez que esse
é um tema que se debate na Igreja desde seu nascedouro e foi, em várias
ocasiões, um assunto associado a heresias e controvérsias. Contudo, ao
superarmos as dúvidas e concentrarmo-nos em tratar a revelação da natureza de
Cristo Jesus nas Escrituras como uma ação da benevolência de Deus em nosso
favor, tudo torna-se mais fantástico ainda, pois Jesus de Nazaré é nosso Deus.
C.
O Ministério de Jesus
Hebreus 5.1-10.
1 — Porque todo o sumo sacerdote, tomado
dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a
Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados,
2 — e possa
compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está
rodeado de fraqueza.
3 — E, por esta causa,
deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados.
4 — E ninguém toma para
si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.
5 — Assim, também
Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas
glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei.
6 — Como também diz
noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.
7 — O qual, nos dias da
sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que
o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.
8 — Ainda que era
Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.
9 — E, sendo ele
consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe
obedecem,
10 — chamado por Deus
sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Enquanto Jesus esteve
entre nós Ele exerceu um ministério, isto é, um serviço. Ele mesmo deixou isso
bem claro quando declarou que tinha vindo ao mundo para servir às pessoas e não
para ser servido (Mt 20.28). Esse é um princípio fundamental que devemos levar
em consideração ao refletirmos sobre a pessoa bendita do Salvador. Desde a
época de Jesus, e ainda hoje, muitas pessoas acham que ser ministro, ter um
ministério, é possuir um conjunto de regalias que as fazem melhores que os
outros; enquanto que de fato, um ministro é um servo.
Jesus esteve entre nós
e serviu-nos como Profeta, Sacerdote e Rei. Ele não teve o prestígio de um
grande profeta, as honrarias de um sumo sacerdote ou as regalias de um monarca,
pelo contrário, assumiu para si apenas um conjunto de responsabilidades
associadas a esses ministérios, para através de sua vida realizar a ação mais
espetacular da história: amar-nos de modo radical.
I. O ofício de profeta.
1. Em Jesus cumpriu-se o anúncio profético de
Moisés. Em Deuteronômio 18.15-19 temos o anúncio de um personagem que, num
futuro indeterminado, exercerá o ministério profético com autoridade e poder
semelhantes a Moisés. Milênios após a partida do grande profeta de Israel,
surge no curso da história humana Jesus de Nazaré, aquele que, segundo Atos
7.37, é o cumprimento histórico daquele longínquo anúncio profético. Na
verdade, através da comparação de alguns episódios das vidas de Moisés e Jesus,
podemos perceber que no Salvador cumpre-se muito daquilo que o grande
Legislador de Israel viveu como sombra e metáfora. Se Moisés foi vocacionado
para libertar o povo de Israel da escravidão do Egito (Êx 3.7-10), Jesus é
aquele que nos livra do poder do império da morte (Hb 2.14); enquanto o filho
de Joquebede fere a rocha e dela jorra água para saciar a sede do povo em sua
jornada pelo deserto (Êx 17.6), Jesus é a própria fonte da água da vida, de
onde brota a salvação de Deus para a humanidade (Jo 4.10-13); Moisés ergue a
serpente no deserto para que, olhando para ela, as multidões sejam salvas da
enorme praga que atinge o povo (Nm 21.4-9), Jesus, contudo, sobe à cruz do
Calvário e através de sua morte traz salvação a todos nós (Jo 3.14-16).
2. O profetismo de
Jesus. Temos em Jesus de Nazaré um típico discurso profético, o qual pode ser
distinguido por três características fundamentais: uma fala que amplifica o
clamor das camadas mais sofridas da população (Mt 11.5; Lc 4.18). É bem verdade
que há vários sermões de Jesus transbordantes de amor e misericórdia, todavia,
não podemos esquecer que Ele também, por ter um ministério profético, em muitos
momentos utilizou-se de uma retórica revestida de um forte senso de justiça.
Foi assim que Ele posicionou-se contra escribas e fariseus (Mt 23) e também com
relação às pessoas que se acomodavam numa espiritualidade morta e sem
comprometimento com o reino (Jo 6.48-69). Por fim, o profetismo de Jesus
manifesta-se através da natureza proclamativa do ministério. Não foi apenas
para tratar de problemas de sua época que o Mestre veio ao mundo, mas também,
como profeta, para anunciar antecipadamente a conclusão da história da
humanidade e assim assegurar-nos que seremos mais do que vencedores (Mt 24). É
assim que deve viver um profeta: ardorosamente trabalhando para construir uma
realidade melhor no presente — através de uma sistemática denúncia do pecado —,
e ao mesmo tempo consciente daquilo que ocorrerá no futuro.
3. A urgente
necessidade de resgate do discurso profético de Jesus. A crise generalizada que
se alastrou em nossa sociedade necessita de uma resposta à altura. Plataformas
ou projetos humanos não serão capazes de solucionar a origem desta tensão moral
e espiritual que vivemos; somente se retornarmos ao discurso originário do
Cristianismo, aquele que tão bem caracteriza Jesus como Profeta (Lc 24.19),
poderemos ter esperança de dias melhores. Enquanto a Igreja estiver mais
comprometida com os benefícios e interesses terrenos do que com a manifestação
do Reino de Deus nesta geração, não seremos capazes de refletir o caráter
profético do ministério de Cristo em nós.
A Igreja é do Senhor
Jesus, e por isso ela tem uma vocação profética que jamais pode ser renunciada,
à custa de tornarmo-nos coniventes e cúmplices de todo o pecado estrutural que
procura instalar-se em nossa sociedade (Ap 3.16).
II. O ofício de sacerdote.
1. O perfeito sacerdote. Há, na Carta aos
Hebreus, uma série de argumentações demonstrando que Jesus é o grande ministro
de Deus em favor de nossas vidas. O mais fabuloso de pensar sobre aspecto
sacerdotal do ministério de Jesus é que Ele não estava institucionalmente
ligado a este ofício religioso em sua época. Não servia no Templo, pois não era
da família de Levi; não tinha o prestígio nem a glória humana que acompanhavam
os membros da casta sacerdotal daquele momento histórico. Como bem explica o
escritor aos Hebreus, essa condição incomum de Jesus estava ligada ao tipo de
tradição sacerdotal que Ele representava: a de Melquisedeque, e não a levítica
(Hb 5.6,10; 6.20). Enquanto esta última ratificava a lei, apontando para nossas
falhas e iminente condenação, a primeira anuncia a graça, sempre ressaltando o
amor e misericórdia que nos acompanha. Os inúmeros sacerdotes que se
substituíram ao longo da tradição de Israel, preservando dogmas e liturgias do
culto, foram incapazes de prover a salvação que Jesus trouxe-nos — de uma só
vez, em um só ato — mesmo sem merecermos (Hb 2.17; 7.23-27).
2. Ele foi ofertante e
oferta. O amor de Jesus por nós revela-se no fato de seu compromisso radical
conosco. O nosso Senhor não teve apenas um sentimento vazio de simpatia pela
humanidade, antes, Ele dispôs-se a ser para nós e por nós tudo aquilo que seria
necessário para nossa salvação. A grande verdade, como simbolicamente
testemunhará João no Apocalipse, é que havia uma obra a ser feita que nenhum
ser em todo o universo e em todas as esferas de existência era capaz de
realizar pelos filhos e filhas de Adão (Ap 5.4). Porém Jesus, o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), morreu e ressuscitou para
assegurar-nos tamanho privilégio. Desta forma está bem claro que Cristo não era
apenas o único digno de oferecer a Deus o sacrifício vicário por nossas vidas,
como Ele era também o único sacrifício aceitável (Ef 5.2). Ou seja, não fosse
Jesus sacrificando-se como perfeito sacrifício, nós estaríamos fatalmente
condenados ao inferno. Este é o perfeito amor de Deus por nós, capaz de
entregar-se integralmente por cada um de seus filhos; por isso, não há nada
menos que temos a fazer, senão, correspondermos ao fantástico amor do Salvador
vivendo para a glória e honra do nome do Senhor eternamente (1Pe 2.5).
3. A Igreja de Cristo,
uma comunidade sacerdotal. Em inúmeros momentos nas Escrituras, somos
informados dessa maravilhosa verdade: aqueles que seguem o Cristo são/serão
reis e sacerdotes do bom Deus (1Pe 2.5,9). Por isso, devemos fazer de nossa
existência um grande movimento de oferta e sacrifícios a Deus. Assim como nosso
Mestre viveu como ofertante e oferta, para estabelecer nossa salvação, nossa
vocação é para uma vida de eterna gratidão. Paulo em alguns momentos de seu
ministério expôs publicamente sua compreensão de que a vida de um cristão nada
mais é que um sacrifício de adoração e louvor, sendo o próprio cristão — assim
como foi o Cristo — ofertante e oferta (Rm 15.16; Fp 2.17; 2Tm 4.6).
III. O ofício de rei.
1. Ah! Jesus é rei. Os sábios do Oriente,
seguindo os rastros de uma investigação científica, vieram em busca daquEle que
seria o rei dos Judeus (Mt 2.2). O povo, entusiasmado não apenas com o discurso
de Jesus, mas também com suas obras — ao mesmo tempo — maravilhosas e
graciosas, estava decidido em tomá-lo a força e proclamar-lhe rei dos judeus
(Jo 6.15). Como forma de uma perversa ironia e parte do cumprimento dos ritos
legais para a execução de um preso em Roma, Jesus foi crucificado com uma placa
indicativa de seu crime: ser rei dos judeus (Jo 19.19). A realeza de Jesus é
uma herança da promessa do Senhor a Davi — numa perspectiva étnico-histórica
com relação a Israel — (Lc 1.32), mas também proveniente de sua natureza que,
uma vez sendo divino-humana, não poderia deixar revelar sua glória e majestade
(1Tm 6.15,16). Mas como alguém pode ser rei sem ter criados bajulando lhe, um
palácio suntuoso e uma coroa cravejada de pedras preciosas? Sendo Jesus, o rei
que veio para servir; que trocou o trono humano pela cruz (Hb 12.2), o ouro da
coroa por espinhos (Jo 19.2) e a arrogância do poder pelo amor do serviço (Jo
15.13). Não há rei como nosso Deus!
2. A acusação
mentirosa. Os inimigos de Jesus não tinham como acusá-lo em nada (Mt 26.59,60).
Ele foi impecável em todas as suas ações, cerimoniais, sociais e morais; desta
forma eles tiveram de criar uma mentira para que fosse realizada uma acusação
formal contra Jesus no sinédrio e diante de Pilatos e Herodes. Enquanto no
sinédrio a falsa denúncia dizia respeito a um descabido pecado de blasfêmia (Mt
26.65), para com o governo do Império Romano a incriminação era de incitação à
sonegação de impostos e de tentativa de usurpação do trono (Lc 23.2). É nesse
contexto que o Salvador deixa muito claro a Pilatos que não foi para lutar por
um trono terrestre que Ele veio, antes, foi simplesmente para cumprir a
soberana vontade do Pai, e depois de ter feito tudo, retornar ao seu lugar de
honra no universo (Lc 1.33). A infundada acusação produz a oportunidade do
próprio Jesus, diante das duas maiores autoridades políticas da região,
manifestar a chegada do Reino de Deus. As falsas acusações não puderam roubar a
majestade de Cristo, pois esta condição não estava associada a um trono ou
coroa humanos, e sim, vontade de Deus (Jo 12.13).
3. O Kyrios que foi
trocado pelo César. A facção político-religiosa que controlava o judaísmo no
primeiro século revelou o ápice de sua ignorância espiritual ao rejeitar
publicamente Jesus como Senhor e declarar César como seu rei (Jo 19.15). É
evidente que a afirmação de Pilatos não tinha um caráter político, afinal de
contas ele era o representante oficial do imperador naquela província, e sim,
uma conotação espiritual. Entretanto, era exatamente essa concepção de Jesus
como o Senhor, rei-messias dos judeus, que os líderes religiosos queriam
rejeitar (At 4.25-28). Ainda hoje muitas pessoas preferem negar a realeza de
Jesus e submeter-se aos poderes mundanos. Não estamos falando de desobediência
civil, mas da necessidade de reconhecimento do senhorio de Cristo. As
autoridades políticas têm sua relevância e papel de destaque na sociedade (1Pe
2.17), contudo, nunca poderão substituir o que Jesus é para nós; por isso,
sejamos sóbrios e piedosos, reconhecendo que a esperança de dias melhores não
virá de nenhum projeto de poder humano, mas sempre das mãos do Salvador (1Pe
1.3). Não sejamos como os judeus, não troquemos Cristo por César, isto é, a
glória excelsa do Filho pelos holofotes da ilusão dos poderes mundanos (Lc
23.2).
O tríplice ministério
de Jesus garantiu-nos o direito a uma perfeita salvação. Tendo aprendido com o
Senhor, sejamos seus imitadores nesta geração.
D.
Eu sou Jesus.
João 8.49-58.
49 — Jesus respondeu:
Eu não tenho demônio; antes honro a meu Pai, e vós me desonrais.
50 — Eu não busco a
minha glória; há quem a busque, e julgue.
51 — Em verdade, em
verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
52 — Disseram-lhe, pois,
os judeus: Agora, conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e
tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte.
53 — És tu maior do que
o nosso pai Abraão, o nosso pai, que morreu? E também os profetas morreram;
quem te fazes tu ser?
54 — Jesus respondeu:
Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é
meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus.
55 — E vós não o
conheceis, mas eu conheço-o; e, se disser que o não conheço, serei mentiroso
como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.
56 — Abraão, vosso pai,
exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.
57 — Disseram-lhe,
pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?
58 — Disse-lhes Jesus:
Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou.
Há nos Evangelhos um
conjunto de afirmações de Jesus que causaram muita repercussão entre os
religiosos de sua época; são declarações que Ele inicia com a expressão “Eu
sou” (Jo 6.35; 8.12; 10.7,9,11,14; 11.25; 12.46; 14.6; 15.1). Um dos momentos
mais tensos é em João 8.58,59, quando em virtude de suas declarações Jesus é
quase apedrejado. O que justificaria reações tão violentas da parte dos judeus?
I. Eu sou a luz do mundo.
1. O SENHOR é a luz das nações. Há no Antigo
Testamento um conjunto de referências e associações do Senhor à luz. O primeiro
elemento da criação divina é a luz (Gn 1.3).
Desde o início das
Escrituras a imagem da luz está em contraposição às trevas, servindo como uma
metáfora da oposição entre bem e mal (Is 59.9). Em vários dos registros sobre a
manifestação do Senhor, luz, brilho e fulgor, sempre estão presentes (Êx 19.16;
2Sm 22.13; Sl 18.12). Em Salmo 27.1 a bênção da salvação está associada à luz,
como sendo a orientação divina para uma vida boa. O fiel Simeão, em sua
velhice, teve o privilégio de testemunhar o aparecimento do Messias (Lc
2.25-32); em seu louvor ele ora ao Altíssimo declarando que o redentor Jesus é
aquEle que veio ao mundo para iluminar as nações, ou seja, para ser o único capaz
de libertar a humanidade das trevas da ignorância e conduzir-nos ao caminho do
bom Salvador.
2. A afirmação de Jesus
e sua relação com a Festa dos Tabernáculos. Em meio a um contexto celebrativo
da Festa dos Tabernáculos ou das Tendas (Lv 23.33-36; Dt 16.16; Jo 7.2,37),
Jesus apresenta-se como “Luz do mundo”. Tal afirmação, que para nós manifesta a
deidade de Cristo e sua associação direta com a imagem do glorioso Senhor Jeová
do Antigo Testamento, tinha outros significados que a audiência de Jesus conseguia
captar com facilidade. A Festa das Tendas, celebrada durante sete dias mais um,
era popularmente conhecida como a celebração da alegria, e isto por um conjunto
de fatores específicos: Ela acontecia quatro dias após o dia do perdão, Yom
Kippur, (Lv 23.27). Logo o povo estava livre para festejar com alegria, uma vez
que a culpa por seus pecados foi retirada de sobre cada indivíduo. Já o
objetivo litúrgico-cultural era lembrar ao povo o tempo de sua peregrinação e
como, de modo milagroso, o Senhor sustentou lhes no deserto enquanto moravam em
tendas. Há, no entanto, um aspecto desta celebração que está diretamente
associado à declaração de Jesus sobre ser a luz: O texto sagrado lido nesta
cerimônia era Zacarias 14. Ora, para além da relação com a questão da “água
viva” (Zc 14.8) que Jesus também já havia feito referência (Jo 7.38), o texto
do profeta Zacarias também anuncia profeticamente que quando vier o Senhor
haverá luz (Zc 14.7). Feita toda esta contextualização, as palavras de Jesus em
João 8.12 ganham forte caráter de cumprimento profético. A alegria que
Jerusalém esperou por séculos havia chegado, personificada em um homem simples,
mas poderoso em obras e palavras (Lc 24.19).
3. Precisamos da Luz! A
Bíblia Sagrada, mais especificamente o Novo Testamento, é rico na exortação de
que devemos andar na luz (1Jo 1.7), viver como filhos da luz e não das trevas
(Jo 12.36; Ef 5.8), protegermo-nos com as armas da luz (Rm 13.12). O Inimigo do
Reino de Deus tem roubado a luz de muitas pessoas e por isso elas tem se
tornado incapazes de entender a beleza do Evangelho (2Co 4.4). Quem ama as
trevas não está em Deus, pois deseja esconder quem é e o que fez (1Co 4.5), por
isso nós os filhos de Deus, não podemos associarmo-nos às trevas e sim
denunciá-las (Ef 5.11).
II. O bom pastor
1. A expressão “Bom Pastor” como uma
rememoração de uma imagem do Antigo Testamento. Não podemos perder de vista o
fato de Jesus ter vivido num contexto da cultura e religião judaica; assim,
sempre que possível devemos levar em consideração, nas falas do Salvador,
prováveis releituras, alusões ou referências a textos ou eventos do Antigo
Testamento. Partindo desta hipótese interpretativa João 1.1-21, mais
especificamente a figura do “Bom Pastor”, seria à necessidade de estabelecimento
de um novo modelo de liderança, tendo como base as críticas de Profetas como
Jeremias (Jr 23.1-4) e Ezequiel (Ez 34.1-16). Dentre as denúncias proféticas
estão o egoísmo de alguns pastores que ao invés de dedicaram-se às ovelhas,
preocupavam-se apenas com as futilidades da própria vida (Ez 34.2-10) e a
reprovação do trato perverso com as pessoas (Jr 23.1,2). Na imagem de Ezequiel,
assim como em João, Deus levantaria um pastor para cuidar e buscar todas as
ovelhas de Israel que estavam em sofrimento (Ez 34.11-16).
2. O caráter
sacrificial do Bom Pastor. A postura mais destacável da liderança de Jesus é
sua capacidade de se sacrificar pelos seus amigos (vv.17,18). Esta atitude do
Mestre inverte completamente a lógica de manipulação e exploração de pessoas
que desde a Queda adâmica instaurou-se na humanidade. Jesus não é apenas um
teórico da fé e nem uma pessoa que cobra dos outros o que nunca foi capaz de
fazer. Para demonstrar seu amor por nós, Ele anuncia seu empenho pessoal em
fazer-nos felizes (Jo 10.18,28). No Reino estabelecido por Jesus, os pequenos e
frágeis têm protagonismo (Mt 10.42; Lc 12.32; 17.2). Os menores serão aqueles
reconhecidos como os mais importantes (Lc 22.22-26); os preteridos são tratados
com prioridade.
3. O relacionamento
dedicado do Bom Pastor. Além da doação integral aos liderados, a liderança
conforme o modelo de Jesus instaura um outro fundamento revolucionário: O
cuidado com o próximo. Jesus deixa explícito que o “Bom Pastor” jamais agiria
com covardia ou traição (Jo 10.12,28). A relação de Jesus com suas ovelhas não
obedece um estilo hierarquizado, no qual Ele faria questão de afastar-se de
seus liderados e demonstrar sua superioridade com relação aos outros. Pelo
contrário, o Senhor conhece aqueles que estão sob sua liderança e eles também
sabem quem Ele é, de modo chegado (Jo 10.14,15). A liderança de Jesus não é movida
pelo princípio da exclusão e eliminação do outro, e sim, pelo acolhimento e
cuidado (Jo 10.16).
III. Eu sou a porta
1. A singularidade de Jesus. Ao declarar-se a
porta das ovelhas o Senhor Jesus, utilizando-se desta imagem rural, ressalta o
caráter singular de sua vida e ministério. No frágil modelo de pecuária daquela
época, o único modo de garantir o controle dos animais do rebanho — que ao
amanhecer iriam alimentar-se livremente no campo — era controlar o acesso e a
saída deles através de uma única porta. Desta forma, o Senhor Jesus declara-se
à humanidade como ÚNICO caminho para conduzir as pessoas até a presença do
Salvador (Jo 14.6).
Nunca houve ninguém como
Jesus, nem jamais haverá (Mc 12.29; Jo 17.3; Rm 16.27; 1Tm 1.17; Jd 4,25). Por
quê? Porque seu amor é inigualável (Jo 3.16). Declarar Jesus como incomparável
não é, em hipótese alguma, defender algum tipo de discurso de ódio ou
intolerância religiosa; trata-se exclusivamente de um princípio inegociável de
nossa fé cristã. Por isso, no cotidiano das nossas relações sociais, devemos
anunciar o Evangelho apresentando Jesus e suas características excepcionais,
deste modo, não há nenhuma necessidade de criticar ou ridicularizar a
religiosidade alheia. Por uma exigência da sociabilidade, devemos respeitar a
todos, inclusive os que creem diferentes de nós; por uma imposição de fé,
devemos amar a todos, mesmo os que não acreditam na Palavra como nós (Lc 6.35).
2. A superioridade de
Jesus. Em João 10.8 o Mestre rotula como ladrões e salteadores (numa acepção
moderna, mercenários, piratas, saqueadores, em resumo, um homem que vai à
guerra por dinheiro e não por honra ou justiça) todos os que vieram antes dEle.
Mas contra quem são essas palavras? É evidente que o Salvador não está falando
sobre os patriarcas, profetas e santos do Antigo Testamento que o antecederam,
esta é uma das declarações mais contundentes de Jesus sobre os pseudo líderes
de sua época. Neste aspecto Jesus está defendendo que qualquer tipo de
liderança religiosa que não aponta para a cruz e o sacrifício vicário é inútil
e falsa. Qualquer espiritualidade que aponte apenas para o lucro, poder e
glória humana pode ter muito espaço entre os homens, mas na verdade, não
passará de entretenimento para bodes, ou seja, manipulação de emoções para
pessoas que vivem apenas de aparência, sem uma transformação espiritual
verdadeira.
3. O poder de Jesus.
Apenas em Jesus encontramos redenção para nossas almas. As palavras aqui em
João ressoam aquilo que Ele afirmou em Mateus 11.28. A salvação que Deus tem
para nós não é um processo dolorido, como se algum tipo de sofrimento nosso
fosse o caminho para a libertação de nossos pecados. Como bem afirma o profeta,
nossas culpas foram todas levadas por Ele (Is 53.5). Ao declarar-se a porta,
Jesus revela-se como aquEle que possui o poder de quebrar as maldições e fazer
em nós novas todas as coisas (2Co 5.17). O escritor aos Hebreus, usando uma
analogia próxima a esta da porta, apresenta-nos Jesus e sua obra como um “novo
e vivo caminho” (Hb 10.20). A experiência da conversão é, como o próprio Jesus
afirmou em seu sermão da montanha (Mt 7.13,14), semelhante a decisão de
percorrer um extenuante e longo caminho, mas cujo final é um lugar de descanso
e paz. Seguir a Jesus não é nada fácil (Mt 16.24,25), mas sabemos que Ele vai a
frente, por isso, nós chegaremos lá.
Conhecer o Senhor Jesus é fundamental para
todo aquele que deseja ser um verdadeiro discípulo do Salvador. Jamais
poderemos ser amigos do Mestre se mantivermos com Ele apenas um relacionamento
burocrático-religioso. Entender cada um dos discursos e declarações do nosso
Redentor deve ser um ideal de vida para cada um de nós. Por isso, para tanto,
dediquemo-nos cada vez mais a um estudo sistemático das Escrituras, lendo as
palavras de Jesus de Nazaré como uma Escritura viva.
Capítulo 5- Um resumo
das parábolas de Jesus.
As parábolas também
fazem parte dos ensinamentos de Jesus.
A palavra parábola vem
do grego parabole, que significa pôr as coisas lado a lado. Uma parábola visa
esclarecer o ouvinte por meio de histórias simples, facilmente apreensíveis e
memorizáveis, de onde se possa extrair uma moral. Isto torna muito mais fácil a
compreensão e assimilação da doutrina que se pretende transmitir. Neste
período, temos a considerar algumas parábolas proferidas por Jesus e cujos
passos mãos significativos vamos de seguida apreciar:
1. Parábola dos dois
devedores (Lc 7:41-43)
Está enquadrada dentro
de um contexto. De resto, uma característica de Lucas. Esta é uma história
simples, retrato imaginário de uma situação real possível. Jesus nunca utiliza
um universo do absurdo. Todas as suas parábolas se desenrolam dentro de um
universo do possível. As histórias podem relatar casos históricos mas são casos
do dia-a-dia, casos de coisas e pessoas com as quais contactamos diariamente. A
linguagem utilizada é muito compreensível - fala de dinheiro, dívida e perdão.
Uma parábola acerca do perdão e da misericórdia.
2. Parábola do rico insensato
(Lc 12:16-20)
Também enquadrada no
seu contexto, Dirigida à multidão. Parábola contra a avareza. Um homem rico que
não tinha planos que ultrapassavam o concreto e o imediato. Jesus não condena a
riqueza em si, mas a avareza. Não é o dinheiro que é o mal mas o amor ao
dinheiro que é a raiz de todos os males. Um apelo ao interior e não ao
exterior.
3. Parábola da festa
nupcial (Lc 12:36-38)
Dirigida aos
discípulos, no seguimento de doutrina. Parábola sobre a vigilância, prontidão e
preparação prévia. Referência à Sua vinda.
4. Parábola do mordomo
fiel (Lc 12:42-48)
Em resposta a Pedro e
no seguimento da parábola anterior. Relações servo-senhor. Sobre a vigilância.
5. Parábola da figueira
(Lc 13:6-9)
Parábola com um
ambiente campesino. Figueira e frutos. A figueira simboliza Israel (Jeremias
24:3; Oseias 9:10). O proprietário estará figurando Deus. O vinhateiro está
tomado pelo Messias. Será uma parábola que pinta a falha de Israel em reagir
favoravelmente ao tratamento divino, com a nação e revela o seu julgamento
divino.
6. Parábola do semeador
(Mt 13:1-23; Mc 4:1-20; Lc 8:4-15)
Esta é uma parábola
bastante conhecida. Foi apresentada à multidão, junto ao mar. A sua explicação
foi dada particularmente aos Discípulos. Fala do semeador e de 4 tipos
diferentes de terreno. Sobre o resultado da pregação. Sobre o mistério do Reino
de Deus. O resultado não nos pertence, mas ao terreno sobre o qual cai a
semente lançada pelo semeador (pregador). Até aqui, a multidão era mais atraída
pelas Suas curas do que pelos Seus ensinamentos. Agora, Jesus preocupa-se com o
ensino e preparação dos Seus discípulos.
7. Parábola da candeia
(Mc 4:21-25; Lc 8:16-18)
Fala da função da
candeia. Vem no seguimento da anterior. Parábola sobre a posição do crente -
atitude de testemunhar e brilhar.
8. Parábola da semente
(Mc 4:26-29)
Parábola de ambiente
campestre. Relativa ao Reino de Deus. Sobre o crescimento do Reino. Este não
vem do semeador, mas da semente e da terra, princípio ativo e vivificador que
faz brotar a vida.
9. Parábola do trigo e
do joio (Mt 13:24-30, 36-43)
Parábola sobre o Reino
dos Céus. Sobre o crescimento e mistura que nele vamos encontrar. «Pelos seus
frutos os conhecereis». A explicação é dada particularmente aos Discípulos em
36-43. Não é o facto de haver palha no meio que impede haver bom fruto.
10. Parábola do grão de
mostarda
(Mt 13:31-32; Mc
4:30-34; Lc 13:18-19)
Vem no seguimento da
parábola anterior, com o mesmo ambiente. Sobre o Reino dos Céus. Sobre o
crescimento. Antecipa o crescimento e desenvolvimento da Igreja como poder
universal. As aves simbolizam o poder do maligno na apostasia. Vide o
simbolismo das aves no Velho Testamento: Ez 17:23; 31:5; Sl 104:12; Dn 4:12,21.
11. Parábola do
fermento
(Mt 13:33-35; Lc
13:20-21)
No seguimento da
anterior. Sobre o crescimento do Reino de Deus, Note-se que Lucas usa de
preferência a expressão «Reino de Deus», enquanto Mateus prefere a de Reino dos
Céus.
12. Parábolas do
tesouro escondido (Mt 13:44), da pérola (Mt 13:45-46); da rede (Mt 13:47-51)
Todas sobre o Reino de
Deus e o seu valor (pérola e tesouro escondido), bem como os resultados (rede).
Destas parábolas,
podemos sintetizar dizendo que Jesus utilizou uma linguagem que as pessoas
podiam entender. As Suas histórias são sempre histórias possíveis, embora
possam ser ficcionadas. O ambiente é o ambiente de todos os dias. A imagística,
isto é, as imagens usadas para ilustrar as histórias, é própria de ambiente
campestre ou marítimo, conforme a situação geográfica em que Jesus se encontrava.
Em todo o caso, própria de uma civilização do tipo da judaica.
Muitas delas foram
contadas à multidão e explicadas particularmente aos Discípulos, enquanto
outras foram exclusivamente aos Apóstolos. O tema versado vai desde a
vigilância e atitude de oração e de perdão até às características do Reino de
Deus.
Capítulo 6 - O Senhorio
de Jesus Cristo sobre os demônios.
Marcos 5.1-9.
1 — E chegaram à outra
margem do mar, à província dos gadarenos.
2 — E, saindo ele do
barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito
imundo,
3 — O qual tinha a sua
morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender.
4 — Porque, tendo sido
muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em
pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar.
5 — E andava sempre, de
dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros e ferindo-se com
pedras.
6 — E, quando viu Jesus
ao longe, correu e adorou-o.
7 — E, clamando com
grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?
Conjuro-te por Deus que não me atormentes.
8 — (Porque lhe dizia:
Sai deste homem, espírito imundo.)
9 — E perguntou-lhe:
Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos
muitos.
A Palavra de Deus é
muito clara ao afirmar que o objetivo do império das trevas é tríplice:
eliminar os filhos de Deus, usurpar as bênçãos que vem do Altíssimo, e arruinar
a criação de Deus (Jo 10.10). Dediquemo-nos a este tema com o objetivo de
superarmos misticismos irracionais. Estudar acerca da autoridade de Jesus sobre
os demônios pode revelar-nos preciosas verdades sobre o poder do Cristo.
I. A atuação dos demônios no novo testamento.
1. Evidências bíblicas sobre a existência de
demônios. Para o estabelecimento de um ponto de partida mínimo nesta lição é
necessário tomarmos como verdade alguns pressupostos elementares: Existe uma
realidade para além do mundo físico-material; há uma intrínseca conexão entre a
realidade física e a realidade espiritual, onde ações e escolhas em cada um
destes campos têm possíveis repercussões entre si; as diferentes
características destas duas realidades implicam, necessariamente, qualidades
diferentes entre os seres que habitam e transitam nelas. O modo mais fácil de
atestar a realidade dos espíritos malignos é analisar os inúmeros casos em que
o Senhor Jesus confrontou e destruiu o poder das forças malignas (Lc 4.19),
este inclusive era um dos destacáveis fatos do ministério de Jesus conforme
defendiam os apóstolos na Igreja Primitiva (At 10.38). A existência de seres
espirituais da maldade é tão evidente nas Escrituras que um dos sinais
designados por Jesus, para caracterizar aqueles que seriam seus discípulos, é a
autoridade para expulsar demônios (Mt 10.8; Mc 16.17).
2. Características dos
demônios no Novo Testamento. Nosso conhecimento sobre estes seres é muito
limitado e absolutamente condicionado àquilo que as Escrituras falam, por isso
é importante concentrarmo-nos no que a Palavra diz, e nunca em crendices
populares ou fábulas religiosas. Eles são compreendidos como seres angelicais
que, em virtude de pecados e rebeldias (2Pe 2.4; Jd 6), perderam seu status
celeste e tornaram-se operadores do império da morte (Hb 2.14). Eles são
conhecedores da existência e do poder de Deus (Tg 2.19), bem como da divindade
de Cristo (Mc 1.34). Em muitos casos a atuação destes seres espirituais está
diretamente associada a enfermidades e acontecimentos trágicos (Lc 6.18). As
forças da maldade podem operar de modo isolado ou em conjunto, e é evidente que
a operação em grupo traz consequências muito mais devastadoras aos oprimidos
(Mt 12.43-45; 17.21; Mc 5.9; Lc 8.2).
3. A superioridade do
Reino de Deus sobre o império das trevas. Uma verdade importante que precisa
ser dita com relação a batalha espiritual é que ela é absolutamente
assimétrica, isto é, os conjuntos de forças e os participantes deste conflito
cósmico-espiritual possuem forças diferentes. Por exemplo, é óbvio que anjos e
demônios são mais fortes do que humanos (2Cr 32.21; Sl 8.5; Hb 2.7). Dentre os
seres espirituais existe uma hierarquia de tal modo que entre anjos existe pelo
menos um que é chamado de “anjo principal” ou arcanjo (Dn 10.13; 1Ts 4.16; 2Pe
2.11; Jd 9; Ap 12.7) e entre os espíritos malignos também (Lc 11.15). Todavia, sobre
tudo e todos, há a soberania de nosso Deus que — conforme sua onipotência — tem
poder infinitamente superior (Ne 9.32).
A diferença fundamental
entre o Reino de Deus e o império do mal é que enquanto este organiza-se apenas
para a destruição da humanidade, o Reino do Pai veio para trazer o bem e a
felicidade ao mundo (Jo 10.20,21). O Novo Testamento declara o poder soberano
de Jesus sobre os demônios (Mt 12.28); ainda que o maligno insista em tentar
prejudicar os filhos de Deus, temos em Jesus e no seu poder um socorro bem
presente em nossos instantes de guerra e conflito espiritual.
II. O indemoniado gadareno
1. Uma vida devastada pelo maligno. O relato
da libertação do oprimido de Gadara é um registro da força devastadora no mal
na vida de uma pessoa; porém, esta mesma narrativa é reveladora da graça
libertadora do Senhor Jesus.
Pensemos sobre como o
grande amor do Salvador vem em nosso favor para reestabelecer em nós a imagem
de Deus (Cl 3.10) desgastada pelo pecado e deformada pelo maligno (2Co 4.4). A
história deste homem, registrada nos sinóticos, é o enredo de uma tragédia:
Privado da convivência com sua família (Mc 5.19; Lc 8.39), isolado de qualquer
relação social (Mc 5.4; Lc 8.29), um homem oprimido pelo maligno a ponto de
perder a própria identidade e consciência (Mc 5.9; Lc 8.30). Além disso, as
forças demoníacas impeliam-no a um desejo de autodestruição e desvalorização de
si tão devastador que o homem oprimido matinha práticas de automutilação (Mc
5.5), não tomava banhos nem vestia roupas (Lc 8.27) e morava num cemitério (Mt
8.28). Este é o caso nas Escrituras onde há maior riqueza de detalhes na
descrição de como operava a ação demoníaca na vida de uma pessoa. Temos em
Mateus 12.43-45 a clássica descrição da metodologia de ataque dos demônios na
vida de uma pessoa; entretanto, o caso do gadareno demonstra o sofrimento de um
indivíduo específico, atacado por espíritos malignos, há também no relato do
gadareno a constatação da absoluta necessidade da intervenção de Jesus para
libertação dos oprimidos do Diabo.
2. Uma libertação
extraordinária. Não há qualquer tipo de espetacularização da libertação do
homem de Gadara, muito menos algum tipo de concessão ao maligno. Vemos no ato
de Jesus um compromisso com a restauração da espiritualidade e dignidade
daquela pessoa. Este não é o único caso nos Evangelho de um indivíduo opresso
por mais de uma entidade demoníaca, Lucas 8.2 registra que Maria Madalena fora
liberta de sete demônios. Jesus fez, através do amor, aquilo que os poderes
humanos, com suas correntes de ferro esmiuçadas (Lc 8.29), foram incapazes de
realizar. Não são protocolos humanos, palavras mágicas ou rituais místicos que
libertam a humanidade da dominação do mal, mas apenas o poder de Jesus Cristo
(Rm 16.20). A restauração foi imediata e radical, de tal forma que aquele homem
ficou assombrosamente liberto e em paz, segundo o próprio testemunho dos demais
moradores da cidade (Mc 5.15; Lc 8.35). Este é o resultado das ações de Deus na
vida de cada um dos seus filhos: alegria e restauração (2Co 5.17; Rm 8.1).
3. Sobre nossa imagem
restaurada em Cristo. O pecado roubou a plenitude da glória de Deus de nossas
vidas (Rm 3.23). Todo o plano de Deus na história da humanidade através de
Jesus de Nazaré tem como finalidade principal restaurar esta gloriosa comunhão
perdida (Jo 17.21,22). Desta forma, vencer as forças do maligno não significa
demonstrar habilidades especiais de domesticação de espíritos imundos, como
pensavam os filhos de Cevas (At 19.13-17), mas de uma vida restaurada em relacionamentos
— com Deus e com os homens — e em dignidade (Rm 5.10; 1Co 15.52). Há lugares e
igrejas onde a prática de exorcismos tornou-se instrumento de poder e lucro por
parte de líderes religiosos falsos cristãos. Com relação a esta questão o
Evangelho contemporâneo precisa voltar a sua essência, isto é, a pregação com
poder e autoridade sobre as forças das trevas, visando a liberdade das pessoas
e não uma forma de enriquecimento a partir do sofrimento alheio.
III. jesus expulsa um demônio de um homem mudo.
1. Uma doença que oprimia. A Escritura está
repleta de relatos de pessoas que sofriam de enfermidades e que foram curadas
de suas doenças graças ao poder de Jesus de Nazaré (Mt 9.22; Mc 10.52; Lc
17.19); por outro lado, existem também vários registros de indivíduos que foram
libertos de opressões demoníacas (Mc 1.23-27; 3.11,12; 5.2-20; 7.25-30). Há,
todavia, um conjunto mais específico de milagres realizados pelo Salvador que
envolviam não apenas a cura, mas também a libertação espiritual de pessoas (Mc
9.25; Lc 9.42). Analisemos um caso específico de cura por meio da libertação:
Mateus 9.30-33.
A palavra grega para
designar a doença deste homem (v.32) se refere a uma incapacidade de
comunicar-se com as pessoas. É uma enfermidade que comprometia o indivíduo em
um amplo espectro comunicacional, às vezes é traduzida por mudez, em outros
contextos surdez ou podem ser as duas enfermidades ao mesmo tempo. E uma última
possibilidade de compreensão, caracterização desta palavra grega, seria uma
pessoa com problemas cognitivos severos. Assim, a cura realizada por Jesus
restaurou àquele homem a capacidade de compreender o mundo, de tornar-se
novamente alguém autônomo, livre para decidir sozinho. Essa é uma das
características mais marcantes do ministério de Jesus: o poder para ministrar
não apenas a cura, mas a libertação por meio da cura (Lc 4.16-21; At 10.38);
desta forma, esse também deve ser um dos diferenciais na atuação de um seguidor
de Cristo, isto é, comprometer-se com o bem-estar integral — físico e espiritual
— da sociedade.
2. A manifestação de um
milagre. Diferente de muitos supostos curandeiros ou exploradores da fé alheia,
a libertação na vida daquele homem não foi algo lento, que aconteceu depois de
uma série de rituais ou protocolos cerimoniais; ao contrário, atesta-nos Mateus
que imediatamente após as palavras de Jesus, o homem passou a comunicar-se
naturalmente com as pessoas (v.33). É assim que se identifica um milagre: não
há condicionantes ou impedimentos, quando Deus realiza sua obra ninguém pode
impedir (Is 43.13). Por isso, tenha muito cuidado com quem cria pré-requisitos
religiosos para a realização de milagres. Nunca se deve utilizar do momento de
uma ação milagrosa de Deus para fazer-se marketing religioso ou autopromoção
ministerial; todo o milagre glorifica exclusivamente ao Senhor. Desta forma, se
um ato incrível não render glórias ao Altíssimo, nunca poderá ser definido como
milagre (Jo 6.14).
3. A blasfêmia pelo bem
realizado. A maldade dos religiosos da época era algo tão monstruoso que, após
a miraculosa libertação do homem oprimido, atribuíram tal acontecimento a uma
intervenção do próprio maligno (Mt 9.34). A blasfêmia deste tipo de afirmação
torna-se mais evidente quando consideramos que milagres como este que Jesus
realizou nada mais eram que o cumprimento de profecias anunciadas centenas de
anos antes (Is 35.5,6).
Os casos do gadareno e
do homem curado de mudez denunciam de modo contundente, que os ataques do
maligno ainda podem ser articulados em conluio, isto é, em uma trama maligna de
demônios.
Capítulo 7 - A Cura
Divina no ministério de Jesus Cristo.
Lucas 4.16-22.
16 — E, chegando a
Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga
e levantou-se para ler.
17 — E foi-lhe dado o
livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava
escrito:
18 — O Espírito do
Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a
curar os quebrantados do coração,
19 — A apregoar
liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos,
a anunciar o ano aceitável do Senhor.
20 — E, cerrando o
livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na
sinagoga estavam fitos nele.
21 — Então, começou a
dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
22 — E todos lhe davam
testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam da sua boca; e
diziam: Não é este o filho de José?
Os milagres de cura têm
se tornado cada vez mais raros em nosso meio. É bem verdade que a ampliação do
acesso aos serviços básicos de atendimento à saúde preenche muito do espaço
daquilo que antes era um campo exclusivo da ação de Deus. Na época de Jesus,
doenças que hoje consideramos simples ou controláveis, oprimiam multidões
inteiras. Para estes casos, Jesus revelou a glória do Pai. Nossa lição de hoje
refletirá a respeito dos efeitos da operação das doenças na humanidade e sobre
o ministério de cura exercido por Jesus durante sua atuação pública.
I. A origem e a natureza das enfermidades.
1. A origem das enfermidades. O mundo criado
por Deus foi o melhor para a humanidade. Infelizmente, depois dos eventos
trágicos do Éden, Adão e aqueles que seriam seus descendentes tiveram de
aprender a conviver num ambiente diferente, numa realidade em que o pecado e
todas as suas consequências malévolas passaram a existir. As doenças são
resultado direto desta desestruturação da ordem primitiva da Terra. O mundo
criado por Deus foi um lugar sem enfermidades, dores ou sofrimento para a
humanidade, pois tudo o que Deus faz é perfeito (Tg 1.17). Se pensarmos na
perspectiva bíblica, é o pecado que traz consigo toda uma série de
consequências malévolas para a semente adâmica — sofrimento da mulher (Gn
3.16); desequilíbrio na natureza (v.18); e a própria morte (v.19). É evidente
que as doenças são um meio de operação da morte entre nós; desta forma, em
termos gerais, a origem das doenças está diretamente vinculada à Queda adâmica
(Rm 7.5).
2. Enfermidades do
corpo. Estas são as mais evidentes e conhecidas por nós. Não é correto dizer
que enfermidades específicas sempre são originárias de pecados individuais.
Lembremo-nos de Jó, aquele que foi oprimido por uma enfermidade de origem
satânica (Jó 2.7), e do cego de nascença, uma vítima de doenças que alcançou
graça diante de Jesus (Jo 9.1-4), e até mesmo o lamentável caso de Mefibosete,
que sofreu consequências em sua vida em virtude de atos impensados dos outros e
de um acidente que ele não foi o culpado (2Sm 4.4). Existem doenças que oprimem
pessoas durante anos (Jo 5.5; Lc 13.16; At 9.33) e outras são devastadoramente
rápidas (2Rs 4.18-20; Jo 11.6,11,14). Desta forma, não é justo dizer que
doenças graves e agressivas seriam, necessariamente, castigos divinos a
determinadas pessoas; as múltiplas origens de algumas doenças físicas devem
levar-nos, todavia, a uma vida de comunhão intensa com Deus, para que possamos
permanecer firmes diante do dia mal (Ef 6.13).
3. Enfermidades da
mente. A Bíblia não é um manual de Psicologia, muito menos um livro preocupado
em relatar quadros psicopatológicos de modo detalhado. No entanto, há vários
textos e episódios que apontam para pessoas com sofrimentos psíquicos. Por
exemplo, o sofrimento estarrecedor, e profeticamente anunciado, em virtude da
desobediência do povo de Israel (Dt 28.34); Amnom e seu desejo compulsivo por
Tamar (2Sm 13.2); ou aquilo que Paulo chama de “tristeza para morte” em 2
Coríntios 7.10. O texto de Provérbios 18.14, extraído da cultura sapiencial
judaica, demonstra-nos muito bem a relevância da saúde mental. Conforme afirma
o sábio, diante de seus sofrimentos físicos, se o indivíduo mantiver sua saúde
mental ele ainda terá meios para fortalecer-se; contudo, se houver um
adoecimento de seu aspecto psíquico-emocional, como ele se sustentará diante do
sofrimento?
II. A cura divina como
parte da salvação.
1. Naamã e seu mergulho na fé. Existem
inúmeros textos nas Escrituras em que a palavra “salvar” deve ser entendido num
amplo significado, extravasando assim apenas um aspecto soteriológico e
atingindo também elementos da vida material dos indivíduos.
Um dos casos clássicos
dessa forte relação entre salvação e restauração física, ainda que do Antigo
Testamento, para tomarmos como analogia daquilo que Jesus fez no Novo
Testamento, é o do comandante do Rei da Síria, Naamã (2Rs 5.1). Diante do
terrível caso de uma doença incurável, restava àquele bravo guerreiro recorrer
à última instância que poderia transformar sua sofrível situação: um milagre.
Mas o caso de Naamã revela algo mais profundo: existe uma cura, contudo, também
se manifesta uma conversão ao Deus de Israel. O homem que saiu das águas turvas
do Jordão não estava apenas curado da doença que atacava seu corpo, mas também
convicto de que apenas o Altíssimo Deus de Eliseu era o Deus verdadeiro (2Rs
5.15).
2. Salvação e
restauração da saúde. Em textos como Mateus 9.22, Marcos 10.52 e Lucas
17.15-19, temos o registro de curas e salvações que ocorrem em conjunto. Uma
possibilidade de interpretar estes textos, seria a de que Jesus não trata de
salvação da alma neles, mas apenas de “salvar” alguém dos efeitos tenebrosos de
uma doença. Neste caso, salvar teria um significado mais metafórico do que
literal. Mas, quando o texto sagrado diz, por exemplo, que após a cura o cego
passou a seguir Jesus (Lc 18.43), o sentido de “salvar” aqui não pode ser
compreendido apenas como “libertar da opressão de uma enfermidade”, mas também
como conversão da alma.
3. Como deve um salvo
cuidar de sua saúde. Nossa fé em Cristo jamais deve ser utilizada como
argumento para justificar atitudes irresponsáveis ou de descuidado para com
nossa saúde. Proporcionar bem-estar ao corpo é também um modo de glorificar e
exaltar a Deus; por isso, em textos como as Epístolas vemos Paulo orientando
seus amigos a terem atenção a sua saúde (1Tm 5.23; 2Tm 4.20; Fp 2.25-30). Nossa
mordomia do corpo deve estar ligada a um ideal de vida saudável e equilibrada.
III. jesus cura os enfermos.
1. A dedicação a cura dos enfermos não foi uma
coincidência, mas parte de um plano eterno. Estava profetizado em Isaías que o
Servo do Senhor exerceria um ministério de cura, e Jesus declarou o cumprimento
das palavras do Antigo Testamento através de sua vida (Is 61.1-5; Lc 4.16-21).
Jesus não seria o Messias, se não tivesse como uma de suas tarefas
ministeriais, providenciar soluções aos aflitos por enfermidades e doenças. Em
vários momentos dos Evangelhos temos o registro da dedicação de Jesus aos
doentes (Mt 10.8; 14.14,35; Mc 1.34; Lc 4.40; Jo 6.2). Desta forma, o conjunto
de milagres que vemos associado à vida do Salvador é um dos fortes sinais que
designam sua messianeidade.
2. Jesus, a única
resposta para alguns enfermos. Na época de Jesus os recursos medicinais eram
muito limitados e caros; boa parte dos tratamentos eram muito mais
místicos-esotéricos do que algo próximo aquilo que chamamos hoje de científico.
Por isso, em muitos casos, somente a intervenção divina poderia mudar a vida
daqueles que sofriam. Doenças que hoje são completamente tratáveis, como a
hanseníase — lepra —, ou condições físicas que são plenamente adaptáveis — como
problemas de mobilidade, visão e audição —, naquela época eram circunstâncias
terríveis para a vida de qualquer pessoa, e vistas como uma maldição (Nm 5.2).
Diante dessas situações-limites, Jesus era a única resposta para o desespero de
muitas pessoas (Mt 20.30; Lc 17.13).
3. Não há protocolos
para a realização da cura. Pessoas inescrupulosas, com a intenção de extorquir
a fé alheia — ou mesmo numa versão contemporânea do farisaísmo — criam
complexas exigências para que a cura de Deus aconteça sobre a vida daqueles que
sofrem. Isto é o que se pode chamar de “estelionato religioso”. Alguns
constrangem enfermos a doarem valores vultuosos em troca de uma cura que nunca
virá; outros impõe pesadas rotinas com sequência de vigílias, jejuns exagerados,
orações que são verdadeiras torturas; um último grupo ilude pessoas e as leva a
uma verdadeira idolatria a pessoas, lugares e objetos. Quando Jesus curava, Ele
não seguia receitas pré-programadas.
Enquanto estivermos
nesta vida terrena teremos de conviver com as consequências das dores do mundo.
Os milagres de Deus não cessaram, talvez nós, os cristãos, tenhamos nos tornado
mais insensíveis à graça de Jesus que é salvadora, mas também que cura.
Capítulo 8 - Os 35
milagres de Jesus.
Os milagres de Jesus
Cristo marcaram e marcam a humanidade ainda hoje. Antes dele não se viu, e
depois dele não se ouviu falar de alguém tão poderoso. Os feitos de Jesus são
extraordinários.
1. O que é milagre?
Autores há que defendam a ideia de que o milagre seja a suspensão momentânea
das leis naturais e outros que advogam justamente o contrário, ou seja, o
milagre é a “normalidade” e a expressão exata do que deveria acontecer em um
mundo governado pelas leis divinas e sem a mancha do pecado. Tal discussão
contém verdade e conflito tanto de um lado quanto de outro. O fato mais
importante é que o milagre, tal como se entende biblicamente, trata-se de uma
intervenção sobrenatural de Deus na ordem dos acontecimentos e diz respeito a
algo extraordinário (Jo 4.46-54: 6.1-14; At 4.22).
2. A função do milagre.
O propósito do milagre, invariavelmente, é prestar socorro e glorificar o nome
do Senhor (Lc 13.10-17). Ele não é resultado da vontade humana e nem produto da
capacidade de quem quer que seja, mas vem única e exclusivamente da parte de
Deus (Tg 1.17). Portanto, qualquer tentativa de usurpar a glória do Altíssimo
constitui-se em “roubo”, pois a sua glória Ele não dará a outrem (Is 42.8).
3. A
“imprevisibilidade” como característica do milagre. Apesar de o milagre chegar
em momentos de dificuldade e de grande aflição, não é prudente “agendá-lo”,
decretá-lo ou mesmo determiná-lo, pois é Deus “o que opera tanto o querer
como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Em casos excepcionais, em
que parece ter havido um “agendamento” para o milagre, certamente Deus pode ter
comunicado ao coração dos seus servos para que tal acontecesse (1Rs 17.1;
18.41-46 cf. Tg 5.17,18). Contudo, fora esses casos específicos, devemos
confiar no Senhor de todo o nosso coração, mas sem querer manipular o Eterno.
II. Os perigos que rondam
os milagres
1. Apego excessivo ao miraculoso. Acostumar-se
ao miraculoso encerra um grande perigo que é desprezar o sagrado, tornando-se
ingrato (Nm 11.6). Todavia, “viciar-se” em tudo o que parece extraordinário, desprezando
a ordinariedade, pode ser igualmente perigoso. O servo de Deus precisa aprender
a contar com a dependência divina sem descuidar de sua parte no processo da
manutenção da vida, ou seja, deve buscar o equilíbrio (Pv 30.7-9). Alcançar tal
equilíbrio não parece difícil, entretanto, o que se verifica é uma tendência à
polarização: quando tudo vai bem tornamo-nos relapsos quanto à oração e nem nos
lembramos que o dom da vida depende de Deus e é um milagre, por outro lado, se
estamos em tribulação, clamamos desespera da mente pela intervenção divina.
2. Idolatria popular em
relação a quem foi o canal divino. Já se disse, com propriedade, que ninguém
torna uma multidão refém de si sem antes tornar-se dela refém. José foi
bastante claro ao dizer que não estava nele a capacidade de revelar alguma
coisa a Faraó, mas que Deus daria resposta de paz ao governante (Gn 41.16).
Portar-se de tal forma pode parecer fácil, entretanto, a própria história
bíblica registra casos em que pessoas se esqueceram de tributar ao Senhor a
glória que lhe é devida e acabaram sofrendo as consequências de tal
comportamento (2Rs 5.20-27; Dn 4.28-33). É preciso muito cuidado por parte de
quem Deus opera através de sua vida, pois a tentação de sentir-se idolatrado é
grande. Da parte do povo igualmente é preciso cuidado, pois este pode levar
àquele que foi o canal divino a exaltar-se, porém, Deus cobrará de cada um,
individualmente, a responsabilidade de reconhecer-lhe a glória.
3. O perigo do
descompromisso. Entre os grandes ensinamentos do Sermão do Monte, o Mestre
chama a atenção ao proferir que “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor,
não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E,
em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?”; ao que Ele lhes responderá:
“Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt
7.22,23). Que terrível final para quem tanto fez em nome de Deus! O perigo do
descompromisso ronda todos aqueles que se entregam ao trabalho do Mestre, mas
esquecem de fazer a vontade do Pai (Mt 7.21). A vontade do Pai é que o
obedeçamos, em humildade e temor, submetendo-nos a sua Palavra (Jo 14.21).
III. O contraste entre cura e a religiosidade.
1. O coxo ficava à
Porta Formosa do Templo. A religiosidade é pródiga em premiar aparências e
desconsiderar o principal (Mt 23.23-28). A descrição de Lucas parece conter uma
dose de ironia, pois diz que à hora da oração, “era trazido um varão que desde
que o ventre da sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo
chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam” (At 3.2). Um mendigo
deficiente colocado todos os dias na porta, cujo nome era Formosa, do suntuoso
Templo dos judeus. Que contraste! Enquanto se praticava a religiosidade com
todos seus protocolos litúrgicos, um homem jazia, diariamente, à porta
reluzente do Templo padecendo necessidade e ninguém se incomodava com a
situação. A insensibilidade tomara conta dos oficiais da religião, bem como do
povo, de forma tão intensa que ninguém mais percebia o quanto era equivocada
tal coexistência.
2. A cura do homem e o
exemplo de Pedro e João. Certamente dirigidos pelo Espírito de Deus, os
apóstolos Pedro e João foram ao Templo e se depararam com o homem que jazia á
porta Formosa (At 3.1,3). Pensando em receber esmolas, mal sabia o coxo que ao
dirigir-se àqueles dois homens sua vida mudaria. Em vez de uma ajuda paliativa,
que ainda gerava status religioso para o “benevolente” (Mt 6.1-4), o homem
recebeu a cura divina e, instantaneamente, levantou-se tomado pela mão direita
“e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus” (At 3.8).
O povo, que conhecia o homem que diariamente estava no Templo, ficou admirado e
aglomerou-se junto a Pedro e João, mas estes, como verdadeiros servos do Deus
Altíssimo, comportaram-se humildemente, tributando ao Senhor toda honra e toda
glória pelo grande milagre que acabara de ocorrer (At 3.11,12). É esta a
postura recomendada para quem afirma temer a Deus e não quer usurpar a glória
do Senhor para si.
3. O milagre e a
palavra do Evangelho. O milagre, apesar de socorrer a alguém em um momento de
grande necessidade, serve igualmente como oportunidade para a pregação do
Evangelho. Na verdade, o Evangelho completo traz em si a possibilidade do
socorro através do milagre (Mc 16.15-20). Quando o povo, atônito, acorreu aos
apóstolos, Pedro rapidamente tratou de pregar o Evangelho, demonstrando
biblicamente, que através da fé em Jesus, a quem os judeus preteriram em favor
de um homicida, foi possível realizar o milagre que a multidão acabara de
presenciar (At 3.13,14,16). Não é de se estranhar que Pedro e João tenham sido
presos e levados ao Sinédrio no outro dia (At 4.1-22), pois o povo desviou a
atenção dos sacerdotes voltando-se para os apóstolos. Nesta segunda
oportunidade em que Pedro pregou o Evangelho, o número de conversões chegou a
quase cinco mil.
Os milagres são
intervenções poderosas de Deus para socorrer-nos em momentos de aflição. Eles,
sob hipótese alguma, devem ser usados como forma de autopromoção, exibicionismo
ou coisa parecida. A glória do milagre pertence somente ao Senhor Jesus Cristo.
Ele operou muitos milagres e tributava toda a glória ao Pai (Jo 11.41,42), Que
possamos ser canais de Deus para que milagres aconteçam em nossas vidas e através
delas, porém, sem nos esquecer que a glória pertence ao Senhor.
Listar cada um dos 35
milagres de Cristo registrado na Bíblia, e mostrar qual o objetivo deles,
sabendo que Ele operou e opera muito mais do que aqueles que são relatados nas
Escrituras (Jo 21.25)
E como Deus usou seu
Filho, por meio dos sinais, para conduzir a humanidade à reconciliação da
aliança quebrada no Éden, através de uma vida e história extraordinárias.
IV. O Propósito dos
Milagres de Jesus Cristo
O objetivo dos milagres
de Jesus era mostrar para o mundo que Ele era realmente o Filho de Deus, o
unigênito do Pai, além disso revelar a misericórdia do Senhor e o seu plano
para a humanidade (At 10.38). Por meio dos feitos poderosos do Senhor Jesus,
Deus Pai quer produzir fé em nossos corações (Jo 4.48).
A vida e obra de Jesus
revelam a vontade de Deus para o ser humano: sará-lo, curá-lo, lhe restaurar a
plenitude perdida na queda. Isso fica ainda mais claro, quando temos em mente
que o Senhor Jesus veio para revelar e fazer a vontade do Pai.
As obras realizadas
pelo poder do Filho de Deus não se resumem a cura física, libertação e
ressurreição de mortos. O maior milagre foi operado na cruz do Calvário e três
dias depois na sua ressurreição.
1º Transformando Água
em Vinho (Jo 2:7-11)
O primeiro milagre de
Jesus foi registrado em uma festa de casamento realizada em Caná da Galileia,
onde sua mãe, Maria havia sido convidada. Devemos ter em mente que uma festa de
casamento nesses dias e cultura duravam dias.
Após a chegada de
Maria, Jesus e seus irmãos, saiu a notícia de que o vinho havia acabado. Era o
mesmo, que em nossos dias não ter doce, salgados ou refrigerante.
O Espírito Santo,
através de João, nos mostra que Maria foi até Jesus para pedir ajuda ao seu
poder sobrenatural. A princípio o Senhor foi relutante, mas acabou atendendo ao
pedido de sua mãe.
Com isso, ele ordenou
que o Cerimonial da época enchesse de água, as talhas usadas pelos judeus para
purificação. Feito isso, Jesus ordenou que a água já transformada em vinho,
fosse servido ao chefe do cerimonial.
Ao provar, ele ficou
surpreendido como aquele vinho era saboroso. E sem saber qual a origem do
vinho, foi até o noivo e o elogio muitíssimo. Pois era costume na época, servir
o melhor vinho primeiro e depois que todos estivessem fartos, um de qualidade
inferior.
Com isso, a Bíblia nos
mostra que servimos a um Deus excelente. Tudo o que vem dele é bom, até o que
não compreendemos. Jesus cuidou da falta de alegria antes que ela chegasse. É
possível que os noivos nem ficaram sabendo do problema. Porque quando Jesus
está presente, ele se antecipa.
Ele cuida de áreas da
nossa vida, que nem fazemos ideia.
2º A Cura do Filho do
Oficial (Jo 4:46-54)
O segundo milagre de
Jesus foi realizado na mesma cidade, do primeiro. Mas desta vez, Caná não viu o
Senhor transformar água em vinho, mas com apenas uma palavra restaurar a saúde
do filho de um oficial do rei.
Jesus declara que os
sinais são necessários para que as pessoas acreditem em Deus e no Seu favor.
Prontamente, o Filho de Deus declarou que o menino continuaria vivo, e ordenou
que o oficial podia voltar para casa e seguir sua vida normalmente, porque seu
filho estava bem.
Ele confiou nas
palavras de Jesus e voltou. Ao chegar em casa encontrou seu filho completamente
sarado. Feliz e intrigado, perguntou mais ou menos que horas ele havia
recuperado a saúde. Quando os servos responderam, ele percebeu que havia sido
exatamente no momento em que Jesus declarou cura sobre o menino.
Servimos a um Deus
bondoso. Tudo o que precisamos fazer, é o que este homem fez. Confiar em suas
palavras e seguir o nosso caminho.
3º A Cura do Paralítico
de Betesda (Jo 5.1-9)
Era um aglomerado de
pessoas doentes, inválidas.
O motivo de tanta gente
junta, era o anjo que descia no tanque de Betesda e que curava o primeiro que
caísse na água.
O Senhor Jesus se dirige a alguém em especial,
ele não para ou fala, com outra pessoa. Se aproxima de um homem de um senhor
que está deitado em uma maca.
Jesus conversa com ele
e descobre que há trinta e oito anos, ele espera por sua cura, mas ninguém
nunca o ajudou. Ele por outro lado nunca desistiu. Intrigado, Jesus pergunta
que ele quer ser curado, e o homem responde que sim.
A partir disso, o Filho
de Deus ordenou e imediatamente o homem que há quatro décadas esperava seus
milagres, voltou a andar.
Isso nos mostra que não
podemos desistir de esperar no Senhor. Ele não falha. Ele é bom para aqueles
que nele esperam (Lm 3.25)
4º A Primeira Pesca
Maravilhosa (Lc 5.1 - 11)
Você já viveu aquele
momento em que parece que tudo está dando errado. Pois bem, o quarto milagre de
Jesus foi realizado nesse cenário. Em que parece que tudo está desabando em sua
vida. É possível que eles estivessem se sentido assim. Já estavam lavando as
redes em uma manhã que chegou, após uma noite frustrante no mar.
Eles tentaram, fizeram
o que sabiam, mas nada deu certo. Não estavam nem prestando muita atenção a
multidão que estava na praia, até que alguém no barco, e fez um pedido
inusitado: “Você pode afastar um pouco o barco da margem, por favor” – imagino
que foram essas as palavras de Jesus a Simão Pedro.
A gentileza do Mestre
impactou o bruto Pedro, que passou a prestar atenção em suas palavras. Acabado
o Sermão, o Senhor Pediu que os pescadores voltassem à pescaria. Pedro fez
questão de deixar claro que eles haviam tentado a noite inteira, mas não deu
certo e que durante o dia, ninguém pesca.
Mesmo assim, tendo
ciência de tudo isso, Pedro consente – “Mas, porque és tu quem está dizendo
isto, vou lançar as redes”.
A obediência deu muitos
frutos. Pouco tempo depois de parar onde Jesus havia indicado, eles pegaram uma
quantidade extraordinária de peixes. Tamanha foi a quantidade que as redes
estavam se rompendo. Eles tiveram que chamar ajuda.
Maravilhado pelo
ocorrido, Simão Pedro se ajoelhou diante do Senhor e o adorou com palavras que
revelavam sua indignidade de estar perante o Filho de Deus. Ao contrário do que
eles imaginavam, o Mestre revelou o desejo de estar ainda mais perto deles. Se
eles o seguissem suas vidas seriam radicalmente transformadas.
5º A Libertação do
Endemoninhado (Mc 1.23-28; Lc 4.31-36)
Sabemos que Jesus
transforma água em vinho, cura enfermos e é muito bom na pescaria, mas o
próximo desafio é mais assustador. Eles estavam na sinagoga, um lugar de culto
e adoração a Deus.
Quando Senhor Jesus
chegou, um homem endemoniado esbravejou contra ele. Em suas palavras, o demônio
dizia conhecê-lo e saber o propósito de sua vinda. Olhos arregalados de todos os lados, puderam
ver quando sem responder ao espírito, o Senhor, com apenas uma ordem o mandou
calar a boca e deixar aquele homem em paz.
E assim aconteceu!
Todos ficaram,
perguntando entre si o que seria aquele ensino e autoridade. Eles reconheciam
que Jesus era diferenciado, pois até espíritos imundos se sujeitavam as suas
ordens.
E a fama de Jesus
começou a se espalhar por toda a Galileia.
6º A Cura da Sogra de
Pedro (Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39)
Em nossa cultura as
pessoas costumam falar muito mal de suas sogras. Muitos a consideram malditas e
a raiz de todo o mal que assola seu lar. O sexto milagre de Jesus nos mostra
que Deus tem uma visão diferente do assunto.
Ao chegar na casa de
Simão Pedro, o Senhor percebe que sua sogra está doente. Imediatamente, segura
em sua mão e a saúde da mulher é restaurada.
Como é bom ter o Senhor
Jesus como agente atuante em nossas famílias. Ele transforma realidades
perdidas em solos frutíferos. Perspectivas de destruição em benção.
7º A Purificação do
Leproso (Mt 8.2-4; Mc 1.40-45; Lc 5.12-16)
O sétimo grande feito
do Senhor Jesus é um dos meus favoritos. O leproso que se aproxima dele, na
rua, não podia estar ali. Pela lei de purificação judaica, ele devia estar em
quarentena em alguma cidade ou colônia, longe dali.
O fato é que ele havia
ouvido falar dos milagres de Jesus, isso fica claro em suas palavras. Contudo,
há uma insegurança em seu coração. Ele não tem certeza se Jesus, “quer”
curá-lo.
Em seguida, o Filho de
Deus contraria a tudo e todos e “Toca” no leproso. Depois disso, ele fala:
“Quero. Seja purificado! ” E imediatamente a lepra o deixou.
Glória a Deus!
Assim acontece conosco.
Sabemos que Deus é poderoso para nos ajudar, curar, restaurar as mais diversos
áreas da nossa vida, mas o que nos intriga é saber se ele realmente quer.
A resposta é SIM! Ele
quer e tenha certeza que ele vai surpreender você. Ele não apenas fala. Ele
toca.
8º A Cura do Paralítico
(Mt 9.2-8; Mc 2.3-12; Lc 5.18-26)
O oitavo milagre é o
resultado de um esforço conjunto. Quatro amigos carregaram um paralitico até a
casa em que Jesus estava ensinando, mas por causa da aglomeração, não havia a
possibilidade de entrar pelas portas ou janelas.
Mas isso não foi
empecilho suficiente para eles.
Sem hesitar, e de
alguma forma engenhosa, subiram o homem ao telhado, no qual abriram uma fissura
e desceram o paralitico na presença de Jesus pelo teto. É claro que uma
situação como essa causa muito estardalhaço e tira a concentração de todos.
A Escritura revela que
a fé daqueles homens, foi notada pelo Senhor Jesus, que liberou uma palavra de
perdão de pecados ao paralítico. Ao que tudo indica, sua enfermidade estava
diretamente ligada a algum erro em sua vida.
Tendo ouvido as palavras
de Jesus, os religiosos ficaram extremamente ofendidos. Pois, para eles apenas
Deus tem autoridade para isso. Jesus, lendo os pensamentos deles, repreende
publicamente suas intenções e ordena que o paralítico volte a andar. O que mais
uma vez acontece.
O evento mostra que a
autoridade de Jesus, vai muito além de cura física. Ele é poderoso para nos
curar e restaurar completamente. A todos nós!
9º Jesus Cura a Mão Ressequida
(Mt 12.9-13; Mc 3.1-5; Lc 6.6-10)
Ao passo que a
popularidade de Jesus crescia, surgia também a oposição das autoridades
religiosas. O seu nono milagre, é operado em uma sinagoga, provavelmente em uma
bela manhã de sábado.
Jesus se dirige ao
local, passando pelas ruas de pedra que eram destacadas pelo brilho intenso do
sol. Um amarelo vivo e bonito nascia da combinação.
Irritados com o estilo
de vida e ensino de Jesus, os fariseus questionaram se ele podia curar no
sábado. O Mestre da Galileia, respondeu com um outro questionamento. Ele
perguntou se os animais que eles tinham, caindo em um buraco no sábado,
receberiam sua ajuda ou esperariam até chegar o domingo?
Sabendo que não tinham
resposta, o Senhor declarou que a vida humana é muito mais valiosa que a de
animais. Pedindo que o homem estendesse a mão, Jesus o curou diante de todos.
Não importa se as
pessoas dizem que não é o momento certo. O dia adequado. Tenha uma expectativa
viva e ativa da benção de Deus. Ela pode recair sobre você e sua família, a
qualquer momento.
10º A Cura do Criado do
Centurião (Mt 8.5-13; Lc 7.1-10)
O décimo milagre de
Jesus deixa muita gente intrigada, inclusive eu. Acontece que o homem que pediu
a cura para seu servo, impressionou o Senhor, com sua fé.
Aconteceu que muitos
líderes judeus foram até Jesus, a pedido de um Centurião romano, com o objetivo
de suplicar cura, para um de seus servos. Os judeus fizeram questão de destacar
o quanto aquele homem, embora romano, isto é, gentio, amava a nação e como
prova disto, construiu uma sinagoga.
Convencido, o Senhor
seguiu em direção a casa do Centurião. No caminho, ele foi parado por um grupo
de amigos do romano com uma mensagem intrigante e surpreendente. Em suas
palavras, o Centurião disse a Jesus que não era digno de recebê-lo em casa, e
suplicou que ele enviasse uma palavra e o servo seria curado.
O fundamento de seu
argumento foi o princípio da autoridade. Ele disse que ao dar ordens aos seus
servos, eles o obedeciam. Reconheciam que sua voz era, voz de comando a ser
obedecido. Da mesma forma, ele deixa claro, em suas palavras que acredita que
se o Senhor Jesus desse uma ordem a enfermidade deixaria o corpo de seu criado.
Ao ouvir a mensagem
enviada pelo Centurião, Jesus ficou impressionado com a fé demonstrada.
Surpreendeu o fato, de que nem mesmo na nação de Israel, ele tinha visto algo
parecido.
Ao voltar para casa, o
servo do Centurião estava curado.
11º Ressurreição do
Filho da Viúva de Naim (Lucas 7.11-15)
Você já teve a sensação
de estar no lugar certo, na hora certa? Em caso positivo, é o que melhor
descreve o encontro, entre Jesus e a viúva de Naim.
O Mestre estava próximo
a entrada da cidade. Acompanhado por seus discípulos e uma multidão animada,
quando ao seu encontro veio uma outra multidão, com lágrimas nos olhos e dor no
coração. Acontece que o filho mais velho de uma viúva, estava morto e sendo
levado para o cemitério.
Ao ver a cena, Jesus
foi ao encontro da viúva e agora mãe enlutada e a consolou. Pediu que ela
parasse de chorar, não sem motivo. Sua segunda ordem é ainda mais
surpreendente. Ele se aproximou do jovem morto, tocou-o e ordenou que voltasse
a viver.
O que de fato,
aconteceu!
Imediatamente o rapaz
abriu os olhos, levantou e conduzido por Jesus, foi abraçar sua mãe.
Ele é poderoso para
trazer a vida os nossos sonhos e anseios mais preciosos.
12º Jesus Cura Um
Endemoninhado Mudo (Mt 12.22 e Lc 11.14)
Impossibilidades. Era
tudo o que esse homem tinha. Ele era cego, mudo e estava endemoninhado, quando
Jesus o encontrou. Era uma situação difícil.
Imagine só! Sem visão e
sem voz. Como ele se comunicava? Era com certeza incompreendido. Talvez a
solidão e abandono tenha aberto os portões de sua alma para os espectros do
inferno, que passaram a fazer-lhe companhia e atormentá-lo.
Mas a Bíblia diz que quando
Jesus o encontrou, ele o curou, e sua visão foi restaurada e sua voz
destampada.
O Senhor é poderoso
para remover as maiores e mais desafiadoras impossibilidades de nossas vidas.
Aquilo que suprime o melhor de nós, que nos isola. Ele veio para nos libertar.
13º Jesus Acalma a
Tempestade (Mt 8.18,23-27; Mc 4.35-41; Lc 8.22-25)
De todos os milagres de
Jesus, este é um dos mais famosos, com certeza. É algo sem precedentes. O fato,
é que o Mestre havia convidado seus discípulos para atravessar o Mar da
Galileia e passar para o outro lado.
Durante a travessia, a
noite, o vento começou a soprar forte, de forma que as ondas se agitaram. O
barco começou a sofrer com a situação e os tripulantes também, com exceção de
um, Jesus. Ele estava dormindo. Fico a imaginar, alguém dormindo em meio ao
caos. Em meio a uma possibilidade real de naufrágio.
Intrigados com a “displicência
“de Jesus, os discípulos o acordaram com palavras duras. Questionaram se Ele
realmente se importava com eles.
É o que fazemos, a
calma de Deus nos incomoda. Quando as coisas aparentemente começam a dar
errado, jogamos a culpa sobre Ele. É muito injusto da nossa parte. Somente um
Deus amoroso e bom, como Ele, continua a nos suportar.
Contrariado pela forma
como foi acordado, Jesus se levantou e começou a dar ordens a natureza.
Primeiro ele mandou que o vento ficasse quieto, depois foi a vez do mar. Jesus
ordenou que ele se acalmasse.
Boquiabertos, os
discípulos perceberam que não o conheciam tão bem quanto imaginavam. Pois, até
a natureza obedece ao seu comando.
Da próxima vez que as
coisas fugirem ao seu controle, não se volte para Deus com indignação e
incredulidade. Apenas fique quieto e aguarde. A solução dele vai mostrar que
você ainda não o conhece tão bem quanto imagina.
14º A Cura do
Endemoninhado Geraseno (Mt 8.28-33; Mc 5.1-14; Lc 8.26-39)
Cheios de ódio.
Exatamente assim que estes homens estavam. Não se sabe o motivo de terem tomado
o aspecto de monstros. A verdade é que eles viviam isolados nas montanhas e com
uma fama que o deixaria cada vez mais abandonados.
A alma deles era o
teatro do Diabo. O príncipe das trevas enviou milhares de servos para
atormentar estes homens e transformá-los em máquinas de tormento. E foi eficaz!
Tudo isso é alterado
quando Jesus chega. A presença do Filho de Deus causa estranheza e assombro nos
demônios. Jesus ordena e eles ficam quietos. Pedem permissão para mudar de casa
e ir para os porcos – Jesus consente.
Entraram na grande
manada de porcos e fizeram o que sabem fazer de melhor, destruíram-na por
completo, lançando-se no precipício e caindo no mar.
Contudo, os seres
humanos ficaram bem, livres. E para Jesus é o que mais importa.
15º A Cura da Mulher do
Fluxo de Sangue (Mt 9.20-22; Mc 5.25-34; Lc 8.43-48)
Saúde é algo complicado,
quando não está bem, parece que tudo vai mal. Na vida da mulher do fluxo de
sangue, como é popularmente conhecida entre os cristãos sua saúde custou tudo.
Por mais que ela
tentasse e gastasse, sua saúde apenas piorava. Seu patrimônio e seus bens chegaram
ao fim de longos doze anos tentando. Uma coisa é certa, ela é uma mulher
extremamente determinada. Nunca desistiu!
A boa notícia para ele,
é a de que Jesus está por perto. E quando ele soube do que Ele era capaz, ficou
extremamente animada. Consigo mesma traçou o plano, e pela fé, acreditou que
tocar nele seria o suficiente.
Assim, com um bom plano
e uma convicção resoluta ela partiu para “enfrentar” a multidão. Depois de
lutar contra a fraqueza física e suportar os golpes da multidão, ela finalmente
consegue o que tanto queria, tocar em Jesus!
Quando Jesus percebeu
que em meio à tantas mãos e abraços, e empurrões alguém havia acessado seu
poder divino, Ele PAROU TUDO. Ninguém se movimentou, dali em diante. O Mestre
assumiu o controle. Os discípulos questionaram sua sensibilidade: “Mas como
assim? São Tantos toques?” – Jesus retrucou – Senti o poder saindo de mim.
A mulher percebeu que
era por causa dela que estava acontecendo aquilo, e então se apresentou. Com
medo e ainda em choque, contou a Jesus diante de todos os que havia acontecido.
Emocionado e feliz, o
Senhor Jesus a chamou de filha e deixou claro que sua cura era o resultado de
sua fé. Diante agora em diante ela poderia seguir e viver em paz.
Para ver a manifestação
dos milagres de Jesus em nossas vidas, precisamos ter coragem, atitude e
suportar a dor e a fraqueza que nos cercam. Isso, para que assim como essa
mulher conseguir tocar em Jesus, acessar o poder de Deus.
Ninguém disse que seria
fácil, mas não é impossível.
16º A Ressurreição da
Filha de Jairo (Mt 9.18, 23-26; Mc 5.22-24, 35-43; Lc 8.41,42,49-56)
Milagres de Jesus
Cristo: Os 35 Milagres de Jesus nos Evangelhos
Jairo chegou em Jesus,
antes que a mulher do fluxo de sangue o tocasse. O pedido era o de um pai
desesperado, que estava prestes a perder sua filha doente para a morte.
Comovido pela situação, o Senhor se dirigiu até a casa de Jairo, mas foi
“atrasado” pela multidão.
Posso imaginar a
angústia de Jairo enquanto a mulher testemunhava seu milagre. Acredito que ele
pensava consigo – Isso é completamente desnecessário! Jesus anda logo! Enfim,
muitos temores nos cercam quando lidamos com o tempo.
Medo de não dar tempo.
Medo que o Senhor não chegue. Medo de perder no detalhe.
Bem, na vida de Jairo,
esse medo começou ganhando. Instante depois de ser parado pela multidão, o
chefe da sinagoga, frequentada por Jairo e sua família, chegou trazendo a
triste notícia. A menina estava morta.
Mas lembra que eu disse
que o medo começou ganhando? Pois é, quando Jesus está em campo a partida só
termina quando ele apita.
Vendo a aflição de
Jairo, Jesus o encoraja a não duvidar e lhe faz um pedido: “Crê somente”. Em
seguida, se dirigiu com seus discípulos a casa de Jairo e consolou a todos,
dizendo que não precisavam mais chorar.
Em seguida o autor da
vida diz que a menina não está morta, apenas dormindo. E as pessoas foram para
o outro extremo. Indelicadas, começaram a rir de Jesus, porque tinham certeza
que ela estava morta. Aqui fica claro, que a referência muda com base na
capacidade de quem está olhando.
Enquanto eu e você
olhamos dizendo que não tem jeito, vislumbramos apenas nossas possibilidades.
Quando Jesus olha, Ele não enxerga limites.
Com isso, ele mandou
que todos saíssem, ficando com ele apenas: Pedro, Tiago e João. Quando estavam
a sós, Jesus orou pela menina e ordenou que ela ficasse de pé. Imediatamente a
menina atendeu a ordem e foi restaurada. Os pais da menina ficaram maravilhados
e Jesus pediu que eles não compartilhassem aquilo com ninguém.
17º A Cura de Dois
Cegos (Mt 9.27-31)
Capacidade? Muitos de
nós queremos fazer muitas coisas, mas a grande questão é; somos capazes?
O décimo sétimo milagre
de Jesus envolve essa percepção. Dois cegos o seguiram gritando avidamente, por
misericórdia. Chamando Jesus de Filho de Davi, eles causaram um verdadeiro
reboliço no lugar. A verdade é que seguiram Jesus até em casa.
A insistência deles
chamou a atenção do Mestre. Por isso ele perguntou se eles acreditavam que Ele
era capaz de fazer isso. Os cegos consentiram que sim – Sim, nós cremos!
Então Jesus asseverou
que acontecesse, tal como eles acreditavam e tocando em seus olhos,
imediatamente voltaram a enxergar.
Muitos de nós passamos
por isso, a questão é que diferentemente dos cegos, estamos suplicando os
milagres de Jesus, mão sinceramente não acreditamos que Ele possa nos ajudar.
Devemos pedir e esperar
com confiança, pois servimos a um Deus bondoso.
18º Jesus Cura o Mudo
Endemoninhado (Mt 9.32,33)
Somos surpreendidos de
muitas formas durante a nossa trajetória na Terra. Não podemos negar, que somos
positivamente surpreendidos é muito melhor. Foi o que aconteceu a dois mil anos
atrás, na vida deste homem.
Endemoninhado e mudo,
sua vida um silêncio caótico. Oprimido pelas trevas e com centenas de
obstáculos entre ele e uma vida normal, ele chegou a presença de Jesus com sua
identidade completamente desfigurada.
Quando o Senhor Jesus
reprendeu o espírito maligno, o homem voltou a falar. Com a mente e a alma
liberta, agora, ele pôde expressar o que sentia. Ele agora era uma voz audível,
não um grito sufocado.
Ao ver o ocorrido as
pessoas ficaram maravilhadas com Jesus. Na nação dos impossíveis, se dizia:
“Nunca se viu nada parecido em Israel! “
Jesus é maravilhoso!
19º A Primeira
Multiplicação de Pães (Mt 14.14-21; Mc 6.34-44; Lc 9.12-17; Jo 6.5-13)
Você quer testar a
hospitalidade de alguém: observe como ela se importa com a fome dos outros. No
deserto, a milhares de anos atrás, multidões puderam ver como Jesus é generoso.
Estou falando da
primeira multiplicação de pães e peixes. As pessoas estavam com o Senhor em uma
longa jornada de ensino, e a comida acabou. Percebendo a escassez e os perigos
de uma longa viagem com fome, onde havia crianças e idosos, Jesus assumiu a
responsabilidade e a repartiu com os discípulos.
Quando receberam a
ordem de alimentar a multidão, os alunos de Jesus ficaram perturbados, porque
nem mesmo o salário de quase um ano de trabalho daria para comprar pão para
tantas pessoas.
Dado o tempo
necessário, Jesus perguntou quantos pães eles tinham. Da multidão, a única
coisa que apareceu foram cinco pães e dois peixinhos. O Senhor tomou os pães e
os peixes em suas e deu graças a Deus Pai.
Antes de receber a
abundância, Jesus foi grato pelo pouco que tinha. Que grande lição.
Após a sua oração, os
pães e os peixes foram entregues aos apóstolos e estes a multidão, de forma que
cerca de 20 mil pessoas comeram, até ficar satisfeitas. Quando todos haviam
comido, os discípulos de Jesus recolheram as sobras, e sobraram doze cestos
cheios de pães.
A grande lição que
fica, é o fato de que temos um Deus generoso e bom. Abundante. Disposto a
suprir nossas necessidades reais, Jesus nos estimula a confiar e viver em paz.
20º Jesus Anda Sobre as
Águas (Mt 14.24-33; Mc 6.45-52; Jo 6.16-21)
Mais uma vez no mar.
Nesta ocasião, o Senhor orientou que os discípulos deviam atravessar o mar,
rumo a Cafarnaum, e Ele os seguiria depois. Quando anoiteceu, o vento começou a
soprar forte e as águas ficaram agitadas.
Após cerca de seis
quilômetros de navegação difícil, os discípulos de Jesus, perceberam que havia
alguém andando sobre a água. Com a visão bagunçada pelo medo, a noite e a
turbulência, eles gritaram com medo, imaginando que se tratava de um fantasma.
Vendo o alvoroço, o personagem misterioso identificou-se. Era Jesus, o Filho de
Deus.
Quando ouviu de quem se
tratava, Simão Pedro o desafiou. Pedro disse que se fosse Jesus mesmo, ele
seria capaz de fazê-lo andar sobre as águas também. Desafio aceito, o Senhor
autorizou e Pedro, também andou sobre as águas.
Maravilhados, os
discípulos receberam a ambos no barco, com uma reverência e um temor Santo a
Jesus, declarando que de fato Ele era o Filho de Deus.
21º A Cura da Filha da
Cananéia (Mt 15.21-28; Mc 7.24-30)
O vigésimo primeiro
milagres de Jesus é realizado fora de Israel, mas especificamente nos
territórios de nações inimigas no passado, Tiro e Sidom.
Uma mãe Cananéia veio
clamando por trás de Jesus e dos seus discípulos no caminho. Ela gritava
implorando a ajuda do Filho de Davi, porque sua filha estava doente. Contudo,
no caso dela não foi tão simples.
Mesmo ouvindo seus
gritos, o Filho de Deus ficou inicialmente calado e continuou andando.
Incomodados com o
barulho, os discípulos se aproximaram de Jesus e pediram que ele resolvesse
aquilo, mandando a mulher ir embora. Foi quando o Mestre parou.
Se virou para mulher e
lhe disse que não havia sido enviado para pessoas de outras nações, mas para o
povo de Israel. Jesus estava se referindo ao seu ministério e missão terrenos.
Porque em sentido geral, Ele foi enviado para pessoas de todo o mundo (Jo 3.16)
Não satisfeita, mas
submissa, a mulher deu uma resposta cheia de sabedoria e fé. Comparando as
outras nações com cachorrinhos, ela disse a Jesus que pessoas como ela ficariam
satisfeitas em ser alimentadas pelo pouco que “caia da mesa do povo de Israel”.
Impressionado com a
resposta, Jesus elogiou a mulher Cananéia por sua grande fé e declarou a cura
sobre sua filha, que imediatamente foi sarada.
22º A Cura de um Surdo
e Gago (Mc 7.31-37)
O método de cura
aplicado neste milagre é inusitado. Trata-se de um homem que era surdo e gago.
Trazido a presença de Jesus por outras pessoas, elas lhe suplicavam que Ele lhe
impusesse as mãos.
O Senhor se afastou um
pouco da multidão, colocou os dedos em seus ouvidos, cuspiu em sua língua e
tocou nela. Após isso, disse-lhe “Efatá”, que quer dizer: Abra-se.
Em seguida, o homem
começou a ouvir e falar. Vendo sua alegria, o Senhor pediu que as testemunhas
não contassem aquilo a ninguém, o que foi inútil, porque quanto mais ele
proibia, mas as pessoas falavam sobre o acontecido.
Todos estavam
maravilhados com ele. Não sem razão, não é?
23º A Segunda
Multiplicação de Pães (Mt 15.32-39; Mc 8.1-9)
Jesus sabe que como a
escassez nos assusta. Não é à toa que alguns dos seus milagres nesta área,
aconteceram mais de uma vez. A ideia é nos passar segurança.
Há três dias as pessoas
entraram em uma imersão de ensino e milagres com o Senhor Jesus, e mais uma
vez, a comida acabou. Mais uma vez, sua misericórdia aflorou e Ele decidiu que
as pessoas não poderiam viajar com fome, era perigoso.
O problema foi a
atitude dos discípulos, que claramente revela a nossa, na maioria das vezes. Ao
ouvir o plano de Jesus, eles pensaram em como poderiam alimentar aquelas
pessoas, visto que não tinham dinheiro suficiente. A primeira multiplicação não
gerou a segurança que o Senhor desejava.
O que mudou desta vez
foi a quantidade de comida encontrada: sete pães e alguns peixinhos. Jesus
ordenou que eles sentassem, orou agradecendo e entregou aos discípulos, em
seguida estes entregaram a multidão.
A Bíblia diz que todos
comeram, até ficar fartos. Glória a Deus! Servimos a um Deus abundante. Cerca
de vinte mil pessoas foram alimentadas, mais uma vez pelo poder de Deus. Por
sua provisão.
O mesmo está disponível
para nós. O Senhor deseja nos abençoar e multiplicar os nossos recursos. Não,
Deus não é mesquinho, um Pai medíocre, amante dos bens, das coisas. Ele ama as
pessoas. Se importa comigo e com você.
Tudo que precisamos
fazer é seguir seu ensino. Sua direção.
24º A Cura do Cego de
Betsaida (Mc 8.22-26)
Mais um método de cura
pouco “tradicional”. A essa altura as pessoas sabiam que Jesus era capaz de
praticamente qualquer coisa. Trouxeram-lhe um cego, implorando que o Senhor o
curasse.
Jesus afastou-se do
povoado como o homem, cuspiu em seus olhos e depois perguntou se ele estava enxergando.
Ele respondeu que Sim, mas as pessoas pareciam árvores – ou seja, o grau ainda
estava alto. O Senhor impôs as mãos mais uma vez, e ele passou a enxergar
perfeitamente.
No agir de Deus em
nossa vida, não importa o método, mas sim o resultado!
25º A Cura do Jovem
Possesso (Mt 17.14-18; Mc 9.14-29; Lc 9.38-42)
O ministério de Jesus
já está na metade. A esta altura, os discípulos já o conhecem bem e tem uma fé
mais madura. O Mestre já tem até algumas expectativas em relação a eles. Já os
enviou para curar e libertar pessoas, e eles voltaram maravilhados (Mt 10).
Nesta ocasião, o pai de
um filho possesso por espíritos malignos vem até Jesus suplicando ajuda. O
homem informa que até já falou com os discípulos, mas eles não puderam ajudar
meu filho. Irritado com a informação, Jesus esbraveja sua insatisfação com uma
geração que ele descreve como “incrédula e perversa”.
Em seguida, o Senhor
pediu que o menino fosse trazido e orando por ele, reprendeu o mal e o menino
ficou sarado.
Muitos cristãos
estudiosos e leigos, acreditam que Deus não age mais em curas e milagres. Que
esta é uma dispensação encerrada. Significando que estes milagres de Jesus e os
que foram realizados pelos apóstolos, era para um determinado período de tempo.
Que possuíam prazo de validade.
A melhor explicação na
carência de milagres em nossos dias, é este texto, O problema não que Deus não age
mais, o problema está no nosso estilo de vida e fé.
26º Jesus e a Moeda do
Imposto (Mt 17.24-27)
O vigésimo sexto
milagre de Jesus está relacionado as questões do dia-a-dia. O pagamento de
impostos. Mesmo sendo Deus, o Senhor era um excelente cidadão e nos deu exemplo
de cidadania. Nos mostrando que é a vontade de Deus participar da nossa vida
como um todo, e suprir nossas necessidades. Nos capacitando a cumprir nossos
deveres cíveis.
Um cobrador de impostos
foi até Pedro e perguntou se Jesus pagava os impostos do Templo, ao que o Simão
assentiu – paga sim!
Mesmo não estando
presente, a onisciência do Filho de Deus o fez conhecer a conversa entre Pedro
e os cobradores e quando entraram na casa onde o Mestre estava, eles foram
surpreendidos pela pergunta de Jesus:
“O que você acha,
Simão? De quem os reis da terra cobram tributos e impostos: de seus próprios
filhos ou dos outros? “
Com isso, Jesus estava
dizendo a Pedro – olhe, como Rei sobre tudo eu não tenho obrigação de pagar
impostos, mas que o faria. O objetivo era nos mostrar que somos cidadãos e
temos deveres e direitos com o Estado.
Acontece, que eles não
tinham dinheiro para pagar o imposto. Então, Jesus ordenou que Pedro fosse
pescar, e o primeiro peixe que ele pegasse, teria dentro de sua boca uma moeda.
Ela seria o suficiente para cumprir o dever deles.
Jesus não pagou apenas
a sua parte. O dinheiro foi suficiente para ele e Pedro. Temos em Deus que se
importa e compartilha. Um Deus generoso.
27º A Cura de um Cego
(Jo 9.1-7)
Os estigmas perseguem a
muitos de nós. Seja pela cor, raça, nacionalidade, renda. A depender do rumo de
nossas vidas, as pessoas querem saber o que deu errado e encontrar um culpado.
Foi o que aconteceu aqui. Neste milagre, Jesus vence muito mais que um problema
de saúde. Ele rompe preconceitos.
Passando pelas ruas de
seu tempo, os discípulos perceberam um homem que eles sabiam, ser cego desde
nascença. E então perguntaram a Jesus quem havia pecado para que nascesse com
aquela deficiência.
Esse pensamento era
fruto da Teologia triunfalista do Antigo Testamento, onde os obedientes e bons
prosperavam, tinham saúde e eram triunfantes e os desobedientes, eram afligidos
por enfermidades, crises financeiras e nada dava certo em suas vidas. Este
pensamento é muito claro na mente dos amigos de Jó (Jó 16.4,5)
A resposta de Jesus é
significativa. Ao dizer que ninguém havia pecado e mais, aquela enfermidade era
para a glória de Deus. Em seguida, cuspiu no chão, misturou com a terra e
colocou nos olhos do homem cego. Depois, ordenou que ele fosse até o Tanque de
Siloé para se lavar.
Quando lavou os olhos,
ele percebeu que podia enxergar.
A grande lição deste
ato poderoso do Senhor Jesus, é a de que nem todo o mal que acontece a nossa
vida, é fruto de pecado ou desobediência, mas que a situações que o Senhor
permite para que seu nome seja glorificado.
28º Jesus Cura Uma
Mulher Enferma (Lc 13.10-17)
Há dezoito anos ela
olhava naturalmente para o chão. Se quisesse conversar com alguém olhando nos
olhos, precisava fazer um esforço gigante. Esta mulher estava sendo oprimida
pelo Diabo e a enfermidade havia dezoito anos.
Quando Jesus a
encontrou era sábado, e aconteceu em uma sinagoga. Ou seja, mesmo enferma a
tanto tempo, Deus continuava sendo seu refúgio, sua esperança. O Senhor a chamou,
coloco-a na frente de todos e declarou cura sobre sua vida, impondo as mãos
sobre ela.
Imediatamente, diz a
Bíblia, ela foi curada!
O dirigente da sinagoga
ficou muito bravo com Jesus porque ele havia curado a mulher no sábado. Mais
irritado ficou Jesus, ao ver que as pessoas que representavam Deus na Terra,
eram hipócritas filhos do Diabo que estavam lançando o povo para longe dele.
Com palavra duras, o
Mestre o reprendeu e ele ficou envergonhado.
Precisamos ter muito
cuidado com a forma que desenvolvemos nossa fé. Se ficarmos mais presos as
coisas do que as pessoas, vamos nos tornar como este dirigente e jamais
cumpriremos o segundo mandamento.
29º A Cura de um
Hidrópico (Lc 14.1-6)
Mais uma vez o sábado
está em pauta. O tradicional dia do descanso havia se tornado no campo minado
da Teologia da época. Os representantes de Deus haviam transformado o Dia em
algo quase superior a Deus, e Deus não concordava com isso.
Comendo na casa de um
destacado fariseu, em um sábado, estava diante de Jesus um homem doente. De
caráter e personalidade forte, o Senhor pergunta se afinal, é ou não permitido
curar no sábado.
Não respondendo nada,
os fariseus mostravam sua insatisfação e tabu, sobre o tema. Vendo a covardia
deles, o Mestre pegou o home pela mão e o curou. Em seguida, perguntou se
acontecesse de o filho ou o animal deles, caísse em um buraco no sábado – ele
ajudariam ou esperariam até o outro dia?
Mais uma vez, ficaram
em silêncio.
Percebemos que servimos
a um Deus que não quer nos alienar. Ele nos estimula a pensar sobre as
motivações dos nossos atos de fé, colocando sempre o ser humano em primeiro
grau de importância.
30º A Ressurreição de
Lázaro (Jo 11.17-44)
Imagine poder ser amigo
de Jesus a dois mil anos atrás. Nesta ocasião, ele era uma “estrela” entre as
pessoas. Popular. Conhecido. Amado e odiado. O Senhor reunia os ingredientes
necessários de uma personalidade que influenciava.
E era amigo de Lázaro,
Marta e Maria, três irmãos de uma família tradicionalmente acolhedora e querida
de Jesus.
Acontece que a tragédia
chegou até eles. Lazaro ficou gravemente doente e suas irmãs pediram que
mensageiros fossem até o Mestre para avisá-lo, de forma que ele pudesse chegar
a tempo de curar seu irmão. Mas o Filho de Deus, propositadamente decidiu demorar.
Quando chegou ao
povoado, à casa de Marta e Maria, Lázaro já estava morto e enterrado havia
quatro dias. A decepção das irmãs era notória. Maria nem quis ir ao encontro
dele. O Senhor conversou com as duas, consolando-as, prometeu que Lázaro
ressuscitaria. Entendendo que seria um evento futuro, elas não se mostraram
muito animadas.
Ao ver a tristeza de
todos, Jesus chorou com eles. Ele sabe que não fomos originalmente criados para
morrer.
Por fim, ele foi até o
sepulcro. Para surpresa de todos ordenou que fosse aberto e orou a Deus Pai,
agradecendo pelo milagre e pela atenção que era dada a suas palavras. Em
seguida, chamou o nome de Lázaro, ordenando que ele voltasse a vida.
Instantes depois,
Lázaro saiu do sepulcro todo enrolado com faixas. Maravilhada, a multidão mau
podia acreditar no que estava vendo.
Muitas coisas vão fugir
ao nosso controle. Durante a vida, Deus permitirá que rotas sejam alteradas
para que amadureçamos em nosso relacionamento com Ele. Não é que Ele não nos
ame, pelo contrário, é por nos amar que Ele faz isso.
Ele nos consola. Ele
chora conosco. Ele ressuscita o que está morto.
31º A Cura dos Leprosos
(Lc 17.11-19)
Não somos bons em
gratidão. Refiro-me a gratidão genuína. Somos convenientemente gratos. E estes
milagres de Jesus nos ensina muito sobre isso.
Aconteceu que entrando
em um povoado, na divisa entre a Galileia e Samaria, Jesus foi seguido por dez
leprosos, que pediam para ser curados. Ao perceber o clamor deles, o Senhor
ordenou que eles fossem até o sacerdote. Detalhe, pela lei judaica, eles só
deveriam voltar ao sacerdote depois que estivessem curados e então seriam
reinseridos na sociedade.
Crendo na palavra de
Jesus, eles seguiram viagem e no caminho, foram purificados.
Um deles, curiosamente,
percebendo que havia sido curado, interrompeu a viagem e voltou. O motivo? Ele
queria agradecer a Jesus, pessoalmente. “Curioso”, o Mestre perguntou pelos
outros nove, e ressaltou o detalhe que este homem era samaritano.
Os outros, judeus
provavelmente, não se importaram com a gratidão, mas o estrangeiro sim. Não
podemos permitir que a insensibilidade, domine nosso coração, a ponto de
esquecer o relacionamento pessoal com Deus. De ser gratos por tudo o que ele
tem feito e operado em nossas vidas, porque como vemos neste episódio, para Ele
importa.
32º A Cura do Cego
Bartimeu (Mt 20.29-34; Mc 10.46-52; Lc 18.35-43)
Uma vida à “beira” do
caminho, marginalizada. Acostumado a migalhas e esmolas, era assim que Bartimeu
vivia. À margem, vendo todos passarem. Acontece que em algum momento ele ouviu
falar de Jesus, e isso mudou completamente sua perspectiva.
Não é possível saber
por quanto tempo ele pensou em Jesus e sobre as coisas que o Filho de Deus
fazia, mas fica claro que o cego Bartimeu, estava dominado por uma por paixão
intensa quando soube que o Senhor estava passando.
Gritando “Filho de
Davi”, ele implorava que o Senhor Jesus tivesse compaixão de sua vida.
Irritadas, as pessoas o oprimiam para que ele calasse a boca. Parasse! Mas
Bartimeu não se deixou intimidar, ele gritava ainda mais, diz a Bíblia.
Percebendo o tumulto,
Jesus parou e mandou chamá-lo.
Sabendo disso, Bartimeu
se desfez da capa que atrapalhava seu movimento e foi rapidamente ao encontro
de Jesus. Ao chegar até ele, o Mestre perguntou qual o seu desejo e rapidamente
Bartimeu respondeu que queria enxergar.
Jesus destacou que sua
atitude fé o havia sarado e ele ficou curado.
As pessoas, situações e
circunstâncias vão tentar nos parar, enquanto buscamos ansiosamente os milagres
de Jesus, o Filho de Deus. Cabe a nós, assim como a Bartimeu não permitir que
nossa voz seja sufocada. Cabe a nós perseverar até que sejamos ouvidos.
33º A Figueira é
Amaldiçoada (Mt 21.18,19; Mc 11.12-14)
Você já ouviu a
expressão: “as aparências enganam”?. Aconteceu aqui. Certo dia, enquanto
caminhava saindo de Betânia, Jesus teve fome. Avistou uma figueira que estava
com aparência de ter muitos frutos, mas quando chegou até ela, nada. Estava
cheia de folhas!
Irritado, Jesus
declarou que ela nunca mais frutificasse. E imediatamente, ela secou.
As palavras de Jesus
têm poder de vida e de morte. Visto que Ele é o soberano da criação, o que Ele
abençoa está abençoado, o que Ele amaldiçoa, está amaldiçoado.
34º A Restauração da
Orelha de Malco
Você já cuidou do seu
inimigo? Aparentemente foi o que ele fez, depois que Pedro decepou a orelha de
Malco. Obviamente, Jesus tinha ciência do Seu propósito na Cruz e os soldados,
não eram seus inimigos reais.
Ordenando que os
discípulos parassem com aquilo, o Mestre tocou a orelha de Malco e ela foi
restaurada.
O penúltimo dos
milagres de Jesus, nos ensina que devemos conhecer o propósito de Deus para
nossa vida. Não podemos fugir dele, e não devemos machucar pessoas quando as
coisas ficarem difíceis.
35º A Segunda Grande
Pesca
Após a morte de Jesus
na Cruz, os discípulos ficaram atordoados. Há três anos eles seguiam o Filho de
Deus, e tinham deixado suas profissões antigas para trás.
Certo dia, decidiram ir
pescar. Aparentemente o “negócio” de mudar o mundo havia dado errado e eles
buscaram a segurança do que já conheciam. Mas algo não novo, aconteceu. Não
pegaram nada. Eles tentaram a noite inteira, mas não funcionou.
Agora, pense comigo.
Jesus foi crucificado. Você teve que voltar para o estilo de vida de escravo e
as coisas não estão dando certo.
Mas algo inusitado
aconteceu. Pela manhã, eles perceberam que havia alguém na praia. E os chamando
de filhos, perguntou se eles não tinham nada para comer. A resposta deles foi –
Não!
Então a instrução veio!
Eles deviam lançar as redes do lado direito do barco, os peixes estavam lá.
Tendo feito isso, as redes se encheram de peixes e a memória deles foi ativada,
para um milagre semelhante que há três anos atrás mudou a vida deles.
João foi o primeiro a
perceber e falou a Pedro: é Jesus!
Ao desembarcar, com as
redes cheias de peixes, os discípulos perceberam peixes assando na fogueira.
Jesus havia preparado o café da manhã, para eles.
A grande lição deste
episódio, para mim, é a forma como o Senhor Deus restaura a esperança dos
apóstolos. Uma das coisas mais importantes da vida, é a esperança. Quando ela
nos é tirada nossa motivação morre.
Vemos que o Senhor
Jesus cuida de nós e das nossas emoções. Ele nos ama completa e sinceramente.
Capítulo 9 - O resumo
do Ministério de Jesus.
Datas
As datas delimitadoras
do ministério de Jesus permanecem um tanto incertas, principalmente porque não
sabemos como Lucas concebia o começo do reinado de Tibério (Lc 3:1; ver os
comentários a respeito). Mas o período de três anos, de 27 a 30 D.C., é tão
provável como qualquer outro. Tradicionalmente, esse espaço de tempo tem sido
dividido em um ano de obscuridade, um ano de popularidade e um ano de rejeição.
1º ano do anonimato ou
Obscuridade: inicia com o batismo de Jesus, primeiras pregações e milagres,
principalmente na Galileia; escolha dos primeiros apóstolos; nessa época, Jesus
ainda circular em muito problema o ministério anunciador de João Batista, com o
batismo de Jesus por João, e com a tentação de Jesus por Satanás. Prosseguiu
quando Ele realizou o primeiro milagre, transformando a água em vinho, em Caná
da Galileia, quando purificou o templo pela primeira vez, quando conversou à
noite com Nicodemos, quando retornou à Galileia, passando por Sumaria, e quando
deu início à pregação intensiva e à operação de milagres, por toda a Galileia.
2º ano — popularidade:
marca o auge da fama de Jesus, ele é seguido por multidões, realiza grandes
milagres, como a multiplicação dos pães e tem dificuldade para circular e para
descansar, por causa da procura do povo.
A pregação e realização
de atos miraculosos teve prosseguimento durante o ano de popularidade, ante a
presença de numerosas multidões. Sua popularidade atingiu o ponto culminante
quando Jesus multiplicou os pães para os cinco mil homens; mas subitamente
começou a dissipar-se, quando recusou-se a tornar-se um rei-do-pão e um líder
militarista inclinado à guerra.
Durante o ano de
rejeição, Jesus retirou-se para noroeste, para a Fenícia, voltou-se para Leste,
ao norte do mar da Galileia, e então para o sul, na direção de Decápolis (“dez
cidades”), uma região populada por gentios, a sudeste da Galileia. Evitando as
multidões tanto quanto Lhe era possível, Jesus concentrou Seus esforços a
instruir em particular os Seus doze discípulos. Foi durante esse período que
Pedro confessou o caráter messiânico de Jesus.
3º ano — perseguição ou Rejeição: a partir de
então, Jesus passa a ser visto com desconfiança pelas autoridades e a ser
considerado um perigo pelos sacerdotes;
Jesus corre risco de
morrer e tem de se deslocar com cuidado.
Os discípulos já O
haviam reconhecido como o Messias, mesmo antes disso, mas a significação
daquela confissão jaz no fato que os discípulos continuavam leais a Jesus, como
o Messias, ao mesmo tempo que as massas se afastavam Dele. Jesus começou a
predizer Sua morte e ressurreição. Ocorreu a transfiguração. Teve início a
última jornada a Jerusalém. Na verdade, essa jornada foi muito mais um
circuito, de idas e vindas, pela Peréia (sul da Transjordânia), pela Judéia e
também pela Galileia. Foi durante esse tempo que Jesus proferiu diversas de
Suas mais famosas parábolas, como aquelas do bom samaritano e do filho pródigo.
A ressurreição de Lázaro convenceu aos membros do Sinédrio de que deveriam
eliminar a Jesus, abafando, juntamente com Ele, a ameaça de uma revolta
messiânica.
A última semana e o
ministério pós-ressurreição
A semana da paixão teve
início com a entrada triunfal em Jerusalém, no domingo de Ramos. Na
segunda-feira Jesus amaldiçoou a figueira estéril e purificou novamente o
templo. A purificação do templo endureceu aos membros do Sinédrio em sua
determinação de se libertarem Dele. Na terça-feira, Jesus pôs-se a debater com
os fariseus e os saduceus nos átrios do tempo, e proferiu o Seu discurso
profético para os discípulos, no monte das Oliveiras. Além disso, Judas
Iscariotes arranjou as coisas para trair a Jesus. Quanto à quarta-feira há
silêncio nos registros dos evangelhos, a menos que Jesus e Seus discípulos
tenham participado da refeição da páscoa na noite de quarta-feira (a
terça-feira à noite também é possível), mais cedo que a maioria dos judeus.
Doutra sorte, a última Ceia teria tido lugar na noite de Quinta-feira, no
começo da noite, os julgamentos de Jesus durante a noite de quinta-feira e cedo
pela manhã da sexta-feira, ao passo que a crucificação e o sepultamento teriam
tido lugar durante o dia de sexta-feira. A patrulha romana teria vigiado o
sepulcro durante todo o dia de sábado. A ressurreição ocorreu bem cedo na manhã
de domingo, e Jesus apareceu aos Seus discípulos por determinado número de
vezes, durante quarenta dias, durante os quais realizou o Seu ministério
pós-ressurreição. Finalmente, Ele ascendeu aos céus, pouco mais do que uma
semana antes do derramamento do Espírito Santo, que se deu no dia de
Pentecoste.
Bibliografia
Jesus dos 12 aos 30
Anos
Pr. Leandro B. Peixoto
estiloadoracao.com
www.estudantesdabiblia.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário