domingo, 19 de junho de 2022

A vida terrena de Jesus. Um estudo completo

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!         


I.       Capítulo 1- Resumo da vida terrena de Cristo.

A.      Introdução à vida terrena de Cristo.

B.      A manifestação da vida terrena de Cristo.

C.      A conclusão da vida terrena de Cristo.

II.      Capítulo 2-A preparação para a manifestação de Jesus.

A.      A necessidade de um Salvador.

B.      Conhecendo o a sociedade judaica nos tempos de Jesus.

C.      Jesus e os grupos político-religiosos de sua época.

D.      Jesus, o Templo e a Sinagoga.

E.      Jesus, o Mestre da Justiça.

F.      Jesus e a cobiça dos homens.

G.      Jesus e a implantação do Reino de Deus.

III.     Capítulo 3- Jesus dos 12 aos 30 anos.

A.      Os anos “ocultos” de Jesus.

B.      Os anos perdidos de Jesus.

C.      Algumas especulações infundadas.

D.      As evidências bíblicas.

IV.     Capítulo 4- O Ministério de Jesus.

A.      O começo do ministério de Jesus na terra.

B.      A humanidade de Jesus Cristo e a sua deidade.

C.      O Ministério de Jesus.

D.      Eu sou Jesus.

V.      Capítulo 5- Um resumo das parábolas de Jesus.

VI.     Capítulo 6- O Senhorio de Jesus Cristo sobre os demônios.

A.      A atuação dos demônios no novo testamento.

B.      O endemoniado gadareno.

C.      Jesus expulsa um demônio de um homem mudo.

VII.    Capítulo 7 - A Cura Divina no ministério de Jesus Cristo.

A.      A origem e a natureza das enfermidades.

B.      A cura divina como parte da salvação.

C.      Jesus cura os enfermos.

VIII.   Capítulo 8 - Os 35 milagres de Jesus.

A.      Os perigos que rondam os milagres

B.      O contraste entre cura e a religiosidade.

C.      O Propósito dos Milagres de Jesus Cristo.

IX.     Capítulo 9 - O resumo do Ministério de Jesus.

A.      1º ano do anonimato ou Obscuridade.

B.      2º ano da popularidade.

C.      3º ano da perseguição ou Rejeição.

 

 

Capítulo1 - Resumo da vida terrena de Cristo.

 

A. Introdução à vida terrena de Cristo.

As duas genealogias (Mt 1.1-17; Lc 3.23-38).

Os dois prefácios (Lc 1.1-4; Jo 1.1-5).

As três anunciações

a) A Zacarias (Lc 1.5-25).

 b) A Maria (Lc 1.26-38).

 c) A José (Mt 1.18-25).

Os três cânticos de adoração

 a) O de Isabel[Elisabete, em hebraico] (Lc 1.39-45).

b) O de Maria (Lc 1.46-55).

c) O de Zacarias (Lc 1.67-79).

B. A manifestação da vida terrena de Cristo.

O nascimento de Cristo (Lc 2.1-20).

A circuncisão de Cristo (Lc 2.21).

A dedicação de Cristo (Lc 2.22-39).

A visita dos três sábios a Cristo (Mt 2.1-12).

A fuga de Cristo para o Egito (Mt 2.13-20).

Os primeiros dias de Cristo em Nazaré (Mt 2.21,23; Lc 2.40,52).

A visita de Cristo ao templo quando tinha 12 anos (Lc 2.41-51).

O arauto de Cristo - o ministério de João Batista (Mt 3.1-12; Mc 1.1-8; Lc 1.80; 3.1-18; Jo 1.6-34; 3.25-30).

O batismo de Cristo (Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34).

A tentação de Cristo (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13).

Cristo é apresentado como Cordeiro de Deus (Jo 1.29).

Cristo conhece Seus primeiros discípulos. a) João, André e Pedro (Jo 1.35-42). b) Filipe e Natanael (Jo 1.43-51).

Cristo realiza a primeira purificação do templo (Jo 2.13-25).

Cristo encontra Nicodemos (Jo 3.1-21).

Cristo encontra a mulher samaritana (Jo 4.1-42).

A primeira viagem de pregação de Cristo pela Galileia (Mt 4.17; Mc 1.14,15; Lc 4.14,15).

A primeira viagem de Cristo de volta para Nazaré (Lc 4.16-30).

Cristo muda-se para Cafarnaum e faz dessa cidade a sua base do sul (Mt 4.13-16).

Cristo faz um chamado a quatro pescadores (Mt 4.18-22; Mc 1.16-20; Lc 5.1-11).

A segunda viagem de pregação de Cristo pela Galileia (Mt 4.23-25; Mc 1.35-39; Lc 4.42-44).

Cristo faz um chamado a Mateus (Mt 9.9-13; Mc 2.13-17; Lc 5.27-32).

O primeiro encontro de Cristo com os discípulos de João (Mt 9.14-17; Mc 2.18-22).

A primeira controvérsia de Cristo envolvendo o Sábado com os fariseus (Mt 12.1-8; Mc 2.23-28; Lc 6.1-5).

Cristo escolhe oficialmente os 12 apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 3.13-19; Lc 6.12-16).

A terceira viagem de pregação de Cristo pela Galileia (Mt 9.35-38).

Cristo envia os 12 apóstolos (Mt 10.1-42; Mc 6.7-13; Lc 9.1-6).

A quarta viagem de pregação de Cristo pela Galileia (Mt 11.1).

Cristo denuncia algumas das principais cidades da Galileia (Mt 11.20-24).

Cristo faz um convite universal (Mt 11.28-30).

Cristo é ungido na casa de Simão (Lc 7.36-50).

A quinta viagem de pregação de Cristo pela Galileia (Lc 8.1-3).

Cristo recusa-se duas vezes a dar um sinal para os fariseus.

 a) Primeira ocasião (Mt 12.39-41).

 b) Segunda ocasião (Mt 16.1-4; Mc 8.11,12).

Cristo explica quem é a Sua verdadeira família (Mt 12.46-50; Mc 3.31-35; Lc 8.19-21).

A segunda viagem de Cristo de volta para Nazaré (Mt 13.54-58; Mc 6.1-6).

O arauto de Cristo é assassinado por Herodes (Mt 14.1-12; Mc 6.14-29; Lc 9.7-9).

Cristo recusa a oferta dos galileus de o coroarem rei (Jo 6.14,15).

Cristo ouve a confissão de Pedro e promete edificar a Sua Igreja (Mt 16.3-21; Mc 8.27-31; Lc 9.18-22).

Cristo repreende Pedro (Mt 16.22, 23).

Cristo é transfigurado (Mt 17.1-8; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36).

Cristo repreende Tiago e João em três ocasiões.

a) Primeira (Mc 9.38-41; Lc 9.49,50).

b) Segunda ocasião (Lc 9.51-56).

c) Terceira ocasião (Mt 20.20-28; Mc 10.35-45).

Cristo responde à discussão dos apóstolos sobre quem é o maior dentre eles (Mt 18.1-5; Mc 9.33-37; Lc 9.46-48).

Cristo dá um alerta quanto a maltratar crianças (Mt 18.6,10; Mc 9.42).

Cristo é abordado por três candidatos a discípulos.

 a) Primeiro candidato (Lc 9.57,58).

b) Segundo candidato (Lc 9.59,60).

c) Terceiro candidato (Lc 9.61,62).

Cristo é repreendido pelos próprios meios-irmãos incrédulos (Jo 7.2-9).

Cristo perdoa uma mulher pega no ato do adultério (Jo 8.1-11).

Cristo envia os 70 discípulos (Lc 10.1-24).

Cristo visita Maria e Marta (Lc 10.38-42).

Cristo comanda as pessoas a arrepender-se (Lc 13.1-5).

Cristo ensina sobre o discipulado (Mt 16.24-27; Mc 8.34-38; Lc 9.23-26; 14.25-33).

Cristo ensina sobre o perdão (Mt 18.21,22).

Cristo ensina sobre o inferno (Mt 18.8,9; Mc 9.43-48; Lc 12.4,5).

Cristo ensina sobre a disciplina na igreja (Mt 18.15-20).

Cristo ensina sobre o divórcio (Mt 5.31,32; 19.3-12; Mc 10.2-12).

Cristo ensina sobre recompensas (Mt 19.27-30; Mc 10.28-31; Lc 18.28-30).

Cristo ensina sobre a fé (Mt 21.21,22; Mc 11.22-24).

Cristo participa da festa dos Tabernáculos (Jo 7.14-39).

Cristo participa da festa da dedicação (Jo 10.22,23).

Cristo afirma Seu propósito geral em vir à terra (Mt 20.28; Mc 10.45; Jo 10.10).

Cristo abençoa algumas crianças (Mt 19.13-15; Mc 10.13-17; Lc 18.15-17).

Cristo é abordado por um jovem governante rico (Mt 19.16-26; Mc 10.17-27; Lc 18.18-27).

Cristo encontra Zaqueu (Lc 19.1-10).

C. A conclusão da vida terrena de Cristo.

O período de oito dias.

a) Dia um: Sábado:

 

Cristo é alvo de um plano de Caifás, o sumo sacerdote (Mt 26.3-5; Mc 14.1,2; Lc 22.2).

Cristo é ungido por Maria na casa de Simão, o leproso (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Jo 12.1-8).

 

b) Dia dois: domingo: Cristo faz sua entrada triunfal em Jerusalém (Mt 21.1-11, 14-17; Mc 11.1-11; Lc 19.29-44).

c) Dia três: segunda-feira: Cristo declara julgamento sobre uma figueira sem frutos (Mt21.18,19; Mc 11.12-14).

Cristo realiza a segunda purificação do templo (Mt 21.12,13; Mc 11.15-17; Lc 19.45,46).

Cristo é procurado por alguns gentios (Jo 12.20-29).

d) Dia quatro: terça-feira: Cristo enfrenta os fariseus e saduceus (Mt 21.23-27; 22.15-46; Mc 11.27-33; 12.13-37; Lc 20.1-8,20-44).

Cristo condena os fariseus e saduceus (Mt 21.1-36; Mc 12.38-40; Lc 20.45-45).

Cristo observa a viúva e a sua oferta (Mc 12.41-44; Lc 21.1-4).

Cristo chora por Jerusalém pela última vez (Mt 23.37-39).

Cristo prega o sermão do monte das Oliveira (Mt 24; Mc 13; Lc 21.5-36).

Cristo apresenta a parábola das dez virgens, dos talentos e das ovelhas e bodes (Mt 25.1-46).

 

e) Dia cinco: quarta-feira: Cristo é traído secretamente por Judas (Mt 26.14-16; Mc 14.10,11; Lc 22.3-6).

 

f) Dia seis: quinta-feira: Cristo envia Pedro e João da Betânia para Jerusalém (Mt 26.17-19; Mc 14.12-16; Lc 22.7-13).

Cristo encontra Seus discípulos na sala superior (Mt 26.20-29; Mc 14.17-25; Lc 22.14-38; Jo 13.1-30).

Cristo prega Seu sermão na casa do Pai (Jo 14.1-31).

 

g) Dia sete: sexta-feira: Cristo prega Seu sermão sobre dar frutos a caminho do monte das Oliveiras (Jo 15; 16).

Cristo faz a Sua grande oração sacerdotal no monte das Oliveiras (Jo 17).

Cristo chega ao jardim do Getsêmani e é preso (Mt 26.36-56; Lc 22.39-53; Jo 18.1-12).

Cristo sofre Seu primeiro julgamento injusto - a audiência com Anás (Jo 18.13,14,19-23).

Cristo sofre Seu segundo julgamento injusto - a audiência com Caifás (Mt 26.57,59-68; Mc 14.53-65; Jo 18.24).

Cristo é negado por Simão Pedro (Mt 26.58,69-75; Mc 14.54,66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18, 25-27).

Cristo sofre Seu terceiro julgamento injusto - a audiência diante do Sinédrio (Mt 27.1;Mc 15.1; Lc 22.66-71).

O traidor de Cristo demonstra remorso e comete suicídio (Mt 27.3-10; At 1.18).

Cristo sofre Seu quarto julgamento injusto - a primeira audiência com Pilatos (Mt 27.1,11-14; Mc 15.1-5; Lc 23.1-5; Jo 18.28-38).

Cristo sofre Seu quinto julgamento injusto - a audiência diante de Herodes Antipas (Lc 23.6-12).

Cristo sofre Seu sexto julgamento injusto - a última audiência com Pilatos (Mt 27.15-26; Mc 15.6-15; Lc 23.13-25; Jo 18.39--19.16).

Cristo sofre Seu sétimo julgamento injusto - a audiência com os soldados romanos (Mt 27.27-30; Mc 15.16-19; Jo 19.2,3).

Cristo anda na estrada que leva ao Calvário (Mt 27.31,32; Mc 15.20,21; Lc 23.26-32; Jo 19.16).

Cristo é crucificado (Mt 27.33-50; Mc 15.22-37; Lc 23.33-46; Jo 19.17-30).

A morte de Cristo traz alguns eventos sobrenaturais (Mt 27.51-54; Mc 15.33,38; Lc 23.45).

O corpo de Cristo é tirado da cruz e colocado na tumba (Mt 27.57-61; Mc 15.42-47; Lc 23.50-56; Jo 19.31-42).

h) Dia oito: Sábado:

A tumba de Cristo é selada oficialmente (Mt 27.62-66).

O período de 40 dias.

a) Dia um: domingo:

 

Cristo ressuscita dos mortos (Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20; 21

A aparição a Maria Madalena (Mc 16.9-11; Jo 20.11-18).

A aparição a algumas mulheres (Mt 28.5-10).

A aparição a Simão Pedro (Lc 24.34; 1Co 15.5).

A aparição a alguns discípulos a caminho de Emaús (Mc 16.12,13; Lc 24.13-35).

A aparição aos apóstolos na sala superior (Mc 16.14; Lc 24.36-48; Jo 20.19-23).

b) Segundo ao quadragésimo dia (At 1.3).

Nesse período de tempo, o Cristo ressurreto faz Suas cinco últimas aparições.

A aparição a Tomás e aos apóstolos (Jo 20.24-31).

A aparição aos sete apóstolos (Jo 21).

A aparição aos apóstolos e a 500 discípulos (Mt 28.16-20; Mc 16.15-18; 1Co 15.6).

A aparição a Tiago, o meio-irmão de Cristo (1Co 15.7).

A aparição aos 11 no monte das Oliveiras (Lc 24.49-53; At 1.3-11).

E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco.

Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir. Atos 1:10,11.



Capítulo 2- A preparação para a manifestação de Jesus.

 

1.    A. A necessidade de um Salvador

 


Efésios 2.1-5.

 

 1 — E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,

2 — Em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência;

3 — Entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.

4 — Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,

5 — Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).

 

Durante todo este trimestre estudaremos a respeito da pessoa bendita de Jesus, aquEle que não se envergonhava de dizer que era de Nazaré. Vamos aproveitar esse momento para crescermos juntos, comentarista e leitores, professores e educandos, amigos e irmãos. Certamente este será um trimestre fantástico para todos nós.

 

 I. A queda e a promessa de um Salvador.

 

 1. Éden: onde tudo começou. Os eventos narrados entre Gênesis de 1 a 3 são imprescindíveis para a compreensão de tudo o mais que encontraremos nas Sagradas Escrituras. Dito de outra forma, o entendimento correto dos três primeiros capítulos da Bíblia implicará de modo determinante a maneira como leremos os outros 1.186 capítulos. De Gênesis 4 a Apocalipse 22 testemunhamos o desenrolar de uma jornada — com muitos erros, mas graciosamente repleta de acertos — de retorno da humanidade ao centro da vontade de Deus. E o que temos nos três primeiros capítulos de Gênesis? Um resumo da trajetória humana ao longo da história em três atos: Criação em harmonia por bondade e perfeição divina; Queda caótica por rebeldia e desobediência humana; Salvação, ou pelo menos o anúncio dela, por sacrifício e graça do Senhor. Como afirma Gênesis 2.7,8 a humanidade foi feita para viver no Jardim de Deus, por isso, desde Gênesis 3.8, o Criador protagoniza meios para conceder a nós a restauração da comunhão originária que possuíamos com Ele. Uma vez tendo recebido tudo das mãos do Criador, perdemos nosso paraíso edênico por nossa própria ambição e ilusão de autossuficiência. Não fosse o misericordioso Deus teríamos perdido a esperança e qualquer chance de salvação.

 

2. O incansável cuidado de Deus conosco. Qual é a pergunta que ecoa no jardim logo após a catastrófica escolha humana? Não foi “Por que você fez isso?” ou ainda “Onde está aquele fruto que estava ali?”; a prioridade do Altíssimo não está em encontrar culpados ou em reaver coisas/objetos perdidos. O Senhor está comprometido com pessoas; seu amor e cuidado é conosco, por isso Ele chama por Adão, indaga sobre o seu paradeiro (Gn 3.9). Mas se o Criador é onisciente, porque Ele pergunta a Adão: Onde estás? Por que o único modo de recebermos a graça de Deus é reconhecendo o quão necessitados somos de salvação. Mais do que uma questão geográfica, o homem precisava reconhecer para “onde” suas escolhas o tinham levado na perspectiva eterna. O Senhor direciona o diálogo até o nível em que a humanidade é capaz de superar o estado de desespero em que o pecado a tinha conduzido. Os filhos de Deus são vestidos porque reconhecem que estão nus. São orientados sobre cansaço e dores porque já estão sentindo angústia e medo, são informados sobre o advento do “descendente” (Gn 3.15)  uma vez que já conheceram a serpente sagaz.

 

3. A esperança do Salvador. A Queda produziu o colapso da humanidade, mas não o fim do amor de Deus para conosco. A misericórdia do Criador foi maior que a sedução do maligno. Uma vez fora do jardim, os filhos de Deus deram início à sua caminhada rumo à promessa de restauração. Esta é uma das chaves-de-leitura que se pode adotar para ler e narrar o percurso trilhado por nós e registrado nas Escrituras: a esperança da chegada do Salvador. Ao adotarmos essa chave hermenêutica percebemos que alguns dos grandes eventos do Antigo Testamento ocorrem em torno do objetivo de cumprimento da promessa de Gênesis 3.15; com tal hipótese, por exemplo, concordam alguns escritores do Novo Testamento (Cl 2.16,17: Hb 9.8,9; 10.1). A vinda do “descendente” de Adão e Eva cumpre-se através da persistência da vontade de Deus por meio de vários eventos distintos, mas que por fim redundam na glória de Deus — a vocação de um caldeu, a salvação de um jovem odiado pelos irmãos, a liderança de um sobrevivente de infanticídio, uma moabita que se torna avó de um rei, um povo que sobrevive a um bárbaro período de escravidão, etc. Como bem afirma o apóstolo, apesar de nossos erros, Deus afetuosamente age em nosso favor fazendo com que os acontecimentos cooperem, para o bem daqueles que o amam (Rm 8.28).

 

 II. As profecias messiânicas no Antigo Testamento

 

 1. O que são profecias messiânicas? A Bíblia está repleta de profecias, isto é, de discursos sobrenaturalmente orientados que proclamam a vontade de Deus. Dentre as várias profecias registradas no Antigo Testamento, existe um conjunto específico de textos que a teologia cristã tradicionalmente identificou como profecias messiânicas. Esta coleção de textos está relacionada ao anúncio profético do advento, ministério e reinado do Messias. O papel que a figura do Messias representa no Antigo Testamento, levando em consideração apenas um contexto imediato, é diferente daquele que ele assume com Jesus no Novo Testamento. A comunidade judaica esperava um líder político, um representante que lutasse pelo reestabelecimento da autonomia administrativa de Judá, garantindo assim, por consequência, a restauração dos espaços de culto públicos — em especial o Templo. Por isso, em muitos casos, na perspectiva do povo judeu, os textos designados como profético-messiânicos não apontavam para um Salvador, e sim, um rei ou líder histórico. A partir da manifestação de Jesus, o Cristianismo realizou uma releitura dos textos do Antigo Testamento, reconhecendo seu cumprimento através de alguns personagens históricos, mas atribuindo-o um caráter profético plenamente estabelecido apenas em Jesus.

 

2. Análise de algumas profecias messiânicas. O Antigo Testamento apresenta, através de profecias, a imagem do Messias sob várias facetas: o Messias-rei, Messias-sacerdote e Messias-profeta. Por meio de cada um destes aspectos referentes ao Messias aspira-se anunciar ao povo a promessa de restauração de elementos específicos que em determinado contexto foram perdidos, tais como, emancipação política, reforma religiosa, renovação moral. Assim, enquanto os judeus liam/leem as profecias na expectativa de resoluções de problemas circunstanciais referentes a cenários imediatos e limitados, nós cristãos as lemos como anúncios de respostas a problemas globais. Por exemplo, Isaías 9.6,7 ou Miqueias 5.2 são profecias que para os judeus apontam para reis específicos, neste caso provavelmente Ezequias, que subiriam ao trono para solucionarem problemas particulares de determinado tempo. Já para o Cristianismo tais textos apontam, inclusive com riqueza de detalhes, para a pessoa bendita de Jesus (Mt 2.4-6). aquEle em quem cumpre-se o profeticamente anunciado, cujas repercussões não se limitam a um tempo ou a um povo, e sim, expandem-se à eternidade e abarcam a humanidade (Hb 7.21-25; 1Jo 2.2).

 

3. A importância das profecias messiânicas para nós. Existem textos profético-messiânicos, como por exemplo: Gn 49.10; Dt 18.15-18; Is 7.14; 42.1-7; Dn 7.13,14; Zc 9.9. Para nós, cristãos, a relevância das profecias messiânicas e seu estudo estão na sua dupla natureza, isto é, no fato de através delas podermos atestar o cuidado eterno de Deus por nós e de termos tal conhecimento de modo antecipado. O Senhor do universo não age por meio de improvisos. Seu plano para restaurar sua perfeita comunhão com a humanidade desenrola-se de maneira progressiva sobre a terra. O entendimento pleno das razões pelas quais tudo que se refere à salvação da humanidade está sendo feito em milênios e não em dias, transcende nossa limitada mente humana, todavia, podemos descansar em paz ao saber que o personagem principal e o final do enredo sobre a epopeia humana rumo à comunhão eterna nós já temos acesso: Jesus de Nazaré é o Cristo, e nós — os que amamos sua vinda — seremos salvos por sua graça. Desta forma, a vida ganha pleno sentido, as dificuldades e decepções são superáveis em virtude da conclusão gloriosa a que chegaremos, e a certeza plena de vitória torna-se uma questão de tempo.

 

III. O cumprimento da promessa.

 

 1. Tudo como o Antigo Testamento previu. O nascimento de Jesus é um dos eventos mais extraordinários da história humana — estando em relação direta com a morte, ressurreição e a segunda vinda do Mestre. E para que a onisciência de Deus fosse mais uma vez atestada, assim como a inspiração e infalibilidade das Escrituras, cada acontecimento que envolveu o nascimento de Jesus ocorreu de modo exato como os profetas haviam anunciado antecipadamente. Ele é gerado por Deus no ventre de uma jovem mulher que ainda é virgem (Lc 1.34,35). Muito do debate que se faz sobre esse evento, o nascimento de Jesus, afasta-se de uma das questões centrais: o salvador vivenciou a humanidade de modo pleno, de sua gestação até a morte, sem privilégios ou favores. Jesus não esteve apenas entre nós; Ele também foi um como nós e por isso podemos ser um com Ele, e Ele, um conosco. Seus pais, descendentes da linhagem de Davi (Jr 23.5,6; Lc 2.4), são de Nazaré, por isso Ele será Nazareno (Mt 2.23). Contudo, Ele era o legítimo herdeiro do trono de Davi (Lc 13.2,33). Ele nasce em Belém, em virtude de uma convocação imperial para um recenseamento (Lc 2.1-7), mas também para que se cumprisse aquilo que foi profeticamente anunciado (Mq 5.2; Mt 2.5,6).

 

2. Jesus, o evento. A concepção do Salvador é mais que um simples acontecimento na biografia de Jesus; é na verdade o despertar do ápice da história humana (Gl 4.4; Ef 1.10). Para a manjedoura em Belém conflui todo o esforço dos patriarcas, profetas e santos do Antigo Testamento (Jo 1.45), e do mesmo lugar daquela estrebaria flui todo o significado da obra dos apóstolos, discípulos e da Igreja do Senhor Jesus até os nossos dias (Rm 11.36; Hb 2.10). Jesus é a razão de ser de toda a história.

 

3. Nós e Jesus. O nascimento de Jesus foi resultado de um ato amoroso do Redentor em nosso favor. Para a concretização deste acontecimento, duas pessoas foram fundamentais: Maria e José. Você já imaginou o tamanho do desafio que ambos assumiram para que o plano de Deus fosse executado? Não há, na narrativa bíblica, o registro de qualquer tipo de constrangimento ou imposição divina. O casal assumiu todo ônus e bônus daquela situação. Maria poderia ter sido abandonada por José — ainda que as intenções dele fossem das melhores ao fazer isso — como este bem intentou (Mt 1.19). Comunitariamente eles poderiam ter tido muitos problemas, uma vez que o casamento deles ainda não havia acontecido e ela estava grávida. Mas mesmo assim, depois das revelações divinas esclarecerem a cada um deles a vontade do Altíssimo (Lc 1.26-38), o casal segue em frente, realizando a parte que lhes cabia no projeto divino.

 

A pessoa bendita de Jesus de Nazaré será o objeto de nossa reflexão durante todo este novo trimestre, por isso, realizar uma leitura das Sagradas Escrituras a partir da ótica da obra da salvação pode conceder-nos uma maneira rica de novos significados — de conhecer o plano de Deus ao longo da história.

 

2.    B. Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus.

 

1 — E, tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém,

2 — e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo.

3 — E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com ele.

4 — E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo.

5 — E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta:

6 — E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.

7 — Então, Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera.

8 — E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-o, para que também eu vá e o adore.

9 — E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.

10 — E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo.

11 — E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra.

12 — E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.

19 — Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito,

20 — dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino.

21 — Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel.

 

I. A terra de Israel nos tempos de Jesus

 

1. O Filho de Deus na história humana. A Bíblia revela que o Verbo de Deus se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1.14). Chamamos esse evento de encarnação, através do qual Deus, em Cristo, tornou-se semelhante aos homens (Fp 2.7; Gl 4.4,5), ingressando no curso da história da humanidade. Trata-se de algo extraordinário: aquele por quem e para quem foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra (Cl 1.15,16), assume um lugar dentro da sua própria criação. O advento de Cristo entre os homens não é um mito, mas uma realidade.

 

2. Palestina ou Israel? O local escolhido para a morada terrena do Filho de Deus foi a terra de Israel no início do primeiro século, região popularmente chamada de Palestina. O nome Palestina foi originalmente empregado por Heródoto (século V a.C.) numa alusão aos filisteus, que incluiu nessa designação a Fenícia situada ao norte. Entretanto, tal termo ganhou mais evidência em 135 d.C., quando o Imperador romano Adriano substituiu o nome da região da Judeia por Síria Filisteia, na tentativa de acabar a forte ligação dos israelitas com a terra sagrada, após a revolta judaica liderada por Simão Bar Kochba contra o Império Romano. Nessa mesma época, o nome de Jerusalém foi alterado pelos romanos para Aelia Captolina. Entretanto, a Bíblia não menciona a palavra Palestina, chamando a região de Canaã (Sl 105.11), terra de Israel (Mt 2.19-21), terra da promessa (Hb 11.9) e terra santa (Zc 2.12).

 

Na época de Jesus, Galileia, Judeia e Samaria eram os nomes das suas principais regiões (Jo 4.3-7).

 

3. Nascimento e obra na terra de Israel. Jesus nasceu em Belém (Mt 2.1), mas viveu grande parte da sua vida na região da Galileia (Jo 4.3). Por ter sido criado em Nazaré (Lc 4.16), terra natal de José e Maria, chamavam-no de Nazareno (Mc 14.67; Jo 18.7). Era uma cidade pequena e de pouca importância, tanto que, ao receber o convite para seguir o Mestre, Natanael exclamou: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1.46). Depois da sua rejeição nesta cidade (Lc 4.29), Jesus foi para Cafarnaum (Lc 4.31; Mt 4.13; 8.5), às margens do Mar da Galileia, onde realizou vários prodígios e maravilhas. As Escrituras ainda destacam outras cidades e vilarejos que o Mestre percorreu para anunciar o Reino de Deus e cumprir o seu ministério (Lc 7.11; 8.26), vindo a consumar a sua obra redentora em Jerusalém (Mt 20.18).

 

II. O domínio romano e a política

 

 1. Domínio romano. Para compreender o contexto político daquela ocasião, é preciso lembrar que o Império Romano dominava a terra de Israel desde 63 a.C., e assim seu poder e influência abrangem todo o contexto do Novo Testamento. No nascimento de Jesus, César Augusto (27 a.C. — 14 d.C.) era o Imperador (Lc 2.1,2), Herodes “o Grande” havia sido nomeado o “Rei da Judeia” (Mt 2.1,3). Quando Herodes morreu, seu reino foi dividido entre seus filhos: Herodes Antipas, Herodes Filipe e Arquelau ( Mt 2.22; Lc 3.1). Contudo, Arquelau não conseguiu manter a ordem nas regiões de Samaria, Judeia e Idumeia, e um procurador romano foi nomeado. Pôncio Pilatos (Mt 27.2) foi o quinto procurador e governou a região antes governada por Arquelau; porém, ele não tinha jurisdição sobre a área da Galileia e Pereia pertencentes a Herodes Antipas ( Lc 23.5,6). Após a morte de César Augusto, seu enteado Tibério César (14 — 37 d.C) assumiu o Império Romano (Lc 3.1). Era dele a imagem estampada na moeda sobre a qual Jesus afirmou: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Lc 20.25). A efígie do imperador na moeda servia para tornar conhecido o rosto do seu governante.

 

2. Tensão política. A tensão política e a instabilidade social pairavam no ar. O poder de Roma era contrastado por agitações, inquietação popular e também pelos diversos interesses dos grupos político-religiosos judeus. Apesar da ocupação, os israelitas tinham permissão para manter seus costumes e tradições religiosas, enquanto não conflitassem diretamente os interesses do Império. Desse modo, a política era caracterizada pelo domínio romano, mas o poder interno era exercido pelo Sinédrio (Mt 27.1), o tribunal para julgamento e aplicação das leis judaicas. Cada cidade poderia ter um Sinédrio Local (Mt 10.17; Mc 13.9) formado por 23 membros. O Grande Sinédrio, composto por 70 ou 71 membros, era a mais elevada corte judaica. Reunia-se em Jerusalém e tinha o poder de resolver todas as questões que estavam além da competência das cortes locais. O processo e o julgamento de Jesus evidenciam a complexidade do sistema político e legal existente naquele início de século, caracterizado pela confusão entre a autoridade romana e a jurisdição religiosa judaica.

 

3. Os publicanos. Os oficiais romanos vendiam o direito de cobrar tributos numa determinada área a quem pagasse melhor. Com isso, alguns dentre os judeus também trabalhavam para Roma como cobradores de impostos, chamados publicanos. Eles eram odiados pela população, porque extorquiam o povo e porque eram considerados traidores. Zaqueu, chefe dos publicanos, admitiu esse tipo de prática corrupta, mas ao encontrar-se com Jesus afirmou que devolveria quatro vezes o que recebera indevidamente (Lc 19.8). Ainda hoje, a corrupção tem provocado grandes males na sociedade. Pessoas que deveriam utilizar as verbas públicas para promover benefícios sociais, desviam-nas para seus próprios bolsos.

 

III. A economia e o trabalho

 

 1. Aspectos econômicos. As principais fontes da economia israelita estavam na produção agrícola, na pesca e no trabalho pastoril. Nos dias do Novo Testamento, o domínio romano e a construção de novas estradas também fizeram aumentar o comércio. As viagens tornaram-se mais seguras, e a Judeia, por exemplo, passou a exportar maiores quantidades do fruto das oliveiras. Este é o contexto de que se valeu o Senhor Jesus para proferir seus ensinamentos e parábolas, usando uma linguagem simples e com figuras relacionadas à vida agrícola (Mt 24.32; Mc 4.1-20). Isso nos instrui a aproveitar o contexto social em que estamos para anunciar o Evangelho, mas sem desfigurar a essência da Palavra.

 

2. Funcionamento do comércio. Existiam os mercados públicos onde as pessoas compravam e vendiam seus produtos, como cereais, frutas e até mesmo animais. Eram locais bem movimentados, para onde os desempregados iam na esperança de conseguir trabalho (Mt 20.3-10). As negociações comerciais eram feitas por meio de troca de mercadorias (Lc 16.5,6) ou em dinheiro. O denário (Mc 12.15; Lc 7.41). por exemplo, era uma moeda romana e representava, em geral, o salário por um dia de trabalho. A dracma (Lc 15.8-10) era uma moeda de origem grega, e equivalia a um denário.

 

3. Trabalho e profissões. Os trabalhos e ofícios giravam em torno das atividades produtivas de cada região. Assim, em algumas localidades prevaleciam os trabalhos agrícolas (Mt 13.4), do arado da terra ao armazenamento dos produtos. Em outras, predominavam o pastoreio e a pesca, como o exemplo dos primeiros discípulos que trabalhavam junto ao Mar da Galileia (Mt 4.18,19). Ainda tinham os tecelões, comerciantes e artífices de obras de barro, metal e madeira. O próprio Jesus era carpinteiro (Mc 6.3), cujo trabalho envolvia a construção e a fabricação de objetos menores, inclusive mobílias.

 

Conhecer a terra de Israel da época de Jesus é importante para fazermos uma reflexão bíblica atual na medida em que nos possibilita ver e compreender — ainda que passados mais de dois mil anos — o contexto da sociedade judaica do início do primeiro século. Se falharmos em compreender as influências culturais daquele tempo, deixaremos de assimilar muitos dos ensinamentos de Jesus, presentes nos Evangelhos.

 

 

 

3.    C. Jesus e os grupos político-religiosos de sua época

 


Mateus 23.1-8.

 

1 — Então, falou Jesus à multidão e aos seus discípulos,

 

2 — dizendo: Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus.

3 — Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam.

4 — Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los.

5 — E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,

6 — e amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas,

7 — e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens: — Rabi, Rabi.

8 — Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.

 

 

No contexto do Novo Testamento, a nação judaica não era homogênea. Ao contrário disso, ela estava dividida em vários grupos e partidos com doutrinas, ideologias e tradições distintas, movidos ora por motivações políticas, ora religiosas. Nesse sentido, saduceus, fariseus, essênios, zelotes e herodianos formavam os principais partidos políticos e seitas religiosas daquela época. Veremos as características desses grupos, e como Jesus, com sua sabedoria e coragem, conviveu e reagiu a eles, nos deixando o exemplo de como viver dentro de um ambiente de pluralismo religioso como o presenciado nos dias atuais, com respeito e defesa da verdade.

 

I. Os saduceus e fariseus.

 

 1. Saduceus. Apesar da pequena quantidade, os saduceus representavam a aristocracia dominante do judaísmo nos tempos do Novo Testamento. O nome desse grupo originou-se provavelmente de Zadoque, o pai da linhagem de sumo sacerdotes durante o reinado de Salomão (1Rs 1.32,34,38,45). Eles formavam o escalão superior dos sacerdotes e parte do Sinédrio, exercendo, por isso, grande influência política. Ao contrário dos fariseus, que reconheciam a importância da tradição oral, os saduceus aceitavam somente a Lei escrita (Torá). Por influência do helenismo e da cultura pagã, era uma religião materialista e secularizada, que negava a existência do mundo espiritual (At 23.8) e não cria na ressurreição dos mortos (Mc 12.18) nem na vida futura. A vida para eles, portanto, se resumia ao aqui e agora, sobre a qual Deus não tinha nenhuma interferência. Quanto a esse grupo, Jesus disse aos seus discípulos para tomarem cuidado com o seu “fermento” (Mt 16.6), símbolo do mal e da corrupção.

 

2. Fariseus. Em maior número que os saduceus, os fariseus (hb. parash: “separar”) representavam o núcleo mais rígido do judaísmo, formado basicamente por pessoas da classe média e com grande influência entre o povo (Jo 12.42,43). Eram meticulosos quanto ao cumprimento da Lei mosaica e, por isso, a maioria dos escribas (Mt 15.1; 23.2) pertencia a esse grupo. Enfatizavam mais a tradição oral do que a literalidade da lei. Além de dar grande valor às tradições religiosas, como a lavagem das mãos antes das refeições (Mc 7.3) e ao recolhimento do dízimo (Mt 23.23), os fariseus jejuavam regularmente (Mt 9.14) e enfatizavam a observância do sábado (Mt 12.1-8). Entretanto, eram avarentos (Lc 16.14) e, em suas orações, gostavam de se vangloriar de seus atributos morais (Lc 18.11,12).

 

Em razão do seu legalismo, Jesus os repreendeu de forma corajosa (Mt 23), chamando-os de amantes dos primeiros lugares, hipócritas e condutores cegos, pois a religiosidade deles estava baseada no exterior, nos rituais e na justiça própria, em desprezo à parte mais importante da Lei: o juízo, a misericórdia e a fé (v.23). Um dos exemplos era a invocação da tradição de Corbã (Mc 7.11) como subterfúgio para não cuidar de seus pais na velhice, dizendo que seus bens haviam sido consagrados como oferta a Deus e ao Templo e, por isso, não poderiam ser utilizados. Jesus disse que eles haviam invalidado a lei pela tradição (Mc 7.13). Eis o motivo pelo qual Jesus declarou aos seus discípulos: “  se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20).

 

A conduta dos fariseus nos faz lembrar que a verdadeira santidade não se alcança através do legalismo e do esforço pessoal, mas pela fé em Cristo (Gl 2.16) e através da sua maravilhosa graça (Hb 4.16).

 

II. Os essênios, zelotes e herodianos

 

 1. Essênios. Embora a Bíblia não mencione diretamente esse grupo religioso, os essênios formavam uma pequena seita judaica na época do Novo Testamento, que vivia de forma reclusa no deserto da Judeia, às margens do Mar Morto. No ato da admissão à seita, todas as pessoas entregavam suas propriedades a um fundo que era igualmente disponível a todos. Banhavam-se antes das refeições e vestiam-se de branco. Além disso, consideravam a si mesmos “os filhos da luz”, e viviam completamente separados do judaísmo de Jerusalém, o qual consideravam apóstata.

 

As práticas místicas dos essênios destoam dos ensinamentos de Jesus, que não impôs nenhum ritual de purificação, a não ser a purificação pela Palavra (Jo 13.10; 15.3). Além disso, os cristãos foram chamados para ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14), o que implica viver e influenciar a sociedade e a cultura, e não viver em reclusão.

 

2. Zelotes. Os zelotes formavam um grupo extremista que usava a rebelião e a violência contra a dominação dos romanos, pois acreditavam que tal submissão era uma traição a Deus.

O Senhor Jesus favoreceu os Zelotes, e escolheu Simão, o Zelote (Lc 6.15) para expressar sua aprovação em relação às suas táticas. Nada poderia ser tão oposto à verdade, uma vez que todo ministério de Jesus era baseado em meios pacíficos, e Simão provavelmente experimentou uma mudança de coração em relação a toda atividade dos Zelotes”.

 

3. Herodianos. Os evangelhos também mencionam os chamados herodianos (Mc 3.6; 12.13; Mt 22.16). Tinham características de agremiação partidária, apoiando a dinastia dos Herodes, que deviam seu poder às forças romanas de ocupação. Os herodianos se opunham a Jesus por receio que Ele pudesse promover perturbações públicas por meio de seus ensinamentos morais. Eram movidos mais por interesses políticos do que religiosos, tanto que não tinham uma ortodoxia clara. Ainda hoje, alguns grupos religiosos são mais movidos por interesses políticos do que pelas convicções bíblicas.

 

III. A questão do pluralismo religioso.

 

 1. Jesus e as religiões do seu tempo. Como podemos observar, Jesus viveu dentro de um contexto de pluralidade religiosa, com a existência de diversas teologias e concepções sobre Deus e espiritualidade. Embora respeitasse a crença de cada grupo e tivesse dialogado com muitos deles (Lc. 7.36), Ele não deixou de apontar os seus erros e de lhes falar a verdade. Jesus não se apresentou como mais uma opção religiosa entre tantas, mas como o próprio Filho de Deus (Jo 6.57), afirmando a sua exclusividade ao dizer: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

 

2. A exclusividade de Cristo hoje. Nos dias atuais, como discípulos de Jesus, devemos respeitar as demais confissões religiosas, sem perder o senso crítico e a coragem de dizer o que convém à sã doutrina (Tt 2.1). Precisamos estar preparados (1Pe 3.15) para confrontar toda religião que fuja dos princípios bíblicos, seja por legalismo, misticismo ou mundanismo, enfatizando a superioridade de Cristo, o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2), e o fundamento da verdadeira espiritualidade.

 

Vivemos hoje em um contexto de grande diversidade religiosa, no qual muitos escolhem suas religiões de forma descompromissada e baseados em simples preferência pessoal ou agenda política. Ainda assim, os princípios básicos dos ensinos do Mestre permanecem válidos, servindo-nos de orientação para a defesa da verdade e da ortodoxia bíblica, contra as religiões enganosas, heresias e falsas doutrinas.

 

4.    D. Jesus, o Templo e a Sinagoga

 

João 2.13-17; Lucas 19.45-48; Marcos 1.38-39.

João 2

 

13 — E estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

14 — E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.

15 — E, tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, bem como os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas,

16 — e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes e não façais da casa de meu Pai casa de vendas.

17 — E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.

Lucas 19

45 — E, entrando no templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam,

46 — Dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores.

47 — E todos os dias ensinava no templo; mas os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo

48 — e não achavam meio de o fazer, porque todo o povo pendia para ele, escutando-o.

 

Marcos 1

38 — E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas, para que eu ali também pregue, porque para isso vim.

39 — E pregava nas sinagogas deles, por toda a Galileia, e expulsava os demônios.

 

 

Veremos a respeito do Templo e as sinagogas nos tempos de Jesus. Vamos entender quais foram as suas características e porque os Evangelhos destacam a presença constante do Mestre em tais ambientes, do seu nascimento ao fim do seu ministério. O estudo das Escrituras sobre esse tema será importante para rechaçar aqueles que menosprezam o templo religioso, assim como a concepção igualmente equivocada e extrema que os considera como edifícios sagrados.

 

 I. Jesus visita o templo (Lc 2.21-29,41-51)

 

 1. Apresentação no Templo. Logo após o nascimento do menino Jesus, José e Maria, seguindo a tradição judaica, levaram-no para ser apresentado no Templo. O evangelho de Lucas registra que, “cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor” (Lc 2.22). Isso porque, de acordo com a lei, todo primogênito do sexo masculino deveria ser consagrado a Deus (v.23; Êx 13.2), depois do período de purificação da mulher (Lv 12.1-8).

 

2. Aprendendo no Templo. Uma vez ao ano, os pais de Jesus iam a Jerusalém para participarem da Festa da Páscoa. Em uma dessas ocasiões, quando a família retornava para sua cidade, depois do término da celebração, José e Maria perceberam que o menino não estava entre eles (Lc 2.41-44). Como não o encontravam entre os parentes e conhecidos (v.45), regressaram até Jerusalém à sua procura: “E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas” (vv.46,47).

 

Este episódio nos mostra o valor que Jesus, ainda moço, dava à Casa de Deus e ao estudo da Palavra; como resultado, Ele crescia não somente em estatura, mas também em sabedoria, e em graça para com Deus e os homens (Lc 2.52). A narrativa bíblica nos leva a compreender que Jesus alegrava-se em sentir a presença de Deus no Templo, aprendendo a sua Palavra. O salmista expressou júbilo semelhante ao dizer: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1). Quando não sentimos deleite em estar na Casa de Deus, precisamos rever a nossa vida espiritual.

 

II. O templo e as sinagogas nos tempos de jesus

 

 1. Templo de Jerusalém. Para Israel, o templo sagrado localizado em Jerusalém possuía significado especial, pois simbolizava a presença constante de Deus entre seu povo, sendo o principal local de culto e oferta de sacrifícios. Construído durante o reinado de Salomão (1Rs 6), como uma réplica da planta do tabernáculo, o santuário passou por duas reedificações após ter sido destruído em 586 a.C. por Nabucodonosor, rei da Babilônia (2Rs 25.13-17). A primeira aconteceu depois do retorno dos judeus do cativeiro babilônico, sob a liderança de Zorobabel (Ed 3.8) e exortação dos profetas Ageu e Zacarias (Ed 5-6). Em 19 a.C., Herodes, o Grande, na tentativa de apaziguar os ânimos dos judeus e ganhar popularidade, iniciou a reconstrução do segundo templo. O Templo de Herodes, como era chamado, impressionava por sua beleza e imponência arquitetônica. Era uma das maravilhas do mundo antigo e, por isso, recebia judeus e, até mesmo, gentios de várias partes.

 

2. Jesus no Templo. O Mestre costumava frequentar a parte externa deste Templo para proferir seus ensinamentos (Lc 21.38; Jo 7.14) e curar os enfermos. Apesar da sua importância como local de reunião e de culto, Jesus deixou transparecer que o edifício não tinha valor sagrado em si mesmo, pois, além de ser transitório (Mt 24.1,2) não era maior do que o Filho de Deus (Mt 12.6). Aplicando essas verdades para os dias atuais, entendemos que o bem mais valioso no templo não é a beleza da sua estrutura física ou o conforto que proporciona aos crentes. O que mais importa é a manifestação da glória de Deus no meio do seu povo (Ez 43.5). Sem a divina presença, santuários religiosos são como sepulcros caiados. São belos por fora, mas sem vida por dentro!

 

3. Conhecendo as sinagogas. Os Evangelhos também mostram que o Nazareno costumava pregar e ensinar nas sinagogas acerca do Reino de Deus (Lc 4.44; 13.10; Mt 12.9; Mc 1.39). No original, sinagoga (gr. synagōgē) tem o sentido de assembleia, congregação de pessoas. O Dicionário Bíblico Wycliffe registra que, no judaísmo, enquanto o Templo era o lugar do culto, a sinagoga tinha uma função educativa: era o local para o estudo da lei. Mas, com o passar do tempo, as sinagogas passaram a servir também como espaço para a adoração, principalmente para os judeus que moravam a grandes distâncias de Jerusalém. Portanto, diferentemente do Templo que era único, haviam muitas sinagogas espalhadas por toda a Terra de Israel nos tempos do Novo Testamento. Tanto é assim que a Igreja Primitiva, seguindo o exemplo do Mestre, floresceu anunciando o Evangelho em tais localidades (At 9.20; 13.5; 18.4). A preocupação dos judeus para a construção de sinagogas para o estudo das Escrituras serve como exemplo para os discípulos de Jesus.

 

III. O zelo de Jesus pelo templo

 

 1. A dupla purificação do Templo. Em duas ocasiões de seu ministério, Jesus purificou o Templo expulsando aqueles que haviam transformado o santuário em verdadeiro centro de comércio religioso. Embora as transações comerciais fossem comuns, envolvendo, principalmente, a compra, a venda e a troca de animais para serem oferecidos como sacrifício, tal prática havia se tornado tão trivial em Jerusalém que o propósito da casa de oração havia sido subvertido. Os vendilhões converteram-na em casa de vendas (Jo 2.16) e covil de ladrões (Mt 21.13).

 

2. Zelo e reverência na Casa de Deus. De forma implacável e impetuosa, o amoroso Jesus revela a face da justiça divina, colocando para fora os vendedores, compradores e, até mesmo, os animais; derribou mesas e espalhou o dinheiro, em virtude do zelo pela Casa de Deus (Jo 2.17; Sl 119.139). O verdadeiro servo de Deus não tolera práticas mundanas e carnais praticadas em qualquer que seja o lugar e, muito menos, no santuário, lugar de reverência (Ec 5.1) e adoração ao Senhor. Como verdadeiro profeta, é necessário ter coragem para mostrar o erro e apartar-se dos homens corruptos, fraudulentos, que lucram com uma falsa piedade (1Tm 6.5).

 

3. Negócios com palavras fingidas. O exemplo de Jesus continua vívido e relevante para os nossos dias. Nesses tempos trabalhosos, falsos mestres e falsos doutores, por avareza, têm transformado a igreja em objeto de negócio (2Pe 2.3), para satisfação pessoal e lucro financeiro. São verdadeiros aproveitadores da fé. Contudo, o juízo divino para estes está preparado. Como disse o apóstolo Pedro, “sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita”.

 

Com o advento e obra de Cristo, a ênfase do culto foi transferida do santuário físico para o próprio Senhor Jesus, no qual habita toda a plenitude de Deus (Cl 2.9), que materializou, em si, o propósito do templo. E por isso, Ele mesmo disse que chegou o momento em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade (Jo 4.23,24). Além disso, cada crente, convertido e transformado, é templo e morada do Espírito do Altíssimo (1Co 3.16). Não obstante, ainda permanece a finalidade e a importância do templo da igreja, como local onde o povo de Deus se reúne para cultuar, orar e aprender a Palavra.

 

5.    E. Jesus, o Mestre da Justiça

 

Mateus 3.13-15; Mateus 5.6,10,20; Mateus 6.1-4.

Mateus 3

 

13 — Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele.

14 — Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?

15 — Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu.

 

 

 

Mateus 5

 

6 — bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;

10 — bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;

20 — Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.

 

Mateus 6

 

1 — Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.

2 — Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

3 — Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,

4 — Para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.

 

 

Como Mestre, Jesus cumpriu toda a Justiça de Deus (Mt 3.15). Além disso, Ele ensinou os seus discípulos aplicando-a de forma graciosa, misericordiosa e generosa. A justiça bíblica é uma virtude, de acordo com o padrão divino, e não uma mera teoria.

 

I. Jesus, o Mestre que cumpriu toda justiça (Mt 3.15)

 

1. Antecedentes do Antigo Testamento. No Antigo Testamento, justiça — ao lado da Lei — é um dos temas centrais no relacionamento entre Jeová e seu povo, e significa de forma geral a virtude pela qual se age com retidão, justeza e integridade, de acordo com o padrão divino (Êx 9.27). Aqueles que assim procedem são chamados de justos (Gn 6.9; 18.26, Jó 22.19, Sl 1.6; 14.5). Conforme assinala a Bíblia de Estudo Palavra-Chave, sedaqah, um dos termos hebraicos usados para justiça, descreve a postura e as ações que Deus possui e que espera que seu povo também preserve. Ele é inequivocamente justo; a justiça é inteiramente sua prerrogativa. Seu povo deve semear justiça e, como recompensa, receberá justiça (Os 10.12). Ele trata com seu povo segundo a irrepreensibilidade que eles demonstram (2Sm 22.21; Ez 3.20). O termo refere-se ainda à punição do erro e à condição daqueles que foram justificados, isto é, considerados inocentes (Jó 11.2; Is 50.8).

 

2. Israel e a justiça social. Ajustiça para Israel também possuía um aspecto social, envolvendo o cuidado com os pobres e vulneráveis (Mq 6.8). Nestas passagens bíblicas, justiça (hb. mishpat) denota a necessidade de tratamento igualitário aos menos afortunados, aos órfãos, às viúvas e aos estrangeiros (Jr 22.3). Enquanto povo escolhido, Israel deveria implantar uma cultura de justiça e paz, agindo com generosidade em relação ao próximo. A Lei mosaica, inclusive, estabelecia uma série de disposições contra a opressão aos pobres (Êx 22.25). Por essa razão, no livro de Provérbios encontramos: “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado honra-o” (Pv 14.31).

 

3. Jesus e o cumprimento de toda a justiça. Em o Novo Testamento, a justiça divina tem o seu pleno cumprimento em Jesus Cristo (Mt 3.15). Uma vez que Deus é santo e justo, e considerando que a justiça envolve a retribuição implacável pelo delito, o pecado cometido por Adão no Éden deveria receber a adequada punição. Jesus, portanto, se oferece para o cumprimento da pena e satisfação da justiça divina, consumada na cruz do Calvário (Jo 19.30), de forma substitutiva para remissão dos pecados do homem (Rm 3.25). O Juiz Celestial que decretou a sentença de condenação é o mesmo que enviou o seu Filho Unigênito para cumpri-la. Que maravilhosa graça!

 

II. Jesus ensina a prática da justiça (Mt 6.33)

 

 1. A primazia do Reino. Jesus é o Mestre da justiça porque além de tê-la vivenciado em toda a sua plenitude, ensinou aos discípulos sobre a sua prática. De modo magistral, Ele enfatizou: “Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Logo, o Reino e a sua justiça devem ser o foco principal de todo cristão, posto que proporciona, por consequência, as coisas básicas da vida, isto é: comer, beber e vestir (Mt 6.25). De modo contrário, muitos invertem as prioridades da vida cristã, destacando os bens materiais e as bênçãos terrenas em detrimento da justiça divina. No meio eclesiástico, ouve-se o ressoar de jargões que decretam “bênçãos” e “vitórias”, mas raramente escuta-se o clamor por justiça. Isso acontece porque a busca pela justiça requer renúncia. Mas poucos estão dispostos a sofrer perseguição por causa dela (Mt 5.10).

 

2. Famintos e sedentos por justiça. No Sermão do Monte, o Mestre incluiu a justiça como uma das características das bem-aventuranças: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6). Jesus faz alusão a duas sensações naturais que exprimem a ideia de forte aspiração do ser humano. Em outras palavras, o Nazareno está propondo que aqueles que possuem o desejo ardente por justiça são mais que felizes. O verdadeiro cristão, portanto, abalizado no amor ágape, não tolera e muito menos se alegra com a injustiça (1Co 13.6), com a desigualdade e com a opressão. O discípulo de Jesus não tenta lucrar à custa dos outros e, também, não busca resolver seus problemas pessoais por meio do “jeitinho brasileiro”. Ele é justo em todo o seu proceder.

 

3. Justiça que retribui, restaura e cuida. Ajustiça que procede de Deus (Sl 119.149) é plena e deve irradiar para todas as áreas da vida humana, abrangendo tanto o aspecto moral quanto social. Jesus, ao adotar o padrão de retidão divina, confrontou o erro e apontou a retribuição para o pecado (Mt 8.12), mas também deu exemplos da justiça restaurativa que, por intermédio de seu perdão, restabelece o homem à condição de Filho de Deus (Jo 8.11). Além disso, a justiça do Mestre dos mestres é uma justiça que se importa e cuida do pobre e carente (Mt 19.21).

 

 

III. A justiça que agrada a Deus (Mt 5.6; Is 58.6)

 

 1. É misericordiosa. A primeira característica da justiça que agrada a Deus é a misericórdia. Mesmo quando se confronta o erro, é necessário separar o pecado do pecador, condenando a prática e se compadecendo do ser humano, pois a autêntica justiça vem acompanhada da piedade (1Tm 6.11; Zc 7.9). Aquele que recebeu o divino amor não se alegra com o erro alheio; antes, chora pela sua queda.

 

2. É graciosa. A graça é exatamente o oposto da justiça. Enquanto a justiça dá a cada um aquilo que lhe é devido, a graça concede um favor imerecido. Nesse sentido, a justiça que agrada a Deus é aquela que é abrandada pela magnífica graça. Esta graça não anula a justiça, dá-lhe mais vida. O exemplo do filho pródigo (Lc 15.11-32) nos mostra que somente a graça é capaz de reverter uma situação desfavorável. Legalmente, ele já havia recebido toda a sua herança e, por isso, seu pai poderia muito bem tê-lo despedido sem conceder-lhe mais nada. Entretanto, a graça prevaleceu e ele foi recebido com festa e presentes. Assim como o irmão mais velho não compreendeu a ação do seu pai, o mundo também não compreende a graça que contrasta a justiça. Somente ela nos dá força e condições de não retribuirmos o mal com o mal e de também não praticarmos a vingança (Rm 12.17-21).

 

3. É generosa. Por fim, a justiça que agrada a Deus é generosa. Para o servo de Deus, esta generosidade se materializa na ajuda ao pobre e ao necessitado. Jesus criticou os fariseus de sua época em virtude da justiça aparente e legalista praticada por eles, razão pela qual o Mestre afirmou aos discípulos que eles deveriam exceder em muito a justiça dos escribas e fariseus. O profeta Isaías falou sobre desfazer as ataduras do jugo do oprimido, repartir o pão ao faminto, recolher em casa os pobres abandonados (Is 58.6,7). Em Novo Testamento, Tiago sintetizou a importância da generosidade ao afirmar que a fé, sem as obras, é morta (Tg 2.15-17). A justiça generosa não é uma condição para ingressar no Reino, mas a marca daqueles que lá estão.

 

 Justiça, portanto, não é uma questão ligada somente ao mundo jurídico e ao Estado. Significa, em síntese, agir de forma correta; fazer a coisa certa. E, como tal, é uma virtude que provém do Altíssimo, a nossa bússola moral para agir com retidão. Em um mundo repleto de injustiças e desigualdades, os discípulos de Jesus têm o desafio de viverem justa e piedosamente, produzindo frutos de justiça (Fp 1.11).

 

 

6.    F. Jesus e a cobiça dos homens

 

Mateus 6

19 — Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam.

20 — Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam.

21 — Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

22 — A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.

23 — Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!

24 — Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

 

Lucas 22

24 — E houve também entre eles contenda sobre qual deles parecia ser o maior.

25 — E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores.

26 — Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem serve.

27 — Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve.

 

Estes assuntos exigem o máximo de cuidado do crente: cobiça, avareza e orgulho. Não bastasse a natureza decaída do homem que, por si só, nos atrai a cair nessa tentação, o mundo e o Diabo também tentam, por todos os meios e artimanhas, levar o cristão a cair no desejo por bens materiais, consumismo, fama, poder e prestígio, fazendo-o perder o foco do Reino de Deus. Por isso, precisamos receber com muita atenção e zelo as advertências de Jesus contra esses vícios morais, os quais somente são vencidos quando morremos para o mundo e permitimos Cristo viver em nós (Gl 2.20).

 

I. A Ganância.

 

 1. O perigo da avareza. Jesus disse aos seus discípulos para tomar cuidado com a avareza, porque a vida de qualquer pessoa não consiste na abundância do que possui (Lc 12.15). Avareza (gr. pleonexia) significa “sede de possuir mais”; “apego e desejo exagerado pelos bens materiais”. O Mestre não está censurando o trabalho para a manutenção das necessidades básicas da pessoa e de sua família, e nem mesmo o anseio natural por melhores condições de vida. Sua advertência se dirige à ganância, isto é, a atitude cobiçosa de nunca estar satisfeito com aquilo que se possui. Tais pessoas, impulsionadas pelo desejo insaciável da carne, sempre procuram adquirir algo novo, “edificar novos celeiros” e formar um “depósito com muitos bens” (Lc 12.19). A palavra de Deus condena a ambição e a cobiça pois elas são fatais (Ec 6.7).

 

2. O deus dinheiro. Em sua sabedoria, Jesus alertou contra a ganância e a avareza pois Ele sabia que o amor ao dinheiro é a origem de todos os males (1Tm 6.10). Eis o motivo pelo qual afirmou: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24). Desse modo, não é possível servir a Deus plenamente ao mesmo tempo em que se ama ao dinheiro, afinal onde está o tesouro de uma pessoa, aí também estará o seu coração (Mt 6.21). Deus não divide espaço com ninguém e muito menos com o dinheiro. Logo, devemos fazer uma profunda avaliação dos nossos corações para ver quem (ou o quê) ocupa, de fato, a primazia de nossas vidas: Deus ou os bens materiais?

 

3. Tempo de consumismo. A forma mais sutil de ganância do nosso tempo é o consumismo inconsciente. O desejo desenfreado de adquirir bens supérfluos condiciona a felicidade das pessoas à compra de coisas novas. O consumista nunca se sente satisfeito e, por isso, é levado a exagerar no uso do cartão de crédito e do cheque especial; tudo para atender aos apelos da mídia e a ilusão do consumo. O consumismo, portanto, não é fruto da necessidade, mas do descontentamento. É uma forma de ingratidão. Contudo, o apóstolo Paulo deixou a receita para destruirmos esse vício pessoal ao dizer: “ aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4.11). Essa afirmação não é um atestado de passividade e comodismo. É uma declaração de gratidão a Deus! Se você não está contente com o que já tem, certamente não estará quando adquirir o que pretende ter. Por isso, como cristãos, devemos agradecer a Deus por tudo o que possuímos, pois é dádiva divina!

 

II. A cobiça por poder.

 

 1. Cobiça pelo poder. Além do dinheiro e dos bens materiais, o coração pecaminoso e egoísta do ser humano cobiça o poder e a auto exaltação. Basta olharmos para a história do mundo e percebemos essa realidade sombria, marcada pelas batalhas por poder e dominação. Uma das artimanhas de Satanás, inclusive, é seduzir o homem na busca insaciável pelo poder. O próprio Senhor Jesus foi tentado pelo Diabo, que lhe ofereceu os reinos e a glória deste mundo em troca de adoração. Contudo, o Mestre respondeu: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). Não obstante, não são poucos os que fazem de tudo para conquistar os reinos e as glórias na esfera terrena, seja no ambiente político, empresarial e até mesmo religioso. Fiquemos atentos para não sermos seduzidos por essa ambição egoísta, carnal e diabólica!

 

2. Os primeiros assentos. Um dos principais indicativos da cobiça pelo poder é o desejo ardente por destaque. Algumas pessoas possuem o ego tão inflado que não suportam viver numa posição na qual não possam ser notadas. Essas pessoas são obcecadas pelo marketing pessoal. É sobre isso que Jesus adverte na parábola dos primeiros assentos e dos convidados (Lc 14.7-11). Ele censura aqueles que buscavam a proeminência e a auto exaltação, dizendo; “ qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (v.11). Esse ensinamento do Mestre Jesus deve ecoar na sociedade atual, dominada pelo narcisismo, egoísmo e pela cultura de autoajuda.

 

3. O perigo do orgulho. C. S. Lewis, um dos grandes cristãos do século passado, dizia que o orgulho, no sentido de soberba, é o maior dos pecados. É o mais completo estado de alma ante Deus. O orgulho, afirmou o escritor, “não sente prazer em possuir algo, mas apenas em possuir mais do que o próximo”. O orgulho foi a causa da queda de Satanás (Is 14.12-20; 1Tm 3.6). A Palavra de Deus adverte que ele engana o coração (Jr 49.16) e endurece a mente (Dn 5.20). Por isso, o Senhor abomina o altivo de coração (Pv 16.5) e abate o soberbo (Jó 40.11).

 

III. O maior no Reino de Deus.

 

 1. A disputa entre os discípulos. Em certa ocasião, os discípulos contenderam entre si para saber quem era o maior (Lc 22.24). O episódio comprova que até mesmo o cristão, se não estiver em constante vigilância, pode sucumbir ao desejo por alta posição e prestígio. No meio evangélico contemporâneo, observamos essa triste realidade, de disputa por poder eclesiástico, fama e sucesso ministerial. Pregadores, pastores e cantores que, por terem perdido o foco do Reino de Deus, se enveredaram numa busca frenética por glória humana e notoriedade popular. Infelizmente, os ídolos do coração (Ez 14.1-5) da nossa época têm levado muitos crentes a perderem o foco de seu chamado, fazendo a obra segundo os padrões do mundo.  O princípio de morrer para os sistemas mundanos não se aplica somente aos pecados óbvios. Em uma cultura que mede tudo em termos de tamanho, sucesso e influência, também temos de dizer ‘não’ a estes valores mundanos.

 

2. A verdadeira grandeza. Contrariando o modelo secular, no qual o maior é aquele que governa, no padrão divino Jesus explica que o maior é aquele que serve (Lc 22.26). Aqui está a lição do serviço. No Reino de Cristo, a grandeza não está no cargo, no título ou na posição social, e, sim, na disposição em servir, sendo útil ao Reino e ao próximo. Ao ensinar aos seus discípulos sobre a nobreza do servir, Jesus enfatiza uma das principais virtudes morais: a humildade. Aqueles que querem dominar, cedem ao orgulho. Mas aqueles que procuram servir, exercitam a modéstia e a submissão. Por isso, o crente é convidado a servir com alegria, oferecendo seus e dons e habilidades em prol da sociedade e da Igreja de Cristo.

 

3. A humildade de Cristo. O maior exemplo de humildade vem do próprio Mestre Jesus (Fp 2.7). Um momento sublime que realça a singeleza do meigo Nazareno é a ocasião em que Ele lava os pés dos seus discípulos (Jo 13.1-20). Com tal gesto, Ele compartilha com seus discípulos a importância de servirem uns aos outros, com amor e abnegação. Somente a verdadeira humildade demonstrada pelo Mestre é o padrão de virtude capaz de desfazer a humildade formal e dissimulada que presenciamos em nosso meio. A verdadeira humildade, além de nos levar a reconhecer os outros superiores a nós mesmos (Fp 2.3), implica também em reconhecer nossa pequenez diante de Deus e considerar que aquilo que somos, fazemos e possuímos é resultado da graça do Senhor em nossa vida.

 

Avareza, consumismo, cobiça e orgulho só têm espaço na vida de uma pessoa quando ela entroniza o ego e o dinheiro como seus ídolos, Se Cristo verdadeiramente ocupar a primazia em nossos corações, não haverá espaço para outros senhores e ídolos (Mt 6.33), pois, 0 Senhor nos proporcionará completa satisfação. Paulo disse que aprendeu a se contentar com aquilo que tinha (Fp. 4.11). Então, se temos Cristo, temos tudo. E nada mais nos falta!

 

7.    G. Jesus e a implantação do Reino de Deus

 

Mateus 5.1-11.

 

1 — Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;

2 — e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:

3 — Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;

4 — bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

5 — bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

6 — bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;

7 — bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;

8 — bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;

9 — bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;

10 — bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;

11 — bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.

 

Um estudo do uso dos dois termos revela que Mateus usa o termo ‘reino dos céus’ 34 vezes, mas ‘reino de Deus’ apenas quatro vezes, Mateus usa ‘reino dos céus’ quatro vezes onde Marcos, Lucas e João usam ‘reino de Deus’ (Mt 4.17; Mc 1.15; Mt 10.7;Lc 9.2; Mt 5.3; Lc 6.20; Mt 13.11; Mc 4.11; Lc 8.10). Evidentemente, Mateus teve uma razão para sua preferência. Ele era um judeu escrevendo para sua própria raça e respeitava seu costume de usar o nome de Deus o menos possível e, portanto, falou do reino dos céus. Por outro lado, falar do reino dos céus para os gentios e pagãos seria sugerir conceitos que para eles implicavam em politeísmo, enquanto que falar do reino de Deus teria enfatizado o monoteísmo. Esta é, aparentemente, a razão pela qual os três outros escritores não falam do reino dos céus. Aqueles que sentem que Mateus usa ‘reino dos céus’ por razões teológicas, e que pretendem fazer uma distinção entre esta expressão e a expressão, ‘reino de Deus’, devem observar que Mateus usa esta última cinco vezes (Mt 6.33: 12.28; 19.24; 21.31,43).

 

No caso do jovem governante rico, ele usa as duas expressões juntas (Mt 19.23,24), mostrando que elas são intercambiáveis para os seus propósitos

 

 I. O que é o Reino de Deus

 

 1. Reino de Deus e Reino dos Céus. Sobressai nos Evangelhos o ensino de Jesus acerca do Reino, mencionado em diversas ocasiões pelos evangelistas como Reino de Deus e, em outras, como Reino dos céus. Conquanto alguns estudiosos afirmem que tais expressões tenham significados distintos, o exame cauteloso das Escrituras e da cultura judaica dos tempos de Jesus revela, em verdade, que essas expressões possuem sentidos equivalentes. É importante lembrar que o evangelho de Mateus foi escrito aos crentes judaicos e, por isso, o seu autor dá preferência ao termo Reino dos Céus, ao invés de Reino de Deus, por causa do costume que tinham em não pronunciar literalmente o nome de Deus.

 

2. Significado do Reino. Etimologicamente, a palavra Reino (gr. basileia) significa domínio ou governo. Em sentido amplo, portanto, o Reino de Deus pode ser definido como o domínio eterno (Sl 45.6) do Criador em todas as épocas (Sl 10.16) e sobre a totalidade da criação, intervindo e predominando na história humana através de seus atributos supremos. Jesus completou a oração modelo da seguinte forma: “ porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (Mt 6.13). Todavia, além desse aspecto abrangente, o Messias referiu-se ao Reino de Deus de maneira bem mais específica, enfatizando tanto o seu aspecto presente quanto futuro.

3. As dimensões do Reino. Vejamos, desse modo, as duas dimensões do Reino aludidas em o Novo Testamento:

 

a) Reino presente: Jesus realçou em seu ministério a chegada do Reino (Mt 4.17; 12.28), dando a entender que Ele próprio estava realizando a sua implantação aqui na terra entre os homens (Mc 1.15; Lc 18.16,17). Este é o Reino inaugurado. Não se trata, contudo, de um reinado institucional ou político, e, sim, espiritual, pelo qual Deus passa a atuar eficazmente no coração daqueles que se tornam súditos desse Reino, submetendo-se consequentemente à vontade do Altíssimo (1Co 4.20).

 

b) Reino futuro: Refere-se ao aspecto escatológico do Reino consumado. A Bíblia de Estudo Pentecostal assim explica: “A manifestação futura da glória de Deus e do seu poder e reino ocorrerá quando Jesus voltar para julgar o mundo (Mt 24.30: Lc 21.27; Ap 19.11-20; 20.1-6). O estabelecimento total do Reino virá quando Cristo finalmente triunfar sobre todo o mal e oposição e entregar o Reino a Deus Pai” (1Co 15.24-28; Ap 20.7-21.8).

 

 

II. As características do Reino de Deus nas Escrituras.

 

 1. Origem do Reino. Diferentemente da expectativa dos judeus daquele tempo, que aguardavam um Messias que implantaria o seu Reino na terra, por meio de uma renovação política, o Nazareno afirmou não ser o seu Reino deste mundo (Jo 18.36). Com esta declaração, Jesus não descaracterizou a realidade e a presença do Reino, de modo a afastar a sua própria autoridade sobre a esfera terrena, pois as Escrituras dão provas de que Ele é supremo (Mt 28.18; Fp 2.9-11; Cl 1.15-18; Ap 19.16). Jesus está se referindo à origem celestial do seu governo, o qual não é fabricado pelo homem, ou conquistado pelo uso da força física, ou pela política deste mundo. É um Reino de verdade que emana de Deus e irrompe entre os homens promovendo transformação!

 

2. Natureza do Reino. Na sua dimensão presente, o Reino de Deus é fundamentalmente espiritual. Quando recebemos esse Reino, Deus opera o seu domínio e manifesta, por antecipação, parte das bênçãos espirituais da vida eterna e da glória do porvir no tempo em que vivemos, gerando uma vida abundante (Jo 10.10). O apóstolo Paulo captou bem a sua essência ao dizer: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). De forma graciosa, somos beneficiados pela boa, perfeita e agradável vontade (Rm 12.2) e pelas virtudes do Espírito (Rm 15.13). que afetam e influenciam todas as esferas da vida humana, especialmente emocional, mental, física, social e econômica.

 

3. Marcas e valores do Reino. O Reino deixa marcas perceptíveis na vida de seus súditos, transparecendo evidências sublimes da presença divina em seus comportamentos. Um resumo destes sinais é encontrado no Sermão da Montanha proferido por Jesus, mais especificamente nas bem-aventuranças (Mt 5.1-10). Ali estão contidos os valores de Jesus para a realidade presente do Reino de Deus. Para viver este Reino na prática, precisamos rejeitar os valores e as atitudes do mundo e adotar os valores ali retratados. Os filhos do Reino também são distinguidos por sua obediência (Mt 7.21) e fidelidade a Deus (Lc 19.11-27), assim como pelos seus frutos (Mt 7.20; Gl 5.22). Será que o mundo nos reconhece por nossos frutos e pelas marcas do Reino celestial?

 

III. Jesus e a mensagem do reino de Deus.

 1. O Evangelho do Reino. O ponto central da mensagem anunciada por Jesus em seu ministério terreno foi a proclamação do Evangelho do Reino (Mt 4.23; 9.35; 24.14; Lc 4-43; 8.1). Igualmente, este foi o cerne da pregação de João Batista (Mt 3.2), assim como dos discípulos e da Igreja Primitiva (At 8.12; 19.8; 28.23). A palavra Evangelho tem o sentido de boas novas, boas notícias, acerca do plano salvífico de Deus para a humanidade. O Evangelho genuíno é o Evangelho do Reino.

 

Vivemos, infelizmente, dias de desvirtuamento do Evangelho, esfriamento da fé e mercantilização do cristianismo. Nesse tempo, muitas igrejas já não dão o devido valor à proclamação genuína da mensagem do Reino, substituindo-a por programas de entretenimento e pregações de autoajuda. Mas a verdadeira Noiva do Cordeiro sabe que a sua missão primordial é anunciar as boas novas: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) é a sua principal incumbência (1Co 9.16), chamando o ser humano ao arrependimento e conversão ao senhorio de Cristo. Jovem, você tem proclamado o Evangelho do Reino?

 

2. Reino e arrependimento. O Reino está intimamente ligado à obra redentora do Salvador. Daí o motivo pelo qual o Texto Sagrado evidencia o arrependimento como condição para dele desfrutar (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15; Lc 5.32). “Arrependei-vos” é o chamado do Evangelho, envolvendo tanto arrependimento dos pecados, quanto mudança de direção, de mentalidade e perspectiva de vida. Isso porque, para ser participante do Reino, é necessário pensar a partir da vontade de Deus, ter a mente de Cristo (1Co 2.16).

 

3. Novo nascimento para o Reino. Jesus também garantiu a Nicodemos: “ aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). Este novo nascimento não é físico ou biológico, mas espiritual. É a nova vida em Cristo, que começa aqui e agora, com a presença de Deus, mas que se prolonga para a vida eterna (Jo 3.15). A nova vida depende da manifestação da vontade do ser humano. Deus não obriga ninguém a acreditar nEle e a aceitar a obra de Cristo.

 

 

O Reino de Deus não é uma utopia política ou uma condição social. É o poder de Deus operando na vida dos seus súditos, de forma eficiente e transformadora, desde a vinda de Cristo a essa terra. Este Reino transforma a mente, modifica o caráter e conduz os passos de seus súditos sob a tutela do Espírito Santo. Quando isso ocorre, família, amigos, trabalho, sociedade e tudo o mais é afetado pela luz do cristão. É sobre isso que Jesus estava dizendo ao falar sobre os seus discípulos: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5.13,14).

 

Capítulo 3- Jesus dos 12 aos 30 anos.

 


Lucas 2.39-43 e 3.23

 

39 Após cumprirem todas as exigências da lei do Senhor, os pais de Jesus voltaram para casa em Nazaré, na Galileia. 40 Ali o menino foi crescendo, saudável e forte. Era cheio de sabedoria, e o favor de Deus estava sobre ele. 41 Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. 42 Quando Jesus completou doze anos, foram à festa, como de costume. 43 Terminada a celebração, partiram de volta para Nazaré, […] 3.23 Jesus estava com cerca de trinta anos quando começou seu ministério. Jesus era conhecido como filho de José. 

 

A.    Os anos “ocultos” de Jesus

Todo ano, geralmente no período da Páscoa, surgem teorias baseadas em textos “recém-descobertos” ou não-oficiais do cristianismo. A análise desses documentos, por parte de céticos ou de curiosos, tem levantado perguntas que, segundo eles, são “revolucionárias sobre a fé cristã”. Por exemplo:

 

Jesus se casou com Maria Madalena? Ele teve filhos? A ressurreição realmente aconteceu? Onde Jesus viveu e o que ele fez dos 12 aos 30 anos? Jesus é realmente um salvador ou foi simplesmente um mestre sábio? Judas traiu Jesus movido por um desejo maligno ou a pedido do próprio Jesus?

 

E por aí à fora… Hoje, o meu propósito é estudar com vocês sobre os anos “ocultos” de Jesus para vermos a glória de Deus estampada nesses anos tão especiais do Senhor.

A Bíblia, realmente, faz uma única referência à adolescência ou juventude de Jesus. O Evangelho de Lucas, que lemos no início, nos conta que, aos 12 anos, ele viajou com os pais de Nazaré a Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica. Quando José e Maria retornavam para casa, perceberam que Jesus tinha ficado para trás. Procuraram o garoto durante três dias e, não o encontrando, decidiram voltar ao Templo, onde o encontraram discutindo teologia com os sacerdotes em Jerusalém. Lucas conta que “Todos que o ouviam se admiravam de seu entendimento e de suas respostas” (Lucas 2.42-49). Isso é tudo.

Jesus só volta a aparecer no relato bíblico já adulto, por volta dos 30 anos, ao ser batizado por João Batista no rio Jordão. É quando o conhecemos realmente. Da infância, as Escrituras falam sobre o nascimento em Belém, a fuga com os pais para o Egito — para escapar de uma sentença de morte impetrada por Herodes, rei dos judeus — e a volta para Nazaré. Da vida adulta, a seleção dos apóstolos e a pregação na Galileia, além do julgamento e da morte em Jerusalém. Mas o que aconteceu com Jesus entre os 12 e os 30 anos? Qual foi sua formação, o que moldou seu pensamento nesses 18 “anos ocultos”? Afinal, o que ele fez antes de iniciar seu ministério na Galileia?

Os que desejam reconstruir o Jesus histórico deverão analisar o estilo de vida e o ensino de Cristo, conforme os temos em abundância nos Evangelhos, levando também em conta os estudos diversos sobre a vida cotidiana nos tempos bíblicos. Dessa forma poderemos  conhecer o homem de Nazaré e entender o seu desenvolvimento.

A juventude “ocultada” ou prioridade teológica?

Por que a juventude de Jesus estaria “oculta” nos relatos bíblicos? Simples! Por uma questão de prioridade teológica. Saiba que os autores dos Evangelhos não se propuseram a escrever biografias completas de Jesus.

Em linhas gerais, há dois propósitos principais na mente de cada evangelista, quando eles se propuseram a escrever suas obras. Primeiro, contar que Deus “se tornou ser humano, carne e osso, e habitou entre nós” (Jo 1.14) — por isso a ênfase no nascimento virginal e na infância de Jesus. Segundo, descrever seu ministério, falar da obra que ele, enviado por Deus Pai, veio realizar no poder de Deus Espírito Santo; tudo isso culminando com a sua morte e ressurreição — por isso a ênfase na vida adulta de Jesus.

Na verdade, os anos de adolescência e juventude de Jesus não foram ocultados pelos autores dos Evangelhos. Não é que eles não soubessem ou não quiseram relatar o que sabiam com medo de comprometer a mensagem do cristianismo. Eles não narraram a história de Jesus dos 12 aos 30 anos porque não era uma prioridade teológica.

B.    Os anos perdidos de Jesus

O que aconteceu com Jesus nesse período que vai dos 12 aos 30 anos?

A resposta a esta pergunta dependerá da fonte que se irá consultar. Por exemplo: a partir de 1893 foi popularizada a ideia de que Cristo tivesse ido à Índia, e até mesmo à América do Norte, em busca de, pasmem!, iluminação espiritual. Mais recentemente, os propagadores da doutrina da Nova Era assumiram as mesmas ideias.

Em 2009, a editora Sextante publicou um livro intitulado: Os anos perdidos de Jesus. O autor é indiano e está descrito, pela própria editora, como pseudocientista, médico endocrinologista e autor de livros sobre espiritualidade, medicina corpo-mente e auto-ajuda. Permitam-me ler para vocês parte da sinopse desta obra para que tenhamos a dimensão do que estamos estudando.

 

Deepak Chopra recorre mais uma vez à ficção para desvendar os transformadores “anos perdidos” de Jesus — período dos 12 aos 30 anos da sua vida — que ficaram de fora do Novo Testamento. Com poucos fatos históricos em que se basear, Chopra optou por imaginar o caminho de iluminação que o jovem de Nazaré teria trilhado até se tornar o Messias. É uma jornada que o leva da obscuridade à revolução, das dúvidas aos milagres, culminando na transformação do filho do homem em Filho de Deus. Na adolescência, Jesus tem premonições do seu futuro, mas vive atormentado por não saber quem é e qual o seu papel nos planos de Deus. Ao longo do caminho, ele se sente incapaz de mudar os outros e vive dividido entre o amor pelas pessoas e o amor divino. Ao buscar solucionar os mistérios mais profundos da vida, Jesus se defronta com as mesmas questões e contradições que enfrentamos no nosso dia a dia. Ele não sabe se Deus o está ouvindo e se pergunta por que o Pai Celeste permite tantas vezes que o mal triunfe. Jesus enfrenta seus demônios e, ao ser batizado no rio Jordão, aceita seu destino que combina com os extremos da luz e da escuridão. Nesta obra, Deepak Chopra faz um retrato sem precedentes de Cristo, aproximando os leitores do entendimento da natureza de Deus.

 

Será mesmo? Meu Deus! Gente, o que de fato aconteceu com Jesus durante esse período que vai dos 12 aos 30? Pensemos um pouco à partir das fontes que nós temos.

Sabe-se que não há qualquer texto ou livro, digno de confiança, gnóstico ou não-gnóstico, que diga que Jesus tenha saído da Palestina durante os seus anos de vida. Muito menos os Evangelhos. Todos são unânimes em dizer que Jesus de Nazaré nasceu e viveu na Palestina, sem nunca ter saído de suas divisas.

Portanto, recorrer à imaginação popular para “descobrir” por onde Jesus andou dos 12 aos 30 anos de sua existência na terra não é a atitude mais sábia para se adotar. Essa não é a melhor fonte a ser consultada, para esse ou para qualquer outro assunto relacionado à fé.

O que se pode afirmar é que durante esse período, dos 12 aos 30 anos, Jesus estava vivendo como qualquer jovem judeu piedoso de seus dias; ele estava se preparando para a causa que Deus o havia designado. Sobre isto nós encontramos pistas sutis muito importantes dentro dos próprios Evangelhos. É o que veremos a seguir.

 

Por que a bíblia não relata esse período?

 

A narrativa dos evangelhos não relata especificamente o que ocorreu na vida de Jesus durante seus 12 aos 30 anos de idade, entretanto o que foi escrito acerca de sua vida é suficiente para crermos nele, “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o filho do Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. ” ( Jo 20.30,31). O objetivo dos evangelhos não é elaborar uma biografia exaustiva da vida de Cristo, todavia o seu conteúdo é totalmente voltado para o propósito salvífico, por essa razão as atividades de Cristo durante esse período não foram comentadas por não se tratar de assuntos significativos comparado aos eventos relacionados ao seu ministério os quais nem todos foram mencionados, pois foram inúmeros feitos por Ele realizados, “Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez, se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que no mundo inteiro não caberiam os livros que seriam escritos.” ( Jo 21.24,25). Os Evangelistas narram a história como testemunhas oculares dos fatos, ressaltando que são fidedignos que eles viram e ouviram, é o que escreveram com os próprios punhos e testificaram durante suas vidas e mesmo sendo ameaçados de morte, não se calaram. Sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

 

C.    Algumas especulações infundadas:

 

Infelizmente a ausência dos relatos bíblicos acerca desse período na vida de Cristo tem sido motivo de diversas especulações pervertidas, elaborada por mentes pérfidas que ousam fazer severas afirmações infundadas. A bíblia afirma que tais serão punidos rigorosamente. “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus acrescentará os flagelos escritos neste livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.” (Ap 22.18,19.). As especulações existentes são as seguintes: Jesus após os 12 anos se afastou da palestina para viver em algum lugar do extremo oriente; Jesus esteve na Índia convivendo com budistas e bramanistas na babilônia aprendendo a arte das magias ocultas, no Egito na biblioteca de Alexandria; na Pérsia (atual Irã), Assíria, Grécia e na Macedônia aprendendo a filosofia, ou mesmo na Judéia entre os Essênios. Outros propõem que nessa época Ele tenha se ausentado da terra para visitar outros planetas, outros grupos alegam que ele permaneceu na palestina, vivendo uma vida moral relativamente promíscua e depravada, algumas dessas conjecturas se baseiam nos apócrifos, livros reprovados por não cumprir as exigências canônicas. Evidentemente essas teorias não passam de meras especulações humanas, destituídas de base bíblica e de comprovação histórica.

 

D.   As evidências bíblicas:

A despeito do silêncio bíblico sobre esses 18 anos da vida de Jesus, existem fortes evidências bíblicas de que Ele continuou residindo em Nazaré até o início do Seu ministério público e que era submisso aos seus pais e a Deus, contrapondo todas as especulações existentes. Vejamos:

 

• Onde Jesus esteve? Somos informados de que, após a Sua visita a Jerusalém, aos 12 anos de idade, Jesus regressou com José e Maria “para Nazaré; e era-lhes submisso” (Lc 2:51); que Ele foi criado naquela mesma cidade (Lc 4:16); que Ele veio “de Nazaré da Galileia” para ser batizado por João Batista no rio Jordão (Mc 1:9); e que, após o aprisionamento deste, Jesus “deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum” (Mt 4:12 e 13). Por haver residido em Nazaré todos esses anos, Jesus era conhecido pelos Seus contemporâneos como “Nazareno” (ver Mt 2:23; 26:71; Mc 1:24; 10:47; 16:6; Lc 4:34; 18:37; 24:19; Jo 1:45; 18:5, 7; 19:19; At 2:22; 3:6; 4:10; 6:14; 22:8; 26:9), e os Seus seguidores, como a “seita dos nazarenos” (At24:5). Próximo ao final do Seu ministério público na Galileia, Jesus retornou a Nazaré, qualificada nos Evangelhos como “a sua terra” (Mt 13:54; Mc 6:1), sendo reconhecido pelos próprios nazarenos como “o carpinteiro” (Mc 6:3) e o “filho do carpinteiro” (Mt 13:55). Eles jamais O teriam reconhecido como tal se Ele não houvesse exercido tal profissão naquela cidade antes do início do Seu ministério público.

 

• O que fez Jesus? A bíblia afirma categoricamente, para não deixar margens de dúvidas, que Jesus se preparava para exercer seu ministério, era obediente a seus pais e tinha a graça diante de Deus e dos homens, ou seja, Jesus não foi um pervertido mas um exemplo para todos, aprovado por Deus e pelos homens. “Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele”. (Lc 2.40) e “e desceu com seus pais para Nazaré e em tudo era – lhes submisso… E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. (Lc 2. 51,52) A bíblia está repleta de passagens que corrobora a natureza santa de Cristo. Vejamos o que foi dito a respeito de sua vida: “Nele não existe pecado” ( I Jo 3.5); “Ele não conheceu pecado” (II Co 5.21); “o qual não cometeu pecado”(I Pe 2.22); “sem pecado” (Hb 4.15); Ele mesmo testemunhou a Seu respeito “Quem dentre vós me convence de pecado? (Jo 8.26).

1. Jesus aprendeu a ler e a escrever

Jesus falava e escrevia em aramaico e também lia em hebraico (talvez grego e latim que eram corrente entre alguns). Observe:

 

Lc 2.52 | Jesus crescia em sabedoria, em estatura e no favor de Deus e das pessoas.

 

(Lc 4.16-17)

 16 -Quando Jesus chegou a Nazaré, cidade de sua infância, foi à sinagoga no sábado, como de costume, e se levantou para ler as Escrituras.

17- Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías,…

 

Jo 8.6 e 8 | 6 Procuravam apanhá-lo numa armadilha, ao fazê-lo dizer algo que pudessem usar contra ele. Jesus, porém, apenas se inclinou e começou a escrever com o dedo na terra.  8 Então inclinou-se novamente e voltou a escrever na terra.

 

Há um manuscrito armênio, datando de 989 d.C., que faz um acréscimo interessante, onde se lê que na areia Jesus escreveu os pecados de todos que estavam acusando a mulher pega em adultério, e que por isso eles foram, um por um, saindo de mansinho.

De toda forma, sabe-se que os judeus proporcionavam educação esmerada para os filhos.

Além de instrução religiosa (alfabetização bíblica), todos recebiam treinamento em habilidades práticas de que necessitariam no mundo das atividades diárias.

Pai e mãe, num processo informal, educavam seus filhos (confira o livro de Provérbios, por exemplo). Não havia salas de aula ou currículo estruturado. Nos tempos do Novo Testamento foi que os judeus começaram a adotar um método mais formal de educação. Criaram salas de aula e havia professores qualificados para instruir as crianças da aldeia.

No livro Vida cotidiana nos tempos bíblicos, nós lemos o seguinte:

 

Quando o menino tinha idade bastante para trabalhar com o pai, este se tornava seu principal professor, muito embora a mãe continuasse a partilhar na responsabilidade de ensino ( Pv 1.8-9 ; 6.20). A mãe arcava com a principal responsabilidade pelas filhas, ensinando-lhes habilidades que lhes seriam necessárias para tornar-se, com o tempo, boas esposas e mães.  A educação do filho tomava a vida toda para completar-se.

 

Jesus, portanto, dos 12 aos 30, ficou em casa, na Palestina, estudando e aprendendo.

2. Jesus trabalhou como carpinteiro




Dos 12 aos 30, Jesus trabalhou como carpinteiro. Tanto é assim que todos o chamavam pelo que conheciam da vida dele no cotidiano de seu lar.

 

(Mc 6.1-3)

 1 -“Jesus deixou essa região e voltou com seus discípulos para Nazaré, cidade onde tinha morado.

2 -No sábado seguinte, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam se admiraram e perguntavam: “De onde vem tanta sabedoria e poder para realizar esses milagres?

3 -Não é esse o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Suas irmãs moram aqui, entre nós”. E sentiam-se muito ofendidos.”

 

Jesus teve residência física durante a sua adolescência e juventude (v. 1). Lá onde morou e trabalhou, ele era tão dedicado ao que fazia, ele era tão carpinteiro, tão carpinteiro, que quando começou a ensinar e a realizar milagres, ninguém acreditou nele (vv. 2-3).

Sabe-se que na cultura em que Jesus viveu, os homens incentivavam os filhos a trabalhar duro, admoestando-os com a Escritura ( Pv 6.6-11). A vida indisciplinada, ociosa e preguiçosa era desprezada pelos judeus piedosos daquele tempo. Afinal, para sobreviver, a família tinha de trabalhar com muito esforço.

Ao descrever Jesus como “carpinteiro”, Marcos usou a palavra grega “tekton” — significa  mais do que carpinteiro, artífice, artesão ou fabricante de móveis; refere-se, também, a um trabalhado do tipo “pedreiro”, ou seja: construtor de estruturas ou casas de madeira.

A família de Jesus era composta por pelo menos 9 pessoas (Mc 6.1-3). Logo, trabalhavam duro para se sustentar. Especialmente Jesus, filho mais velho, arrimo de família, que assumiu o lugar do pai tão logo José faleceu.

Nazaré, onde moravam, ficava a apenas 8 km de Séforis — um grande centro comercial onde o rei Herodes, o Grande, governava a serviço de Roma. Com a morte dele, em 4 a.C., militantes judeus se revoltaram contra a ordem política. Deu errado: o general romano Varus chegou da Síria para reprimir os rebeldes. E seu amigo Gaio completou o serviço, queimando a cidade. “Homens foram mortos, mulheres estupradas e crianças escravizadas”, dizem os historiadores.

Mas a destruição de Séforis teve um lado positivo: Herodes Antipas, filho de Herodes “o Grande”, transformou o lugar num canteiro de obras. Isso trouxe uma certa abundância de empregos para a região. Um pequeno “boom econômico”. Logo, o ambiente ao redor da família de Jesus era propício ao trabalho. A reconstrução de Séforis deve ter gerado muito trabalho para José e os rapazes, inclusive a Jesus.

Trabalhando duro como carpinteiro foi que ele adquiriu força e estrutura para viver como viveu e sofrer como sofreu, conseguindo, inclusive, carregar a sua pesada cruz. Lembra do que ele disse? “As raposas têm tocas onde morar e as aves têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem sequer um lugar para recostar a cabeça” (Lc 9.58).

Jesus, dos 12 aos 30, ficou em casa, na Palestina, trabalhando duro como carpinteiro.

3. Jesus desfrutou da benção da vida familiar

O nome que Jesus mais usou para referir-se a Deus foi “Pai”. O uso tão recorrente deste substantivo é, em si mesmo, um belo complemento a José.

Por exemplo: alguns historiadores nos dão conta de que Martinho Lutero, antes de sua conversão, já vivendo como sacerdote católico, hesitou várias vezes em recitar a oração do Pai Nosso por que não queria dizer “Pai Nosso”. Por quê? Devido às péssimas experiências que ele teve com seu pai. Diz-se que seu pai era tão duro, rígido e antipático que a palavra “pai” não era uma palavra que saia com tanta naturalidade dos lábios do reformador.

Algumas palavras que Jesus ouviu com frequência no convívio de sua família em Nazaré (da infância aos 30 anos) ele usou no seu ministério público, tamanho deve ter sido o impacto positivo que elas causaram em sua vida. Por exemplo:

 

(Mc 5.40-42)

40 - A multidão riu de Jesus. Ele, porém, fez todos saírem e levou o pai e a mãe da menina e os três discípulos para o quarto onde ela estava deitada.

41- Segurando-a pela mão, disse-lhe: “Talita cumi!”, que quer dizer “Menina [ovelhinha], levante-se!”.

42 -A menina, que tinha doze anos, levantou-se de imediato e começou a andar.

 

Podemos imaginar essa cena no cotidiano de Jesus — o tratamento de José dispensado às filhas diante dos olhos de Jesus em sua adolescência e juventude. Jesus foi grandemente, positivamente, abençoado e influenciado pelo seu pai, José.

Jesus não viveu como um monge ermitão, ele foi agraciado e viveu na benção da família. Escolher viver longe dos laços familiares seria impensável para um judeu piedoso.

 

Sl 68.6 | Deus dá uma família aos que vivem sós; liberta os presos e os faz prosperar. Os rebeldes, porém, ele faz morar em terra árida.

 

Rabindranath Tagore, místico indiano, escreveu um poema que fala do valor da vida familiar. Segundo ele, encontra-se e serve-se a Deus no dia a dia do lar. Diante disso, como pode ser que Jesus teria abandonado sua família para buscar a contemplação?

4. Jesus observou a graça de Deus nas pequenas coisas

Durante os 18 anos de silêncio dos Evangelhos, dos 12 aos 30 anos, Jesus aprendeu a amar a criação de Deus e a ver a ação de Deus na criação e nas pequenas coisas.

Ele cresceu na parte mais graciosa da Palestina. Ao redor do Mar da Galileia havia a Planície de Genesaré. Os judeus costumavam dizer que a palavra Genesaré significava Príncipe dos Jardins.

Séforis, cidade onde Jesus deve ter trabalhado, conforme já vimos, era lugar onde os contemporâneos do Senhor diziam que “manava leite e mel”. Havia um ditado popular que dizia que era mais fácil cultivar uma legião de oliveiras na Galileia do que criar uma criança em outra parte qualquer da Palestina.

Merril C. Tenney, estudioso da história e da geografia de Israel, lista algumas das árvores que cresciam na região onde Jesus cresceu: videira, oliveira, figueira, carvalho, noz, amendoeira, palmeira, cedro, cipreste, bálsamo, pinho, terebinto, sicômoro, murta, cidreira, romã, loureiro, loureiro rosa, etc.

Flávio Josefo, historiador judeu que viveu nos primeiros anos após Jesus, dizia que “na Galileia cresciam no mesmo lugar árvores que noutra região seria impensável, como se a natureza estivesse fazendo violência a ela mesma”.

Foi nessa terra de belezas incomparáveis que Jesus cresceu e viveu dos 12 aos 30 anos. Por que essas informações são tão importantes? Nesse ambiente, Jesus aprendeu muito:

 

A apreciar os semeadores semeando suas sementes ( Mt 13.1-8)

A admirar os campos que amadureciam sob o sol da palestina (Mc 4.26-29); a apreciar os pássaros apinhando-se nos arbustos do pé de mostarda ( Mc 4.30-32); a admirar as papoulas e as anêmonas florescerem de forma maravilhosa ( Mt 6.28-29);

A observar tocas de raposas e ninhos de pássaros (Lc 9.58).

Jesus também aprendeu a usar as ações e as coisas comuns do dia a dia como janelas através das quais ele mostrava às pessoas vislumbres da verdade e da glória de Deus:

 

Ele assistiu sua mãe usar o fermento quando ela preparava o pão (Mt 13.33) ele viu sua mãe ou alguma parente correr de um lado para o outro, procurando uma dracma perdida no chão de seu casebre ( Lc 15.8ss) ele aprendeu o que acontece quando alguém coloca vinho novo em odres velhos — cujo couro havia perdido a elasticidade; e também como um remendo novo em vestes velhas poderia fazer um buraco ainda maior na roupa ( Mt 9.16ss).; ele vivenciou a alegria de um vilarejo no dia de festa de casamento (Mt. 9.15); ele presenciou muitas vezes o pescador usando as suas redes — Mt 13.47; ele se impressionou com o cuidado do pastor pelas suas ovelhas (Lc 15.4-6); ele assistiu as crianças brincando nas ruas dos vilarejos em dias de casamentos e funerais ( Mt 11.16).

Poucos mestres tiveram seus pés tão firmados no chão da realidade e da vida comum como teve o Senhor Jesus Cristo.

Dos 12 aos 30 ele esteve todos os dias aprendendo sobre como pegar a pessoa no “aqui e agora” e transportá-la para o “lá e então”, através das janelas da vida. Dos 12 aos 30 ele estava aprendendo sobre quão perto a eternidade é do tempo presente, e sobre como ver a ação, o cuidado e o carinho de Deus nas coisas comuns da vida e do dia a dia.

Jesus não viveu noutro lugar, mas na Galileia!

5. Jesus desenvolveu a sua vida de oração

Foi durante esses anos anônimos que Jesus aprendeu a orar. Tanto é que nós sempre veremos Jesus afastando-se das pessoas a fim de ir para um lugar a parte e solitário para orar a Deus. Coisa que ele aprendeu desde cedo a fazer.

Por exemplo, quando ele estava vivendo a sua última agonia na cruz, ele exclamou: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito! ” (Lc 23.46). Essa oração é uma citação direta do Salmo 31.5. Tal era a primeira oração que uma mãe judia ensinava o filho a fazer, quando ele se deitava à noite para dormir.

Portanto, foi com uma oração nos lábios, a que ele havia aprendido em Nazaré, ainda na infância, e que desenvolveu na adolescência e juventude, que Jesus terminou a sua agonia e consumou a sua obra.

6. Jesus cuidou de sua mãe e irmãos

Além de todas essas lições fundamentais que Jesus aprendeu nesses dezoito anos ocultos pelo Evangelhos, parece que ainda há uma última razão para tanto tempo de “silêncio”.

Após a história do nascimento de Jesus, José desapareceu de cena. Nós o vemos pela última vez em Lucas 2, quando Jesus vai ao templo (aos 12 anos). Depois disso, ele desaparece de vez. Tanto que, no primeiro milagre de Jesus, em Caná da Galileia (Jo 2.1-11), Maria é citada, mas de José não se faz menção. A explicação mais plausível é a de que José havia morrido muito cedo.

Com a morte do pai, Jesus, sendo o filho mais velho, precisou cuidar (ou ajudar a cuidar) de sua família:

 

Mc 6.3 - Não é esse o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Suas irmãs moram aqui, entre nós”. E sentiam-se muito ofendidos. ”

 

Jesus só entra para o ministério público após ter um de seus irmãos aptos para cuidar de sua mãe e demais irmãos. E no final, ele delega tudo a João, seu primo (Jo 19.26-27).

Jesus dos 12 aos 30 anos

O Filho de Deus, quando se fez homem e habitou entre nós, preparou-se, no contexto da vida do lar para salvar a humanidade. Ele viveu e serviu em casa, na Galileia, em Nazaré.

Dos 12 aos 30 anos, Jesus não foi para a Índia buscar iluminação (ele é a luz do mundo!); nem foi resolver seus conflitos pessoais. Ele viveu, aprendeu e preparou-se em Nazaré e seus arredores.

Aplicações:

 

É no dia a dia que nós aprendemos as grandes lições e, principalmente, formamos o caráter.

É diante das coisas que julgamos pequenas e insignificantes que somos formados e transformados.

É assumindo responsabilidades domésticas e familiares que Deus nos prepara.

É em meio à correria do dia a dia que aprendemos a ajustar nossa agenda de oração

São nesses anos “insignificantes” que aprendemos o que há de mais valioso — ler, refletir e escrever para meditar na Palavra de Deus.

Não desperdice os seus “pequenos” momentos. É dentro de casa que Deus nos prepara para a causa!

 

Lc 2.39-43 ;3.23

 39- Após cumprirem todas as exigências da lei do Senhor, os pais de Jesus voltaram para casa em Nazaré, na Galileia.

40 -Ali o menino foi crescendo, saudável e forte. Era cheio de sabedoria, e o favor de Deus estava sobre ele.

41 -Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa.

42 -Quando Jesus completou doze anos, foram à festa, como de costume.

43 -Terminada a celebração, partiram de volta para Nazaré, 3.23 Jesus estava com cerca de trinta anos quando começou seu ministério. Jesus era conhecido como filho de José.

 

O ministério de Jesus é a nossa reconciliação: com Deus e com o outro (em família) — Rm 5.11; 2Co 5.11 e 18-19. Reconcilie-se.

A mesa de Jesus, a ceia do Senhor, é o sinal de que fomos reconciliados com Deus e com o próximo. Agora nós vivemos na família da fé. Venha para a mesa com fé, esperança e amor. Saia da mesa para repartir fé, esperança e amor.

Sl 68.6 | Deus dá uma família aos que vivem sós; liberta os presos e os faz prosperar. Os rebeldes, porém, ele faz morar em terra árida.

Como é a vida com o Senhor e a família da fé?

1Coríntios 15.17-34

 

17 -Nas instruções a seguir, porém, não posso elogiá-los, pois, quando vocês se reúnem, fazem mais mal que bem.

 18 -Primeiro, ouço que há divisões quando vocês se reúnem como igreja e, até certo ponto, eu o creio.

 19 -Suponho que seja necessário haver divisões entre vocês para que se reconheçam os que são aprovados!

20 -Quando vocês se reúnem, não estão interessados de fato na ceia do Senhor.

21- Alguns de vocês se apressam em comer a própria refeição; como resultado, alguns passam fome, enquanto outros ficam embriagados.

22 -Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou querem mesmo envergonhar a igreja de Deus e humilhar os pobres? Que devo dizer? Querem que eu os elogie? Certamente não os elogiarei por isso!

23 -Pois eu lhes transmiti aquilo que recebi do Senhor. Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, ele tomou o pão,

 24- agradeceu a Deus, ­partiu-o e disse: “Este é meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”.

25- Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, confirmada com meu sangue. Façam isto em memória de mim, sempre que o beberem”.

26- Porque cada vez que vocês comem desse pão e bebem desse cálice, anunciam a morte do Senhor até que ele venha.

27 -Assim, quem come do pão ou bebe do cálice do Senhor indignadamente é culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor.

28 -Portanto, examinem-se antes de comer do pão e beber do cálice,

29 -pois, se comem do pão ou bebem do cálice sem honrar o corpo de Cristo, comem e bebem julgamento contra si mesmos.

30 Por isso muitos de vocês estão fracos e doentes e alguns até adormeceram.

31 -Se examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados dessa maneira.

32 -Mas, quando somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.

33 -Portanto, meus irmãos, quando se reunirem para comer, esperem uns pelos outros.

34- Se estiverem com fome, comam em casa, a fim de não trazer julgamento sobre si mesmos ao se reunirem. Eu lhes darei instruções a respeito de outros assuntos depois que chegar aí.

 

Capítulo 4 - O Ministério de Jesus.

 



Resumo

Os estudiosos geralmente organizam o ministério de Jesus em duas grandes partes: sua humilhação e sua exaltação — essa última permanece até hoje e se estenderá por toda eternidade futura.

 

A ideia de entender o ministério de Jesus como sua humilhação, não está relacionada apenas à sua origem humilde na terra, mas ao que Ele precisou deixar para trás para poder assumir a forma de servo e ser achado verdadeiramente humano.

 

Aqui jamais podemos nos esquecer de que o ministério de Jesus não foi exatamente igual ao ministério dos profetas do Antigo Testamento, por exemplo. Isso porque embora Cristo tivesse sido feito plenamente homem, Ele também era plenamente Deus. Em outras palavras, durante seu ministério Jesus não deixou de ser Deus para ser homem; mas Ele assumiu a natureza humana abrindo mão, temporariamente, de seus privilégios como Deus.

 

A.   O começo do ministério de Jesus na terra

 

Em Lucas 3:23 está escrito: "E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Eli". O Senhor Jesus foi batizado nas águas do rio Jordão por seu primo João Batista. "Então veio Jesus da Galileia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça, Então ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:13-17). "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo" (Mateus 4:1). Ler também Mateus 4:2-11.

 

          "E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: A terra de Zebulom e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galileia das nações; o povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e os que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou" (Mateus 4:13-16). "Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" (Mateus 4:17). "Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu Pedro e André lançando as redes de pesca ao mar e chamou-os para serem pescadores de homens o mesmo ocorreu com Tiago e João."

 

          "E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no" (Mateus 4:18-20). "E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo" (Mateus 4:23). O Senhor Jesus ficou afamado pelos milagres e maravilhas que operava e o povo trazia todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos os paralíticos e tantos outros que necessitavam dEle . Uma grande multidão seguia o Senhor Jesus.

 

          Jesus transformou água em vinho (João 2:1-11); curou o paralítico no tanque de Betesda (João 5:1-9); Em Lucas 5:1-11 lemos sobre a famosa pesca; Jesus libertou um endemoninhado na sinagoga (Marcos 1:23- 28); curou a sogra de Pedro que estava com febre (Mateus 8:14-15); curou um paralítico (Mateus 9:2-8); curou um homem que tinha uma mão atrofiada (Marcos 3:1-5); curou o servo do centurião (Lucas 7:1-10); ressuscitou o filho da viúva da cidade de Naim (Lucas 7:11-15); curou um endemoninhado (Lucas 11:14); acalmou uma tempestade (Mateus 8:18); libertou os endemoninhados gadarenos (Marcos 5:1-20); curou uma mulher que tinha uma hemorragia (Lucas 8:43-48); ressuscitou a filha de Jairo (Marcos 5:22-24); curou dois cegos (Mateus 9:37-31); multiplicou pães e alimentou cinco mil pessoas (Mateus 14:14-21); caminhou sobre a superfície das águas (João 6:16-21); curou a filha da mulher siro-fenícia (Marcos 7:24-30); curou um surdo-mudo em Decápolis (Marcos 7:31-37); alimentou quatro mil pessoas (Marcos 8:1-9); curou um cego em Betesda (Marcos 8:22-26).

 

B.    A humanidade de Jesus Cristo e a sua deidade.

 





Colossenses 1.13-20.

 

 13 — Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor.

14 — Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;

15 — O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;

16 — Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.

17 — E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.

18 — E ele é a cabeça do corpo, da igreja: é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência,

19 — Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse

20 — E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.

 

Existem alguns temas controversos e complexos que acompanham o Cristianismo desde o início; a indissociável conexão entre a humanidade e divindade em Jesus Cristo é uma destas questões. Na verdade, se bem notarmos, a aceitação desta condição humano-divina do Salvador já é um pressuposto de partida para compreensão de todo o Novo Testamento.

 

 

I. Muito mais que um super-homem, um humano de verdade.

 

 1. Necessidade de superação da dicotomia homem-Deus em Jesus de Nazaré. Para iniciarmos de modo mais preciso nossa reflexão sobre um aspecto específico da natureza do Salvador, sua condição humana, é urgente que esclareçamos de início o que se deseja afirmar ao falar sobre a humanidade de Jesus de Nazaré. Não se pode pensar na natureza de Jesus como sendo “duas essências”, uma humana e outra divina, afinal de contas quando se fala de natureza-essência-substância discute-se sobre algo uno, indivisível fundamental. O que a Bíblia afirma, e também todos os credos mais antigos do Cristianismo registram, é que em Jesus manifesta-se a essência humano-divina / divino-humana. No Salvador a humanidade e divindade são impossíveis de serem isoladas, antes, encontram-se unas numa condição única e sem correlação na história do universo. Assim, não temos “duas naturezas” em Cristo, e sim, uma essência que se constitui plenamente divina-humana / humana-divina. É sobre isso que atestam os escritores sagrados em textos como Filipenses 2.5-8, Hebreus 2.14-18 e 1 João 1.1,2. Títulos como “Último Adão” (1Co 15.45) e “Filho do homem” (Mt 26.45) procuram registrar esse caráter simultaneamente divino-humano / humano-divino da natureza de Jesus.

 

2. Em Jesus o Cristo mostrou-se ao mundo. Em Jesus, a concepção de Deus para os judeus (Êx 3.13,14), ganha nome, rosto e endereço: Ele é Jesus de Nazaré, morador da pequena Cafarnaum (Cl 1.15). Com Jesus, a olimpiana, transcendente e imortal definição de divindade para os gregos, sofre e morre na cruz (At 17.18-34). É por isso que Paulo atesta-nos que a mensagem evangélica, aos ouvidos de judeus e gregos, é escândalo e loucura (1Co 1.22,23).

 

A história nunca havia testemunhado alguém como Jesus. Declarar-se “filho de Abraão” era a honra que todo judeu trazia em sua vida, Jesus, porém apresentou-se como “filho de Deus”, ou seja, sua filiação não era uma questão étnica, e sim, uma prova de sua essência humana-divina (Jo 10.25-39).

 

Os gregos estavam acostumados com mitos sobre deuses disfarçando-se de humanos — o clássico antropomorfismo divino — para realizarem suas ganâncias e ambições; Jesus, no entanto, não era um deus “mascarado” de humano; Ele era a revelação da plenitude de Deus acessível à humanidade (Cl 2.9). Em Jesus de Nazaré podemos conhecer Deus sem mitos, lendas ou enigmas; vemo-lo em toda glória possível a nós compreendermos (Jo 1.14,18).

 

3. A experiência humana de Jesus. A questão da existência de um Jesus histórico é um fato inconteste. Não há dúvida alguma de que no século primeiro existiu, na colônia romana da Judeia, o líder de um movimento espiritual que começou como uma pequena seita derivada do Judaísmo, e depois ganhou força determinando grandes mudanças em todo mundo antigo. A Escritura registra inúmeras circunstâncias em que se pode indicar a rica vivência humana de Jesus; os dois momentos cruciais que podem ser destacados, no entanto, são o nascimento (Lc 2.6,7) e a morte (Jo 19.33,34). Essas são experiências humanas e que em Jesus não foram simplesmente emuladas ou fingidas, mas vivenciadas em sua plenitude (Rm 14.15; 2Co 5.14,15; Gl 4.4).

 

Fome, sede, cansaço são experiências que poderiam ser simuladas, contudo, estes dois fatos (nascimento e morte) — os quais são historicamente atestáveis inclusive por fontes externas à própria literatura cristã — não poderiam ser imitados, teatralizados. A natureza de Jesus de Nazaré — que neste ponto de nosso debate já deve ser subentendida como humano-divina — é uma prova do seu cuidado e interesse por nós.

 

II. Cristo Jesus, nosso Deus.

 

 1. O Deus que está conosco. Como se pode demonstrar que Jesus é Deus? Bem, através das Escrituras existem várias maneiras, mas de modo especial por meio de dois aspectos: sua consciente aceitação de adoração e sua autoridade para perdoar pecados (Mc 2.10). A Bíblia narra vários episódios onde pessoas, e até mesmo seres espirituais (Mc 5.6; Ap 5.8), adoram a Jesus e Este nunca às repreende (Mt 8.2; 15.25; Jo 9.38).

 

Conforme o princípio divino registrado no Decálogo, só Deus é digno de adoração (Êx 20.1-6). Os seres criados por Deus, que estão a serviço dos homens, os anjos, não têm o direito de serem adorados; antes, sempre que alguém oferece-lhe adoração eles a rejeitam (Ap 22.9). Sobre o segundo aspecto, não estamos falando sobre a necessidade individual que cada um de nós precisa ter com relação à comunhão com os irmãos (Mt 6.12), e sim sobre a mudança da condição eterna de cada um de nós (Mc 2.5; 1Jo 1.9). Somente Deus tem o poder de retirar a culpa condenatória do pecado que há sobre nós, e então fazermos dignos do seu Reino eterno (2Ts 1.5).

 

2. Ele é como Deus é. Em Cristo nós temos a oportunidade de conhecer e entender exatamente como Deus é. Na maioria dos casos as pessoas tendem a perder tempo desejando saber trivialidades sobre Deus, de modo especial com relação a sua descrição física: qual seu tamanho, cor dos olhos, aspecto do rosto, etc. Existe inclusive um curioso caso desse tipo de comportamento narrado na Bíblia em João 14.8,9. Neste conhecidíssimo episódio Filipe pede a Jesus que mostre aos seus discípulos o Pai, e prontamente o Salvador declara ao seu discípulo que quem olha para Ele, contempla o Pai, vê Deus. A divindade está revelada em Cristo, por um simples motivo. Ele é Deus (Fp 2.11). Jesus mostra como Deus ama, porque ele é Deus amando-nos (Rm 8.39); revela a misericórdia de Deus, pois Ele é Deus misericordioso (Jd 21), em Jesus conhecemos a salvação, uma vez que Ele — o Cristo — é Deus Salvador (Tt 2.13,14). Em Cristo Jesus, Deus pode ser visto, abraçado e alegremente amado — todo distanciamento foi quebrado. Deus anda com os homens e revela sua glória, não através de raios e trovões, e sim de sorrisos e abraços.

 

3. O Cristo humilde. Talvez uma das percepções mais difundidas sobre Deus entre a maior parte das pessoas é que jamais seríamos capazes de compreendê-lo por ser Ele um ser elevado e sublime; que de tão superior a nós, todo e qualquer conhecimento ou contato com Altíssimo seria impossível. O Cristo não é assim; em Jesus o Deus magnífico faz questão de revelar-se de modo simples e acessível até para mais a ingênua criança (Mc 10.13-16). Na pessoa bendita de Jesus, a divindade soberana do universo perdoa os mais maléficos pecados, mas também senta no chão e escreve com o dedo na areia (Jo 8.1-11); Cristo é o Messias que através de seu sacrifício incomparável concedeu-nos salvação; contudo, Ele serve-se à mesa com seus amigos e come da mesma comida simples que eles (Mt 26.17-30). Cristo é Deus próximo de nós (Mt 1.23), tão sublime e grandioso que em nada é diminuído em sua encarnação. Em momento algum Jesus poderia deixar de ser Deus — isto seria um abandono de sua essência-natureza-fundamento, o que seria simplesmente impossível. A kenosis do Senhor (o seu despojamento) (Fp 2.5-8) diz respeito a qualidades que podiam ser suprimidas, jamais com relação à sua natureza. Aquilo que Ele era, é e continuará sendo eternamente, não pode ser alterado (Hb 13.8).

 

 III. UM CRISTO QUE CONHECE AS NOSSAS DORES

 

 1. Da teoria à prática. O conhecimento que o Senhor Jesus tem sobre aquilo que enfrentamos não diz respeito apenas à sua onisciência, mas também a sua encarnação, isto é, o tipo de compreensão que o Salvador tem sobre as nossas dores não é apenas algo “em tese”, superficial, presumível mas real, vivencial, histórico (Is 53.4). Ele sofreu como um de nós por nos amar. Sua generosa decisão não foi um improviso divino, e sim, parte do soberano projeto que envolvia ao mesmo tempo o sacrifício dEle e a nossa salvação (1Pe 1.18-21). Ele assumiu uma vida simples para possibilitar-nos abundância (2Co 8.9), e as muitas dores e conflitos a que Ele foi submetido garantem a paz e a alegria a que temos acesso. Se os nossos atos inconsequentes separam-nos do nosso Deus (Is 59.2), tudo o que Jesus enfrentou aproximou-nos mais dEle, o amor trouxe-nos de volta ao centro da vontade de Deus (Cl 1.21,22). Por isso podemos afirmar de maneira categórica: o que era necessário fazer para proporcionar-nos um mundo melhor, Jesus já realizou, pois, o comprometimento dEle conosco não é o de um expectador distante que torce por um conjunto de estranhos, antes, é o de um amigo que nos trouxe para perto dEle (Jo 15.15).

 

2. Ele intercede por nós. A Escritura revela-nos que o Senhor Jesus está eternamente comprometido em interceder por nossas vidas (Rm 8.34), isto é, o nosso Senhor não nos trata com arrogância e desprezo — mesmo sabendo de nossas falhas e fragilidades. Pelo contrário, Ele acolhe-nos e considera-nos seus irmãos (Hb 2.11) e filhos (2Co 6.18). Se Satanás empenha-se em acusar-nos dia e noite (Ap 12.10), podemos viver em paz, pois a intercessão de Cristo por nós é superior a qualquer mentira e subterfúgio das trevas contra nós. A majestade de Cristo revela-se exatamente nisto, uma vez que estando num nível muito acima do nosso, sendo Deus Todo-Poderoso, mesmo assim importa-se conosco e interessa-se em abençoar-nos. Por isso Paulo proclamar de modo triunfal que a vida daqueles que estão novamente nascidos em Cristo não está sujeita à acusação do inferno, pois já não obedecem mais a lógica deste mundo decadente, mas vivem apenas para a glória de Deus (Rm 8.1).

 

3. Ele está atento a todas as nossas dores. Jesus leva a sério nossas dores e sofrimentos (Mt 9.36), pois assim como as multidões daquela época, nós continuamos carentes da graça e misericórdia divinas. Diferente de muitas pessoas à nossa volta, o Salvador sabe de nossas limitações, respeita nossos sentimentos e está comprometido com a tarefa de nos ajudar a construir um mundo melhor (1Co 10.13). A insensibilidade da sociedade a nossa volta é algo assustador, o filho de Deus, no entanto, fez e continuará fazendo tudo para identificar-se conosco nos momentos adversos (Mq 7.8). E esta aproximação de Jesus não é algo envolvido em interesses outros, como se a misericórdia concedida a nós fosse uma moeda de troca com a intenção de exigir-nos alguma coisa. Sigamos o exemplo de Cristo, e estejamos mais sensíveis ao sofrimento alheio.

 

Tratar sobre a natureza de Jesus Cristo é sempre uma questão instigante e desafiadora, uma vez que esse é um tema que se debate na Igreja desde seu nascedouro e foi, em várias ocasiões, um assunto associado a heresias e controvérsias. Contudo, ao superarmos as dúvidas e concentrarmo-nos em tratar a revelação da natureza de Cristo Jesus nas Escrituras como uma ação da benevolência de Deus em nosso favor, tudo torna-se mais fantástico ainda, pois Jesus de Nazaré é nosso Deus.

 

 

 

C.    O Ministério de Jesus

 

Hebreus 5.1-10.

 

 1 — Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados,

2 — e possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza.

3 — E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados.

4 — E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.

5 — Assim, também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei.

6 — Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.

7 — O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.

8 — Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.

9 — E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem,

10 — chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

 

Enquanto Jesus esteve entre nós Ele exerceu um ministério, isto é, um serviço. Ele mesmo deixou isso bem claro quando declarou que tinha vindo ao mundo para servir às pessoas e não para ser servido (Mt 20.28). Esse é um princípio fundamental que devemos levar em consideração ao refletirmos sobre a pessoa bendita do Salvador. Desde a época de Jesus, e ainda hoje, muitas pessoas acham que ser ministro, ter um ministério, é possuir um conjunto de regalias que as fazem melhores que os outros; enquanto que de fato, um ministro é um servo.

 

Jesus esteve entre nós e serviu-nos como Profeta, Sacerdote e Rei. Ele não teve o prestígio de um grande profeta, as honrarias de um sumo sacerdote ou as regalias de um monarca, pelo contrário, assumiu para si apenas um conjunto de responsabilidades associadas a esses ministérios, para através de sua vida realizar a ação mais espetacular da história: amar-nos de modo radical.

 

 I. O ofício de profeta.

 

 1. Em Jesus cumpriu-se o anúncio profético de Moisés. Em Deuteronômio 18.15-19 temos o anúncio de um personagem que, num futuro indeterminado, exercerá o ministério profético com autoridade e poder semelhantes a Moisés. Milênios após a partida do grande profeta de Israel, surge no curso da história humana Jesus de Nazaré, aquele que, segundo Atos 7.37, é o cumprimento histórico daquele longínquo anúncio profético. Na verdade, através da comparação de alguns episódios das vidas de Moisés e Jesus, podemos perceber que no Salvador cumpre-se muito daquilo que o grande Legislador de Israel viveu como sombra e metáfora. Se Moisés foi vocacionado para libertar o povo de Israel da escravidão do Egito (Êx 3.7-10), Jesus é aquele que nos livra do poder do império da morte (Hb 2.14); enquanto o filho de Joquebede fere a rocha e dela jorra água para saciar a sede do povo em sua jornada pelo deserto (Êx 17.6), Jesus é a própria fonte da água da vida, de onde brota a salvação de Deus para a humanidade (Jo 4.10-13); Moisés ergue a serpente no deserto para que, olhando para ela, as multidões sejam salvas da enorme praga que atinge o povo (Nm 21.4-9), Jesus, contudo, sobe à cruz do Calvário e através de sua morte traz salvação a todos nós (Jo 3.14-16).

 

2. O profetismo de Jesus. Temos em Jesus de Nazaré um típico discurso profético, o qual pode ser distinguido por três características fundamentais: uma fala que amplifica o clamor das camadas mais sofridas da população (Mt 11.5; Lc 4.18). É bem verdade que há vários sermões de Jesus transbordantes de amor e misericórdia, todavia, não podemos esquecer que Ele também, por ter um ministério profético, em muitos momentos utilizou-se de uma retórica revestida de um forte senso de justiça. Foi assim que Ele posicionou-se contra escribas e fariseus (Mt 23) e também com relação às pessoas que se acomodavam numa espiritualidade morta e sem comprometimento com o reino (Jo 6.48-69). Por fim, o profetismo de Jesus manifesta-se através da natureza proclamativa do ministério. Não foi apenas para tratar de problemas de sua época que o Mestre veio ao mundo, mas também, como profeta, para anunciar antecipadamente a conclusão da história da humanidade e assim assegurar-nos que seremos mais do que vencedores (Mt 24). É assim que deve viver um profeta: ardorosamente trabalhando para construir uma realidade melhor no presente — através de uma sistemática denúncia do pecado —, e ao mesmo tempo consciente daquilo que ocorrerá no futuro.

 

3. A urgente necessidade de resgate do discurso profético de Jesus. A crise generalizada que se alastrou em nossa sociedade necessita de uma resposta à altura. Plataformas ou projetos humanos não serão capazes de solucionar a origem desta tensão moral e espiritual que vivemos; somente se retornarmos ao discurso originário do Cristianismo, aquele que tão bem caracteriza Jesus como Profeta (Lc 24.19), poderemos ter esperança de dias melhores. Enquanto a Igreja estiver mais comprometida com os benefícios e interesses terrenos do que com a manifestação do Reino de Deus nesta geração, não seremos capazes de refletir o caráter profético do ministério de Cristo em nós.

 

A Igreja é do Senhor Jesus, e por isso ela tem uma vocação profética que jamais pode ser renunciada, à custa de tornarmo-nos coniventes e cúmplices de todo o pecado estrutural que procura instalar-se em nossa sociedade (Ap 3.16).

 

 II. O ofício de sacerdote.

 

 1. O perfeito sacerdote. Há, na Carta aos Hebreus, uma série de argumentações demonstrando que Jesus é o grande ministro de Deus em favor de nossas vidas. O mais fabuloso de pensar sobre aspecto sacerdotal do ministério de Jesus é que Ele não estava institucionalmente ligado a este ofício religioso em sua época. Não servia no Templo, pois não era da família de Levi; não tinha o prestígio nem a glória humana que acompanhavam os membros da casta sacerdotal daquele momento histórico. Como bem explica o escritor aos Hebreus, essa condição incomum de Jesus estava ligada ao tipo de tradição sacerdotal que Ele representava: a de Melquisedeque, e não a levítica (Hb 5.6,10; 6.20). Enquanto esta última ratificava a lei, apontando para nossas falhas e iminente condenação, a primeira anuncia a graça, sempre ressaltando o amor e misericórdia que nos acompanha. Os inúmeros sacerdotes que se substituíram ao longo da tradição de Israel, preservando dogmas e liturgias do culto, foram incapazes de prover a salvação que Jesus trouxe-nos — de uma só vez, em um só ato — mesmo sem merecermos (Hb 2.17; 7.23-27).

 

2. Ele foi ofertante e oferta. O amor de Jesus por nós revela-se no fato de seu compromisso radical conosco. O nosso Senhor não teve apenas um sentimento vazio de simpatia pela humanidade, antes, Ele dispôs-se a ser para nós e por nós tudo aquilo que seria necessário para nossa salvação. A grande verdade, como simbolicamente testemunhará João no Apocalipse, é que havia uma obra a ser feita que nenhum ser em todo o universo e em todas as esferas de existência era capaz de realizar pelos filhos e filhas de Adão (Ap 5.4). Porém Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), morreu e ressuscitou para assegurar-nos tamanho privilégio. Desta forma está bem claro que Cristo não era apenas o único digno de oferecer a Deus o sacrifício vicário por nossas vidas, como Ele era também o único sacrifício aceitável (Ef 5.2). Ou seja, não fosse Jesus sacrificando-se como perfeito sacrifício, nós estaríamos fatalmente condenados ao inferno. Este é o perfeito amor de Deus por nós, capaz de entregar-se integralmente por cada um de seus filhos; por isso, não há nada menos que temos a fazer, senão, correspondermos ao fantástico amor do Salvador vivendo para a glória e honra do nome do Senhor eternamente (1Pe 2.5).

 

3. A Igreja de Cristo, uma comunidade sacerdotal. Em inúmeros momentos nas Escrituras, somos informados dessa maravilhosa verdade: aqueles que seguem o Cristo são/serão reis e sacerdotes do bom Deus (1Pe 2.5,9). Por isso, devemos fazer de nossa existência um grande movimento de oferta e sacrifícios a Deus. Assim como nosso Mestre viveu como ofertante e oferta, para estabelecer nossa salvação, nossa vocação é para uma vida de eterna gratidão. Paulo em alguns momentos de seu ministério expôs publicamente sua compreensão de que a vida de um cristão nada mais é que um sacrifício de adoração e louvor, sendo o próprio cristão — assim como foi o Cristo — ofertante e oferta (Rm 15.16; Fp 2.17; 2Tm 4.6).

 

 III. O ofício de rei.

 

 1. Ah! Jesus é rei. Os sábios do Oriente, seguindo os rastros de uma investigação científica, vieram em busca daquEle que seria o rei dos Judeus (Mt 2.2). O povo, entusiasmado não apenas com o discurso de Jesus, mas também com suas obras — ao mesmo tempo — maravilhosas e graciosas, estava decidido em tomá-lo a força e proclamar-lhe rei dos judeus (Jo 6.15). Como forma de uma perversa ironia e parte do cumprimento dos ritos legais para a execução de um preso em Roma, Jesus foi crucificado com uma placa indicativa de seu crime: ser rei dos judeus (Jo 19.19). A realeza de Jesus é uma herança da promessa do Senhor a Davi — numa perspectiva étnico-histórica com relação a Israel — (Lc 1.32), mas também proveniente de sua natureza que, uma vez sendo divino-humana, não poderia deixar revelar sua glória e majestade (1Tm 6.15,16). Mas como alguém pode ser rei sem ter criados bajulando lhe, um palácio suntuoso e uma coroa cravejada de pedras preciosas? Sendo Jesus, o rei que veio para servir; que trocou o trono humano pela cruz (Hb 12.2), o ouro da coroa por espinhos (Jo 19.2) e a arrogância do poder pelo amor do serviço (Jo 15.13). Não há rei como nosso Deus!

 

2. A acusação mentirosa. Os inimigos de Jesus não tinham como acusá-lo em nada (Mt 26.59,60). Ele foi impecável em todas as suas ações, cerimoniais, sociais e morais; desta forma eles tiveram de criar uma mentira para que fosse realizada uma acusação formal contra Jesus no sinédrio e diante de Pilatos e Herodes. Enquanto no sinédrio a falsa denúncia dizia respeito a um descabido pecado de blasfêmia (Mt 26.65), para com o governo do Império Romano a incriminação era de incitação à sonegação de impostos e de tentativa de usurpação do trono (Lc 23.2). É nesse contexto que o Salvador deixa muito claro a Pilatos que não foi para lutar por um trono terrestre que Ele veio, antes, foi simplesmente para cumprir a soberana vontade do Pai, e depois de ter feito tudo, retornar ao seu lugar de honra no universo (Lc 1.33). A infundada acusação produz a oportunidade do próprio Jesus, diante das duas maiores autoridades políticas da região, manifestar a chegada do Reino de Deus. As falsas acusações não puderam roubar a majestade de Cristo, pois esta condição não estava associada a um trono ou coroa humanos, e sim, vontade de Deus (Jo 12.13).

 

3. O Kyrios que foi trocado pelo César. A facção político-religiosa que controlava o judaísmo no primeiro século revelou o ápice de sua ignorância espiritual ao rejeitar publicamente Jesus como Senhor e declarar César como seu rei (Jo 19.15). É evidente que a afirmação de Pilatos não tinha um caráter político, afinal de contas ele era o representante oficial do imperador naquela província, e sim, uma conotação espiritual. Entretanto, era exatamente essa concepção de Jesus como o Senhor, rei-messias dos judeus, que os líderes religiosos queriam rejeitar (At 4.25-28). Ainda hoje muitas pessoas preferem negar a realeza de Jesus e submeter-se aos poderes mundanos. Não estamos falando de desobediência civil, mas da necessidade de reconhecimento do senhorio de Cristo. As autoridades políticas têm sua relevância e papel de destaque na sociedade (1Pe 2.17), contudo, nunca poderão substituir o que Jesus é para nós; por isso, sejamos sóbrios e piedosos, reconhecendo que a esperança de dias melhores não virá de nenhum projeto de poder humano, mas sempre das mãos do Salvador (1Pe 1.3). Não sejamos como os judeus, não troquemos Cristo por César, isto é, a glória excelsa do Filho pelos holofotes da ilusão dos poderes mundanos (Lc 23.2).

O tríplice ministério de Jesus garantiu-nos o direito a uma perfeita salvação. Tendo aprendido com o Senhor, sejamos seus imitadores nesta geração.

 

D.   Eu sou Jesus.

 

João 8.49-58.

 

49 — Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; antes honro a meu Pai, e vós me desonrais.

50 — Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue.

51 — Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.

52 — Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora, conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte.

53 — És tu maior do que o nosso pai Abraão, o nosso pai, que morreu? E também os profetas morreram; quem te fazes tu ser?

54 — Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus.

55 — E vós não o conheceis, mas eu conheço-o; e, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.

56 — Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.

57 — Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?

58 — Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou.

 

Há nos Evangelhos um conjunto de afirmações de Jesus que causaram muita repercussão entre os religiosos de sua época; são declarações que Ele inicia com a expressão “Eu sou” (Jo 6.35; 8.12; 10.7,9,11,14; 11.25; 12.46; 14.6; 15.1). Um dos momentos mais tensos é em João 8.58,59, quando em virtude de suas declarações Jesus é quase apedrejado. O que justificaria reações tão violentas da parte dos judeus?

 

 I. Eu sou a luz do mundo.

 

 1. O SENHOR é a luz das nações. Há no Antigo Testamento um conjunto de referências e associações do Senhor à luz. O primeiro elemento da criação divina é a luz (Gn 1.3).

 

Desde o início das Escrituras a imagem da luz está em contraposição às trevas, servindo como uma metáfora da oposição entre bem e mal (Is 59.9). Em vários dos registros sobre a manifestação do Senhor, luz, brilho e fulgor, sempre estão presentes (Êx 19.16; 2Sm 22.13; Sl 18.12). Em Salmo 27.1 a bênção da salvação está associada à luz, como sendo a orientação divina para uma vida boa. O fiel Simeão, em sua velhice, teve o privilégio de testemunhar o aparecimento do Messias (Lc 2.25-32); em seu louvor ele ora ao Altíssimo declarando que o redentor Jesus é aquEle que veio ao mundo para iluminar as nações, ou seja, para ser o único capaz de libertar a humanidade das trevas da ignorância e conduzir-nos ao caminho do bom Salvador.

 

2. A afirmação de Jesus e sua relação com a Festa dos Tabernáculos. Em meio a um contexto celebrativo da Festa dos Tabernáculos ou das Tendas (Lv 23.33-36; Dt 16.16; Jo 7.2,37), Jesus apresenta-se como “Luz do mundo”. Tal afirmação, que para nós manifesta a deidade de Cristo e sua associação direta com a imagem do glorioso Senhor Jeová do Antigo Testamento, tinha outros significados que a audiência de Jesus conseguia captar com facilidade. A Festa das Tendas, celebrada durante sete dias mais um, era popularmente conhecida como a celebração da alegria, e isto por um conjunto de fatores específicos: Ela acontecia quatro dias após o dia do perdão, Yom Kippur, (Lv 23.27). Logo o povo estava livre para festejar com alegria, uma vez que a culpa por seus pecados foi retirada de sobre cada indivíduo. Já o objetivo litúrgico-cultural era lembrar ao povo o tempo de sua peregrinação e como, de modo milagroso, o Senhor sustentou lhes no deserto enquanto moravam em tendas. Há, no entanto, um aspecto desta celebração que está diretamente associado à declaração de Jesus sobre ser a luz: O texto sagrado lido nesta cerimônia era Zacarias 14. Ora, para além da relação com a questão da “água viva” (Zc 14.8) que Jesus também já havia feito referência (Jo 7.38), o texto do profeta Zacarias também anuncia profeticamente que quando vier o Senhor haverá luz (Zc 14.7). Feita toda esta contextualização, as palavras de Jesus em João 8.12 ganham forte caráter de cumprimento profético. A alegria que Jerusalém esperou por séculos havia chegado, personificada em um homem simples, mas poderoso em obras e palavras (Lc 24.19).

 

3. Precisamos da Luz! A Bíblia Sagrada, mais especificamente o Novo Testamento, é rico na exortação de que devemos andar na luz (1Jo 1.7), viver como filhos da luz e não das trevas (Jo 12.36; Ef 5.8), protegermo-nos com as armas da luz (Rm 13.12). O Inimigo do Reino de Deus tem roubado a luz de muitas pessoas e por isso elas tem se tornado incapazes de entender a beleza do Evangelho (2Co 4.4). Quem ama as trevas não está em Deus, pois deseja esconder quem é e o que fez (1Co 4.5), por isso nós os filhos de Deus, não podemos associarmo-nos às trevas e sim denunciá-las (Ef 5.11).

 

 II. O bom pastor

 

 1. A expressão “Bom Pastor” como uma rememoração de uma imagem do Antigo Testamento. Não podemos perder de vista o fato de Jesus ter vivido num contexto da cultura e religião judaica; assim, sempre que possível devemos levar em consideração, nas falas do Salvador, prováveis releituras, alusões ou referências a textos ou eventos do Antigo Testamento. Partindo desta hipótese interpretativa João 1.1-21, mais especificamente a figura do “Bom Pastor”, seria à necessidade de estabelecimento de um novo modelo de liderança, tendo como base as críticas de Profetas como Jeremias (Jr 23.1-4) e Ezequiel (Ez 34.1-16). Dentre as denúncias proféticas estão o egoísmo de alguns pastores que ao invés de dedicaram-se às ovelhas, preocupavam-se apenas com as futilidades da própria vida (Ez 34.2-10) e a reprovação do trato perverso com as pessoas (Jr 23.1,2). Na imagem de Ezequiel, assim como em João, Deus levantaria um pastor para cuidar e buscar todas as ovelhas de Israel que estavam em sofrimento (Ez 34.11-16).

 

2. O caráter sacrificial do Bom Pastor. A postura mais destacável da liderança de Jesus é sua capacidade de se sacrificar pelos seus amigos (vv.17,18). Esta atitude do Mestre inverte completamente a lógica de manipulação e exploração de pessoas que desde a Queda adâmica instaurou-se na humanidade. Jesus não é apenas um teórico da fé e nem uma pessoa que cobra dos outros o que nunca foi capaz de fazer. Para demonstrar seu amor por nós, Ele anuncia seu empenho pessoal em fazer-nos felizes (Jo 10.18,28). No Reino estabelecido por Jesus, os pequenos e frágeis têm protagonismo (Mt 10.42; Lc 12.32; 17.2). Os menores serão aqueles reconhecidos como os mais importantes (Lc 22.22-26); os preteridos são tratados com prioridade.

 

3. O relacionamento dedicado do Bom Pastor. Além da doação integral aos liderados, a liderança conforme o modelo de Jesus instaura um outro fundamento revolucionário: O cuidado com o próximo. Jesus deixa explícito que o “Bom Pastor” jamais agiria com covardia ou traição (Jo 10.12,28). A relação de Jesus com suas ovelhas não obedece um estilo hierarquizado, no qual Ele faria questão de afastar-se de seus liderados e demonstrar sua superioridade com relação aos outros. Pelo contrário, o Senhor conhece aqueles que estão sob sua liderança e eles também sabem quem Ele é, de modo chegado (Jo 10.14,15). A liderança de Jesus não é movida pelo princípio da exclusão e eliminação do outro, e sim, pelo acolhimento e cuidado (Jo 10.16).

 

III. Eu sou a porta

 

 1. A singularidade de Jesus. Ao declarar-se a porta das ovelhas o Senhor Jesus, utilizando-se desta imagem rural, ressalta o caráter singular de sua vida e ministério. No frágil modelo de pecuária daquela época, o único modo de garantir o controle dos animais do rebanho — que ao amanhecer iriam alimentar-se livremente no campo — era controlar o acesso e a saída deles através de uma única porta. Desta forma, o Senhor Jesus declara-se à humanidade como ÚNICO caminho para conduzir as pessoas até a presença do Salvador (Jo 14.6).

 

Nunca houve ninguém como Jesus, nem jamais haverá (Mc 12.29; Jo 17.3; Rm 16.27; 1Tm 1.17; Jd 4,25). Por quê? Porque seu amor é inigualável (Jo 3.16). Declarar Jesus como incomparável não é, em hipótese alguma, defender algum tipo de discurso de ódio ou intolerância religiosa; trata-se exclusivamente de um princípio inegociável de nossa fé cristã. Por isso, no cotidiano das nossas relações sociais, devemos anunciar o Evangelho apresentando Jesus e suas características excepcionais, deste modo, não há nenhuma necessidade de criticar ou ridicularizar a religiosidade alheia. Por uma exigência da sociabilidade, devemos respeitar a todos, inclusive os que creem diferentes de nós; por uma imposição de fé, devemos amar a todos, mesmo os que não acreditam na Palavra como nós (Lc 6.35).

 

2. A superioridade de Jesus. Em João 10.8 o Mestre rotula como ladrões e salteadores (numa acepção moderna, mercenários, piratas, saqueadores, em resumo, um homem que vai à guerra por dinheiro e não por honra ou justiça) todos os que vieram antes dEle. Mas contra quem são essas palavras? É evidente que o Salvador não está falando sobre os patriarcas, profetas e santos do Antigo Testamento que o antecederam, esta é uma das declarações mais contundentes de Jesus sobre os pseudo líderes de sua época. Neste aspecto Jesus está defendendo que qualquer tipo de liderança religiosa que não aponta para a cruz e o sacrifício vicário é inútil e falsa. Qualquer espiritualidade que aponte apenas para o lucro, poder e glória humana pode ter muito espaço entre os homens, mas na verdade, não passará de entretenimento para bodes, ou seja, manipulação de emoções para pessoas que vivem apenas de aparência, sem uma transformação espiritual verdadeira.

 

3. O poder de Jesus. Apenas em Jesus encontramos redenção para nossas almas. As palavras aqui em João ressoam aquilo que Ele afirmou em Mateus 11.28. A salvação que Deus tem para nós não é um processo dolorido, como se algum tipo de sofrimento nosso fosse o caminho para a libertação de nossos pecados. Como bem afirma o profeta, nossas culpas foram todas levadas por Ele (Is 53.5). Ao declarar-se a porta, Jesus revela-se como aquEle que possui o poder de quebrar as maldições e fazer em nós novas todas as coisas (2Co 5.17). O escritor aos Hebreus, usando uma analogia próxima a esta da porta, apresenta-nos Jesus e sua obra como um “novo e vivo caminho” (Hb 10.20). A experiência da conversão é, como o próprio Jesus afirmou em seu sermão da montanha (Mt 7.13,14), semelhante a decisão de percorrer um extenuante e longo caminho, mas cujo final é um lugar de descanso e paz. Seguir a Jesus não é nada fácil (Mt 16.24,25), mas sabemos que Ele vai a frente, por isso, nós chegaremos lá.

 Conhecer o Senhor Jesus é fundamental para todo aquele que deseja ser um verdadeiro discípulo do Salvador. Jamais poderemos ser amigos do Mestre se mantivermos com Ele apenas um relacionamento burocrático-religioso. Entender cada um dos discursos e declarações do nosso Redentor deve ser um ideal de vida para cada um de nós. Por isso, para tanto, dediquemo-nos cada vez mais a um estudo sistemático das Escrituras, lendo as palavras de Jesus de Nazaré como uma Escritura viva.

 

Capítulo 5- Um resumo das parábolas de Jesus.

 




As parábolas também fazem parte dos ensinamentos de Jesus.

A palavra parábola vem do grego parabole, que significa pôr as coisas lado a lado. Uma parábola visa esclarecer o ouvinte por meio de histórias simples, facilmente apreensíveis e memorizáveis, de onde se possa extrair uma moral. Isto torna muito mais fácil a compreensão e assimilação da doutrina que se pretende transmitir. Neste período, temos a considerar algumas parábolas proferidas por Jesus e cujos passos mãos significativos vamos de seguida apreciar:

 

1. Parábola dos dois devedores (Lc 7:41-43)

 

Está enquadrada dentro de um contexto. De resto, uma característica de Lucas. Esta é uma história simples, retrato imaginário de uma situação real possível. Jesus nunca utiliza um universo do absurdo. Todas as suas parábolas se desenrolam dentro de um universo do possível. As histórias podem relatar casos históricos mas são casos do dia-a-dia, casos de coisas e pessoas com as quais contactamos diariamente. A linguagem utilizada é muito compreensível - fala de dinheiro, dívida e perdão. Uma parábola acerca do perdão e da misericórdia.

 

2. Parábola do rico insensato (Lc 12:16-20)

 

Também enquadrada no seu contexto, Dirigida à multidão. Parábola contra a avareza. Um homem rico que não tinha planos que ultrapassavam o concreto e o imediato. Jesus não condena a riqueza em si, mas a avareza. Não é o dinheiro que é o mal mas o amor ao dinheiro que é a raiz de todos os males. Um apelo ao interior e não ao exterior.

 

3. Parábola da festa nupcial (Lc 12:36-38)

 

Dirigida aos discípulos, no seguimento de doutrina. Parábola sobre a vigilância, prontidão e preparação prévia. Referência à Sua vinda.

 

4. Parábola do mordomo fiel (Lc 12:42-48)

 

Em resposta a Pedro e no seguimento da parábola anterior. Relações servo-senhor. Sobre a vigilância.

 

5. Parábola da figueira (Lc 13:6-9)

 

Parábola com um ambiente campesino. Figueira e frutos. A figueira simboliza Israel (Jeremias 24:3; Oseias 9:10). O proprietário estará figurando Deus. O vinhateiro está tomado pelo Messias. Será uma parábola que pinta a falha de Israel em reagir favoravelmente ao tratamento divino, com a nação e revela o seu julgamento divino.

 

6. Parábola do semeador (Mt 13:1-23; Mc 4:1-20; Lc 8:4-15)

 

Esta é uma parábola bastante conhecida. Foi apresentada à multidão, junto ao mar. A sua explicação foi dada particularmente aos Discípulos. Fala do semeador e de 4 tipos diferentes de terreno. Sobre o resultado da pregação. Sobre o mistério do Reino de Deus. O resultado não nos pertence, mas ao terreno sobre o qual cai a semente lançada pelo semeador (pregador). Até aqui, a multidão era mais atraída pelas Suas curas do que pelos Seus ensinamentos. Agora, Jesus preocupa-se com o ensino e preparação dos Seus discípulos.

 

7. Parábola da candeia (Mc 4:21-25; Lc 8:16-18)

Fala da função da candeia. Vem no seguimento da anterior. Parábola sobre a posição do crente - atitude de testemunhar e brilhar.

 

8. Parábola da semente (Mc 4:26-29)

 

Parábola de ambiente campestre. Relativa ao Reino de Deus. Sobre o crescimento do Reino. Este não vem do semeador, mas da semente e da terra, princípio ativo e vivificador que faz brotar a vida.

 

9. Parábola do trigo e do joio (Mt 13:24-30, 36-43)

 

Parábola sobre o Reino dos Céus. Sobre o crescimento e mistura que nele vamos encontrar. «Pelos seus frutos os conhecereis». A explicação é dada particularmente aos Discípulos em 36-43. Não é o facto de haver palha no meio que impede haver bom fruto.

 

10. Parábola do grão de mostarda

(Mt 13:31-32; Mc 4:30-34; Lc 13:18-19)

 

Vem no seguimento da parábola anterior, com o mesmo ambiente. Sobre o Reino dos Céus. Sobre o crescimento. Antecipa o crescimento e desenvolvimento da Igreja como poder universal. As aves simbolizam o poder do maligno na apostasia. Vide o simbolismo das aves no Velho Testamento: Ez 17:23; 31:5; Sl 104:12; Dn 4:12,21.

 

11. Parábola do fermento

(Mt 13:33-35; Lc 13:20-21)

 

No seguimento da anterior. Sobre o crescimento do Reino de Deus, Note-se que Lucas usa de preferência a expressão «Reino de Deus», enquanto Mateus prefere a de Reino dos Céus.

 

 

12. Parábolas do tesouro escondido (Mt 13:44), da pérola (Mt 13:45-46); da rede (Mt 13:47-51)

 

Todas sobre o Reino de Deus e o seu valor (pérola e tesouro escondido), bem como os resultados (rede).

 

 

Destas parábolas, podemos sintetizar dizendo que Jesus utilizou uma linguagem que as pessoas podiam entender. As Suas histórias são sempre histórias possíveis, embora possam ser ficcionadas. O ambiente é o ambiente de todos os dias. A imagística, isto é, as imagens usadas para ilustrar as histórias, é própria de ambiente campestre ou marítimo, conforme a situação geográfica em que Jesus se encontrava. Em todo o caso, própria de uma civilização do tipo da judaica.

 

Muitas delas foram contadas à multidão e explicadas particularmente aos Discípulos, enquanto outras foram exclusivamente aos Apóstolos. O tema versado vai desde a vigilância e atitude de oração e de perdão até às características do Reino de Deus.

 

Capítulo 6 - O Senhorio de Jesus Cristo sobre os demônios.

 




Marcos 5.1-9.

1 — E chegaram à outra margem do mar, à província dos gadarenos.

2 — E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo,

3 — O qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender.

4 — Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar.

5 — E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros e ferindo-se com pedras.

6 — E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o.

7 — E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes.

8 — (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo.)

9 — E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos.

 

A Palavra de Deus é muito clara ao afirmar que o objetivo do império das trevas é tríplice: eliminar os filhos de Deus, usurpar as bênçãos que vem do Altíssimo, e arruinar a criação de Deus (Jo 10.10). Dediquemo-nos a este tema com o objetivo de superarmos misticismos irracionais. Estudar acerca da autoridade de Jesus sobre os demônios pode revelar-nos preciosas verdades sobre o poder do Cristo.

 

 I. A atuação dos demônios no novo testamento.

 

 1. Evidências bíblicas sobre a existência de demônios. Para o estabelecimento de um ponto de partida mínimo nesta lição é necessário tomarmos como verdade alguns pressupostos elementares: Existe uma realidade para além do mundo físico-material; há uma intrínseca conexão entre a realidade física e a realidade espiritual, onde ações e escolhas em cada um destes campos têm possíveis repercussões entre si; as diferentes características destas duas realidades implicam, necessariamente, qualidades diferentes entre os seres que habitam e transitam nelas. O modo mais fácil de atestar a realidade dos espíritos malignos é analisar os inúmeros casos em que o Senhor Jesus confrontou e destruiu o poder das forças malignas (Lc 4.19), este inclusive era um dos destacáveis fatos do ministério de Jesus conforme defendiam os apóstolos na Igreja Primitiva (At 10.38). A existência de seres espirituais da maldade é tão evidente nas Escrituras que um dos sinais designados por Jesus, para caracterizar aqueles que seriam seus discípulos, é a autoridade para expulsar demônios (Mt 10.8; Mc 16.17).

 

2. Características dos demônios no Novo Testamento. Nosso conhecimento sobre estes seres é muito limitado e absolutamente condicionado àquilo que as Escrituras falam, por isso é importante concentrarmo-nos no que a Palavra diz, e nunca em crendices populares ou fábulas religiosas. Eles são compreendidos como seres angelicais que, em virtude de pecados e rebeldias (2Pe 2.4; Jd 6), perderam seu status celeste e tornaram-se operadores do império da morte (Hb 2.14). Eles são conhecedores da existência e do poder de Deus (Tg 2.19), bem como da divindade de Cristo (Mc 1.34). Em muitos casos a atuação destes seres espirituais está diretamente associada a enfermidades e acontecimentos trágicos (Lc 6.18). As forças da maldade podem operar de modo isolado ou em conjunto, e é evidente que a operação em grupo traz consequências muito mais devastadoras aos oprimidos (Mt 12.43-45; 17.21; Mc 5.9; Lc 8.2).

 

3. A superioridade do Reino de Deus sobre o império das trevas. Uma verdade importante que precisa ser dita com relação a batalha espiritual é que ela é absolutamente assimétrica, isto é, os conjuntos de forças e os participantes deste conflito cósmico-espiritual possuem forças diferentes. Por exemplo, é óbvio que anjos e demônios são mais fortes do que humanos (2Cr 32.21; Sl 8.5; Hb 2.7). Dentre os seres espirituais existe uma hierarquia de tal modo que entre anjos existe pelo menos um que é chamado de “anjo principal” ou arcanjo (Dn 10.13; 1Ts 4.16; 2Pe 2.11; Jd 9; Ap 12.7) e entre os espíritos malignos também (Lc 11.15). Todavia, sobre tudo e todos, há a soberania de nosso Deus que — conforme sua onipotência — tem poder infinitamente superior (Ne 9.32).

 

A diferença fundamental entre o Reino de Deus e o império do mal é que enquanto este organiza-se apenas para a destruição da humanidade, o Reino do Pai veio para trazer o bem e a felicidade ao mundo (Jo 10.20,21). O Novo Testamento declara o poder soberano de Jesus sobre os demônios (Mt 12.28); ainda que o maligno insista em tentar prejudicar os filhos de Deus, temos em Jesus e no seu poder um socorro bem presente em nossos instantes de guerra e conflito espiritual.

 

 II. O indemoniado gadareno

 1. Uma vida devastada pelo maligno. O relato da libertação do oprimido de Gadara é um registro da força devastadora no mal na vida de uma pessoa; porém, esta mesma narrativa é reveladora da graça libertadora do Senhor Jesus.

 

Pensemos sobre como o grande amor do Salvador vem em nosso favor para reestabelecer em nós a imagem de Deus (Cl 3.10) desgastada pelo pecado e deformada pelo maligno (2Co 4.4). A história deste homem, registrada nos sinóticos, é o enredo de uma tragédia: Privado da convivência com sua família (Mc 5.19; Lc 8.39), isolado de qualquer relação social (Mc 5.4; Lc 8.29), um homem oprimido pelo maligno a ponto de perder a própria identidade e consciência (Mc 5.9; Lc 8.30). Além disso, as forças demoníacas impeliam-no a um desejo de autodestruição e desvalorização de si tão devastador que o homem oprimido matinha práticas de automutilação (Mc 5.5), não tomava banhos nem vestia roupas (Lc 8.27) e morava num cemitério (Mt 8.28). Este é o caso nas Escrituras onde há maior riqueza de detalhes na descrição de como operava a ação demoníaca na vida de uma pessoa. Temos em Mateus 12.43-45 a clássica descrição da metodologia de ataque dos demônios na vida de uma pessoa; entretanto, o caso do gadareno demonstra o sofrimento de um indivíduo específico, atacado por espíritos malignos, há também no relato do gadareno a constatação da absoluta necessidade da intervenção de Jesus para libertação dos oprimidos do Diabo.

 

2. Uma libertação extraordinária. Não há qualquer tipo de espetacularização da libertação do homem de Gadara, muito menos algum tipo de concessão ao maligno. Vemos no ato de Jesus um compromisso com a restauração da espiritualidade e dignidade daquela pessoa. Este não é o único caso nos Evangelho de um indivíduo opresso por mais de uma entidade demoníaca, Lucas 8.2 registra que Maria Madalena fora liberta de sete demônios. Jesus fez, através do amor, aquilo que os poderes humanos, com suas correntes de ferro esmiuçadas (Lc 8.29), foram incapazes de realizar. Não são protocolos humanos, palavras mágicas ou rituais místicos que libertam a humanidade da dominação do mal, mas apenas o poder de Jesus Cristo (Rm 16.20). A restauração foi imediata e radical, de tal forma que aquele homem ficou assombrosamente liberto e em paz, segundo o próprio testemunho dos demais moradores da cidade (Mc 5.15; Lc 8.35). Este é o resultado das ações de Deus na vida de cada um dos seus filhos: alegria e restauração (2Co 5.17; Rm 8.1).

 

3. Sobre nossa imagem restaurada em Cristo. O pecado roubou a plenitude da glória de Deus de nossas vidas (Rm 3.23). Todo o plano de Deus na história da humanidade através de Jesus de Nazaré tem como finalidade principal restaurar esta gloriosa comunhão perdida (Jo 17.21,22). Desta forma, vencer as forças do maligno não significa demonstrar habilidades especiais de domesticação de espíritos imundos, como pensavam os filhos de Cevas (At 19.13-17), mas de uma vida restaurada em relacionamentos — com Deus e com os homens — e em dignidade (Rm 5.10; 1Co 15.52). Há lugares e igrejas onde a prática de exorcismos tornou-se instrumento de poder e lucro por parte de líderes religiosos falsos cristãos. Com relação a esta questão o Evangelho contemporâneo precisa voltar a sua essência, isto é, a pregação com poder e autoridade sobre as forças das trevas, visando a liberdade das pessoas e não uma forma de enriquecimento a partir do sofrimento alheio.

 

 III. jesus expulsa um demônio de um homem mudo.

 

 1. Uma doença que oprimia. A Escritura está repleta de relatos de pessoas que sofriam de enfermidades e que foram curadas de suas doenças graças ao poder de Jesus de Nazaré (Mt 9.22; Mc 10.52; Lc 17.19); por outro lado, existem também vários registros de indivíduos que foram libertos de opressões demoníacas (Mc 1.23-27; 3.11,12; 5.2-20; 7.25-30). Há, todavia, um conjunto mais específico de milagres realizados pelo Salvador que envolviam não apenas a cura, mas também a libertação espiritual de pessoas (Mc 9.25; Lc 9.42). Analisemos um caso específico de cura por meio da libertação: Mateus 9.30-33.

 

A palavra grega para designar a doença deste homem (v.32) se refere a uma incapacidade de comunicar-se com as pessoas. É uma enfermidade que comprometia o indivíduo em um amplo espectro comunicacional, às vezes é traduzida por mudez, em outros contextos surdez ou podem ser as duas enfermidades ao mesmo tempo. E uma última possibilidade de compreensão, caracterização desta palavra grega, seria uma pessoa com problemas cognitivos severos. Assim, a cura realizada por Jesus restaurou àquele homem a capacidade de compreender o mundo, de tornar-se novamente alguém autônomo, livre para decidir sozinho. Essa é uma das características mais marcantes do ministério de Jesus: o poder para ministrar não apenas a cura, mas a libertação por meio da cura (Lc 4.16-21; At 10.38); desta forma, esse também deve ser um dos diferenciais na atuação de um seguidor de Cristo, isto é, comprometer-se com o bem-estar integral — físico e espiritual — da sociedade.

 

2. A manifestação de um milagre. Diferente de muitos supostos curandeiros ou exploradores da fé alheia, a libertação na vida daquele homem não foi algo lento, que aconteceu depois de uma série de rituais ou protocolos cerimoniais; ao contrário, atesta-nos Mateus que imediatamente após as palavras de Jesus, o homem passou a comunicar-se naturalmente com as pessoas (v.33). É assim que se identifica um milagre: não há condicionantes ou impedimentos, quando Deus realiza sua obra ninguém pode impedir (Is 43.13). Por isso, tenha muito cuidado com quem cria pré-requisitos religiosos para a realização de milagres. Nunca se deve utilizar do momento de uma ação milagrosa de Deus para fazer-se marketing religioso ou autopromoção ministerial; todo o milagre glorifica exclusivamente ao Senhor. Desta forma, se um ato incrível não render glórias ao Altíssimo, nunca poderá ser definido como milagre (Jo 6.14).

 

3. A blasfêmia pelo bem realizado. A maldade dos religiosos da época era algo tão monstruoso que, após a miraculosa libertação do homem oprimido, atribuíram tal acontecimento a uma intervenção do próprio maligno (Mt 9.34). A blasfêmia deste tipo de afirmação torna-se mais evidente quando consideramos que milagres como este que Jesus realizou nada mais eram que o cumprimento de profecias anunciadas centenas de anos antes (Is 35.5,6).

 

Os casos do gadareno e do homem curado de mudez denunciam de modo contundente, que os ataques do maligno ainda podem ser articulados em conluio, isto é, em uma trama maligna de demônios.

 

Capítulo 7 - A Cura Divina no ministério de Jesus Cristo.






Lucas 4.16-22.

16 — E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se para ler.

17 — E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:

18 — O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,

19 — A apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.

20 — E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.

21 — Então, começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.

22 — E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Não é este o filho de José?

 

Os milagres de cura têm se tornado cada vez mais raros em nosso meio. É bem verdade que a ampliação do acesso aos serviços básicos de atendimento à saúde preenche muito do espaço daquilo que antes era um campo exclusivo da ação de Deus. Na época de Jesus, doenças que hoje consideramos simples ou controláveis, oprimiam multidões inteiras. Para estes casos, Jesus revelou a glória do Pai. Nossa lição de hoje refletirá a respeito dos efeitos da operação das doenças na humanidade e sobre o ministério de cura exercido por Jesus durante sua atuação pública.

 

 I. A origem e a natureza das enfermidades.

 

 1. A origem das enfermidades. O mundo criado por Deus foi o melhor para a humanidade. Infelizmente, depois dos eventos trágicos do Éden, Adão e aqueles que seriam seus descendentes tiveram de aprender a conviver num ambiente diferente, numa realidade em que o pecado e todas as suas consequências malévolas passaram a existir. As doenças são resultado direto desta desestruturação da ordem primitiva da Terra. O mundo criado por Deus foi um lugar sem enfermidades, dores ou sofrimento para a humanidade, pois tudo o que Deus faz é perfeito (Tg 1.17). Se pensarmos na perspectiva bíblica, é o pecado que traz consigo toda uma série de consequências malévolas para a semente adâmica — sofrimento da mulher (Gn 3.16); desequilíbrio na natureza (v.18); e a própria morte (v.19). É evidente que as doenças são um meio de operação da morte entre nós; desta forma, em termos gerais, a origem das doenças está diretamente vinculada à Queda adâmica (Rm 7.5).

 

2. Enfermidades do corpo. Estas são as mais evidentes e conhecidas por nós. Não é correto dizer que enfermidades específicas sempre são originárias de pecados individuais. Lembremo-nos de Jó, aquele que foi oprimido por uma enfermidade de origem satânica (Jó 2.7), e do cego de nascença, uma vítima de doenças que alcançou graça diante de Jesus (Jo 9.1-4), e até mesmo o lamentável caso de Mefibosete, que sofreu consequências em sua vida em virtude de atos impensados dos outros e de um acidente que ele não foi o culpado (2Sm 4.4). Existem doenças que oprimem pessoas durante anos (Jo 5.5; Lc 13.16; At 9.33) e outras são devastadoramente rápidas (2Rs 4.18-20; Jo 11.6,11,14). Desta forma, não é justo dizer que doenças graves e agressivas seriam, necessariamente, castigos divinos a determinadas pessoas; as múltiplas origens de algumas doenças físicas devem levar-nos, todavia, a uma vida de comunhão intensa com Deus, para que possamos permanecer firmes diante do dia mal (Ef 6.13).

 

3. Enfermidades da mente. A Bíblia não é um manual de Psicologia, muito menos um livro preocupado em relatar quadros psicopatológicos de modo detalhado. No entanto, há vários textos e episódios que apontam para pessoas com sofrimentos psíquicos. Por exemplo, o sofrimento estarrecedor, e profeticamente anunciado, em virtude da desobediência do povo de Israel (Dt 28.34); Amnom e seu desejo compulsivo por Tamar (2Sm 13.2); ou aquilo que Paulo chama de “tristeza para morte” em 2 Coríntios 7.10. O texto de Provérbios 18.14, extraído da cultura sapiencial judaica, demonstra-nos muito bem a relevância da saúde mental. Conforme afirma o sábio, diante de seus sofrimentos físicos, se o indivíduo mantiver sua saúde mental ele ainda terá meios para fortalecer-se; contudo, se houver um adoecimento de seu aspecto psíquico-emocional, como ele se sustentará diante do sofrimento?

 

II. A cura divina como parte da salvação.

 

 1. Naamã e seu mergulho na fé. Existem inúmeros textos nas Escrituras em que a palavra “salvar” deve ser entendido num amplo significado, extravasando assim apenas um aspecto soteriológico e atingindo também elementos da vida material dos indivíduos.

 

Um dos casos clássicos dessa forte relação entre salvação e restauração física, ainda que do Antigo Testamento, para tomarmos como analogia daquilo que Jesus fez no Novo Testamento, é o do comandante do Rei da Síria, Naamã (2Rs 5.1). Diante do terrível caso de uma doença incurável, restava àquele bravo guerreiro recorrer à última instância que poderia transformar sua sofrível situação: um milagre. Mas o caso de Naamã revela algo mais profundo: existe uma cura, contudo, também se manifesta uma conversão ao Deus de Israel. O homem que saiu das águas turvas do Jordão não estava apenas curado da doença que atacava seu corpo, mas também convicto de que apenas o Altíssimo Deus de Eliseu era o Deus verdadeiro (2Rs 5.15).

 

2. Salvação e restauração da saúde. Em textos como Mateus 9.22, Marcos 10.52 e Lucas 17.15-19, temos o registro de curas e salvações que ocorrem em conjunto. Uma possibilidade de interpretar estes textos, seria a de que Jesus não trata de salvação da alma neles, mas apenas de “salvar” alguém dos efeitos tenebrosos de uma doença. Neste caso, salvar teria um significado mais metafórico do que literal. Mas, quando o texto sagrado diz, por exemplo, que após a cura o cego passou a seguir Jesus (Lc 18.43), o sentido de “salvar” aqui não pode ser compreendido apenas como “libertar da opressão de uma enfermidade”, mas também como conversão da alma.

 

3. Como deve um salvo cuidar de sua saúde. Nossa fé em Cristo jamais deve ser utilizada como argumento para justificar atitudes irresponsáveis ou de descuidado para com nossa saúde. Proporcionar bem-estar ao corpo é também um modo de glorificar e exaltar a Deus; por isso, em textos como as Epístolas vemos Paulo orientando seus amigos a terem atenção a sua saúde (1Tm 5.23; 2Tm 4.20; Fp 2.25-30). Nossa mordomia do corpo deve estar ligada a um ideal de vida saudável e equilibrada.

 

 III. jesus cura os enfermos.

 

 1. A dedicação a cura dos enfermos não foi uma coincidência, mas parte de um plano eterno. Estava profetizado em Isaías que o Servo do Senhor exerceria um ministério de cura, e Jesus declarou o cumprimento das palavras do Antigo Testamento através de sua vida (Is 61.1-5; Lc 4.16-21). Jesus não seria o Messias, se não tivesse como uma de suas tarefas ministeriais, providenciar soluções aos aflitos por enfermidades e doenças. Em vários momentos dos Evangelhos temos o registro da dedicação de Jesus aos doentes (Mt 10.8; 14.14,35; Mc 1.34; Lc 4.40; Jo 6.2). Desta forma, o conjunto de milagres que vemos associado à vida do Salvador é um dos fortes sinais que designam sua messianeidade.

 

2. Jesus, a única resposta para alguns enfermos. Na época de Jesus os recursos medicinais eram muito limitados e caros; boa parte dos tratamentos eram muito mais místicos-esotéricos do que algo próximo aquilo que chamamos hoje de científico. Por isso, em muitos casos, somente a intervenção divina poderia mudar a vida daqueles que sofriam. Doenças que hoje são completamente tratáveis, como a hanseníase — lepra —, ou condições físicas que são plenamente adaptáveis — como problemas de mobilidade, visão e audição —, naquela época eram circunstâncias terríveis para a vida de qualquer pessoa, e vistas como uma maldição (Nm 5.2). Diante dessas situações-limites, Jesus era a única resposta para o desespero de muitas pessoas (Mt 20.30; Lc 17.13).

 

3. Não há protocolos para a realização da cura. Pessoas inescrupulosas, com a intenção de extorquir a fé alheia — ou mesmo numa versão contemporânea do farisaísmo — criam complexas exigências para que a cura de Deus aconteça sobre a vida daqueles que sofrem. Isto é o que se pode chamar de “estelionato religioso”. Alguns constrangem enfermos a doarem valores vultuosos em troca de uma cura que nunca virá; outros impõe pesadas rotinas com sequência de vigílias, jejuns exagerados, orações que são verdadeiras torturas; um último grupo ilude pessoas e as leva a uma verdadeira idolatria a pessoas, lugares e objetos. Quando Jesus curava, Ele não seguia receitas pré-programadas.

 

Enquanto estivermos nesta vida terrena teremos de conviver com as consequências das dores do mundo. Os milagres de Deus não cessaram, talvez nós, os cristãos, tenhamos nos tornado mais insensíveis à graça de Jesus que é salvadora, mas também que cura.

 

Capítulo 8 - Os 35 milagres de Jesus.

 




Os milagres de Jesus Cristo marcaram e marcam a humanidade ainda hoje. Antes dele não se viu, e depois dele não se ouviu falar de alguém tão poderoso. Os feitos de Jesus são extraordinários.

 

1. O que é milagre? Autores há que defendam a ideia de que o milagre seja a suspensão momentânea das leis naturais e outros que advogam justamente o contrário, ou seja, o milagre é a “normalidade” e a expressão exata do que deveria acontecer em um mundo governado pelas leis divinas e sem a mancha do pecado. Tal discussão contém verdade e conflito tanto de um lado quanto de outro. O fato mais importante é que o milagre, tal como se entende biblicamente, trata-se de uma intervenção sobrenatural de Deus na ordem dos acontecimentos e diz respeito a algo extraordinário (Jo 4.46-54: 6.1-14; At 4.22).

 

2. A função do milagre. O propósito do milagre, invariavelmente, é prestar socorro e glorificar o nome do Senhor (Lc 13.10-17). Ele não é resultado da vontade humana e nem produto da capacidade de quem quer que seja, mas vem única e exclusivamente da parte de Deus (Tg 1.17). Portanto, qualquer tentativa de usurpar a glória do Altíssimo constitui-se em “roubo”, pois a sua glória Ele não dará a outrem (Is 42.8).

 

3. A “imprevisibilidade” como característica do milagre. Apesar de o milagre chegar em momentos de dificuldade e de grande aflição, não é prudente “agendá-lo”, decretá-lo ou mesmo determiná-lo, pois é Deus “o que opera  tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Em casos excepcionais, em que parece ter havido um “agendamento” para o milagre, certamente Deus pode ter comunicado ao coração dos seus servos para que tal acontecesse (1Rs 17.1; 18.41-46 cf. Tg 5.17,18). Contudo, fora esses casos específicos, devemos confiar no Senhor de todo o nosso coração, mas sem querer manipular o Eterno.

 

II. Os perigos que rondam os milagres

 

 1. Apego excessivo ao miraculoso. Acostumar-se ao miraculoso encerra um grande perigo que é desprezar o sagrado, tornando-se ingrato (Nm 11.6). Todavia, “viciar-se” em tudo o que parece extraordinário, desprezando a ordinariedade, pode ser igualmente perigoso. O servo de Deus precisa aprender a contar com a dependência divina sem descuidar de sua parte no processo da manutenção da vida, ou seja, deve buscar o equilíbrio (Pv 30.7-9). Alcançar tal equilíbrio não parece difícil, entretanto, o que se verifica é uma tendência à polarização: quando tudo vai bem tornamo-nos relapsos quanto à oração e nem nos lembramos que o dom da vida depende de Deus e é um milagre, por outro lado, se estamos em tribulação, clamamos desespera da mente pela intervenção divina.

 

2. Idolatria popular em relação a quem foi o canal divino. Já se disse, com propriedade, que ninguém torna uma multidão refém de si sem antes tornar-se dela refém. José foi bastante claro ao dizer que não estava nele a capacidade de revelar alguma coisa a Faraó, mas que Deus daria resposta de paz ao governante (Gn 41.16). Portar-se de tal forma pode parecer fácil, entretanto, a própria história bíblica registra casos em que pessoas se esqueceram de tributar ao Senhor a glória que lhe é devida e acabaram sofrendo as consequências de tal comportamento (2Rs 5.20-27; Dn 4.28-33). É preciso muito cuidado por parte de quem Deus opera através de sua vida, pois a tentação de sentir-se idolatrado é grande. Da parte do povo igualmente é preciso cuidado, pois este pode levar àquele que foi o canal divino a exaltar-se, porém, Deus cobrará de cada um, individualmente, a responsabilidade de reconhecer-lhe a glória.

 

3. O perigo do descompromisso. Entre os grandes ensinamentos do Sermão do Monte, o Mestre chama a atenção ao proferir que “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?”; ao que Ele lhes responderá: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23). Que terrível final para quem tanto fez em nome de Deus! O perigo do descompromisso ronda todos aqueles que se entregam ao trabalho do Mestre, mas esquecem de fazer a vontade do Pai (Mt 7.21). A vontade do Pai é que o obedeçamos, em humildade e temor, submetendo-nos a sua Palavra (Jo 14.21).

 

 

 III. O contraste entre cura e a religiosidade.

1. O coxo ficava à Porta Formosa do Templo. A religiosidade é pródiga em premiar aparências e desconsiderar o principal (Mt 23.23-28). A descrição de Lucas parece conter uma dose de ironia, pois diz que à hora da oração, “era trazido um varão que desde que o ventre da sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam” (At 3.2). Um mendigo deficiente colocado todos os dias na porta, cujo nome era Formosa, do suntuoso Templo dos judeus. Que contraste! Enquanto se praticava a religiosidade com todos seus protocolos litúrgicos, um homem jazia, diariamente, à porta reluzente do Templo padecendo necessidade e ninguém se incomodava com a situação. A insensibilidade tomara conta dos oficiais da religião, bem como do povo, de forma tão intensa que ninguém mais percebia o quanto era equivocada tal coexistência.

 

2. A cura do homem e o exemplo de Pedro e João. Certamente dirigidos pelo Espírito de Deus, os apóstolos Pedro e João foram ao Templo e se depararam com o homem que jazia á porta Formosa (At 3.1,3). Pensando em receber esmolas, mal sabia o coxo que ao dirigir-se àqueles dois homens sua vida mudaria. Em vez de uma ajuda paliativa, que ainda gerava status religioso para o “benevolente” (Mt 6.1-4), o homem recebeu a cura divina e, instantaneamente, levantou-se tomado pela mão direita “e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus” (At 3.8). O povo, que conhecia o homem que diariamente estava no Templo, ficou admirado e aglomerou-se junto a Pedro e João, mas estes, como verdadeiros servos do Deus Altíssimo, comportaram-se humildemente, tributando ao Senhor toda honra e toda glória pelo grande milagre que acabara de ocorrer (At 3.11,12). É esta a postura recomendada para quem afirma temer a Deus e não quer usurpar a glória do Senhor para si.

 

3. O milagre e a palavra do Evangelho. O milagre, apesar de socorrer a alguém em um momento de grande necessidade, serve igualmente como oportunidade para a pregação do Evangelho. Na verdade, o Evangelho completo traz em si a possibilidade do socorro através do milagre (Mc 16.15-20). Quando o povo, atônito, acorreu aos apóstolos, Pedro rapidamente tratou de pregar o Evangelho, demonstrando biblicamente, que através da fé em Jesus, a quem os judeus preteriram em favor de um homicida, foi possível realizar o milagre que a multidão acabara de presenciar (At 3.13,14,16). Não é de se estranhar que Pedro e João tenham sido presos e levados ao Sinédrio no outro dia (At 4.1-22), pois o povo desviou a atenção dos sacerdotes voltando-se para os apóstolos. Nesta segunda oportunidade em que Pedro pregou o Evangelho, o número de conversões chegou a quase cinco mil.

 

Os milagres são intervenções poderosas de Deus para socorrer-nos em momentos de aflição. Eles, sob hipótese alguma, devem ser usados como forma de autopromoção, exibicionismo ou coisa parecida. A glória do milagre pertence somente ao Senhor Jesus Cristo. Ele operou muitos milagres e tributava toda a glória ao Pai (Jo 11.41,42), Que possamos ser canais de Deus para que milagres aconteçam em nossas vidas e através delas, porém, sem nos esquecer que a glória pertence ao Senhor.

Listar cada um dos 35 milagres de Cristo registrado na Bíblia, e mostrar qual o objetivo deles, sabendo que Ele operou e opera muito mais do que aqueles que são relatados nas Escrituras (Jo 21.25)

 

E como Deus usou seu Filho, por meio dos sinais, para conduzir a humanidade à reconciliação da aliança quebrada no Éden, através de uma vida e história extraordinárias.

 

IV. O Propósito dos Milagres de Jesus Cristo


O objetivo dos milagres de Jesus era mostrar para o mundo que Ele era realmente o Filho de Deus, o unigênito do Pai, além disso revelar a misericórdia do Senhor e o seu plano para a humanidade (At 10.38). Por meio dos feitos poderosos do Senhor Jesus, Deus Pai quer produzir fé em nossos corações (Jo 4.48).

 

A vida e obra de Jesus revelam a vontade de Deus para o ser humano: sará-lo, curá-lo, lhe restaurar a plenitude perdida na queda. Isso fica ainda mais claro, quando temos em mente que o Senhor Jesus veio para revelar e fazer a vontade do Pai.

 

As obras realizadas pelo poder do Filho de Deus não se resumem a cura física, libertação e ressurreição de mortos. O maior milagre foi operado na cruz do Calvário e três dias depois na sua ressurreição.

 

1º Transformando Água em Vinho (Jo 2:7-11)

 

O primeiro milagre de Jesus foi registrado em uma festa de casamento realizada em Caná da Galileia, onde sua mãe, Maria havia sido convidada. Devemos ter em mente que uma festa de casamento nesses dias e cultura duravam dias.

 

Após a chegada de Maria, Jesus e seus irmãos, saiu a notícia de que o vinho havia acabado. Era o mesmo, que em nossos dias não ter doce, salgados ou refrigerante.

O Espírito Santo, através de João, nos mostra que Maria foi até Jesus para pedir ajuda ao seu poder sobrenatural. A princípio o Senhor foi relutante, mas acabou atendendo ao pedido de sua mãe.

Com isso, ele ordenou que o Cerimonial da época enchesse de água, as talhas usadas pelos judeus para purificação. Feito isso, Jesus ordenou que a água já transformada em vinho, fosse servido ao chefe do cerimonial.

Ao provar, ele ficou surpreendido como aquele vinho era saboroso. E sem saber qual a origem do vinho, foi até o noivo e o elogio muitíssimo. Pois era costume na época, servir o melhor vinho primeiro e depois que todos estivessem fartos, um de qualidade inferior.

Com isso, a Bíblia nos mostra que servimos a um Deus excelente. Tudo o que vem dele é bom, até o que não compreendemos. Jesus cuidou da falta de alegria antes que ela chegasse. É possível que os noivos nem ficaram sabendo do problema. Porque quando Jesus está presente, ele se antecipa.

Ele cuida de áreas da nossa vida, que nem fazemos ideia.

 

2º A Cura do Filho do Oficial (Jo 4:46-54)

O segundo milagre de Jesus foi realizado na mesma cidade, do primeiro. Mas desta vez, Caná não viu o Senhor transformar água em vinho, mas com apenas uma palavra restaurar a saúde do filho de um oficial do rei.

 

Jesus declara que os sinais são necessários para que as pessoas acreditem em Deus e no Seu favor. Prontamente, o Filho de Deus declarou que o menino continuaria vivo, e ordenou que o oficial podia voltar para casa e seguir sua vida normalmente, porque seu filho estava bem.

 

Ele confiou nas palavras de Jesus e voltou. Ao chegar em casa encontrou seu filho completamente sarado. Feliz e intrigado, perguntou mais ou menos que horas ele havia recuperado a saúde. Quando os servos responderam, ele percebeu que havia sido exatamente no momento em que Jesus declarou cura sobre o menino.

 

Servimos a um Deus bondoso. Tudo o que precisamos fazer, é o que este homem fez. Confiar em suas palavras e seguir o nosso caminho.

 

3º A Cura do Paralítico de Betesda (Jo 5.1-9)

Era um aglomerado de pessoas doentes, inválidas.

O motivo de tanta gente junta, era o anjo que descia no tanque de Betesda e que curava o primeiro que caísse na água.

 O Senhor Jesus se dirige a alguém em especial, ele não para ou fala, com outra pessoa. Se aproxima de um homem de um senhor que está deitado em uma maca.

 

Jesus conversa com ele e descobre que há trinta e oito anos, ele espera por sua cura, mas ninguém nunca o ajudou. Ele por outro lado nunca desistiu. Intrigado, Jesus pergunta que ele quer ser curado, e o homem responde que sim.

 

 

A partir disso, o Filho de Deus ordenou e imediatamente o homem que há quatro décadas esperava seus milagres, voltou a andar.

 

Isso nos mostra que não podemos desistir de esperar no Senhor. Ele não falha. Ele é bom para aqueles que nele esperam (Lm 3.25)

 

4º A Primeira Pesca Maravilhosa (Lc 5.1 - 11)

Você já viveu aquele momento em que parece que tudo está dando errado. Pois bem, o quarto milagre de Jesus foi realizado nesse cenário. Em que parece que tudo está desabando em sua vida. É possível que eles estivessem se sentido assim. Já estavam lavando as redes em uma manhã que chegou, após uma noite frustrante no mar.

 

Eles tentaram, fizeram o que sabiam, mas nada deu certo. Não estavam nem prestando muita atenção a multidão que estava na praia, até que alguém no barco, e fez um pedido inusitado: “Você pode afastar um pouco o barco da margem, por favor” – imagino que foram essas as palavras de Jesus a Simão Pedro.

 

A gentileza do Mestre impactou o bruto Pedro, que passou a prestar atenção em suas palavras. Acabado o Sermão, o Senhor Pediu que os pescadores voltassem à pescaria. Pedro fez questão de deixar claro que eles haviam tentado a noite inteira, mas não deu certo e que durante o dia, ninguém pesca.

 

Mesmo assim, tendo ciência de tudo isso, Pedro consente – “Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”.

 

A obediência deu muitos frutos. Pouco tempo depois de parar onde Jesus havia indicado, eles pegaram uma quantidade extraordinária de peixes. Tamanha foi a quantidade que as redes estavam se rompendo. Eles tiveram que chamar ajuda.

 

Maravilhado pelo ocorrido, Simão Pedro se ajoelhou diante do Senhor e o adorou com palavras que revelavam sua indignidade de estar perante o Filho de Deus. Ao contrário do que eles imaginavam, o Mestre revelou o desejo de estar ainda mais perto deles. Se eles o seguissem suas vidas seriam radicalmente transformadas.

5º A Libertação do Endemoninhado (Mc 1.23-28; Lc 4.31-36)

Sabemos que Jesus transforma água em vinho, cura enfermos e é muito bom na pescaria, mas o próximo desafio é mais assustador. Eles estavam na sinagoga, um lugar de culto e adoração a Deus.

 

Quando Senhor Jesus chegou, um homem endemoniado esbravejou contra ele. Em suas palavras, o demônio dizia conhecê-lo e saber o propósito de sua vinda.  Olhos arregalados de todos os lados, puderam ver quando sem responder ao espírito, o Senhor, com apenas uma ordem o mandou calar a boca e deixar aquele homem em paz.

 

E assim aconteceu!

 

Todos ficaram, perguntando entre si o que seria aquele ensino e autoridade. Eles reconheciam que Jesus era diferenciado, pois até espíritos imundos se sujeitavam as suas ordens.

 

E a fama de Jesus começou a se espalhar por toda a Galileia.

 

6º A Cura da Sogra de Pedro (Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39)

Em nossa cultura as pessoas costumam falar muito mal de suas sogras. Muitos a consideram malditas e a raiz de todo o mal que assola seu lar. O sexto milagre de Jesus nos mostra que Deus tem uma visão diferente do assunto.

 

Ao chegar na casa de Simão Pedro, o Senhor percebe que sua sogra está doente. Imediatamente, segura em sua mão e a saúde da mulher é restaurada.

 

Como é bom ter o Senhor Jesus como agente atuante em nossas famílias. Ele transforma realidades perdidas em solos frutíferos. Perspectivas de destruição em benção.

 

7º A Purificação do Leproso (Mt 8.2-4; Mc 1.40-45; Lc 5.12-16)

O sétimo grande feito do Senhor Jesus é um dos meus favoritos. O leproso que se aproxima dele, na rua, não podia estar ali. Pela lei de purificação judaica, ele devia estar em quarentena em alguma cidade ou colônia, longe dali.

 

O fato é que ele havia ouvido falar dos milagres de Jesus, isso fica claro em suas palavras. Contudo, há uma insegurança em seu coração. Ele não tem certeza se Jesus, “quer” curá-lo.

 

Em seguida, o Filho de Deus contraria a tudo e todos e “Toca” no leproso. Depois disso, ele fala: “Quero. Seja purificado! ” E imediatamente a lepra o deixou.

 

Glória a Deus!

 

Assim acontece conosco. Sabemos que Deus é poderoso para nos ajudar, curar, restaurar as mais diversos áreas da nossa vida, mas o que nos intriga é saber se ele realmente quer.

 

A resposta é SIM! Ele quer e tenha certeza que ele vai surpreender você. Ele não apenas fala. Ele toca.

 

8º A Cura do Paralítico (Mt 9.2-8; Mc 2.3-12; Lc 5.18-26)

O oitavo milagre é o resultado de um esforço conjunto. Quatro amigos carregaram um paralitico até a casa em que Jesus estava ensinando, mas por causa da aglomeração, não havia a possibilidade de entrar pelas portas ou janelas.

 

Mas isso não foi empecilho suficiente para eles.

 

Sem hesitar, e de alguma forma engenhosa, subiram o homem ao telhado, no qual abriram uma fissura e desceram o paralitico na presença de Jesus pelo teto. É claro que uma situação como essa causa muito estardalhaço e tira a concentração de todos.

 

A Escritura revela que a fé daqueles homens, foi notada pelo Senhor Jesus, que liberou uma palavra de perdão de pecados ao paralítico. Ao que tudo indica, sua enfermidade estava diretamente ligada a algum erro em sua vida.

 

 

 

Tendo ouvido as palavras de Jesus, os religiosos ficaram extremamente ofendidos. Pois, para eles apenas Deus tem autoridade para isso. Jesus, lendo os pensamentos deles, repreende publicamente suas intenções e ordena que o paralítico volte a andar. O que mais uma vez acontece.

 

O evento mostra que a autoridade de Jesus, vai muito além de cura física. Ele é poderoso para nos curar e restaurar completamente. A todos nós!

 

9º Jesus Cura a Mão Ressequida (Mt 12.9-13; Mc 3.1-5; Lc 6.6-10)

Ao passo que a popularidade de Jesus crescia, surgia também a oposição das autoridades religiosas. O seu nono milagre, é operado em uma sinagoga, provavelmente em uma bela manhã de sábado.

 

Jesus se dirige ao local, passando pelas ruas de pedra que eram destacadas pelo brilho intenso do sol. Um amarelo vivo e bonito nascia da combinação.

 

Irritados com o estilo de vida e ensino de Jesus, os fariseus questionaram se ele podia curar no sábado. O Mestre da Galileia, respondeu com um outro questionamento. Ele perguntou se os animais que eles tinham, caindo em um buraco no sábado, receberiam sua ajuda ou esperariam até chegar o domingo?

 

Sabendo que não tinham resposta, o Senhor declarou que a vida humana é muito mais valiosa que a de animais. Pedindo que o homem estendesse a mão, Jesus o curou diante de todos.

 

Não importa se as pessoas dizem que não é o momento certo. O dia adequado. Tenha uma expectativa viva e ativa da benção de Deus. Ela pode recair sobre você e sua família, a qualquer momento.

 

10º A Cura do Criado do Centurião (Mt 8.5-13; Lc 7.1-10)

O décimo milagre de Jesus deixa muita gente intrigada, inclusive eu. Acontece que o homem que pediu a cura para seu servo, impressionou o Senhor, com sua fé.

 

Aconteceu que muitos líderes judeus foram até Jesus, a pedido de um Centurião romano, com o objetivo de suplicar cura, para um de seus servos. Os judeus fizeram questão de destacar o quanto aquele homem, embora romano, isto é, gentio, amava a nação e como prova disto, construiu uma sinagoga.

 

 

 

Convencido, o Senhor seguiu em direção a casa do Centurião. No caminho, ele foi parado por um grupo de amigos do romano com uma mensagem intrigante e surpreendente. Em suas palavras, o Centurião disse a Jesus que não era digno de recebê-lo em casa, e suplicou que ele enviasse uma palavra e o servo seria curado.

 

O fundamento de seu argumento foi o princípio da autoridade. Ele disse que ao dar ordens aos seus servos, eles o obedeciam. Reconheciam que sua voz era, voz de comando a ser obedecido. Da mesma forma, ele deixa claro, em suas palavras que acredita que se o Senhor Jesus desse uma ordem a enfermidade deixaria o corpo de seu criado.

 

Ao ouvir a mensagem enviada pelo Centurião, Jesus ficou impressionado com a fé demonstrada. Surpreendeu o fato, de que nem mesmo na nação de Israel, ele tinha visto algo parecido.

 

Ao voltar para casa, o servo do Centurião estava curado.

 

11º Ressurreição do Filho da Viúva de Naim (Lucas 7.11-15)

Você já teve a sensação de estar no lugar certo, na hora certa? Em caso positivo, é o que melhor descreve o encontro, entre Jesus e a viúva de Naim.

 

O Mestre estava próximo a entrada da cidade. Acompanhado por seus discípulos e uma multidão animada, quando ao seu encontro veio uma outra multidão, com lágrimas nos olhos e dor no coração. Acontece que o filho mais velho de uma viúva, estava morto e sendo levado para o cemitério.

 

Ao ver a cena, Jesus foi ao encontro da viúva e agora mãe enlutada e a consolou. Pediu que ela parasse de chorar, não sem motivo. Sua segunda ordem é ainda mais surpreendente. Ele se aproximou do jovem morto, tocou-o e ordenou que voltasse a viver.

 

O que de fato, aconteceu!

 

Imediatamente o rapaz abriu os olhos, levantou e conduzido por Jesus, foi abraçar sua mãe.

 

Ele é poderoso para trazer a vida os nossos sonhos e anseios mais preciosos.

 

12º Jesus Cura Um Endemoninhado Mudo (Mt 12.22 e Lc 11.14)

Impossibilidades. Era tudo o que esse homem tinha. Ele era cego, mudo e estava endemoninhado, quando Jesus o encontrou. Era uma situação difícil.

 

Imagine só! Sem visão e sem voz. Como ele se comunicava? Era com certeza incompreendido. Talvez a solidão e abandono tenha aberto os portões de sua alma para os espectros do inferno, que passaram a fazer-lhe companhia e atormentá-lo.

 

Mas a Bíblia diz que quando Jesus o encontrou, ele o curou, e sua visão foi restaurada e sua voz destampada.

 

O Senhor é poderoso para remover as maiores e mais desafiadoras impossibilidades de nossas vidas. Aquilo que suprime o melhor de nós, que nos isola. Ele veio para nos libertar.

 

13º Jesus Acalma a Tempestade (Mt 8.18,23-27; Mc 4.35-41; Lc 8.22-25)

De todos os milagres de Jesus, este é um dos mais famosos, com certeza. É algo sem precedentes. O fato, é que o Mestre havia convidado seus discípulos para atravessar o Mar da Galileia e passar para o outro lado.

 

Durante a travessia, a noite, o vento começou a soprar forte, de forma que as ondas se agitaram. O barco começou a sofrer com a situação e os tripulantes também, com exceção de um, Jesus. Ele estava dormindo. Fico a imaginar, alguém dormindo em meio ao caos. Em meio a uma possibilidade real de naufrágio.

 

Intrigados com a “displicência “de Jesus, os discípulos o acordaram com palavras duras. Questionaram se Ele realmente se importava com eles.

 

É o que fazemos, a calma de Deus nos incomoda. Quando as coisas aparentemente começam a dar errado, jogamos a culpa sobre Ele. É muito injusto da nossa parte. Somente um Deus amoroso e bom, como Ele, continua a nos suportar.

 

Contrariado pela forma como foi acordado, Jesus se levantou e começou a dar ordens a natureza. Primeiro ele mandou que o vento ficasse quieto, depois foi a vez do mar. Jesus ordenou que ele se acalmasse.

 

Boquiabertos, os discípulos perceberam que não o conheciam tão bem quanto imaginavam. Pois, até a natureza obedece ao seu comando.

 

Da próxima vez que as coisas fugirem ao seu controle, não se volte para Deus com indignação e incredulidade. Apenas fique quieto e aguarde. A solução dele vai mostrar que você ainda não o conhece tão bem quanto imagina.

 

14º A Cura do Endemoninhado Geraseno (Mt 8.28-33; Mc 5.1-14; Lc 8.26-39)

Cheios de ódio. Exatamente assim que estes homens estavam. Não se sabe o motivo de terem tomado o aspecto de monstros. A verdade é que eles viviam isolados nas montanhas e com uma fama que o deixaria cada vez mais abandonados.

 

A alma deles era o teatro do Diabo. O príncipe das trevas enviou milhares de servos para atormentar estes homens e transformá-los em máquinas de tormento. E foi eficaz!

 

Tudo isso é alterado quando Jesus chega. A presença do Filho de Deus causa estranheza e assombro nos demônios. Jesus ordena e eles ficam quietos. Pedem permissão para mudar de casa e ir para os porcos – Jesus consente.

 

Entraram na grande manada de porcos e fizeram o que sabem fazer de melhor, destruíram-na por completo, lançando-se no precipício e caindo no mar.

 

Contudo, os seres humanos ficaram bem, livres. E para Jesus é o que mais importa.

 

15º A Cura da Mulher do Fluxo de Sangue (Mt 9.20-22; Mc 5.25-34; Lc 8.43-48)

Saúde é algo complicado, quando não está bem, parece que tudo vai mal. Na vida da mulher do fluxo de sangue, como é popularmente conhecida entre os cristãos sua saúde custou tudo.

 

Por mais que ela tentasse e gastasse, sua saúde apenas piorava. Seu patrimônio e seus bens chegaram ao fim de longos doze anos tentando. Uma coisa é certa, ela é uma mulher extremamente determinada. Nunca desistiu!

 

A boa notícia para ele, é a de que Jesus está por perto. E quando ele soube do que Ele era capaz, ficou extremamente animada. Consigo mesma traçou o plano, e pela fé, acreditou que tocar nele seria o suficiente.

 

Assim, com um bom plano e uma convicção resoluta ela partiu para “enfrentar” a multidão. Depois de lutar contra a fraqueza física e suportar os golpes da multidão, ela finalmente consegue o que tanto queria, tocar em Jesus!

 

Quando Jesus percebeu que em meio à tantas mãos e abraços, e empurrões alguém havia acessado seu poder divino, Ele PAROU TUDO. Ninguém se movimentou, dali em diante. O Mestre assumiu o controle. Os discípulos questionaram sua sensibilidade: “Mas como assim? São Tantos toques?” – Jesus retrucou – Senti o poder saindo de mim.

 

A mulher percebeu que era por causa dela que estava acontecendo aquilo, e então se apresentou. Com medo e ainda em choque, contou a Jesus diante de todos os que havia acontecido.

 

Emocionado e feliz, o Senhor Jesus a chamou de filha e deixou claro que sua cura era o resultado de sua fé. Diante agora em diante ela poderia seguir e viver em paz.

 

Para ver a manifestação dos milagres de Jesus em nossas vidas, precisamos ter coragem, atitude e suportar a dor e a fraqueza que nos cercam. Isso, para que assim como essa mulher conseguir tocar em Jesus, acessar o poder de Deus.

 

Ninguém disse que seria fácil, mas não é impossível.

 

16º A Ressurreição da Filha de Jairo (Mt 9.18, 23-26; Mc 5.22-24, 35-43; Lc 8.41,42,49-56)

Milagres de Jesus Cristo: Os 35 Milagres de Jesus nos Evangelhos

 

Jairo chegou em Jesus, antes que a mulher do fluxo de sangue o tocasse. O pedido era o de um pai desesperado, que estava prestes a perder sua filha doente para a morte. Comovido pela situação, o Senhor se dirigiu até a casa de Jairo, mas foi “atrasado” pela multidão.

 

Posso imaginar a angústia de Jairo enquanto a mulher testemunhava seu milagre. Acredito que ele pensava consigo – Isso é completamente desnecessário! Jesus anda logo! Enfim, muitos temores nos cercam quando lidamos com o tempo.

 

Medo de não dar tempo. Medo que o Senhor não chegue. Medo de perder no detalhe.

 

Bem, na vida de Jairo, esse medo começou ganhando. Instante depois de ser parado pela multidão, o chefe da sinagoga, frequentada por Jairo e sua família, chegou trazendo a triste notícia. A menina estava morta.

 

Mas lembra que eu disse que o medo começou ganhando? Pois é, quando Jesus está em campo a partida só termina quando ele apita.

 

Vendo a aflição de Jairo, Jesus o encoraja a não duvidar e lhe faz um pedido: “Crê somente”. Em seguida, se dirigiu com seus discípulos a casa de Jairo e consolou a todos, dizendo que não precisavam mais chorar.

 

Em seguida o autor da vida diz que a menina não está morta, apenas dormindo. E as pessoas foram para o outro extremo. Indelicadas, começaram a rir de Jesus, porque tinham certeza que ela estava morta. Aqui fica claro, que a referência muda com base na capacidade de quem está olhando.

 

Enquanto eu e você olhamos dizendo que não tem jeito, vislumbramos apenas nossas possibilidades. Quando Jesus olha, Ele não enxerga limites.

 

Com isso, ele mandou que todos saíssem, ficando com ele apenas: Pedro, Tiago e João. Quando estavam a sós, Jesus orou pela menina e ordenou que ela ficasse de pé. Imediatamente a menina atendeu a ordem e foi restaurada. Os pais da menina ficaram maravilhados e Jesus pediu que eles não compartilhassem aquilo com ninguém.

 

17º A Cura de Dois Cegos (Mt 9.27-31)

Capacidade? Muitos de nós queremos fazer muitas coisas, mas a grande questão é; somos capazes?

 

O décimo sétimo milagre de Jesus envolve essa percepção. Dois cegos o seguiram gritando avidamente, por misericórdia. Chamando Jesus de Filho de Davi, eles causaram um verdadeiro reboliço no lugar. A verdade é que seguiram Jesus até em casa.

 

A insistência deles chamou a atenção do Mestre. Por isso ele perguntou se eles acreditavam que Ele era capaz de fazer isso. Os cegos consentiram que sim – Sim, nós cremos!

 

Então Jesus asseverou que acontecesse, tal como eles acreditavam e tocando em seus olhos, imediatamente voltaram a enxergar.

 

Muitos de nós passamos por isso, a questão é que diferentemente dos cegos, estamos suplicando os milagres de Jesus, mão sinceramente não acreditamos que Ele possa nos ajudar.

 

Devemos pedir e esperar com confiança, pois servimos a um Deus bondoso.

 

18º Jesus Cura o Mudo Endemoninhado (Mt 9.32,33)

Somos surpreendidos de muitas formas durante a nossa trajetória na Terra. Não podemos negar, que somos positivamente surpreendidos é muito melhor. Foi o que aconteceu a dois mil anos atrás, na vida deste homem.

 

Endemoninhado e mudo, sua vida um silêncio caótico. Oprimido pelas trevas e com centenas de obstáculos entre ele e uma vida normal, ele chegou a presença de Jesus com sua identidade completamente desfigurada.

 

Quando o Senhor Jesus reprendeu o espírito maligno, o homem voltou a falar. Com a mente e a alma liberta, agora, ele pôde expressar o que sentia. Ele agora era uma voz audível, não um grito sufocado.

 

Ao ver o ocorrido as pessoas ficaram maravilhadas com Jesus. Na nação dos impossíveis, se dizia: “Nunca se viu nada parecido em Israel! “

 

Jesus é maravilhoso!

 

19º A Primeira Multiplicação de Pães (Mt 14.14-21; Mc 6.34-44; Lc 9.12-17; Jo 6.5-13)

Você quer testar a hospitalidade de alguém: observe como ela se importa com a fome dos outros. No deserto, a milhares de anos atrás, multidões puderam ver como Jesus é generoso.

 

Estou falando da primeira multiplicação de pães e peixes. As pessoas estavam com o Senhor em uma longa jornada de ensino, e a comida acabou. Percebendo a escassez e os perigos de uma longa viagem com fome, onde havia crianças e idosos, Jesus assumiu a responsabilidade e a repartiu com os discípulos.

 

Quando receberam a ordem de alimentar a multidão, os alunos de Jesus ficaram perturbados, porque nem mesmo o salário de quase um ano de trabalho daria para comprar pão para tantas pessoas.

 

Dado o tempo necessário, Jesus perguntou quantos pães eles tinham. Da multidão, a única coisa que apareceu foram cinco pães e dois peixinhos. O Senhor tomou os pães e os peixes em suas e deu graças a Deus Pai.

 

Antes de receber a abundância, Jesus foi grato pelo pouco que tinha. Que grande lição.

 

Após a sua oração, os pães e os peixes foram entregues aos apóstolos e estes a multidão, de forma que cerca de 20 mil pessoas comeram, até ficar satisfeitas. Quando todos haviam comido, os discípulos de Jesus recolheram as sobras, e sobraram doze cestos cheios de pães.

 

A grande lição que fica, é o fato de que temos um Deus generoso e bom. Abundante. Disposto a suprir nossas necessidades reais, Jesus nos estimula a confiar e viver em paz.

 

20º Jesus Anda Sobre as Águas (Mt 14.24-33; Mc 6.45-52; Jo 6.16-21)

Mais uma vez no mar. Nesta ocasião, o Senhor orientou que os discípulos deviam atravessar o mar, rumo a Cafarnaum, e Ele os seguiria depois. Quando anoiteceu, o vento começou a soprar forte e as águas ficaram agitadas.

 

Após cerca de seis quilômetros de navegação difícil, os discípulos de Jesus, perceberam que havia alguém andando sobre a água. Com a visão bagunçada pelo medo, a noite e a turbulência, eles gritaram com medo, imaginando que se tratava de um fantasma. Vendo o alvoroço, o personagem misterioso identificou-se. Era Jesus, o Filho de Deus.

 

Quando ouviu de quem se tratava, Simão Pedro o desafiou. Pedro disse que se fosse Jesus mesmo, ele seria capaz de fazê-lo andar sobre as águas também. Desafio aceito, o Senhor autorizou e Pedro, também andou sobre as águas.

 

Maravilhados, os discípulos receberam a ambos no barco, com uma reverência e um temor Santo a Jesus, declarando que de fato Ele era o Filho de Deus.

 

21º A Cura da Filha da Cananéia (Mt 15.21-28; Mc 7.24-30)

O vigésimo primeiro milagres de Jesus é realizado fora de Israel, mas especificamente nos territórios de nações inimigas no passado, Tiro e Sidom.

 

Uma mãe Cananéia veio clamando por trás de Jesus e dos seus discípulos no caminho. Ela gritava implorando a ajuda do Filho de Davi, porque sua filha estava doente. Contudo, no caso dela não foi tão simples.

 

Mesmo ouvindo seus gritos, o Filho de Deus ficou inicialmente calado e continuou andando.

 

Incomodados com o barulho, os discípulos se aproximaram de Jesus e pediram que ele resolvesse aquilo, mandando a mulher ir embora. Foi quando o Mestre parou.

 

Se virou para mulher e lhe disse que não havia sido enviado para pessoas de outras nações, mas para o povo de Israel. Jesus estava se referindo ao seu ministério e missão terrenos. Porque em sentido geral, Ele foi enviado para pessoas de todo o mundo (Jo 3.16)

 

Não satisfeita, mas submissa, a mulher deu uma resposta cheia de sabedoria e fé. Comparando as outras nações com cachorrinhos, ela disse a Jesus que pessoas como ela ficariam satisfeitas em ser alimentadas pelo pouco que “caia da mesa do povo de Israel”.

 

Impressionado com a resposta, Jesus elogiou a mulher Cananéia por sua grande fé e declarou a cura sobre sua filha, que imediatamente foi sarada.

 

22º A Cura de um Surdo e Gago (Mc 7.31-37)

O método de cura aplicado neste milagre é inusitado. Trata-se de um homem que era surdo e gago. Trazido a presença de Jesus por outras pessoas, elas lhe suplicavam que Ele lhe impusesse as mãos.

 

O Senhor se afastou um pouco da multidão, colocou os dedos em seus ouvidos, cuspiu em sua língua e tocou nela. Após isso, disse-lhe “Efatá”, que quer dizer: Abra-se.

 

Em seguida, o homem começou a ouvir e falar. Vendo sua alegria, o Senhor pediu que as testemunhas não contassem aquilo a ninguém, o que foi inútil, porque quanto mais ele proibia, mas as pessoas falavam sobre o acontecido.

 

Todos estavam maravilhados com ele. Não sem razão, não é?

 

23º A Segunda Multiplicação de Pães (Mt 15.32-39; Mc 8.1-9)

Jesus sabe que como a escassez nos assusta. Não é à toa que alguns dos seus milagres nesta área, aconteceram mais de uma vez. A ideia é nos passar segurança.

 

Há três dias as pessoas entraram em uma imersão de ensino e milagres com o Senhor Jesus, e mais uma vez, a comida acabou. Mais uma vez, sua misericórdia aflorou e Ele decidiu que as pessoas não poderiam viajar com fome, era perigoso.

 

O problema foi a atitude dos discípulos, que claramente revela a nossa, na maioria das vezes. Ao ouvir o plano de Jesus, eles pensaram em como poderiam alimentar aquelas pessoas, visto que não tinham dinheiro suficiente. A primeira multiplicação não gerou a segurança que o Senhor desejava.

O que mudou desta vez foi a quantidade de comida encontrada: sete pães e alguns peixinhos. Jesus ordenou que eles sentassem, orou agradecendo e entregou aos discípulos, em seguida estes entregaram a multidão.

 

A Bíblia diz que todos comeram, até ficar fartos. Glória a Deus! Servimos a um Deus abundante. Cerca de vinte mil pessoas foram alimentadas, mais uma vez pelo poder de Deus. Por sua provisão.

 

O mesmo está disponível para nós. O Senhor deseja nos abençoar e multiplicar os nossos recursos. Não, Deus não é mesquinho, um Pai medíocre, amante dos bens, das coisas. Ele ama as pessoas. Se importa comigo e com você.

 

Tudo que precisamos fazer é seguir seu ensino. Sua direção.

 

24º A Cura do Cego de Betsaida (Mc 8.22-26)

Mais um método de cura pouco “tradicional”. A essa altura as pessoas sabiam que Jesus era capaz de praticamente qualquer coisa. Trouxeram-lhe um cego, implorando que o Senhor o curasse.

 

Jesus afastou-se do povoado como o homem, cuspiu em seus olhos e depois perguntou se ele estava enxergando. Ele respondeu que Sim, mas as pessoas pareciam árvores – ou seja, o grau ainda estava alto. O Senhor impôs as mãos mais uma vez, e ele passou a enxergar perfeitamente.

 

No agir de Deus em nossa vida, não importa o método, mas sim o resultado!

 

25º A Cura do Jovem Possesso (Mt 17.14-18; Mc 9.14-29; Lc 9.38-42)

O ministério de Jesus já está na metade. A esta altura, os discípulos já o conhecem bem e tem uma fé mais madura. O Mestre já tem até algumas expectativas em relação a eles. Já os enviou para curar e libertar pessoas, e eles voltaram maravilhados (Mt 10).

 

Nesta ocasião, o pai de um filho possesso por espíritos malignos vem até Jesus suplicando ajuda. O homem informa que até já falou com os discípulos, mas eles não puderam ajudar meu filho. Irritado com a informação, Jesus esbraveja sua insatisfação com uma geração que ele descreve como “incrédula e perversa”.

 

Em seguida, o Senhor pediu que o menino fosse trazido e orando por ele, reprendeu o mal e o menino ficou sarado.

 

Muitos cristãos estudiosos e leigos, acreditam que Deus não age mais em curas e milagres. Que esta é uma dispensação encerrada. Significando que estes milagres de Jesus e os que foram realizados pelos apóstolos, era para um determinado período de tempo. Que possuíam prazo de validade.

 

A melhor explicação na carência de milagres em nossos dias, é este texto, O problema não que Deus não age mais, o problema está no nosso estilo de vida e fé.

 

26º Jesus e a Moeda do Imposto (Mt 17.24-27)

O vigésimo sexto milagre de Jesus está relacionado as questões do dia-a-dia. O pagamento de impostos. Mesmo sendo Deus, o Senhor era um excelente cidadão e nos deu exemplo de cidadania. Nos mostrando que é a vontade de Deus participar da nossa vida como um todo, e suprir nossas necessidades. Nos capacitando a cumprir nossos deveres cíveis.

 

Um cobrador de impostos foi até Pedro e perguntou se Jesus pagava os impostos do Templo, ao que o Simão assentiu – paga sim!

 

Mesmo não estando presente, a onisciência do Filho de Deus o fez conhecer a conversa entre Pedro e os cobradores e quando entraram na casa onde o Mestre estava, eles foram surpreendidos pela pergunta de Jesus:

 

“O que você acha, Simão? De quem os reis da terra cobram tributos e impostos: de seus próprios filhos ou dos outros? “

 

Com isso, Jesus estava dizendo a Pedro – olhe, como Rei sobre tudo eu não tenho obrigação de pagar impostos, mas que o faria. O objetivo era nos mostrar que somos cidadãos e temos deveres e direitos com o Estado.

 

Acontece, que eles não tinham dinheiro para pagar o imposto. Então, Jesus ordenou que Pedro fosse pescar, e o primeiro peixe que ele pegasse, teria dentro de sua boca uma moeda. Ela seria o suficiente para cumprir o dever deles.

Jesus não pagou apenas a sua parte. O dinheiro foi suficiente para ele e Pedro. Temos em Deus que se importa e compartilha. Um Deus generoso.

 

27º A Cura de um Cego (Jo 9.1-7)

Os estigmas perseguem a muitos de nós. Seja pela cor, raça, nacionalidade, renda. A depender do rumo de nossas vidas, as pessoas querem saber o que deu errado e encontrar um culpado. Foi o que aconteceu aqui. Neste milagre, Jesus vence muito mais que um problema de saúde. Ele rompe preconceitos.

 

Passando pelas ruas de seu tempo, os discípulos perceberam um homem que eles sabiam, ser cego desde nascença. E então perguntaram a Jesus quem havia pecado para que nascesse com aquela deficiência.

 

Esse pensamento era fruto da Teologia triunfalista do Antigo Testamento, onde os obedientes e bons prosperavam, tinham saúde e eram triunfantes e os desobedientes, eram afligidos por enfermidades, crises financeiras e nada dava certo em suas vidas. Este pensamento é muito claro na mente dos amigos de Jó (Jó 16.4,5)

 

A resposta de Jesus é significativa. Ao dizer que ninguém havia pecado e mais, aquela enfermidade era para a glória de Deus. Em seguida, cuspiu no chão, misturou com a terra e colocou nos olhos do homem cego. Depois, ordenou que ele fosse até o Tanque de Siloé para se lavar.

 

Quando lavou os olhos, ele percebeu que podia enxergar.

 

A grande lição deste ato poderoso do Senhor Jesus, é a de que nem todo o mal que acontece a nossa vida, é fruto de pecado ou desobediência, mas que a situações que o Senhor permite para que seu nome seja glorificado.

 

28º Jesus Cura Uma Mulher Enferma (Lc 13.10-17)

Há dezoito anos ela olhava naturalmente para o chão. Se quisesse conversar com alguém olhando nos olhos, precisava fazer um esforço gigante. Esta mulher estava sendo oprimida pelo Diabo e a enfermidade havia dezoito anos.

 

Quando Jesus a encontrou era sábado, e aconteceu em uma sinagoga. Ou seja, mesmo enferma a tanto tempo, Deus continuava sendo seu refúgio, sua esperança. O Senhor a chamou, coloco-a na frente de todos e declarou cura sobre sua vida, impondo as mãos sobre ela.

 

Imediatamente, diz a Bíblia, ela foi curada!

 

O dirigente da sinagoga ficou muito bravo com Jesus porque ele havia curado a mulher no sábado. Mais irritado ficou Jesus, ao ver que as pessoas que representavam Deus na Terra, eram hipócritas filhos do Diabo que estavam lançando o povo para longe dele.

 

Com palavra duras, o Mestre o reprendeu e ele ficou envergonhado.

 

Precisamos ter muito cuidado com a forma que desenvolvemos nossa fé. Se ficarmos mais presos as coisas do que as pessoas, vamos nos tornar como este dirigente e jamais cumpriremos o segundo mandamento.

 

29º A Cura de um Hidrópico (Lc 14.1-6)

Mais uma vez o sábado está em pauta. O tradicional dia do descanso havia se tornado no campo minado da Teologia da época. Os representantes de Deus haviam transformado o Dia em algo quase superior a Deus, e Deus não concordava com isso.

 

Comendo na casa de um destacado fariseu, em um sábado, estava diante de Jesus um homem doente. De caráter e personalidade forte, o Senhor pergunta se afinal, é ou não permitido curar no sábado.

 

Não respondendo nada, os fariseus mostravam sua insatisfação e tabu, sobre o tema. Vendo a covardia deles, o Mestre pegou o home pela mão e o curou. Em seguida, perguntou se acontecesse de o filho ou o animal deles, caísse em um buraco no sábado – ele ajudariam ou esperariam até o outro dia?

 

Mais uma vez, ficaram em silêncio.

 

Percebemos que servimos a um Deus que não quer nos alienar. Ele nos estimula a pensar sobre as motivações dos nossos atos de fé, colocando sempre o ser humano em primeiro grau de importância.

 

30º A Ressurreição de Lázaro (Jo 11.17-44)

Imagine poder ser amigo de Jesus a dois mil anos atrás. Nesta ocasião, ele era uma “estrela” entre as pessoas. Popular. Conhecido. Amado e odiado. O Senhor reunia os ingredientes necessários de uma personalidade que influenciava.

 

E era amigo de Lázaro, Marta e Maria, três irmãos de uma família tradicionalmente acolhedora e querida de Jesus.

 

Acontece que a tragédia chegou até eles. Lazaro ficou gravemente doente e suas irmãs pediram que mensageiros fossem até o Mestre para avisá-lo, de forma que ele pudesse chegar a tempo de curar seu irmão. Mas o Filho de Deus, propositadamente decidiu demorar.

 

Quando chegou ao povoado, à casa de Marta e Maria, Lázaro já estava morto e enterrado havia quatro dias. A decepção das irmãs era notória. Maria nem quis ir ao encontro dele. O Senhor conversou com as duas, consolando-as, prometeu que Lázaro ressuscitaria. Entendendo que seria um evento futuro, elas não se mostraram muito animadas.

 

Ao ver a tristeza de todos, Jesus chorou com eles. Ele sabe que não fomos originalmente criados para morrer.

 

Por fim, ele foi até o sepulcro. Para surpresa de todos ordenou que fosse aberto e orou a Deus Pai, agradecendo pelo milagre e pela atenção que era dada a suas palavras. Em seguida, chamou o nome de Lázaro, ordenando que ele voltasse a vida.

 

Instantes depois, Lázaro saiu do sepulcro todo enrolado com faixas. Maravilhada, a multidão mau podia acreditar no que estava vendo.

 

Muitas coisas vão fugir ao nosso controle. Durante a vida, Deus permitirá que rotas sejam alteradas para que amadureçamos em nosso relacionamento com Ele. Não é que Ele não nos ame, pelo contrário, é por nos amar que Ele faz isso.

 

Ele nos consola. Ele chora conosco. Ele ressuscita o que está morto.

 

31º A Cura dos Leprosos (Lc 17.11-19)

 

Não somos bons em gratidão. Refiro-me a gratidão genuína. Somos convenientemente gratos. E estes milagres de Jesus nos ensina muito sobre isso.

 

Aconteceu que entrando em um povoado, na divisa entre a Galileia e Samaria, Jesus foi seguido por dez leprosos, que pediam para ser curados. Ao perceber o clamor deles, o Senhor ordenou que eles fossem até o sacerdote. Detalhe, pela lei judaica, eles só deveriam voltar ao sacerdote depois que estivessem curados e então seriam reinseridos na sociedade.

 

Crendo na palavra de Jesus, eles seguiram viagem e no caminho, foram purificados.

Um deles, curiosamente, percebendo que havia sido curado, interrompeu a viagem e voltou. O motivo? Ele queria agradecer a Jesus, pessoalmente. “Curioso”, o Mestre perguntou pelos outros nove, e ressaltou o detalhe que este homem era samaritano.

 

Os outros, judeus provavelmente, não se importaram com a gratidão, mas o estrangeiro sim. Não podemos permitir que a insensibilidade, domine nosso coração, a ponto de esquecer o relacionamento pessoal com Deus. De ser gratos por tudo o que ele tem feito e operado em nossas vidas, porque como vemos neste episódio, para Ele importa.

 

32º A Cura do Cego Bartimeu (Mt 20.29-34; Mc 10.46-52; Lc 18.35-43)

Uma vida à “beira” do caminho, marginalizada. Acostumado a migalhas e esmolas, era assim que Bartimeu vivia. À margem, vendo todos passarem. Acontece que em algum momento ele ouviu falar de Jesus, e isso mudou completamente sua perspectiva.

 

Não é possível saber por quanto tempo ele pensou em Jesus e sobre as coisas que o Filho de Deus fazia, mas fica claro que o cego Bartimeu, estava dominado por uma por paixão intensa quando soube que o Senhor estava passando.

 

Gritando “Filho de Davi”, ele implorava que o Senhor Jesus tivesse compaixão de sua vida. Irritadas, as pessoas o oprimiam para que ele calasse a boca. Parasse! Mas Bartimeu não se deixou intimidar, ele gritava ainda mais, diz a Bíblia.

 

Percebendo o tumulto, Jesus parou e mandou chamá-lo.

 

Sabendo disso, Bartimeu se desfez da capa que atrapalhava seu movimento e foi rapidamente ao encontro de Jesus. Ao chegar até ele, o Mestre perguntou qual o seu desejo e rapidamente Bartimeu respondeu que queria enxergar.

 

Jesus destacou que sua atitude fé o havia sarado e ele ficou curado.

 

As pessoas, situações e circunstâncias vão tentar nos parar, enquanto buscamos ansiosamente os milagres de Jesus, o Filho de Deus. Cabe a nós, assim como a Bartimeu não permitir que nossa voz seja sufocada. Cabe a nós perseverar até que sejamos ouvidos.

 

33º A Figueira é Amaldiçoada (Mt 21.18,19; Mc 11.12-14)

Você já ouviu a expressão: “as aparências enganam”?. Aconteceu aqui. Certo dia, enquanto caminhava saindo de Betânia, Jesus teve fome. Avistou uma figueira que estava com aparência de ter muitos frutos, mas quando chegou até ela, nada. Estava cheia de folhas!

 

Irritado, Jesus declarou que ela nunca mais frutificasse. E imediatamente, ela secou.

 

As palavras de Jesus têm poder de vida e de morte. Visto que Ele é o soberano da criação, o que Ele abençoa está abençoado, o que Ele amaldiçoa, está amaldiçoado.

 

34º A Restauração da Orelha de Malco

Você já cuidou do seu inimigo? Aparentemente foi o que ele fez, depois que Pedro decepou a orelha de Malco. Obviamente, Jesus tinha ciência do Seu propósito na Cruz e os soldados, não eram seus inimigos reais.

 

Ordenando que os discípulos parassem com aquilo, o Mestre tocou a orelha de Malco e ela foi restaurada.

 

O penúltimo dos milagres de Jesus, nos ensina que devemos conhecer o propósito de Deus para nossa vida. Não podemos fugir dele, e não devemos machucar pessoas quando as coisas ficarem difíceis.

 

35º A Segunda Grande Pesca

Após a morte de Jesus na Cruz, os discípulos ficaram atordoados. Há três anos eles seguiam o Filho de Deus, e tinham deixado suas profissões antigas para trás.

 

Certo dia, decidiram ir pescar. Aparentemente o “negócio” de mudar o mundo havia dado errado e eles buscaram a segurança do que já conheciam. Mas algo não novo, aconteceu. Não pegaram nada. Eles tentaram a noite inteira, mas não funcionou.

 

Agora, pense comigo. Jesus foi crucificado. Você teve que voltar para o estilo de vida de escravo e as coisas não estão dando certo.

 

Mas algo inusitado aconteceu. Pela manhã, eles perceberam que havia alguém na praia. E os chamando de filhos, perguntou se eles não tinham nada para comer. A resposta deles foi – Não!

 

Então a instrução veio! Eles deviam lançar as redes do lado direito do barco, os peixes estavam lá. Tendo feito isso, as redes se encheram de peixes e a memória deles foi ativada, para um milagre semelhante que há três anos atrás mudou a vida deles.

 

João foi o primeiro a perceber e falou a Pedro: é Jesus!

 

Ao desembarcar, com as redes cheias de peixes, os discípulos perceberam peixes assando na fogueira. Jesus havia preparado o café da manhã, para eles.

 

A grande lição deste episódio, para mim, é a forma como o Senhor Deus restaura a esperança dos apóstolos. Uma das coisas mais importantes da vida, é a esperança. Quando ela nos é tirada nossa motivação morre.

 

Vemos que o Senhor Jesus cuida de nós e das nossas emoções. Ele nos ama completa e sinceramente.

 

 

Capítulo 9 - O resumo do Ministério de Jesus.





Datas

As datas delimitadoras do ministério de Jesus permanecem um tanto incertas, principalmente porque não sabemos como Lucas concebia o começo do reinado de Tibério (Lc 3:1; ver os comentários a respeito). Mas o período de três anos, de 27 a 30 D.C., é tão provável como qualquer outro. Tradicionalmente, esse espaço de tempo tem sido dividido em um ano de obscuridade, um ano de popularidade e um ano de rejeição.

 

1º ano do anonimato ou Obscuridade: inicia com o batismo de Jesus, primeiras pregações e milagres, principalmente na Galileia; escolha dos primeiros apóstolos; nessa época, Jesus ainda circular em muito problema o ministério anunciador de João Batista, com o batismo de Jesus por João, e com a tentação de Jesus por Satanás. Prosseguiu quando Ele realizou o primeiro milagre, transformando a água em vinho, em Caná da Galileia, quando purificou o templo pela primeira vez, quando conversou à noite com Nicodemos, quando retornou à Galileia, passando por Sumaria, e quando deu início à pregação intensiva e à operação de milagres, por toda a Galileia.

 

2º ano — popularidade: marca o auge da fama de Jesus, ele é seguido por multidões, realiza grandes milagres, como a multiplicação dos pães e tem dificuldade para circular e para descansar, por causa da procura do povo.

A pregação e realização de atos miraculosos teve prosseguimento durante o ano de popularidade, ante a presença de numerosas multidões. Sua popularidade atingiu o ponto culminante quando Jesus multiplicou os pães para os cinco mil homens; mas subitamente começou a dissipar-se, quando recusou-se a tornar-se um rei-do-pão e um líder militarista inclinado à guerra.

Durante o ano de rejeição, Jesus retirou-se para noroeste, para a Fenícia, voltou-se para Leste, ao norte do mar da Galileia, e então para o sul, na direção de Decápolis (“dez cidades”), uma região populada por gentios, a sudeste da Galileia. Evitando as multidões tanto quanto Lhe era possível, Jesus concentrou Seus esforços a instruir em particular os Seus doze discípulos. Foi durante esse período que Pedro confessou o caráter messiânico de Jesus.

 

 3º ano — perseguição ou Rejeição: a partir de então, Jesus passa a ser visto com desconfiança pelas autoridades e a ser considerado um perigo pelos sacerdotes;

Jesus corre risco de morrer e tem de se deslocar com cuidado.

Os discípulos já O haviam reconhecido como o Messias, mesmo antes disso, mas a significação daquela confissão jaz no fato que os discípulos continuavam leais a Jesus, como o Messias, ao mesmo tempo que as massas se afastavam Dele. Jesus começou a predizer Sua morte e ressurreição. Ocorreu a transfiguração. Teve início a última jornada a Jerusalém. Na verdade, essa jornada foi muito mais um circuito, de idas e vindas, pela Peréia (sul da Transjordânia), pela Judéia e também pela Galileia. Foi durante esse tempo que Jesus proferiu diversas de Suas mais famosas parábolas, como aquelas do bom samaritano e do filho pródigo. A ressurreição de Lázaro convenceu aos membros do Sinédrio de que deveriam eliminar a Jesus, abafando, juntamente com Ele, a ameaça de uma revolta messiânica.

 

A última semana e o ministério pós-ressurreição

A semana da paixão teve início com a entrada triunfal em Jerusalém, no domingo de Ramos. Na segunda-feira Jesus amaldiçoou a figueira estéril e purificou novamente o templo. A purificação do templo endureceu aos membros do Sinédrio em sua determinação de se libertarem Dele. Na terça-feira, Jesus pôs-se a debater com os fariseus e os saduceus nos átrios do tempo, e proferiu o Seu discurso profético para os discípulos, no monte das Oliveiras. Além disso, Judas Iscariotes arranjou as coisas para trair a Jesus. Quanto à quarta-feira há silêncio nos registros dos evangelhos, a menos que Jesus e Seus discípulos tenham participado da refeição da páscoa na noite de quarta-feira (a terça-feira à noite também é possível), mais cedo que a maioria dos judeus. Doutra sorte, a última Ceia teria tido lugar na noite de Quinta-feira, no começo da noite, os julgamentos de Jesus durante a noite de quinta-feira e cedo pela manhã da sexta-feira, ao passo que a crucificação e o sepultamento teriam tido lugar durante o dia de sexta-feira. A patrulha romana teria vigiado o sepulcro durante todo o dia de sábado. A ressurreição ocorreu bem cedo na manhã de domingo, e Jesus apareceu aos Seus discípulos por determinado número de vezes, durante quarenta dias, durante os quais realizou o Seu ministério pós-ressurreição. Finalmente, Ele ascendeu aos céus, pouco mais do que uma semana antes do derramamento do Espírito Santo, que se deu no dia de Pentecoste.

 

 

Bibliografia

Jesus dos 12 aos 30 Anos

Pr. Leandro B. Peixoto

estiloadoracao.com

www.estudantesdabiblia.com.br


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